OSMANYR BERNARDO FARIAS POLÍTICAS DE INSERÇÃO INDÍGENA NA UNIVERSIDADE: O SIGNIFICADO DA FORMAÇÃO SUPERIOR PARA OS ÍNDIOS TERENA
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- Ana Júlia de Caminha Quintão
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1 OSMANYR BERNARDO FARIAS POLÍTICAS DE INSERÇÃO INDÍGENA NA UNIVERSIDADE: O SIGNIFICADO DA FORMAÇÃO SUPERIOR PARA OS ÍNDIOS TERENA UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO CAMPO GRANDE-MS MARÇO 2008
2 OSMANYR BERNARDO FARIAS POLÍTICAS DE INSERÇÃO INDÍGENA NA UNIVERSIDADE: O SIGNIFICADO DA FORMAÇÃO SUPERIOR ÁRA OS ÍNDIOS TERENA Orientadora: Dra. Marta Regina Brostolim UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO CAMPO GRANDE-MS MARÇO 2008
3 1. Justificativa A questão da inserção indígena no ensino superior, que vem sendo cada vez mais debatida atualmente, é um fenômeno que envolve grande complexidade ao considerar as especificidades sociais, econômicas, políticas, históricas e culturais dos povos indígenas. Faz-se necessário proporcionar uma reflexão acerca das possibilidades de se desenvolver políticas públicas específicas, bem como ações afirmativas voltadas para este seguimento social que busquem aprimorar seu desenvolvimento nos diversos aspectos acima citados, garantindo-se a sua participação na formulação e na implementação dessas políticas públicas. O presente planto de trabalho, pretende investigar os significados atribuídos à formação superior e refletir sobre a desvantagem histórica e a disparidade econômica e social de brancos em relação a os indígenas e analisar as ações afirmativas existentes nas universidade Católica Dom Bosco, como medida que enfrentam as desigualdades raciais, levando em conta as suas peculiaridades sociais, culturais, históricas e econômica, verificando se estas medidas consideram a realidade indígena. A escolha da etnia Terena deve-se ao fato de que a maioria dos acadêmicos inseridos na Universidade Católica Dom Bosco é a respectiva etnia, e os mesmos são mais intensos nas mobilizações e reivindicações. O problema a ser estudado é em que medida os significados atribuídos à formação superior pelo índios Terena, são considerados pelo programa de ações afirmativas da Universidade Católica Dom Bosco? E problemática a ser investigada por meio deste estudo, refere-se à inserção de índios e descendentes indígenas na Universidade. Buscar-se á aprender essa questão dentro de uma realidade sócioeconômica mais ampla que a produz e propor ações afirmativas específicas que permitam a inserção e a permanência de índios e descendentes indígenas em instituição do Ensino Superior. 2. Objetivo Geral; Investigar o significado da formação superior para os índios Terena, analisando de que forma são considerados pelo programa de ações afirmativas das universidade Católica Dom Bosco. 2.1.v Objetivo específico:
4 a) Desenvolver estudos e pesquisas sobre a realidade indígena e investigar suas necessidades, interesses e expectativas em relação ao ensino superior. b) Compreender as especificidades sociais, culturais, históricas e econômicas da etnia Terena; c) analisar os significados atribuídos pelos índios Terena à formação superior sob o ponto dês vista das ações afirmativas; d) Examinar o programa de ações afirmativas da universidade Católica Dom Bosco voltados para a população indígena que garantam sua inserção e permanência na graduação e na pós-graduação.à formação superior o ponto de vista das ações afirmativas. 3. Metodologia A metodologia da presente pesquisa está ainda em processo de construção, pois a busca de descrição e compreensão de um fenômeno social tão amplo e complexo, como a inserção indígena na universidade exige a utilização de diferentes instrumentos de coleta de dados. Seguindo a orientação de Franco (apud SOUSA, 1994, p. 52), sobre um falso conflito entre as análises quantitativas e qualitativas, elas são consideradas complementares. Inicialmente,.As lideranças de cada Aldeia Indígena Terena serão conectadas e informadas acerca dos objetivos da pesquisa, bem como das suas condições de realização. Posteriormente serão formados grupos de índios Terena de cada Aldeia, que já concluíram o ensino médio ou que estão concluindo. Será utilizado questionário para a caracterização do perfil desses índios, do seu contexto familiar e social e do ambiente onde vivem. Em seguida serão realizadas entrevistas com o intuito de aprofundar as análises dos dados dos questionários, percebendo os significados, as contradições e as especificidades em sua dimensão subjetiva, seguindo-se a orientação da história oral, a princípio foram delineados tais caminhos metodológicos para a realização deste estudo, entretanto os mesmos poderão ser representados no decorrer da pesquisa. 4. Fundamentação Teórica
