SERVIÇO CIVIL OBRIGATÓRIO
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- Benedito Mascarenhas Lancastre
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1 INFORMATIVO DO CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DO CEARÁ - Nº JULHO/AGOSTO DE 2013 Editorial SERVIÇO CIVIL OBRIGATÓRIO Não é recente o desejo do governo federal de instituir alguma forma de serviço civil obrigatório na área médica. Rumores surgiram acerca do tema, e balões de ensaio foram lançados ao longo de gestões governamentais sucessivas, independentemente da coloração ideológica ou filiação partidária dos mandatários da nação. No entanto, ninguém esperava que o atual governo federal fosse agir de maneira tão truculenta e desrespeitosa como o fez ao promulgar a Medida Provisória 621/2013, que institui o Programa Mais Médicos. Com uma canetada só, foi atropelada a autonomia universitária e a independência dos Conselhos de Medicina. Sem qualquer diálogo prévio, e ao mesmo tempo em que era afirmado que faltam médicos no Brasil, foi determinado que o curso médico passasse a ter a duração de oito anos. Assinale-se que, nos últimos dois anos do curso, o estudante terá permissão para o exercício profissional da medicina, porém sem receber o diploma de médico. E desenvolverá atividades exclusivamente na atenção básica à saúde no âmbito do SUS. Na mesma ação de ataque da MP 621, ficou clara a intenção de subjugar os Conselhos de Medicina, quando estes órgãos foram instados a inscrever os médicos formados no exterior, mesmo sem a revalidação de diploma, que é exigida pela lei de diretrizes e bases da educação nacional (Lei 9.394/1996). É verdade que, na percepção da população, faltam médicos no Brasil, o que se torna explícito quando os doentes procuram atendimento, quer nos serviços públicos de emergência, cronicamente superlotados, quer na peregrinação por uma consulta especializada, um exame complementar mais sofisticado, ou um procedimento cirúrgico. Os gestores públicos, por seu turno, têm boa dose de razão quando solicitam mais médicos para os seus municípios. O equívoco está em tratar uma questão tão complexa de forma simplória. Será que, nos dias de hoje, alguém ainda acredita que a simples presença de um médico vai resolver os problemas de saúde da população? É mais do que hora de serem postas em prática medidas consistentes e duradouras que assegurem saúde para todos. E isto passa pela criação da carreira de estado para médicos e pela solução do grave problema de subfinanciamento do setor saúde. É sumamente importante que seja aprovado pelo Congresso Nacional o Projeto de Lei de iniciativa popular que propõe a destinação de 10% das receitas correntes brutas da União para a Saúde Pública. Há outros pontos a considerar na crise atual. O discurso do governo de que a participação compulsória dos estudantes de medicina no SUS é imprescindível para a humanização dos futuros médicos parece estranho, ou mesmo falacioso. Que outra profissão cultiva mais o humanismo que a medicina? Foi justamente a atitude solidária, humana e competente dos médicos para com os doentes que fez com que os esculápios conquistassem o respeito e a gratidão da população, o que, entre nós, se expressou por diversas pesquisas de opinião já realizadas, nas quais a medicina apareceu em primeiro lugar no conceito dos cidadãos. Ademais, durante todo o curso médico o estudante tem contato frequente com pacientes dos serviços públicos. O Conselho de Medicina do Ceará luta pela entrada de mais médicos no serviço público, porém postula que eles sejam admitidos através de concurso público, como, aliás, se impõe pelas leis do país. Deste modo, os médicos assumirão suas responsabilidades, mas também irão usufruir os respectivos direitos trabalhistas. E não ficarão à mercê de uma bolsa-médico, um arremedo de contrato que