OFÍCIO CIRCULAR N.º 258/2010-CGJ/DOF (Id /2010) Favor mencionar este número Cuiabá, 09 de novembro de 2010.

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1 OFÍCIO CIRCULAR N.º 258/2010-CGJ/DOF (Id /2010) Favor mencionar este número Cuiabá, 09 de novembro de Senhor (a) Juiz (a) de Direito Diretor (a) do Foro: De ordem do Excelentíssimo Senhor Desembargador Manoel Ornellas de Almeida Corregedor-Geral da Justiça, e reportandome ao requerimento datado de 08/01/2010, subscrito pelo Ilma. Sra. Joani Maria Assis Asckar, Oficiala do Cartório do 6º Ofício de Cuiabá, encaminho a Vossa Excelência, para conhecimento e providências, cópia do parecer lavrado pela Exma. Sra. Dra. Juanita Cruz da Silva Clait Duarte, Juíza de Direito Auxiliar da Corregedoria, devidamente homologado em 28/10/2010, nos autos de Pedido de Providências nº 03/2010-DOF, concernentes a pacificação de entendimentos de Juízes Diretores de Foros acerca da cobrança de emolumentos relativos ao registro de contrato de compra e venda de imóvel com alienação fiduciária aquisição de Casa Própria nos termos do artigo 290 da Lei de Registros Públicos. Respeitosamente, WALKYRIA TAQUES SIQUEIRA Coordenadora da Corregedoria-Geral da Justiça (Autorizada a assinar pela Ordem de Serviço nº 01/2007-CGJ, de 05/03/07) PP 03/2010-DOF Anexo: Cópias fls. 92/94 e 98/102-CGJ kmbg

2 PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS nº 03/2010 Exmo. Senhor Desembargador Corregedor, A Sra. Oficial de Registro de Imóveis da 3ª Circunscrição da Comarca de Cuiabá, Joani Maria de Assis Asckar, ingressou com o presente pedido, objetivando pacificar entendimentos de juízes Diretores de Foros acerca da cobrança de emolumentos relativos ao registro de contrato de compra e venda de imóvel com alienação fiduciária. Salienta a requerente que em uma decisão, proferida nos autos do Pedido de Providências nº 2009/194 da lavra da Diretoria do Foro de Cuiabá entendeu o MM Juiz Diretor que quando tratar-se de aquisição de casa própria, nos termos do 1º do art. 290 da Lei dos Registros Públicos, independentemente do financiamento contratado pelo mutuário, o adquirente fará jus aos benefícios do referido artigo, ou seja, que o registro e a averbação para efeito de cálculo de custas e emolumentos serão considerados como um ato apenas.

3 Aduz que em outra situação, idêntica à mencionada, decidindo a suscitação de dúvida argüida pelo Oficial Registrador da Comarca de Sorriso nos autos 2006/65, o MM Juiz Diretor de Foro daquela Comarca, por sua vez, entendeu revogado o art.290 da Lei de Registros Públicos pela Constituição da República, julgando improcedente a dúvida suscitada e indeferindo o pedido de restituição de emolumentos solicitado pelo usuário. É o breve relato. A conflitância de entendimentos estabeleceu-se uma vez que o Diretor do Foro da Comarca de Cuiabá entende que o art. 290, 1º da Lei de Registros Públicos esta em vigor, ao passo que o Juiz de Direito Diretor do Foro de Sorriso entende que referido dispositivo legal encontra-se revogado pela Constituição da República que confere à Lei Federal tão somente estabelecer normas gerais para a fixação de emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro. É salutar registrar que não obstante não ser a Corregedoria Geral da Justiça órgão jurisdicional e competente para decidir sobre a recepção ou não do art º da Lei de Registros Públicos, é órgão de orientação administrativa e até que a questão seja pacificada por órgão competente, deve se posicionar, com vistas a nortear a prestação dos serviços extrajudiciais em todo o estado e garantir a segurança jurídica. Em oportunidade anterior, mais precisamente nas consultas N. 03/2008 e N. 26/2009 esta parecerista exarou seu entendimento em situações vinculadas à cobrança de emolumentos, correspondente à aquisição do primeiro

