com a perda do mandato dos suplentes mais bem colocados. " (terceiro parágrafo, fl.

Transcrição

1 TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PARANÁ Recurso Eleitoral (Agravo de Instrumento) n Agravante Advogado Ari Bernardi Luiz Fabrício Betin Carneiro Advogado Fernando Bueno de Castro Advogado Eduardo Vieira de Souza Barbosa Advogado Pedro Augusto Alberti Brauza Agravado Sônia Maria Arlindo Pedra da Silva Advogada Liliane Aparecida Coelho Relator : Josafá Antônio Lemes I - Breve Relatório Trata-se de recurso de agravo de instrumento, com pedido liminar de efeito suspensivo inaudita altera parte, interposto por Ari Bernardi contra decisão proferida pelo Juízo da 48a Zona Eleitoral de Bocaiúva do Sul/PR., que determinou a suspensão do ato de convocação e posse de Ari Bernardi para a cadeira de vereador, ora agravante, até decisão de mérito da ação mandamental n Ari Bernardi foi incluído na lide de ofício pelo Juízo Eleitoral, como litisconsórcio passivo necessário (fl. 82). Legitimado, o agravante sustenta em suas razões; 1) preliminarmente, a incompetência material do juízo agravado para julgar a causa, pois se tratando de infidelidade partidária a competência seria do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná e no caso de ordem de suplência na Câmara de Vereadores, seria a Justiça Comum, uma vez que esgotada a competência da Justiça Eleitoral com a diplomação dos eleitos; 2) no mérito, a inexistência de decisão judicial pela cassação do mandato do agravante por desfüiação por justa causa, fato que demonstra a ausência do direito líquido e certo pela falta de interesse de agir da agravada, bem como violação ao devido processo legal, "visto que a 3" suplente apenas se legitimaria a pleitear a posse no cargo vago com a perda do mandato dos suplentes mais bem colocados. " (terceiro parágrafo, fl. 21). Assim, pugna pela concessão de liminar para que seja (a) imediatamente cassada a eficácia da decisão agravada, determinando-se à Câmara

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3 TKIBL.NAL REGIONAL ELEITORAL DO PARANÁ Municipal o cumprimento da convocação do ora agravante para assumir o mandato para o qual foi diplomado primeiro suplente; e (b) imediatamente oficiada a Câmara Municipal (por fax ou ), informando-se a suspensão dos efeitos da decisão proferida pelo Juízo da 48a Zona Eleitoral no bojo do Mandado de Segurança originário (fl. 26). Em síntese, é o relatório. II - Decisão Preenchidos os requisitos de admissibilidade para exame do recurso, dele conheço e passo à sua análise. Decisão liminar proferida em ação mandamental autoriza a interposição de recurso de agravo de instrumento contra a mesma, consoante dispõe o Io, do art. 7o, da Lei /2009 e Precedentes deste TRE-PR: RE n. 4717/2008, RE n. 4835/2008, AI n. 886/ 2008, AI n. 878/2007. Então prossigo. A matéria que deu origem ao presente recurso origina-se de mandado de segurança impetrado por Sônia Maria Arlindo Pedra da Silva contra ato administrativo praticado pelo Presidente da Câmara de Vereadores de Bocaiúva do Sul/PR., Sr. Itaciano Mocelin Araújo, que convocou Ari Bemardi para ocupar a vaga de vereador na referida Casa de Leis do município, tudo decorrente da renúncia ao mandato eletivo feita por Kelsons Eduardo de Barros Amato, então vereador eleito e diplomado nas eleições de A impetrante fundamentou seu direito na condição de terceira suplente, isso porque o primeiro e segundo suplentes teriam migrado do partido originário - Partido dos Trabalhadores (PT) para o Partido dos Democratas (DEM). Alega que tratou-se de chapa pura à proporcional nas eleições 2012, cabendo o mandato eletivo ao partido originário (PT). Nesta linha, sendo ela (impetrante) a única suplente remanescente na ordem cronológica e ainda filiada ao partido político originário do vereador renunciante (PT), por isso, lhe cabendo ser a nomeada para ocupar a vaga de vereadora na Comarca de Bocaiúva do Sul (cópias fls. 30/88).