agudiza ainda mais a precariedade das relações de trabalho entre os médicos e os empregadores. Quanto aos médicos formados no exterior, todos serão bem-vindos, desde que revalidem o diploma de médico e demonstrem proficiência na língua portuguesa. O CREMEC apoia as ações voltadas para um melhor atendimento à saúde da população, tendo como parâmetros a legalidade, a justiça social e a dignidade do ser humano. Dr. Ivan de Araújo Moura Fé Presidente do CREMEC Ivan de Araújo Moura Fé pronuncia, em 08 de agosto de 2013, discurso no Congresso Nacional (Auditório Nereu Ramos) contra a Medida Provisória 621 e contra os vetos à lei que dispõe sobre o exercício da medicina (Lei do Ato Médico). É Lei Carreira de Estado Para Médico do SUS Pág. 2 Eleição 2013 Comissão Eleitoral Eleição CREMEC Artigo: Internacionalização de Médicos no Brasil Relatório do Conselheiro Menezes Fechando a Edição julho/agosto de 2013 Atividades Conselhais Págs. 3, 4 e5 Págs. 6 e 7 Pág. 8 PARA USO DOS CORREIOS MUDOU-SE DESCONHECIDO RECUSADO ENDEREÇO INSUFICIENTE NÃO EXISTE O NÚMERO INDICADO REINTEGRADO AO SERVIÇO POSTAL EM / / FALECIDO AUSENTE NÃO PROCURADO INFORMAÇÃO ESCRITA PELO PORTEIRO OU SINDICO
2 2 Jornal Conselho É LEI Foi publicado no Diário Oficial do Município de Fortaleza de 12 de junho de 2013 a Lei Nº10.058, de 06 de junho de A lei, obriga a identificação nos cartazes, folders e panfletos de divulgação dos serviços médicos particulares, do número no Conselo Regional de Medicina (CRM) do profissional médico. Faço saber que a Câmara Municipal de Fortaleza aprovou e eu sanciono a seguinte lei: Art. 1º- É obrigatória, no âmbito do Município de Fortaleza, a identificação, nos cartazes, folders e panfletos de divulgaçãode serviços médicos particulares, do número no Conselho Regional de Medicina (CRM) do profissional médico. Art. 2-º O profissional que não cumprir o determinado no art. 1- desta Lei estará sujeito às penas impostas pelo Conselho Federal de Medicina, através do CREMEC. Art. 3º- Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. PAÇO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZA, em 06 de junho de Roberto Cláudio Rodrigues Bezerra Prefeito Municipal de Fortaleza CARREIRA DE ESTADO PARA O MÉDICO DO SUS. É BOM PARA A SAÚDE, É BOM PARA O BRASIL. A população precisa de um melhor atendimento na saúde. Os médicos precisam de melhores condições de trabalho. Para isso acontecer, o Estado precisa oferecer para os médicos que atendem no SUS as mesmas garantias que já oferece a outras carreiras da função pública: infraestrutura, equipe técnica, materiais, estabilidade e remuneração adequada. Não adianta tentar resolver o problema da falta de assistência com a abertura de novas escolas de Medicina e com a importação sem critérios de profissionais formados no exterior. O Brasil tem urgência de ser bem tratado. E esta é uma luta do CFM, dos CRMs e de todos os brasileiros. Os conselhos de medicina defendem esta saída. porque O Brasil tem urgência de ser Bem tratado. an_404x266.indd 1 AVISO IMPORTANTE: emissão de documento por meio eletrônico. O Conselho Regional de Medicina do Ceará informa que os seguintes documentos estão disponíveis no site do CREMEC ( 1- Emissão de segunda via de boleto de anuidade; 2- Certidão de quitação de pessoa física e jurídica. 5/17/13 10:43 AM
