PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS NEGATIVOS DO CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEEVALE
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- Mafalda Rosa Farias
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1 PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS NEGATIVOS DO CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEEVALE Francine Silveira Tavares 1 Analícia Couto Linden 2 Palavras-chave: Preservação. Conservação. Documento fotográfico. Negativo fotográfico. 1 INTRODUÇÃO Este trabalho apresenta resultados parciais de um projeto de ensino em andamento no Centro de Documentação e Memória Luci Bridi da Universidade Feevale. O acervo fotográfico do Centro de Documentação é formado por fotografias coloridas e em preto e branco, álbuns fotográficos e negativos fotográficos. A atividade realizada no projeto se concentra sobre os negativos monocromáticos e tem como objetivo a preservação e conservação deste material, assim como, torná-lo acessível ao público interessado. O conteúdo do acervo fotográfico tem relação com a história e acontecimentos da Feevale, sendo essa uma das razões que justificam sua preservação enquanto testemunho da memória da Instituição. Memória que não é somente da Feevale, mas de todos aqueles que por um período tiveram suas vidas interligadas a Instituição, seja na condição de aluno, professor, funcionário ou visitante. A Federação de Estabelecimento de Ensino Superior em Novo Hamburgo Feevale foi fundada em março de 1970 e em abril de 2010, obteve, do Ministério da Educação, o reconhecimento como Universidade. A Feevale surgiu de uma iniciativa e demanda da comunidade com a finalidade de formar profissionais habilitados, permitindo a qualificação do 1 Mestre em Memória Social e Patrimônio Cultural pela UFPel e professora da Universidade Feevale. 2 Aluna do Curso Superior de Tecnologia em Fotografia pela Universidade Feevale.
2 mercado de trabalho. A Instituição tem atualmente alunos em todos os níveis de ensino e localiza-se em Novo Hamburgo, RS. 2 PRIMEIROS PASSOS DA CONSERVAÇÃO DE FOTOGRAFIA: PRÉ-INVENTÁRIO É reconhecida a capacidade e importância da fotografia como instrumento de memória e fonte de estudo sobre o passado recente ou remoto, que de outra forma não se teria acesso. Para tanto, a conservação se faz necessário para que não se percam preciosos fragmentos de memória (MARCONDES, 2002). Luís Pavão (2004), afirma que a observação e descrição são os primeiros procedimentos diante de uma coleção fotográfica. A partir da observação, chega-se ao préinventário, no qual são elencados os formatos e processos fotográficos existentes, quantidades, formas de organização, temáticas, existência de peças deterioradas ou instáveis, formas de deterioração, datas aproximadas, condições das embalagens, necessidade sobre cópias ou duplicação e formas de tratamento. O pré-inventário é uma forma de aprofundar o conhecimento sobre o acervo fotográfico oportunizando a elaboração de um plano de conservação adequado as necessidades do acervo. 3 METODOLOGIA A partir da observação dos negativos do Centro de Documentação, verificou-se que há no acervo em torno de 1000 negativos entre 12 e 36 poses, sendo estes coloridos e preto e branco. Os negativos estão acondicionados de diversas formas como, por exemplo, dentro de um envelope carta em que alguns estão em contato direto com o sulfite e outros, sendo a maioria, estão em embalagens plásticas utilizadas para filme. Outros filmes estão em embalagem plástica que permitem constatar que os mesmos foram revelados em laboratório externo a Feevale. Os negativos estão cortados em diferentes tamanhos (1 a 6 fotogramas) e uma pequena quantidade se mantem inteiro e enrolado. Todos os negativos estão acondicionados em caixas poliondas na cor azul, totalizando 6 caixas.