5 Ao se referir à escolarização de populações indígenas, silva (2001, p.09-10) aponta o desafio de se pensar antropologicamente processos e situações educacionais para esses agentes sociais. Segundo a autora a identificação do tempo presente como um momento de ebulição neste movimento se justifica: as reivindicações indígenas pelo reconhecimento de seu direito à manutenção de suas formas específicas de viver e de pensar, de suas línguas e culturas, de seus modos próprios de produção, reelaboração e transmissão de conhecimentos, uma vez acolhidas pela Constituição de 1988, abriram caminho para a oficialização de escolas indígenas diferenciadas e para a formulação de políticas públicas que respondessem aos direitos educacionais dos índios a uma educação intercultural, bilíngüe, comunitária e voltada à auto-determinação de seus povos. Bock (1993, p.136) afirma que identidade é a dominação dada às representações e sentimentos que o indivíduo desenvolve a respeito de si próprio, a partir do conjunto de suas vivências. A identidade é a síntese pessoal sobre o si mesmo, incluindo dados pessoais (cor, sexo, idade), trajetória pessoal, atributos que os outros lhe conferem, permitindo a representação a respeito de si. Nesta perspectiva as mudanças nas situações sociais, as mudanças nas história de vida e nas relações sociais do indivíduo determinam um movimento continuo nas consciências de si mesmo. Em sentido mais especializado, índio é todo aquele que é membro de uma comunidade indígena (Lei 6001/73), constitui objeto de direitos e deveres específicos, definidos na Constituição Federal e em legislação especial, viabilizados através de um órgão indigenista ou de programas governamentais.m Trata-se uma identidade genérica e de caráter essencialmente jurídico, que é atribuída pelo Estado Brasileiro, vinda do plano das leis para as práticas sociais, onde circunscreve inclusive um espaço paras as reivindicações para o exercício na luta política por parte dos povos indígenas e de suas organizações. (OLIVEIRA, 1993, p. 5). Sobre a utilização do termo índio Oliveira (1993, p. 5), acrescenta ainda que: De outro lado há uso muito difuso e generalizado, materializado nas definições do dicionário, expresso na fala cotidiana, no imaginário popular, na literatura e nas artes eruditas, enraizando-se inclusive no pensamento científico. Nesses domínios o índio corresponde sempre a alguém com características radicalmente distintas daquelas com que o brasileiro costuma se fazer representar. A imagem arquetípica é a de um habitante da mata, que vive em bandos nômades e anda nu, que possui uma tecnologia muito simples e tem uma religião própria (distinta do cristianismo). Os elementos fixos que compõem tal representação propiciam tanto a articulação de um discurso romântico, onde a natureza humana aflora com mais propriedade no
6 homem primitivo, quanto na visão do selvagem como agressivo, cruel e repulsivo. (OLIVEIRA, 1993) Considera-se que os significados atribuídos por índios Terena contribuirão para o processo de democratização das políticas públicas de ações afirmativas, já que favorecerá a participação da comunidade no processo de formação e consolidação das identidades regionais, bem como a igualdade de oportunidades no acesso ao ensino superior, diminuindo portanto as desvantagens históricas vivenciadas pelos povos indígenas. Destaca-se a relevância desta pesquisa, ao considerar o contexto econômico e social, das populações indígenas Terena e sua condições de vida marcada pela exploração, expropriação e exclusão. 5. Referência: BOCK, Ana M. B. Psicologias: uma introdução as estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva, OLIVEIRA, João Pacheco. A viagem de volta: Reelaboração cultural e horizonte político dos povos indígenas do nordeste. Rio de Janeiro: PPGAS/Museu Nacional/UFRJ,1993. SILVA, Aracy Lopes. Antropologia, História e Educação: A Questão Indígena e a Escola. 2 ed. São Paulo: Global, 2001.
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