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5 TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PARANÁ Em síntese, como visto, a discussão em apreço incide na ordem de convocação dos suplentes decorrente da renúncia do vereador eleito Kelsons Amato, O objeto do presente wrií visa alterar a ordem de convocação realizada pelo Presidente da Câmara de Vereadores de Bocaiúva do Sul, do Io suplente para o 3o suplente, a fim de vir ocupar a cadeira de vereador deixada pelo renunciante Kelsons Amata. Destarte, identificada a matéria trazida à esta especializada como sendo a ordem de convocação de suplente feita pelo Presidente da Câmara de Vereadores, indispensável analisar a competência para processar e julgar a matéria, vez que a priori cuida-se de ato administrativo interna corporis da Câmara de Vereadores de Bocaiúva do Sul/PR. Sobre o tema, a impetrante Sônia Maria sustenta que "(...). Trata-se a questão, a olhos vistos, de matéria eleitoral, não porque discute a ordem dos suplentes relativa ao resultado da eleição municipal de 2012, mas porque a ordem a ser respeitada, no caso em tela, depende de avaliação da desfüiação do l e 2o suplentes do partido, o que influencia diretamente no resultado do sufrágio. (...). O que está em discussão é o ato de convocação do Presidente da Câmara Municipal de Bocaiúva (...). " (fls.32/33). De outro lado, o agravante Ari Bemardi (incluso no pólo passivo de ofício - vide fl. 82), por sua vez, demonstrando ter interesse na lide a fim de defender os seus direitos (exercício ao contraditório), arguiu a incompetência material da Justiça Eleitoral. Então vejamos! A matéria já foi objeto de discussão no TSE. Como paradigma, peço licença para citar caso muito similar ao sob comento, onde a Ministra Carmem Lúcia, ao decidir o REspe , originário de Nova Iguaçu/RJ, fez constar no corpo do seu voto além das várias consultas (1458/DF - Rei. Min. Marcelo Ribeiro; Consulta 1236/DF - Rei. Min. Gerardo Grossi) a seguinte ementa: "ELEIÇÕES RECURSOS ESPECIAIS ELEITORAIS. MANDADO DE SEGURANÇA IMPETRADO EM FACE DA CÂMARA DE VEREADORES. REPRESENTADA PELA MESA DIRETORA E POR SEU PRESIDENTE. DISCUSSÃO ACERCA DA ORDEM DE

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7 TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PARANÁ COSVOCAÇÃO DE SUPLESTE / - A COMPETÉSCIA PARA PROCESSAR E JULGAR FEITO É DA JUSTIÇA COMUM ESTADUAL PRECEDENTES U - PARECER PELO DESPROVIMESTO DOS RECURSOS". A ilustre Ministra Carmem Lúcia ao final da sua decisão no referido REspe asseverou, "in verbis": "(...). Portanto, as discussões relativas à ordem de convocação dos suplentes para assumir a titularidade de mandato eletivo cujo cargo esteja vago é da competência da Justiça Comum, (...) ". Veja-se as consultas citadas sobre o tema e as decisões do Tribunal Superior Eleitoral: Ementa: Consulta. 1. Incidência. Inelegibilidade. Art. 14, 7o, CF. Vice- prefeita. Esposa. Prefeito reeleito. 2. Incidência. Exceção. Art. 14, 5o e 7o, CF. Vice-prefeita. Esposa prefeito reeleito. Exercício. Titularidade. Cargo. Seis meses. Anterioridade. Eleição. 3 e 4. Suplência. Cargo proporcional. 1. Não se conhece de indagação relativa à eventual inelegibilidade de vice-prefeita, esposa de prefeito reeleito (art. 14, 7o, CF), quando formulada sem a necessária especificidade. 2. Cônjuge de prefeito reeleito não poderá candidatar-se ao cargo de prefeito, nas eleições subsequentes, por ser inviável o exercício de três mandatos consecutivos no âmbito do mesmo núcleo familiar (art. 14, 5 e7 fcf). 3 e 4. Não se conhece de questões atinentes à ordem de convocação de suplentes para assumir a titularidade de mandato eletivo - vago em razão de o titular ter sido cassado ou em virtude de ter tomado posse em cargo no Poder Executivo - por se tratar de situações posteriores à diplomação, não sendo, por isso, de competência da Justiça Eleitoral. (Consulta n Brasília/DF, Resolução n de 27/05/2008, rei. Min. Marcelo Henriques Ribeiro de Oliveira, DJ - Diário da Justiça, Data 16/06/2008, página 29) (grifo nosso) Aliás, trata-se de posicionamento já consolidado no Tribunal Superior Eleitoral. Ainda podemos citar os seguintes Precedentes: Consulta n DF, Res. n 22555, de 19/06/2007, Rei.: Ari Pargendler; Consulta n DF, Res. N 21512, DE 30/09/2003, Rei.: Carlos Mário da Silva Velloso; RESPE n : AM, Ac. de 06/06/2006 e Consulta n DF, Res. N 22196, DE 09/05/2006, Rei.: José Gerardo Grossi.

