CUSTO DE PRODUÇÃO EM PECUÁRIA DE LEITE EM 2011, REGIÃO DE ITAPETINGA (BA)

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1 RELATÓRIO DE PESQUISA CUSTO DE PRODUÇÃO EM PECUÁRIA DE LEITE EM 2011, REGIÃO DE ITAPETINGA (BA) Execução: Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada CEPEA/ESALQ/USP Coordenação: Geraldo Sant Ana de Camargo Barros Sergio de Zen Realização: Paulo Moraes Ozaki Isadora Gonzalez Gegollotte Piracicaba, São Paulo, Brasil Agosto 2011

2 AGRADECIMENTO A Equipe Custos de Produção em Pecuária do Cepea agradece aos técnicos da CNA e da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia, bem como aos produtores e técnicos da região pesquisada, pela colaboração na realização dos painéis em METODOLOGIA A metodologia utilizada foi do tipo painel onde, através de reuniões entre produtores e os pesquisadores do CEPEA, estabelece-se um perfil de uma propriedade modal. Em outras palavras, levantam-se as características da propriedade que mais ocorre na região de influência da cidade onde foi realizado o estudo. Desta forma, através desta propriedade típica, traça-se o perfil da região.

3 Análise do custo de produção da pecuária de leite em Itapetinga BA O estudo foi realizado no município de Itapetinga, localizado na região centro sul do estado da Bahia, no dia 6 de julho de Segundo a última Pesquisa de Pecuária Municipal do IBGE (2009), o município produz cerca de 3,1 milhões de litros de leite por ano, 0,3% do total de 1,1 bilhões do estado. O tamanho típico de propriedade encontrado foi de 120 hectares, sendo 86,4 hectares destinados a pastagens cultivadas (72% do total), 21,6 hectares à pastagens nativas (18% do total), 10 hectares à Reserva Legal (8% do total), 1 hectare para benfeitorias (1%) e 1 hectares à cana-de-açúcar (1% do total). Nessa área, o rebanho total foi de 131 animais ou 91,17 Unidades Animais (UA) com uma taxa de lotação de 0,79 UA/ha. Cada UA equivale a 450 kg de peso vivo. A produção média de 200 litros/dia é realizada por dois funcionários em duas ordenhas no sistema manual. Os indicadores técnicos aferidos no levantamento, segundo relatos dos produtores presentes no painel, estão presentes na Figura 1. Figura 1. Indicadores técnicos da cidade de Itapetinga BA. Descrição Índice Produção diária (litros) 200 L/dia Produção vaca/dia (litros) 5 L/dia Período de lactação (meses) 9 Intervalo entre partos (meses) 16 Taxa de mortalidade pré-desmama (%) 5,3% Taxa de mortalidade pós-desmama (%) 1,0% Produção/área de pecuária (litros/ha.ano) 670 Produção/mão-de-obra (litros/dia.homem) 100 Fonte: Dados da pesquisa. O sistema de produção em Itapetinga é baseado em pastagens, com predomínio da braquiarinha (Brachiaria decumbens) em 80% das áreas e colonião (Panicum maximum) em 20% da área, e 1 ha destinado ao plantio da cana-de-açúcar para fornecimento na estiagem. O rebanho é baseado na raça Girolando com reprodutores da raça Gir, que são suplementados com mineral o ano inteiro, com mineral de 85 g de P para

4 vacas em lactação e de 45 g de P para o restante, havendo também sal proteinado nas secas para as vacas em lactação. Não há fornecimento de concentrado, porém há adição de sulfato de amônio e uréia com a finalidade de corrigir o teor de proteína bruta da cana-de-açúcar. Do total do capital investido (R$ ,20), a terra representa 36,5% do total, já o montante considerando animais, benfeitorias, máquinas/implementos e forrageiras, representa 26%, 27,7%, 3,6% e 6,2% respectivamente. Segundo Gomes (1999), Custo Operacional Efetivo (COE) diz respeito ao desembolso feito pelo produtor. Já o Custo Operacional Total (COT), refere-se ao COE mais o pró-labore do produtor e os custos correspondentes à depreciação de benfeitorias, máquinas, forrageiras e animais adultos. Por fim, o Custo Total (CT) é igual ao custo operacional total mais a remuneração (juros de 6%) capital empatado em benfeitorias, máquinas, animais, forrageiras e terra, sendo que para este último considera-se o valor do arrendamento na região. Tabela 1 - Participação dos itens de produção em relação ao custo total e valor unitário. ESPECIFICAÇÃO 1. RENDA BRUTA - RB Valor da atividade Valor do leite Valor unitário Receita leite R$ ,00 R$ ,00 R$ 0,72 Receita venda dos animais R$ ,00 Outras Receitas R$ - TOTAL DA RB R$ ,00 R$ ,00 R$ 0,72 2. CUSTOS DE PRODUÇÃO 73,6% % em relação ao: 2.1 CUSTO OPERACIONAL EFETIVO - COE CT Transporte do leite R$ 3.650,0 R$ 3.650,0 R$ 0,050 3,88% Gastos administrativos, impostos e taxas R$ 9.644,2 R$ 7.101,9 R$ 0,097 7,56% Energia e combustível R$ 2.909,8 R$ 2.142,7 R$ 0,029 2,28% Silagem (Insumos + M.O. contrat.) R$ - R$ - R$ - 0,00% Forrageiras anuais (Insumos + M.O. contrat.) R$ - R$ - R$ - 0,00% Manutenção - Benfeitorias R$ 4.566,0 R$ 3.362,3 R$ 0,046 3,58% Manutenção - Máquinas, implementos, equipamentos R$ 915,3 R$ 674,0 R$ 0,009 0,72% Manutenção - Forrageiras perenes R$ 1.546,0 R$ 1.138,5 R$ 0,016 1,21% Medicamentos R$ 3.170,0 R$ 2.334,3 R$ 0,032 2,48% Material de ordenha R$ 77,0 R$ 77,0 R$ 0,001 0,08% Aleitamento Artificial R$ - R$ - R$ - 0,00% Inseminação Artificial R$ - R$ - R$ - 0,00% Mão-de-obra contratada para manejo do rebanho R$ ,2 R$ ,7 R$ 0,212 16,44% Assistência técnica R$ 545,0 R$ 401,3 R$ 0,005 0,43% Suplementação Mineral R$ 3.377,7 R$ 2.487,3 R$ 0,034 2,65% Concentrado R$ 793,4 R$ 584,3 R$ 0,008 0,62%

