Percepções dos transgênicos sobre a ótica dos estudantes de agronomia. Perceptions of transgenic on the perspective of Agronomy Students

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1 Percepções dos transgênicos sobre a ótica dos estudantes de agronomia Perceptions of transgenic on the perspective of Agronomy Students ¹EL- CORAB, Ibrahim; ²CANDIDO, Talita; ³CALBINO, Daniel 1 UFSJ, ielcorab@gmail.com; 2 UFSJ, talitascandido@hotmail.com; 3 UFSJ dcalbino@ufsj.edu.br Resumo: A produção e o consumo de alimentos transgênicos ainda é um tema que gera polêmicas. No espaço acadêmico, apesar do avanço de discussões que problematizam a temática, as divulgações de informações a respeito é sempre relevante pela amplitude que a temática leva por atingir diversos setores. Com base neste contexto, o trabalho de natureza quantitativa discute e apresenta a percepção dos estudantes de um curso de Agronomia sobre a produção de transgênicos. Enquanto resultados, observa-se a predominância de uma lógica favorável a produção, reproduzindo um conceito mais vinculado à eficiência produtiva. Observouse ainda um limitado conhecimento acerca dos órgãos reguladores e os possíveis malefícios dos transgênicos, o que aponta para a importância de fomentar a discussão na área, bem como alternativas relacionadas à agroecologia. Palavras-chave: Organismos Geneticamente Modificados; Agronomia; Discentes. Abstract: The production and consumption of transgenic foods is still a subject that generates controversy. In the academic space, despite the progress of discussions that question the subject, the disclosures about the amplitude is always relevant topic. Based on this context, the quantitative study discusses and presents the perception of students in a course of Agronomy on the production of transgenic. As results, there is the predominance of a favorable production, playing a more bound concept to production efficiency. There was still a limited understanding of the regulatory bodies and the possible harm of transgenic, which points to the importance of fostering discussion in the area, as well as alternatives related to agroecology. Keywords: Genetically modified organism; Agronomy; Students. Introdução Ainda que historicamente a ocorrência de organismos geneticamente modificados seja um reflexo da própria ação da natureza por meio da polinização cruzada, é no entanto, a partir das décadas de 1970 que a discussão começa a tomar escopo, principalmente pelo avanço tecnológico e do seu uso em prol do manejo dos transgênicos (FARIAS et al,. 2014). É neste sentido, que a discussão dos transgênicos ora aponta para argumentos favoráveis a sua eficiência produtiva, ora para os aspectos negativos que podem gerar para o meio ambiente e para a saúde humana. No bojo desta discussão, considera-se que apesar do avanço de trabalhos que problematizam a temática, as divulgações de informações a respeito é sempre

2 relevante pela amplitude que a temática leva por atingir diversos setores (SOUZA, 2010). Com base neste contexto, o presente trabalho de natureza quantitativa propõe-se a discutir e apresentar a percepção dos estudantes de um curso de Agronomia sobre a temática transgênicos. A fundamentação deste trabalho se justifica pela importância que o profissional de agronomia exerce no mercado de trabalho, seja ele por dominar conhecimentos técnicos que podem tanto replicar a lógica de produção dos transgênicos, ou mesmo repensar os processos tradicionais de produção, na busca de alternativas sustentáveis. Metodologia A pesquisa se caracterizou por uma investigação empírica, cujo processo de coleta de dados ocorreu por meio da elaboração de questionários quantitativos aplicados a 124 estudantes de todos os períodos do curso de engenharia agronômica da UFSJ, no período de 20 de novembro a 4 de dezembro de Foram realizadas treze perguntas, cujo objetivo central era compreender qual o nível de compreensão acerca dos transgênicos, bem como quais as opiniões que tangenciavam a favor ou contra a sua produção e consumo. Para tabulação e análise dos dados, foi utilizado o software estatístico licenciado SPSS (Statistical Package for Social Sciences), cujos resultados foram gerados por meio da análise de descrição estatística. Resultados e discussões Com base nos resultados, observou-se ao questionar sobre o consumo de alimentos transgênicos que 83,9% dos estudantes afirmaram consumir, sendo que apenas 15,1% dizem não saber se consomem os alimentos transgênicos. Os dados parecem mostrar que a grande maioria dos estudantes tem um conhecimento sobre o consumo e mercado de alimentos transgênicos, principalmente por compreender a inevitabilidade de não consumir algum tipo de alimento de natureza transgênica, marcada pela hegemonia no mercado. Em similaridade, quando perguntado aos estudantes se os mesmos sabem informar quais os principais alimentos transgênicos produzidos no mercado,