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9 TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PARANÁ Tribunal de Justiça - STJ, "in verbis ": No mesmo sentido é o entendimento reiterado do Superior CONFLITO DE COMPETÊNCIA. MANDADO DE SEGURANÇA. NOMEAÇÃO DE VEREADORES SUPLENTES. COMPETÊNCIA. JUSTIÇA COMUM. 1. Com exceção da ação de impugnação de mandato prevista no 10 do art. 14 da CF/88, a competência da Justiça Eleitoral finda-se com a diplomação dos eleitos. Precedentes: CC /RS, Rei. Min. Teori Albino Zavascki, DJe de l.09.08; CC 1021/SP, Rei. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro, DJU de ; CC /RS, Rei. Min. Hélio Mosimann, DJU de ; CC /MG, Rei. Min. Benedito Gonçalves, DJe de ; CC /PA, Rei. Min. Mauro Campbell Marques, DJe de 1M2.08; CC /SP, Rei. Min. Castro Meira, DJe de ; CC /SP, Rei. Min. Francisco Falcão, DJU dei ; CC /MG, Rel.Min.Luiz Fux, DJU de Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar mandado de segurança em que se discute a ordem de convocação de suplente à Câmara de Vereadores. 3. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito da Ia Vara do Foro Distrital de Américo Brasiliense - Araraquara/SP, o suscitado. (Conflito de Competência n /SP, rei. Min. Castro Meira, Primeira Seção, j. em 28/04/2010, DJE de 10/05/2010) (grifo nosso) Desse modo, verifica-se que a Justiça Eleitoral é competente para julgar os feitos até a diplomação dos eleitos, excetuando-se a ação de impugnação de mandato eletivo prevista no 10, do art. 14 da CF/88, bem como os casos de infidelidade partidária disciplinados pela Resolução TSE n /07 e /08. Com efeito, fatos como o ora narrado - renúncia ao mandato de vereador (fl. 56) e a ordem de convocação dos suplentes para assumir o cargo eletivo (agravante e agravado) - ocorrido após a diplomação não estão compreendidos na competência da Justiça Eleitoral e sim na da Justiça Comum, pois, repita-se, trata-se de ato administrativo interna corporis da Câmara Municipal de Bocaiúva do Sul/PR.

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11 TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PARANÁ Deste modo, não resta dúvida de que a matéria de fundo está prejudicada de análise em virtude da incompetência absoluta desta Justiça especializada. Forte nas razões apresentadas, com base nos artigos 30, inciso I, do RITRE/PR, e 113, do Código de Processo Civil, declaro a incompetência absoluta da Justiça Eleitoral para processar e julgar a ação mandamental em que a impetrante Sônia Maria Arlindo Pedra da Silva visa alterar a ordem de convocação dos suplentes decorrente da renúncia ao mandato eletivo feita por Kelsons Eduardo de Barros Amato, bem como determino a remessa dos autos n , de mandado de segurança, à Justiça Comum. Publique-se. Intimem-se as partes. Dê-se ciência ao Ministério Público Eleitoral local e também ao ilustre representante da Procuradoria Regional Eleitoral deste Tribunal. Curitiba, 03 JOSAFA mtqnydwmes - RELATOR

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