3 Jornal Conselho 3 ELEIÇÃO COMISSÃO ELEITORAL *Os membros da comissão eleitoral foram escolhidos por ocasião da Plenária de 06 DE MAIO DE 2013, por votação unânime. São eles: JOÃO ADOLFO DE CARVALHO NOGUEIRA, CREMEC 1269, Presidente. Nascido em 10 de abril de 1939, em Fortaleza - CE; formado em Medicina pela Universidade Federal do Ceará, em dezembro de 1970; inscrito no Conselho em 28/12/1970; residente em Fortaleza; Anestesiologista com título registrado no CREMEC, em 17/04/1984, sob o n 632 RQE. Participou da Comissão Eleitoral das Eleições para o CREMEC do ano de 2003 (Presidente) e 2008 (Presidente) e da Comissão Eleitoral das Eleições para delegado eleitor junto ao Conselho Federal, no ano de 2004 (Presidente) e 2009 (Presidente); pratica Anestesiologia no Hospital SOS, na Clínica Omnimagem e no Hospital Albert Sabin. DELANO GURGEL SILVEIRA, CREMEC 7199, 1 secretário. Nascido em 11 de novembro de 1971, em Fortaleza CE; formado em Medicina pela Universidade Federal do Ceará, em dezembro de 1998; inscrito no Conselho em 06/01/1999; residente em Fortaleza. Participou da Comissão Eleitoral das Eleições para o CREMEC do ano de 2008; e da Comissão Eleitoral das Eleições para delegado eleitor junto ao Conselho Federal, no ano de 2009; pratica Cirurgia Geral; preceptor de residência de Cirurgia na Santa Casa da Misericordia de Fortaleza-CE e do Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara. EDILSON LUCAS DE MORAIS, CREMEC 1229, 2 secretário. Nascido em 21 de maio de 1940, em Sousa PB; formado em Medicina pela Universidade Federal do Ceará, em dezembro de 1970; inscrito no Conselho em 21/12/1970; residente em Fortaleza; com títulos de especialista registrados no CREMEC em Clínica Médica, sob o n 2383 RQE e em Medicina do Trabalho, sob o n 592 RQE. Participou anteriormente da Comissão Eleitoral para o pleito de 2008; e da Comissão Eleitoral das Eleições para delegado eleitor junto ao Conselho Federal, no ano de 2009; do corpo clínico do Instituto Dr. José Frota e da Rede Ferroviaria Federal S.A; atualmente pratica Clínica Médica e Medicina do Trabalho. *Pesquisa: Mário Alves, Fatima Sampaio, Dioniso Lajes; arquivos CREMEC CHAPA ÉTICA E CIDADANIA ELEIÇÃO CREMEC 2013 CONSELHEIROS Aldaíza Marcos Ribeiro Alessandro Ernani Oliveira Lima Dagoberto César da Silva Dalgimar Beserra de Menezes Erika Ferreira Gomes Eugênio de Moura Campos Fernando Queiroz Monte Francisco Alequy de Vasconcelos Filho Francisco Dias de Paiva Francisco Flávio Leitão de Carvalho Filho Helena Serra Azul Monteiro Helly Pinheiro Ellery Helvécio Neves Feitosa Ivan de Araújo Moura Fé José Ajax Nogueira Queiroz José Albertino Souza José Fernandes Dantas José Gerardo Araújo Paiva José Málbio Oliveira Rolim José Roosevelt Norões Luna Lino Antonio Cavalcanti Holanda Lucio Flávio Gonzaga Silva Luiz Gonzaga Porto Pinheiro Maria Neodan Tavares Rodrigues Ormando Rodrigues Campos Junior Rafael Dias Marques Nogueira Regina Lúcia Portela Diniz Régis Moreira Conrado Renato Evando Moreira Filho Roberto César Pontes Ibiapina Roberto da Justa Pires Neto Roberto Wagner Bezerra de Araújo Rômulo César Costa Barbosa Sylvio Ideburque Leal Filho Tales Coelho Sampaio Valéria Góes Ferreira Pinheiro REPRESENTANTES DO CREMEC NO INTERIOR DO ESTADO SECCIONAL DA ZONA NORTE Arthur Guimarães Filho Francisco Carlos Nogueira Arcanjo Francisco José Fontenele de Azevedo Francisco José Mont Alverne Silva José Ricardo Cunha Neves Raimundo Tadeu Dias Xerez End.: Rua Oriano Mendes Centro CEP: Sobral - Ceará SECCIONAL DO CARIRI Cláudio Gleidiston Lima da Silva Geraldo Welilvan Lucena Landim João Ananias Machado Filho João Bosco Soares Sampaio José Flávio Pinheiro Vieira José Marcos Alves Nunes End.: Rua da Conceição - 536, Sala 309 Ed. Shopping Alvorada - Centro Fone: Cep.: Juazeiro do Norte - Ceará SECCIONAL CENTRO SUL Antonio Nogueira Vieira Ariosto Bezerra Vale Leila Guedes Machado Jorge Félix Madrigal Azcuy Francisco Gildivan Oliveira Barreto Givaldo Arraes End.: Rua Professor João Coelho, 66 - Sl. 28 Cep: Iguatu/Ceará LIMOEIRO DO NORTE Efetivo: Dr. Michayllon Franklin Bezerra Suplente: Dr. Ricardo Hélio Chaves Maia CANINDÉ Efetivo: Dr. Francisco Thadeu Lima Chaves Suplente: Dr. Antônio Valdeci Gomes Freire ARACATI Efetivo: Dr. Francisco Frota Pinto Júnior Suplente: Dr. Abelardo Cavalcante Porto CRATEÚS Efetivo: Dr. José Wellington Rodrigues Suplente: Dr. Antônio Newton Soares Timbó QUIXADÁ Efetivo: Dr. Maximiliano Ludemann Suplente: Dr. Marcos Antônio de Oliveira ITAPIPOCA Efetivo: Dr. Francisco Deoclécio Pinheiro Suplente: Dr. Nilton Pinheiro Guerra TAUÁ Efetivo: Dr. João Antônio da Luz Suplente: Waltersá Coelho Lima COMISSÃO EDITORIAL Dalgimar Beserra de Menezes Fátima Sampaio CREMEC Rua Floriano Peixoto, José Bonifácio CEP: Telefone: (85) Fax: (85) cremec@cremec.org.br Jornalista responsável: Fred Miranda Projeto Gráfico: Wiron Editoração Eletrônica: Júlio Amadeu Impressão: Tiprogresso