4 imóvel residencial por usuário, no sentido da vigência do artigo 290 da Lei de Registros Públicos, opinião que a meu ver, deve prevalecer. Salvo melhor juízo, referido artigo é específico para aquisição do primeiro imóvel e prestigia o art. 5º, XXII, da Constituição da República que dispõe que a todos é garantido o direito de propriedade. Em parecer recente, exarado nos autos do Recurso 05/2010- DOF, consignei que o objeto do art. 290 da Lei de Registros Públicos são os atos relacionados com a primeira aquisição de moradia, e não a espécie de garantia constituída para este fim. Neste mesmo parecer citei julgado da 5ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, da lavra da MM Juíza de Segundo Grau Marilsen Andrade Addario que embasada no citado artigo decidiu: RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL - PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS - REGISTRO DE IMÓVEIS - PROCEDÊNCIA - REGISTRO DE CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL COM FINANCIAMENTO, GARANTIA DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA - DESCONTO DE 50% (CINQUENTA POR CENTO) SOBRE O VALOR DOS EMOLUMENTOS - FUNDAMENTO NO ARTIGO 290 DA LEI Nº 6.015/73 - POSSIBILIDADE - OBJETIVO DA NORMA - FUNÇÃO SOCIAL - ALEGAÇÃO DE VEDAÇÃO LEGAL PARA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO - ARTIGO 39 DA LEI Nº 9.514/ AFASTAMENTO - CONTRATO REALIZADO NO SISTEMA DE FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO-SFI - VINCULAÇÃO AO SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO-SFH - LEI Nº DE 21/08/64 - SENTENÇA MANTIDA - RECURSO DESPROVIDO. É direito dos mutuários do Sistema Financeiro de Habitação - SFH receber descontos cartorários relacionados aos emolumentos cobrados por ocasião do registro da documentação da primeira aquisição imobiliária para fins residenciais. Deve ser mantida a sentença que julgou procedente o Pedido de Providências para determinar o reembolso de 50% sobre o valor das custas e dos emolumentos pagos ao Ofício de Registro Imobiliário, previsto no artigo 290 da Lei nº 6.015/73, ainda quando se tratar de contrato do sistema de financiamento imobiliário - SFI previsto na Lei nº 9.514/97, porquanto o intuito precípuo do legislador, quando instituiu o

5 SFI, foi o de facilitar a primeira aquisição de imóvel residencial, desburocratizando os sistemas até então utilizados e simplificar o processo de concessão de crédito. [TJMT 5ª Câmara Cível - APL 86464/2009 Relª MARILSEN ANDRADE ADDARIO; Julg. em 02/12/2009] Portanto considero que o aludido artigo foi recepcionado pela Constituição da República e que o artigo 236, 2º da Carta Magna não exclui a possibilidade de outra lei garantir o direito de propriedade, prevendo benefícios, seja na seara jurisdicional seja na extrajudicial. Por conseguinte, manifesto-me para que, em acatando Vossa Excelência o entendimento ora exarado, expeça orientação a todos os Registradores do Estado para que dêem aplicação ao benefício previsto na Lei de Registros Públicos, mas precisamente seu art. 290, 1º. Com vistas a garantir a segurança jurídica, tendo em vista que este órgão não havia exarado orientação anterior a respeito do tema que, como demonstrado, comporta entendimentos divergentes, manifesto-me, ainda, pela modulação dos efeitos da decisão homologatória, para que passe a vigorar a partir dela, preservando-se as cobranças anteriores, que não tenham sido apreciadas individualmente. É o parecer sub censura. Cuiabá, 13 de outubro de JUANITA CRUZ DA SILVA CLAIT DUARTE Juíza Auxiliar da Corregedoria

6 Vistos, Acolho o parecer. Às providências. Cbá Des. MANOEL ORNELLAS DE ALMEIDA Corregedor-geral da Justiça