INTERESSADOS: Esporte Clube Pinheiros e Eletropaulo Metropolitana Eletricidade de São Paulo S.A - AES Eletropaulo.
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- Luiz Eduardo Beppler Cipriano
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1 PROCESSO: / INTERESSADOS: Esporte Clube Pinheiros e Eletropaulo Metropolitana Eletricidade de São Paulo S.A - AES Eletropaulo. RELATOR: Diretor André Pepitone da Nóbrega. RESPONSÁVEL: COMISSÃO TÉCNICA DE AVALIAÇÃO DE PROCESSOS E ASSESSORIA DA DIRETORIA. ASSUNTO: Recurso interposto pelo Esporte Clube Pinheiros contra decisão proferida pela Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo ARSESP, referente ao faturamento realizado pela Eletropaulo Metropolitana Eletricidade de São Paulo S.A - AES Eletropaulo. I - R E L A T Ó R I O Trata-se de processo administrativo originado na Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo ARSESP em 28 de agosto de 2009, tendo como partes o Esporte Clube Pinheiros e a Eletropaulo Metropolitana Eletricidade de São Paulo S.A - AES Eletropaulo. 2. Em 14 de abril de 2009, o reclamante entrou com questionamento junto a ARSESP alegando que (a) no período de abril a junho de 2007, houve faturamento por estimativa da energia consumida, e que (b) a concessionária deveria ter faturado o consumidor de acordo com a tarifa reduzida da modalidade EST, aplicada a consumidores que cumpriam certos pré-requisitos relacionados a geração própria, e solicitando a devolução dos valores faturados por estimativa nos meses de abril a junho de 2007 e dos valores faturados a maior pela não aplicação da modalidade EST de tarifa (Fls. 24 a 33). 3. Após os devidos trâmites internos na Agência Estadual, em 28 de setembro de 2009, a ARSESP negou provimento ao pleito do consumidor, indicando que os procedimentos da concessionária estavam em conformidade com a regulamentação setorial e que, no tocante à Energia de Substituição Térmica EST praticada pela Concessionária, tratava-se de matéria não regulada, de livre negociação entre as partes (Fls. 86 a 91). 4. Em 12 de novembro de 2009, o Esporte Clube Pinheiros interpôs recurso à decisão da Diretoria da ARSESP, pedindo reconsideração da decisão proferida (Fls. 94 a 117).
2 5. Em 17 de dezembro de 2009, a ARSESP indeferiu o recurso interposto pelo consumidor, mantendo o posicionamento anteriormente exarado, e encaminhou os autos originais do processo para apreciação da Agência Nacional de Energia Elétrica, para decisão em instância superior (Fls. 125 a 127). 6. A Comissão Técnica de Avaliação de Processos, instituída pela Portaria n o 524, de 2007, após o reexame das análises técnicas e jurídicas do caso, em consenso, instruiu 1 o processo para deliberação e decisão desta Diretoria. II F U N D A M E N T A Ç Ã O 7. A unidade consumidora é atendida pela é atendida pela AES Eletropaulo em tensão primária de distribuição, tendo como titular o Esporte Clube Pinheiros. 8. O consumidor solicita que sejam revistas as faturas dos meses de abril a junho de 2007 em razão de faturamento por estimativa realizado pela concessionária. 9. A Concessionária indicou que os referidos faturamentos por estimativa ocorreram devido a impedimento de leitura, nos termos do art. 70 da Resolução n o 456, de Art. 70. Ocorrendo impedimento ao acesso para leitura do medidor, os valores faturáveis de consumo de energia elétrica ativa, de energia elétrica e de demanda de potência reativas excedentes, serão as respectivas médias aritméticas dos 3 (três) últimos faturamentos, e para a demanda, deverá ser utilizado o valor da demanda contratada. 1º Este procedimento somente poderá ser aplicado por 3 (três) ciclos consecutivos e completos de faturamento, devendo a concessionária comunicar ao consumidor, por escrito, a necessidade de o mesmo desimpedir o acesso aos equipamentos de medição. 10. Segundo a Comissão de Técnica de Avaliação de Processos, nas faturas apresentadas a Concessionária incluiu comunicação para que o Consumidor desobstruísse o acesso ao equipamento de medição, o que leva à conclusão de que os procedimentos adotados pela Concessionária estão de acordo com a Resolução n o 456, de 2000, e que não há valores referentes às faturas de abril a junho de 2007 a devolver para o consumidor. 11. Sobre a concessão do benefício da Energia de Substituição Térmica EST, o consumidor 1 Despacho n o 29/2012, de 7 de março de 2012.