4 4 Jornal Conselho ELEIÇÃO CREMEC Flagrantes da votação na sede do Conselho de Medicina do Ceará Conselheiro presidente, Ivan de Araújo Moura Fé, ao momento do voto Suporte administrativo no andamento da eleição: Luciana, Fátima, Catarina e Carol Flagrante da votação de 05 de agosto de 2013 Duas gerações indecisas quanto ao voto
5 Jornal Conselho 5 Flagrantes da votação da eleição do CREMEC na Escola Superior do Ministério Público Trabalho de infraestrutura por parte de servidores do CREMEC Dados e Estatística da Eleição No pleito realizado no dia 05 de agosto de 2013, dentre os médicos aptos a votar, em número de , do qual se subtraem por inadimplência, compareceram às urnas 6.214, sendo votos da capital, e do interior, 861. Dos da capital, nulos e brancos somaram 1.304, perfazendo um total de 24,45% que presumivelmente rejeitaram a chapa, aliás única. Computados do interior, isto é, votos por correspondência, 861, do número total de ativos, 2.219; portanto votaram 38,8%; tenha-se em mente que não se está tomando em considerações os inadimplentes. Entre brancos e nulos, do número total do interior, existem 64 votos, portanto 7,43% de presumível rejeição à chapa. Em assim sendo, 77,99% dos votantes sufragaram os nomes propostos na chapa Ética e Cidadania. Comissão eleitoral - Da esq. para a dir. : Edilson Lucas de Morais, João Adolfo de Carvalho Nogueira e Delano Gurgel Silveira. Também, na foto, Manoel Brito Júnior coordenador da eleição 2013 do CREMEC Comissão Eleitoral, mesários e alguns candidatos Parabéns ao corpo eleito de conselheiros, em especial ao presidente Ivan de Araújo Moura Fé! Dados obtidos por Fatima Sampaio, Hebert Reis, Fred Mirand e Dioniso Lajes
6 6 Jornal Conselho Artigo INTERNACIONALIZAÇÃO DE MÉDICOS NO BRASIL O Ministério da Saúde serviu de fonte para divulgar, na revista Isto É, Ano 37, Nº 2.257, p.28, de 20 de fevereiro de 2013, valores da participação de médicos estrangeiros de alguns países: Inglaterra (37%), EUA (35%) e Canadá (22%), como mote para denunciar a pequena internacionalização aqui vigorante, e um prenúncio para pretextar a importação de médicos do exterior. Agora, decorridos um pouco mais de três meses dessa notícia, ao ensejo de sua ardorosa campanha para trazer, a qualquer custo, médicos estrangeiros, ou formados no exterior, para preencher postos de trabalhos médicos em pontos remotos do Brasil, onde existiria a carência desses profissionais, o Ministério da Saúde desfralda a bandeira da baixa internacionalização de médicos no Brasil. A pequena participação estrangeira no mercado de trabalho brasileiro é generalizada entre profissionais, acometendo as mais diferentes profissões, e não apenas à Medicina, ficando claro que os gringos ocupam funções diferenciadas ou mais qualificadas em certos nichos de mercado, como no campo da alta tecnologia e da pesquisa, e cargos diretivos de empresas, cujas matrizes situamse no exterior. Adite-se que a presença estrangeira é claramente expressiva entre religiosos, católicos e outras denominações cristãs, que aqui aportam para atividade missionária. De fato, segundo a demografia médica do Brasil , publicada recentemente pelo Conselho Federal de Medicina, no Brasil, do total de médicos com registro ativo no sistema CFM/CRM, (1,87%) graduaram-se