5 Outros R$ - R$ - 0,00% TOTAL DO COE R$ ,60 R$ ,32 R$ 0,540 41,93% 2.2 CUSTO OPERACIONAL TOTAL - COT Custo Operacional Efetivo R$ ,60 R$ ,32 R$ 0,54 41,93% Benfeitorias R$ 5.981,33 R$ 4.404,57 R$ 0,060 4,69% Máquinas, implementos, equipamentos e utilitários R$ 1.353,43 R$ 996,64 R$ 0,014 1,06% Animais de Serviço R$ 916,67 R$ 675,02 R$ 0,009 0,72% Forrageiras perenes R$ 2.821,90 R$ 2.078,01 R$ 0,028 2,21% Pro-labore R$ ,00 R$ 9.631,92 R$ 0,132 10,25% CUSTO OPERACIONAL TOTAL - COT R$ ,93 R$ ,48 R$ 0,783 60,86% 2.3 CUSTO TOTAL - CT Custo Operacional Total R$ ,93 R$ ,48 R$ 0,783 60,86% Remuneração de Capital - Benfeitorias R$ 8.218,80 R$ 6.052,20 R$ 0,083 6,44% Remuneração de Capital - Máquinas, implementos, equipamentos e utilitários R$ 1.143,09 R$ 841,75 R$ 0,012 0,90% Remuneração de Capital - Animais R$ ,85 R$ 9.466,86 R$ 0,130 10,07% Remuneração de Capital - Forrageiras Perenes R$ 1.563,72 R$ 1.151,50 R$ 0,016 1,23% Custo de Oportunidade da Terra R$ ,00 R$ ,84 R$ 0,264 20,50% CUSTO TOTAL - CT R$ ,39 R$ ,64 R$ 1, ,00% Fonte: Dados da pesquisa. A propriedade modal da região de Itapetinga apresentou o COE unitário de R$ 0,54/litro e o COT de R$ 0,78/litro, sendo que na mesma região o valor pago pelo leite foi de R$ 0,72/litro. A renda bruta (RB) da atividade leiteira na região de Itapetinga foi 73,6% proveniente da venda do leite, já o restante foi adquirido através da venda de animais, totalizando R$ ,00. Subtraindo o custo operacional total (COT), que foi R$ ,93, da renda bruta, a margem líquida da atividade foi negativa em R$ 5.450,93. O sistema de produção de Itapetinga apresenta alto custo de mão-de-obra, que chega a representar 30% da renda bruta do leite, quando o valor referência é de no máximo 15%. Valor não condizente à sua produtividade, que atualmente é de 100 litros/d.h., enquanto a referência para ordenha manual é de no mínimo 150 litros/d.h. Outro ponto que se destaca na região é o alto valor despedido com gastos administrativos, impostos e taxas que chega a quase 14% da renda do leite, caracterizando um desequilíbrio do sistema de produção, já que não influencia na produtividade do sistema. O alto capital investido na atividade, em estrutura física e terra aumentam os custos com depreciação e remuneração do capital, havendo necessidade de aumentar a produtividade, principalmente a por área.

6 Para se reverter a situação encontrada deve-se trabalhar medidas que visam o aumento da produção de leite e o equilibro dos indicadores técnicos e econômicos. Para isso, a participação dos produtores em cursos e treinamentos associados a uma boa assistência técnica podem contribuir para dar maior velocidade ao processo de gestão da propriedade.