3 apresentou reclamação referente a falta de isonomia no tratamento dos consumidores, tendo em vista que a AES Eletropaulo oferecia o produto apenas aos consumidores que possuíam geração própria. 12. O Consumidor alegou, ainda, que os critérios para enquadramento na Energia de Substituição Térmica EST não seriam isonômicos, uma vez que exigiriam que o consumidor realizasse adequações de segurança e mantivesse capacidade de geração, comprovando tal capacidade durante período de três meses. Segundo o procurador do Consumidor, a Concessionária teria, contudo, dispensado certos consumidores das exigências, concedendo-lhes o benefício das tarifas mais baratas sem a necessidade da comprovação da capacidade de geração, ou das adequações de segurança exigidas. 13. A AES Eletropaulo alegou que o Consumidor teria indicado a intenção de pleitear o benefício, porém não teria concluído o processo para a contratação da energia na modalidade. 14. Em 18 de março de 2003, a ANEEL emitiu Ofício Circular n o 212/2003-SRC/ANEEL autorizando as distribuidoras a praticar a venda de energia temporária a consumidores cativos. Esse Ofício concluiu que a prática adotada pelas concessionárias é congruente com os princípios adotados nos contratos de concessão e nas normas gerais de regulamentação setorial, mas deve atender ao principio da isonomia. As concessionárias, contudo, deveriam observar os seguintes aspectos ao comercializar esse tipo de energia: a. envio de correspondência contendo ofertas de energia elétrica a preços e condições diferenciadas para todos os consumidores-alvo; b. dar ampla publicidade ao assunto na área de concessão; c. a divulgação da oferta deve especiflcar, pelo menos, o montante de energia ofertado, o período para fornecimento, o preço da energia, os critérios para faturamento, datas inicial e final para solicitação do produto; d. quando as intenções de compra dos consumidores forem maiores que o montante de energia ofertada pela concessionária, o montante disponível deve ser rateado entre todos os demandantes, proporcionalmente aos montantes requisitados; e. no caso de solicitações não atendidas por razões técnicas, o consumidor deve ser informado por meio de correspondência, com antecedência mínima de cinco dias úteis em relação à data prevista para início de fornecimento. Essa correspondência deve indicar, se cabível, a possibilidade de atendimento parcial da solicitação do consumidor;
4 f. os registros contábeis relativos à energia elétrica comercializada nesta modalidade devem ser efetuados conforme estabelece o Manual de Contabilidade do Serviço Público de Energia Elétrica, aprovado pela Resolução nº 444, de 26 de outubro de 2001, cuja receita será totalmente informada no formulário RP-111 do Relatório de Informações Trimestrais RIT; g. essa modalidade de comercialização aplica-se somente a consumidores cativos, e só pode ser feita a consumidores localizados na área de concessão da concessionária; e h. esta prática não dá margem a pleitos de recomposição tarifária, nem, tampouco, poderá ser motivadora de pedidos de restabelecimento de equilibrio econômico-financeiro. 15. O Contrato de Concessão n o 162/1998-ANEEL celebrado entre o Poder Concedente e a Eletropaulo estabelece na Subcláusula Sexta da Cláusula Segunda que A concessionária não poderá dispensar tratamento diferenciado, inclusive tarifário, aos usuários de uma mesma classe de consumo e nas mesmas condições de atendimento, exceto nos casos previstos na legislação. 16. Diante do exposto, resta claro que a Distribuidora pode oferecer energia aos seus consumidores a tarifas inferiores as publicadas pela ANEEL, entretanto, essa oferta deve respeitar o princípio da isonomia, conforme prevê o art. 122 da Resolução n o 456, de A mesma Resolução estabelece em seu art. 6 o os limites de tensão de fornecimento a partir da qual são subdivididos os grupos e subgrupos tarifários e no art. 20 são estabelecidas as classes e subclasses para efeito de aplicação de tarifas. Em nenhuma das divisões, contudo, seja pela classe de consumo ou condições de atendimento, não existe diferenciação dos consumidores que possuem grupo gerador de seus pares. Desta forma, acreditamos que o oferecimento de um produto específico a estes consumidores caracteriza lesão ao princípio da isonomia. 