no exterior, sendo que 64,87% são brasileiros que saíram para estudar fora e retornaram; os outros são imigrantes que já chegaram com seus diplomas. Todos eles cumpriram as exigências legais, revalidaram seus diplomas e se inscreveram em algum CRM. Os estrangeiros provêm de 53 países, mas cerca de 95% deles são da América Latina, e quase metade ficou radicada em três estados do Sudeste, onde justamente há maior presença de médicos, indicando que a vinda de adventícios, naturalmente, não tem concorrido para diminuir o desequilíbrio regional da distribuição de médicos no País. Os três países citados, a guisa de exemplo, foram muito mal escolhidos na referência ministerial, porquanto, em comum, eles guardam a preservação da tradicional drenagem de cérebros, pautada pela busca de imigrantes de mente privilegiada, com sólida educação e profissionalmente capacitado, ou, quiçá, indicativos de genialidade, para agregar know-how aos receptores. Além disso, eles têm particularidades que os tornam mais receptivos à migração mais qualificada, a começar pelo largo uso da língua inglesa. Boa parte dos médicos atuantes na Inglaterra, ditos estrangeiros, é composta por cidadãos britânicos de outros países do Reino Unido, ou da Commonwealth of Nations, uma organização intergovernamental derivada sobretudo de nações dantes abrigadas no vasto cobertor do Império Britânico, talvez um resquício do colonialismo inglês. A ação do Department for International Development DFD concorre, sobremodo, para promover o intercâmbio científico, a Medicina inclusive, carreando muitos indivíduos para a Inglaterra, que, apesar de anglófonos e cidadãos de sua Majestade, necessitam da aprovação em exames de conhecimentos para se converterem em um General Practitioner (GP), correspondente ao clínico geral no Brasil. Por outro, como a Inglaterra integra a União Europeia, há o livre trânsito de profissionais dos distintos países formadores desse bloco econômico, desde que se cumpram as formalidades para a obtenção da licença de exercício da medicina. O Canadá é um país desenvolvido, de economia pujante, que ostenta indicadores de alto bem-estar à sua população. Tem uma política bem definida de atrair mão de obra qualificada, no intuito de suprir necessidades imperiosas da melhor ocupação do seu território, tão abundante de recursos naturais. Profissionais de saúde são bem-vindos no Canadá, desde que bem formados e sejam testados em estágios hospitalares, após criteriosa avaliação de seleção, e quando, autorizados a trabalhar nesse país, o governo canadense executa rigoroso e gradativo controle, determinando onde exercer e o que pode o médico fazer, no âmbito do seu organizado Sistema de Saúde. Tem o Canadá, a seu favor, a ampla fala do idioma de Shakespeare, mesmo na província de Quebec. Os Estados Unidos formam um país de larga tradição migratória, composta de gente que ia fazer a América, vendo-a como a sua terra da promissão. Hoje, é tão extensa essa presença de imigrantes e seus descendentes, que os WASP (white, anglo-saxon and protestant) em breve serão minoritários nos EUA. A medicina norte-americana, não a sua vergonhosa Saúde Pública, configura-se deveras atrativa aos imigrantes, pois é dotada da mais apurada tecnologia, sendo vanguarda na incorporação de procedimentos diagnósticos e terapêuticos, que geram polpudos rendimentos aos seus doutores, em que pese os riscos advindos da responsabilidade civil que pairam em seus profissionais de saúde. Médicos estrangeiros são bem acolhidos na terra do Tio Sam, condicionados às competências possuam em sobrepujar as difíceis barreiras interpostas na legislação e nas normas que disciplinam a prática médica nos USA. De fato, para um médico do exterior trabalhar nos EUA, ele precisa ser aprovado, e bem classificado, comparativamente, em complexos e longos