3 apesar de uma pequena redução percentual, 79% afirmaram que conhecem os principais produtos, sendo que 21% responderam não saber, o que corrobora a hipótese de um conhecimento a respeito do consumo. Da mesma forma, uma pergunta relevante sobre a percepção do tema envolve identificar através da embalagem se o alimento é transgênico. Com base nesta questão, 71,8% estudantes afirmaram saber identificar o símbolo que representa os transgênicos, o que é relevante pois, a própria legislação brasileira aborda a importância da identificação prevista no artigo 40 da Lei de Biossegurança (11,105/05), que prevê que todos os alimentos com presença de OGM, acima de 1% da composição final, sejam rotulados (SOUZA, 2010). Outra questão discutida envolve a compreensão do órgão responsável pelo monitoramento e controle dos alimentos transgênicos. Com base nas respostas, constatou-se que a maioria dos estudantes (59,7%) não souberam responder qual é o órgão regulador. Tais dados chamam a atenção, porque este órgão é o MAPA (Ministério de agricultura Agropecuária), e está diretamente vinculada a área de Ciências Agrárias dos estudantes respondentes. Ressalta-se ainda que a não compreensão do órgão regulador por parte da maioria dos estudantes pode trazer implicações na dificuldade de problematizar as questões legais, éticas e morais que perpassam o tema. Quanto à compreensão dos riscos que podem vir causar a saúde dos indivíduos, ao questionar se os alimentos transgênicos podem ser consumidos por qualquer pessoa, o resultado da pesquisa aponta que 50,8% dos entrevistados responderam que sim, em contrapartida, apenas 24,2% afirmam que não podem ser consumidos por qualquer pessoa e 25% que não souberam responder. Esses dados parecem mostrar um desconhecimento de informações e pesquisas que podem apontar para os riscos dos alimentos transgênicos a saúde dos indivíduos, principalmente porque 25% abordaram não ter informação suficiente para opinar, e 50% de que não gera nenhum problema a saúde dos indivíduos.

4 Com relação acerca da opinião da produção dos alimentos transgênicos, é interessante observar que 70% dos entrevistados do curso de engenharia agronômica são a favor da produção e consumo dos alimentos transgênicos, sendo que apenas 6,0% se mostraram contra, e 24,0 % não possuem opinião formada. Uma hipótese que pode explicar estes números se trata da própria origem do curso de agronomia dos presentes respondentes. A abertura do curso foi motivada pela parceria da Embrapa Milho e Sorgo da região, juntamente com a formação de grande parte dos docentes do curso que trazem uma visão muito pontuada na lógica da eficiência produtiva, o pode refletir na formação dos estudantes acerca da opinião favorável do tema. Em similaridade a questão anterior, foi perguntado para os estudantes que consideram os alimentos transgênicos benéficos, quais itens justificariam sua resposta. Observou que das diversas respostas de caráter múltiplo 6,4% consideram mais palatável, 20,1% que tornam os alimentos mais nutritivos, 25,7% tornam os alimentos mais baratos, 61,2% que geram maior resistência a pragas, e 74% aumentam da eficiência produtiva. Da mesma forma, ao buscar compreender quais os possíveis malefícios da produção dos alimentos transgênicos, constatou-se que das diversas respostas de caráter múltiplo 10,4% dos respondentes consideram tornar as pragas e micro-organismos mais resistentes, 13,6% podem causar impactos ambientais, e 14,4% afirmam que podem causar riscos a saúde humana. Em contrapartida, 8,1% não souberam responder e 18,5% relataram que não há estudos científicos suficientes que comprovam seus malefícios, o que corrobora a tendência de defesa da produção e consumo dos transgênicos. Por fim, quanto aos canais de divulgação que obtiveram informações sobre a temática transgênicos, das diversas possibilidades de assinar múltiplas respostas, registrou-se que: 17,6% foi oriunda do ensino médio, 25,6% de jornais, 32% de revistas, 35,2% da televisão, 65,7% da internet, 74,7% universidade, e apenas 1,6% relataram ainda não ter obtido informações. Portanto fica claro que a formação de conceitos em relação aos alimentos

5 transgênicos está diretamente ligada à formação acadêmica dos estudantes, devido a grande maioria dos respondentes atribuir a fonte de conhecimento vinda da universidade a qual estão inseridos. Conclusão Com o intuito de trazer contribuições para a discussão dos organismos geneticamente modificados, o presente trabalho se propôs a realizar uma investigação quantitativa acerca da percepção dos estudantes de um curso de agronomia sobre a produção e consumo de transgênicos. Observou-se a predominância de uma lógica favorável a produção dos transgênicos, reproduzindo um conceito mais vinculado à eficiência produtiva. Constatou-se ainda um limitado conhecimento acerca dos órgãos reguladores e os possíveis malefícios dos transgênicos, o que aponta para a importância de fomentar a discussão na área, bem como alternativas relacionadas à agroecologia. No entanto, para além de uma defesa dos aspectos negativos ou positivos que os transgênicos geram, o intuito da discussão visou problematizar a importância da percepção dos estudantes, visto que o tema é algo que afeta toda a sociedade. Por isso já é suficiente para as decisões relativas do assunto, que se tenha maior participação da sociedade nas discussões e decisões, principalmente ao considerar que os estudantes dos cursos pesquisados tendem a exercer influências enquanto formadores de opinião e na própria constituição de políticas públicas e segurança alimentar. Referências bibliográficas FARIAS, S.C et al. Percepção dos Alunos da Universidade do Rio de Janeiro sobre Produção e o Consumo de Transgênicos no Brasil. REDE- Revista Eletrônica do PRODEMA, v.8, n.1, 84-94, SOUZA, M. Opinião de alunos de graduação em nutrição sobre questões bioéticas, relativas ao campo de atuação do nutricionista. Dissertação (Mestrado em Bioética). São Paulo: Centro Universitário São Camilo, 2010.