3 Parte do material que compõe o grupo de negativos exibe uma organização anterior ao Centro de Documentação. A organização pode ser observada porque os negativos estão guardados em envelopes que trazem impresso os campos seguintes: Centro de Recursos Audiovisuais / Museu da Imagem e do Som FEEVALE; Data; Evento; Bitola do Filme, Tipo e Obs. Outra parte dos negativos não possuem informações ou identificação sobre o tema fotografado e estão reunidos de forma aleatória. O estado de conservação geral dos negativos é bom. Observou-se sujeira, arranhões, manchas de secagem ou processamento do filme e alteração na cor da base do filme, no entanto não foi observado nenhum comprometimento grave em relação às imagens trazidas nos negativos. O conteúdo dos negativos tem relação em sua maioria com acontecimentos da Feevale como, por exemplo, cerimônias de posse e de formatura, seminários, palestras, eventos, infraestrutura da Feevale, visitas de outros profissionais e autoridades a Feevale. A partir dos resultados do pré-inventário, organizou-se um plano de conservação que inclui a separação dos negativos conforme o tipo (preto e branco ou colorido) e formato (35mm ou 6x6), a numeração do negativo, o preenchimento da ficha de conservação, a limpeza do negativo, a digitalização e o acondicionamento do negativo em nova embalagem. Enquanto não se dispõe de papel de conservação específico para a confecção das embalagens, os negativos limpos são acondicionados em embalagens plásticas novas, separados dos envelopes sulfites originais deteriorados e acondicionados em envelopes sulfites novos. Para a etapa de identificação, elaborou-se um sistema de numeração e uma ficha de conservação adequada as características do acervo de negativos. Conforme Pavão (1997, p. 269), a numeração é a atribuição de um número a cada espécie fotográfica de uma coleção. A numeração auxilia na localização do material no acervo, na informatização, na indexação de informações, na organização e no inventário. O sistema de numeração utilizado no Centro de Documentação da Feevale foi elaborado conforme as orientações de Luís Pavão (1997). O sistema interliga a ficha de conservação do negativo, o negativo, o envelope em que estava originalmente acondicionado e auxilia na sua localização. Vejamos um exemplo de numeração usado no Centro de Documentação. Exemplo: CRA
4 CRA designa a sigla da coleção a que a espécie pertence, neste caso CRA remete para a coleção Centro de Recursos Audiovisuais. O 01 é o código de espécie, que designa, neste caso, negativo preto e branco em película, suporte de acetato. O 6 é o número do filme na coleção e 02 é o número do fotograma Na ficha de conservação é registrado se o negativo é colorido ou preto e branco, se a base é de acetato ou poliéster, o número do negativo, o formato, a autoria, as características de deterioração, o tratamento e observações gerais. A etapa seguinte foi pensar na digitalização do acervo que apresenta algumas vantagens tal como evitar o manuseio do original e em um segundo momento permitir o acesso a um número maior de pessoas. Para isso, procurou-se estudar os tipos de escâneres, resolução, alcance dinâmico, profundidade em bits e formatos de arquivo. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Entre o conjunto de negativos que compõe o acervo do Centro de Documentação, optou- se por iniciar o trabalho de conservação com os negativos que faziam parte do Centro de Recursos Audiovisuais da Feevale. Conforme constatado no pré-inventário, este conjunto exibe uma unidade e organização anteriores ao Centro de Documentação. Em virtude destas características e do seu conteúdo, optou-se por manter este conjunto de imagens na forma de coleção. Segundo Pavão (1997, p. 255) Não é qualquer agrupamento ou conjunto de fotografias que se pode considerar uma colecção de fotografias. À noção de colecção preside um intuito, que lhe confere uma unidade, um significado próprio, difícil de encontrar num aglomerado de fotografias. Cada elemento que integra uma colecção faz parte de um todo, ganha sentido individual e colectivo precisamente através do conjunto. A coleção tem o nome de Centro de Recursos Audiovisuais e por se tratar de uma coleção, não serão incluídos outros negativos. Atualmente, a coleção possui 325 filmes monocromáticos catalogados o que totaliza 2675 imagens digitalizadas. O recorte temporal compreende os anos de
5 1978 a 1989 de forma fragmentada. Até o momento não foram encontrados negativos dos anos de 1982, 1983 e 1985, mas é importante lembrar que o trabalho ainda não foi finalizado. Acredita-se que o conjunto de imagens desta coleção foi formado por um setor da Feevale que tinha a responsabilidade de realizar o registro fotográfico, o processamento do negativo, o gerenciamento e o armazenamento do material fotográfico produzido. Não se sabe ainda, se há ampliações fotográficas destes negativos no Centro de Documentação. A partir da organização, tabulação e análise das imagens digitalizadas, identificou-se que algumas temáticas eram retratadas com mais frequência. Registros fotográficos de reuniões e visitas de autoridades aparecem em primeiro lugar, seguidas por cerimônias de solenidade, registro fotográficos dos cursos, retratos, eventos acadêmicos, eventos esportivos, apresentações artísticas, infraestrutura da Feevale, formaturas, vestibular, eventos comemorativos e confraternizações. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Na medida em que se avança no desenvolvimento do trabalho, percebe-se ainda mais a importância da preservação e conservação deste material fotográfico, que testemunha a existência de acontecimentos da memória institucional da Feevale e também atravessa histórias de vida, que fizeram desta intuição de ensino o que hoje entendemos por Universidade Feevale. Nas próximas etapas do projeto, pretende-se dar continuidade a limpeza, identificação e digitalização dos negativos e estudar formas de viabilizar o conhecimento do acervo e seu acesso pelo público interessado.
6 REFERÊNCIAS PAVÃO, Luís. Conservação de fotografias: o essencial. Cadernos técnicos de conservação fotográfica, 3. Rio de Janeiro, Funarte, MARCONDES, Marli. A importância da conservação fotográfica na reconstrução da memória. Revista de Educação do Cogeime. A. 11, n. 20, p , jun PAVÃO, Luis. Conservação de Coleções de Fotografia. Lisboa: Dinalivro, 1997.
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