testes de conhecimentos, chamado de United States Medical Licensing Examination (Exame de Licenciamento Médico nos Estados Unidos). Mais conhecido como USMLE, é um exame de múltiplas etapas (steps), pelo qual o médico é obrigado a passar antes de ser autorizado a praticar Medicina nos EUA. Os steps 1 e 2 são aplicados em dezenas de países, e o 3, apenas realizado nos EUA. O step 1 é a primeira etapa do processo e tem como objetivo avaliar se estudantes de medicina ou médicos tem a capacidade de compreender e aplicar conceitos importantes das ciências básicas para a prática médica. Ele avalia os conhecimentos em matérias básicas da Medicina (Anatomia, Fisiologia, Patologia, Epidemiologia etc.); o 2, tem o objetivo de avaliar se o estudante de medicina ou médico possui conhecimentos, habilidades e compreensão da ciência clínica essencial para a prestação de assistência ao paciente, sob supervisão. Ele avalia o domínio em disciplinas do saber médico no ciclo clínico (Clínica Médica, Cirurgia Geral, Toco-Ginecologia, Pediatria etc.). O step 3 destina-se a avaliar se o médico consegue aplicar o conhecimento e a compreensão da ciência biomédica e clínica essencial para a prática da medicina desacompanhado. Ocorre em dois dias de exame, e cada dia de testes deve ser concluído dentro de oito horas, e, diferentemente das etapas 1 e 2, ao step 3 somente pode se sujeitar os já graduados ou bacharelados em Medicina. Quando muito bem sucedidos nesses steps, os estrangeiros, em igualdade de condições aos médicos norte-americanos, aplicam às vagas ofertadas para fellow ou medical residency em hospitais credenciados para formação de especialistas médicos. Ao lado de elevados escores nos steps, é exigido do médico estrangeiro, que queira estagiar nos EUA, um excelente resultado no TOEFL, ratificando a proficiência no inglês. No geral, esses treinamentos consomem cinco longos e extenuantes anos da vida médica. Depois disso, para os que desejam exercer a Medicina nos EUA, serão cobradas as aprovações nos boards das especialidades e o cumprimento de atividades de educação continuada. É de conhecimento no meio médico de que médicos brasileiros que conseguem estagiar nos EUA estavam entre os mais estudiosos das turmas, distinguidos entre os mais brilhantes, e de que os que logram se radicar naquele país, possuem também outros atributos, como a determinação e a competitividade, conformando-lhes uma indiscutível competência. O que o governo brasileiro advoga, em prol da nossa internacionalização da Medicina, é a mera importação de médicos estrangeiros, subutilizados ou desempregados em seus países de origem, sem passar por quaisquer crivos avaliativos de conhecimento, como quem busca o rebotalho, o que sobra, até porque está ao desabrigo profissional, devido à insuficiência técnica ou à desatualização técnica. Em uma ousada comparação com os irmãos americanos do norte, no tocante aos respectivos períodos coloniais, até parece que vamos confrontar os ingleses emigrantes do Mayflower com os aventureiros e degredados portugueses, aportados nesta terra dos papagaios, ou cotejar os pioneiros da América com os bandeirantes brasileiros. Creio que nossa gente é digna de algo melhor. Se teremos que importar médicos, o que é pouco justificável, que se faça com a boa qualidade, aferida a partir do Revalida, e complementada por outros predicados da formação e da experiência médica, e sem se descuidar da fluência daquela língua, cognominada de a Última flor do Lácio, inculta e bela. Marcelo Gurgel Carlos da Silva Professor Titular da UECE
