EDUCAÇÃO PARA O SÉCULO 21 1
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- Márcio Carneiro Ramalho
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1 EDUCAÇÃO PARA O SÉCULO 21 1 Todos sabemos que os desafios trazidos pelas rápidas transformações da sociedade, em seus aspectos políticos, geopolíticos, econômicos, culturais e ambientais, mudaram radicalmente a forma como hoje operam, por exemplo, o mercado de trabalho e as condições de exercício profissional em todas as áreas, a produção do conhecimento, da cultura, dos valores e das novas tecnologias de comunicação e de informação. No âmbito da educação no Ensino Superior, chega-se cada vez mais ao consenso de que esta deve se pautar pela formação de pessoas aptas a mudanças e, portanto, adaptáveis. Isso significa que esses alunos (indivíduos, cidadãos e profissionais) deverão ser preparados para lidar com os desafios e as incertezas intrínsecos ao século 21 e apresentar respostas adequadas à complexidade dos problemas que se apresentam. Em função de todas essas demandas para a Educação no século 21, inúmeros grupos de pesquisadores e educadores, como aqueles que participam da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) 2, definiram habilidades necessárias e básicas para o enfrentamento dos desafios e das incertezas deste século, oriundas principalmente das mudanças ocorridas na economia e na produção. Essas habilidades foram divididas em três grupos: (1) aprendizagem e inovação, (2) letramentos digitais e (3) vida e carreira (CHU et al., 2012) 3. A TAB. 1 identifica as principais habilidades relacionadas a cada um desses grupos. 1 Excerto retirado e adaptado de BARRETO, Inês A.; EVANGELISTA, Helivane de A.; JOSÉ Edson F. Projeto Acadêmico Ănima. Belo Horizonte: mimeo, A OCDE é uma organização de cooperação internacional fundada em 1961, com sede em Paris, França. A organização é composta por 34 países membros, os quais não incluem o Brasil. A aproximação com o Brasil, porém, teve início em 1999 e tem se estreitado desde então, em função de sua participação em comitês da organização. Mais informações sobre a OCDE e o Brasil estão disponíveis em: < 3 CHU, Sam; TAVARES, Nicole; CHU, Donna; HO, Shun Yee; CHOW, Ken; SIU, Felix; WONG, Mona. Developing upper primary students 21 st century skills: inquiry learning through collaborative teaching
2 TABELA 1 Capacidades relacionadas a cada grupo de habilidades para o Século 21 Fonte: CHU et al., 2012, p. 21. Tradução dos autores. Para que todos os objetivos relacionados à formação neste novo contexto pretendida para os alunos sejam alcançados, os cursos não mais poderão permanecer preparando recursos humanos despreparados, ou seja, sem aptidões, capacidades, habilidades e domínios necessários ao permanente e periódico ajustamento às exigências sociais, políticas, econômicas, ambientais, tecnológicas e profissionais do mundo do trabalho e do mundo dos negócios. Com efeito, segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) emanadas do Ministério da Educação (MEC), o Ensino Superior deve se pautar pela formação de profissionais aptos a mudanças e, portanto, adaptáveis. Isso significa que esses profissionais deverão ser preparados para lidar com os desafios e as and web 2.0 technology. Hong Kong: Centre for Information Technology in Education, Faculty of Education, The University of Hong Kong, 2012.
3 incertezas intrínsecos ao século 21 e apresentar respostas adequadas à complexidade dos problemas que se apresentam. O Projeto Acadêmico, em que ora estamos trabalhando, aponta caminhos para ajudar alunos e alunas das IES Ănima a adquirir as competências e as habilidades necessárias ao enfrentamento dos desafios do século 21 e ao desenvolvimento da sociedade. Para ajudá-los a desenvolver esse perfil profissional, principal justificativa para a busca de uma formação universitária, e enriquecê-los com a nossa proposta de formação integral, buscamos inspiração nos quatro pilares da Educação, segundo o Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século 21, a saber: APRENDER A CONHECER, que preconiza o desenvolvimento do potencial cognitivo dos alunos e de sua capacidade de aprender a aprender, que lhes permite beneficiarem-se das oportunidades oferecidas pela Educação ao longo de toda a vida, bem como da combinação de aspectos culturais com os conteúdos das disciplinas cursadas. APRENDER A FAZER, que defende a criação de oportunidades para que os alunos possam adquirir competências e desenvolver habilidades que os tornem aptos a resolver problemas aplicando, para isso, todo o conhecimento construído, a enfrentar situações profissionais, a trabalhar em equipe e a negociar sentidos, no âmbito das diversas experiências sociais e de trabalho. APRENDER A CONVIVER, que permite aos alunos atuar na perspectiva tanto da solidariedade, desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interdependências, quanto do respeito aos valores da paz, do pluralismo cultural, da diversidade étnica-racial e das contribuições das culturas africana e indígena para a formação da cultura brasileira, desenvolvendo a tolerância e superando antigos paradigmas, como o do preconceito e o da discriminação étnica-racial, por exemplo.