18. Ressalta-se que o art. 76 da Resolução n o 456, de 2000 estabelece: Art. 76. Caso a concessionária tenha faturado valores incorretos ou não efetuado qualquer faturamento, por motivo de sua responsabilidade, deverá observar os seguintes procedimentos: [...] II - faturamento a maior: providenciar a devolução ao consumidor das quantias recebidas indevidamente, correspondentes ao período faturado incorretamente, observado o prazo de prescrição de 5 (cinco) anos estabelecido no art. 27 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990; e
5 III - a devolução deverá ser efetuada em moeda corrente até o primeiro faturamento posterior à constatação da cobrança a maior, ou, por opção do consumidor, por meio de compensação nas faturas subseqüentes. 19. Destarte, não obstante a caracterização de um procedimento não conforme da Distribuidora, o art. 76 exige, para a devolução de valores ao consumidor, que tenha havido o faturamento de valores incorretos, o que, segundo a Comissão de Técnica de Avaliação de Processos não foi comprovado no Processo. 20. A Procuradoria-Geral da ANEEL, em seu Parecer n o 89/2012-PGE/ANEEL, de 22 de fevereiro de 2012, observou que Apesar de não ser o caso de acolher o pedido do recorrente, como se demonstrou acima, há a narrativa de conduta da concessionária que teria violado o princípio constitucional (isonomia) e o contrato de concessão. Diante dessa narrativa, há espaço para atuação das Superintendências de Fiscalização, que devem ser cientificadas para, após a devida apuração, aplicarem, se houver tipicidade, a penalidade correspondente. 21. Portanto, acompanho recomendação da Comissão Técnica de Avaliação de Processos, constante do Despacho n o 29/2012 no sentido de: (a) conhecer e negar provimento à reclamação apresentada pelo Esporte Clube Pinheiros; (b) manter a decisão exarada pela ARSESP, no sentido de que não há valores a devolver ao Consumidor; e (c) remessa dos autos do presente Processo à Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Eletricidade SFE, para que as devidas providências no âmbito da fiscalização possam ser adotadas. III D I R E I T O 22. A legalidade do assunto em análise encontra amparo nas seguintes normas: a) Lei n o 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal; b) Resolução n o 273, de 10 de julho de 2007, que substitui a Resolução n o 233, de 14 de julho de 1998, e que aprova a Norma de Organização ANEEL 001; e c) Resolução n o 456, de 29 de novembro de 2000, que estabelece, de forma atualizada e consolidada, as Condições Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica.
6 IV D I S P O S I T I V O 23. Diante dessa análise, considerando o que consta do Processo n o / , voto por. (i) conhecer e negar provimento à reclamação apresentada pelo Esporte Clube Pinheiros; (ii) manter a decisão exarada pela ARSESP, no sentido de que não há valores a devolver ao Consumidor; e (iii) remessa dos autos do presente Processo à Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Eletricidade SFE, para que as devidas providências no âmbito da fiscalização possam ser adotadas. Brasília, 27 de março de ANDRÉ PEPITONE DA NÓBREGA Diretor
7 AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA - ANEEL DESPACHO Nº, DE DE MARÇO DE 2012 O DIRETOR-GERAL DA AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA ANEEL, no uso de suas atribuições regimentais, com fulcro no art. 42 do anexo à Resolução Normativa n o 273, de 10 de julho de 2007, em conformidade com deliberação da Diretoria e o que consta no Processo n o / , resolve: (i) conhecer e negar provimento à reclamação apresentada pelo Esporte Clube Pinheiros; (ii) manter a decisão exarada pela ARSESP, no sentido de que não há valores a devolver ao Consumidor; e (iii) remessa dos autos do presente Processo à Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Eletricidade SFE, para que as devidas providências no âmbito da fiscalização possam ser adotadas. NELSON JOSÉ HUBNER MOREIRA
VOTO PROCESSO: /
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