7 Jornal Conselho 7 RELATÓRIO DO CONSELHEIRO MENEZES, DELEGADO DO CREMEC JUNTO AO ENCONTRO NACIONAL DE ENTIDADES MÉDICAS (ENEM) DE 8-10 DE AGOSTO DE 2013 O cons. Menezes foi a Brasília com o intuito de participar do Encontro Nacional das Entidades Médicas (ENEM, dito extraordinário), realizado nos dias 8, 9 e 10 de agosto de 2013, nomeado pelo presidente do CREMEC, Ivan de Araújo Moura Fé, como delegado do Conselho Regional de Medicina do Ceará; confrade delegado, o cons. José Roosevelt Norões Luna. No dia 8 de agosto, quinta-feira, o cons. Menezes, juntamente com os demais delegados cearenses, fez-se presente aos gabinetes de nossos parlamentares, nomeadamente os deputados João Ananias Vasconcelos Neto, Raimundo Gomes de Matos, Mauro Benevides, Aníbal Gomes e Chico Lopes, com o fito de solicitar de suas excelências, o voto contra os vetos da presidente Dilma Rousseff à chamada lei do Ato Médico, na verdade mais propriamente designada como Lei de Regulamentação da Profissão Médica; os vetos pulverizam o diagnóstico, a prescrição de procedimentos e medicamentos, etc. que passam à competência também de outros profissionais de saúde e não mais exclusividade de médicos; além do mais, o pedido se cingiria a coisa mais grave, videlicet, os vetos abalroam nos parlamentares que nas duas casas, Câmara e Senado, aprovaram a lei por unanimidade; de mesmo modo, choca-se contra os acordos costurados antes com outras entidades da província da saúde. Ainda no dia 8, o cons. Menezes, junto com seus confrades, tomou parte no ato público realizado no Auditório Nereu Ramos, da Câmara de Deputados, tendo como pauta da manifestação a Medida Provisória 621, documento autocrático, que legisla, inclusive, sem competência, sobre ensino médico, institui o serviço civil obrigatório e rompe a lei de 1957, que define as atribuições dos conselhos federal e regionais de medicina, como autarquias; e contra os vetos da presidente Dilma Rousseff na Lei de Regulamentação da Profissão Médica; em seguida, o delegado Menezes tomou parte na manifestação pública passeata - de repúdio aos despautérios supramencionados (constantes na MP 621 e Lei do Ato Médico) lembrando seus prezados amigos Francisco das Chagas Dias Monteiro (Chico Passeata, falecido) e Helena Serra Azul (Helena Concentração). No dia 9 de agosto, foi o cons. Menezes propriamente ao ENEM, com sede na Associação Médica de Brasília, em que os dois assuntos mais palpitantes e candentes foram O que mais assusta é que os que preconizam e põem em prática esses atos e medidas são prolongamentos e herdeiros de nós mesmos, que pusemos o SUS na Constituição. Existirá visível pragmatismo, de Realpolitik, da parte do governo: se não se provê de financiamento adequado à saúde pública, então nos atenhamos ao que pode ser feito, com o que podemos prover, por baixo. debatidos por delegados de todos os estados brasileiros, de seus conselhos, sindicatos e associações médicas, a que se somaram representantes da Federação Brasileira de Academias de Medicina, da Associação Nacional de Médicos Residentes e estudantes de Medicina. Segue uma consideração que será sempre válida: os conselhos são autarquias, órgãos de Estado, sustentados por impostos (anuidades) e não podem, nem devem se posicionar ao mesmo modo que as demais outras entidades, que serão de direito privado; abordando este assunto, em audiência pública na Assembléia Legislativa do Ceará, o conselheiro Menezes, no entanto, em junho, diante da ameaça de entrada de médicos no país sem revalidação de diploma (com revalidação podem vir à vontade), propôs a recusa a registro desses médicos nos conselhos, ou seja, desobediência civil; naquele momento ainda não havia aparecido a MP 621. O conselheiro quer deixar bem entendido e consignado que há boa intenção do governo de interiorizar a medicina, mas a medida atenta contra o estado de direito; é, pois, em suma, revolucionária; acaba constituindo duas coisas indesejáveis: a) várias categorias de médicos, com estatutos diferentes, e b) cria, trocando em miúdos, nitidamente duas classes de médicos: os que praticam medicina