4 APRENDER A SER, que garante um melhor desenvolvimento das atitudes dos alunos, para que eles se coloquem sempre à altura de ações pautadas por uma maior capacidade de autonomia, de discernimento e de responsabilidade pessoal. Para tal, devem repensar suas relações de sociabilidade e desenvolver uma postura mais ética, cooperativa e cidadã, e, ao mesmo tempo, fortalecer suas potencialidades individuais: memória, raciocínio, sentido estético, capacidade física, aptidão para a comunicação, autoconhecimento. A formação do indivíduo centra-se no desenvolvimento da capacidade de aprender com autonomia, na habilidade de problematizar (i.e., identificar, descrever e solucionar problemas), no desenvolvimento de características como a criatividade, a proatividade, o autocontrole, a cooperação, a motivação, a habilidade interpessoal, a atitude interdisciplinar e a capacidade de trabalhar individual e colaborativamente, além de habilidades que promovam o letramento e o numeramento, que desenvolvam o raciocínio lógico-matemático e que permitam a familiarização do aluno com os processos de construção do conhecimento científico. Todo esse trabalho visa, principalmente, ao desenvolvimento das capacidades de cooperação e de autonomia dos alunos. A formação do cidadão, por sua vez, compromete-se com a educação de cidadãos éticos e responsáveis com o outro e o ambiente, sensíveis às necessidades locais e globais, conscientes das implicações globais das decisões tomadas em esferas locais, e preparados para agir nesses contextos de forma a respeitar a interdependência entre os negócios e a sociedade. Os alunos são orientados a tomar consciência de seus direitos e deveres e a adotar uma postura mais aberta à diversidade e à pluralidade cultural.
5 A formação do profissional relaciona-se, principalmente, ao conhecimento técnico, à qualificação profissional e à trabalhabilidade 4. Nas IES Ănima, essas três dimensões norteiam o desenvolvimento de uma série de habilidades necessárias à atuação consciente em contextos de trabalho de alta complexidade e ambiguidade, de forma a preparar o profissional para a atuação em um mercado de trabalho sujeito a rápidas e constantes transformações. Essas habilidades incluem, entre outras, habilidade de se comunicar oralmente e por escrito, de trabalhar em equipe, de negociar, de liderar, de responder às mudanças, de encontrar soluções originais, criativas e inovadoras para os problemas, de aprender com os erros; de equilibrar soluções de curto e longo prazos, de entender a interdependência das ações, de entender o amplo cenário político, econômico, social e ambiental, e de construir relações com o setor produtivo. Esse alinhamento do eixo profissional com os pilares da Educação para o século 21 orienta a identidade formativa dos alunos, a qualidade do ensino, a inovação das práticas pedagógicas e o cumprimento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBEN, segundo a qual deve-se proporcionar aos alunos uma formação ampla, diversificada e, ao mesmo tempo, flexível, a fim de propiciar-lhes um amplo e irrestrito acesso ao conhecimento e ao desenvolvimento de habilidades e competências necessárias ao indivíduo, ao cidadão e ao profissional. É esse alinhamento que cria oportunidades para que os alunos, durante seu percurso formativo, vivenciem a abordagem de questões e temáticas transversais essenciais à sua formação humanística e cidadã, como a multiculturalidade e a pluralidade étnico-racial brasileiras, e a educação ambiental. 4 O termo trabalhabilidade é utilizado no lugar do termo empregabilidade, uma vez que traduz a noção de que os egressos de uma instituição de ensino não devem ser preparados para um emprego específico. Devem, sim, esforçar-se para se manterem atuantes no mercado de trabalho, qualificando-se continuamente para os desafios que o mundo do trabalho e dos negócios possa lhes apresentar.
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