rica, para ricos, e medicina pobre para os pobres; e que não é esse nitidamente um propósito do SUS, ainda mais que este financia até procedimentos da mais alta complexidade, como os transplantes de órgãos. O que mais assusta é que os que preconizam e põem em prática esses atos e medidas são prolongamentos e herdeiros de nós mesmos, que pusemos o SUS na Constituição. Existirá visível pragmatismo, de Realpolitik, da parte do governo: se não se provê de financiamento adequado à saúde pública, então nos atenhamos ao que pode ser feito, com o que podemos prover, por baixo. Enfim, tenta-se tornar aceitável o purgante edulcorado de óleo de rícino, no raciocínio de que médicos devem ser mandados para todos os rincões longínquos do país, mesmo mal formados e estrangeiros que desconhecem o vernáculo; ao que respondemos que a questão não é mandar médicos para o interior somente, é preciso que sejam mesmo médicos, passando pelos ritos que todos até agora têm passado; que haja infraestrutura adequada ao atendimento médico; enfim, o cons. Menezes deseja deslocar a questão dos médicos de qualquer jeito, para o financiamento do SUS, que é precário, mais que precário. Enfim... Revisão: Fernanda Judith Viana Correa
8 8 Jornal Conselho Fechando a Edição - JULHO/AGOSTO de 2013 ATIVIDADES CONSELHAIS PRESIDENTE 1- Ivan de Araújo Moura Fé, presidente do Conselho de Médicina do Ceará, presidiu a mesa de abertura do I Fórum de Discussão Sobre Acidentes com Motocicletas, ocorrido nos dias 4 e 5 de julho de 2013, no auditório do Instituto José Frota (IJF). 2- Ivan de Araújo Moura Fé concedeu entrevista à Rádio Universitária FM, dentro do programa Saúde e Prevenção, em 30 de julho de 2013, ocasião em que teceu comentários e emitiu opiniões sobre a Medida Provisória Mais Médicos do Governo Federal (MP 621). 3- O presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará, Ivan Moura Fé, representou o Conselho Federal de Medicina, em 02 de agosto de 2013, no evento promovido pelo Ministério Público do Estado do Ceará: Ato de Reconhecimento e Agradecimento pelo Apoio na Campanha Nacional contra a PEC 37. Rádio Universitária FM: Agostinho Gosson, (Jornalista/Apresentador) Dalgimar Menezes (CREMEC) Neile Torres, (UFC) e Tarcísio Dias, (SIMEC); em discussão a Medida Provisória 621, do governo federal Conselheiro Rafael Dias Marques Nogueira concedeu entrevista à TV Jangadeiro sobre a intenção do Governo Brasileiro de importar médicos estrangeiros, sem revalidação dos diplomas. Lúcio Flávio Gonzaga Silva, vice-presidente do CREMEC, compareceu ao estúdio da TV O Povo, em 05 de julho de 2013 e concedeu entrevista para o programa Vida e Saúde. Em pauta: Projeto de Lei do Ato Médico Conselheiro Dalgimar Menezes compareceu, em 13 de junho de 2013, à Assembléia Legislativa do Estado de Ceará, representando o CREMEC, para Audiência Pública convocada pela presidente da Comissão de Seguridade Social e Saúde, deputada Mírian Sobreira, para discutir a Revalidação Automática de Diplomas de Médico oriundos de Instituições de Ensino Superior Estrangeiras. A audiência Pública ocorreu no auditório deputado Aquiles Peres Mota. Por ocasião da Sessão Solene, ocorrido em 05 de julho de 2013, no Plenário Fausto Aguiar Arruda da Câmara Municipal de Fortaleza, em comemoração ao centenário da Associação Médica Cearense, foram homenegeados os conselheiros Lino Antonio Cavalcanti Holanda e José Roosevelt Norões Luna (como ex-presidentes da Associação Médica Cearense). A sessão foi convocada pelo presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, vereador Walter Cavalcante, através de requerimento de autoria do vereador e médico Elpídio Nogueira. Na foto, homenageados e o presidente Ivan Moura Fé.
EMENTA: Regularidade da exigência de plantões em diversas áreas CONSULTA
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