Destaque da segunda quinzena de Dezembro

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1 - Nº Destaque da segunda quinzena de Dezembro STJ nega aplicação da teoria da imprevisão a contratos de mercado futuro O Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou a aplicação da teoria da imprevisão a contratos de venda futura de soja a preço certo, celebrados no início dos anos A Quarta Turma do Tribunal entendeu que a alta no preço do produto, em razão da variação cambial ocorrida à época, não tornou o cumprimento do contrato excessivamente oneroso para o produtor; apenas reduziu o lucro que ele poderia ter obtido, de forma que não é possível a revisão do contrato pelo Poder Judiciário. A variação cambial que alterou a cotação da soja não caracterizou um acontecimento extraordinário e imprevisível. As partes contratantes conhecem o mercado em que atuam, disse o relator, Min. Antonio Carlos Ferreira, lembrando que são profissionais do ramo e sabem que as flutuações de preço são possíveis nesse tipo de negócio. O ministro destacou que os contratos empresariais não podem ser tratados da mesma forma que os contratos de consumo ou os contratos cíveis em geral, os quais admitem maior dirigismo contratual, com a consequente relativização dos princípios da autonomia da vontade e da força obrigatória das avenças.

2 Índice I Julgamentos no Tribunal Superior do Trabalho TST (SDI-1) condena banco a indenizar trabalhadora por quebra de sigilo bancário. II - Julgamentos no Superior Tribunal de Justiça... 4/ Banco público terá que indenizar pelo valor sentimental de joias roubadas do cofre STJ suspende, em reclamação, decisão de juizado especial que antecipava devolução de parcelas pagas por consorciado STJ nega aplicação da teoria da imprevisão a contratos de mercado futuro. III Julgamentos no Supremo Tribunal Federal...5/ Processos e documentos do STF receberão selo "Tema Relevante". 2

3 - Nº 25 I - JULGAMENTOS NO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO 1.1. TST (SDI-1) condena banco a indenizar trabalhadora por quebra de sigilo bancário. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) condenou instituição bancária a pagar R$ 30 mil de indenização a ex-empregada que teve a conta corrente monitorada pela empresa durante uma auditoria interna. Para o Min. Carlos Alberto Reis de Paula, relator do recurso na Subseção 1 Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1), a quebra do sigilo bancário só está autorizada nas hipóteses previstas na Lei Complementar nº 105/2001, o que não ocorreu no caso. O Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (MG) havia mantido a decisão da Vara do Trabalho de origem que negou o pedido de indenização por danos morais feito pela reclamante. Foi destacado que o controle de contas correntes é um procedimento inerente à atividade desenvolvida pelas instituições financeiras e não configura desrespeito à intimidade da empregada. A Sétima Turma do TST não chegou a analisar o mérito do recurso de revista da trabalhadora. No julgamento perante a SDI-1, o Min. Renato de Lacerda Paiva divergiu do relator por entender que há norma do Banco Central que autoriza o banco a acompanhar a movimentação bancária de seus correntistas, empregados ou não. Nesse sentido, desde que não ocorra a publicidade dos dados, não há violação da intimidade da empregada. Na mesma linha, votaram os ministros João Batista Brito Pereira, Maria Cristina Peduzzi, Aloysio Corrêa da Veiga e Milton de Moura França. Em sentido contrário, prevaleceu o entendimento no sentido de que existem limites para essa conduta no ordenamento jurídico. O exame da movimentação bancária pelo empregador durante auditoria interna, mesmo que não tenha havido a divulgação dos dados, importa quebra ilegal de sigilo e, por consequência, haveria dano moral a ser indenizado. A matéria referente ao sigilo bancário está prevista na Lei Complementar nº 105/2001, que traz detalhes sobre as situações em que o sigilo é permitido e quais pessoas estão autorizadas a romper com essa proteção. A violação da garantia constitucional de proteção à intimidade e à vida privada das pessoas ocorreria no momento de acesso à movimentação bancária dos correntistas por terceiros, independentemente de divulgação desses dados. Por fim, o relator explicou que a configuração do dano moral na hipótese é objetiva e independe da comprovação de lesão ou sofrimento psíquico pela empregada. A decisão da SDI-1 foi por maioria no processo E-RR

4 II - JULGAMENTOS NO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 2.1. Banco público terá que indenizar pelo valor sentimental de joias roubadas do cofre. A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou recurso da Caixa Econômica Federal (CEF) que visava reverter condenação por danos morais em favor de vítima de roubo de joias guardadas em cofre de instituição bancária. A questão teve início quando uma advogada ajuizou ação contra o banco público, pedindo indenização por danos materiais e morais sofridos em decorrência da perda de joias que empenhara em garantia de contrato de mútuo em dinheiro. O juiz de primeira instância julgou o pedido parcialmente procedente, condenando a CEF ao pagamento de valor a ser apurado em liquidação de sentença, acrescida de 50% pelo dano moral sofrido, em vista do valor sentimental que os bens representavam para sua proprietária. O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) deu parcial provimento apenas para tratar da incidência da correção monetária (Súmula 43 do STJ). No recurso especial, a CEF alegou, entre outras coisas, que a condenação em dano moral seria indevida, pois o ressarcimento do valor das joias empenhadas já recomporia o prejuízo causado pela mera subtração do patrimônio. Ainda segundo a CEF, não seria o caso de aplicação da Súmula 43 do STJ, uma vez que a atualização deveria ter como termo inicial a data da fixação da indenização por dano moral. No STJ, foi dado parcial provimento ao recurso da CEF, reconhecendo que o termo inicial dos juros de mora é a data da citação, e o da correção monetária é a data do arbitramento da indenização por dano moral (Súmula 362 do STJ). A sentença, contudo, foi mantida quanto aos danos morais. Para o relator, Min. Luis Felipe Salomão, a caracterização do dano moral não decorre da natureza do direito, bem ou interesse lesado, mas do efeito da lesão, do caráter da sua repercussão sobre a vítima, de modo que o roubo ou furto de joias de família dos cofres de instituição financeira repercutem sobre a autora, não pelo seu valor patrimonial, mas pelo seu intrínseco valor sentimental STJ suspende, em reclamação, decisão de juizado especial que antecipava devolução de parcelas pagas por consorciado. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) admitiu reclamação contra decisão da Segunda Turma Julgadora Mista da 3ª Região de Goiás, que determinou a restituição antecipada dos valores pagos por consorciado desistente. Para a Minª. Isabel Gallotti, o entendimento local viola o decidido pelo STJ em recurso especial representativo de matéria repetitiva. 4

5 No REsp , em que foi apreciado contrato anterior à Lei /08, a Segunda Seção consolidou a jurisprudência segundo a qual a restituição aos consorciados desistentes pode ocorrer em até 30 dias depois do prazo de encerramento do grupo. A decisão do juizado especial contraria essa orientação. A relatora acrescentou que o caso se enquadra na hipótese de cabimento da reclamação em temas de direito material pacificado pelo STJ em súmula ou pelo rito dos recursos repetitivos, ou seja, não podem envolver questão processual ou apenas divergir de julgado do STJ em qualquer recurso especial STJ nega aplicação da teoria da imprevisão a contratos de mercado futuro. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou a aplicação da teoria da imprevisão a contratos de venda futura de soja a preço certo, celebrados no início dos anos A Quarta Turma do Tribunal entendeu que a alta no preço do produto, em razão da variação cambial ocorrida à época, não tornou o cumprimento do contrato excessivamente oneroso para o produtor; apenas reduziu o lucro que ele poderia ter obtido, de forma que não é possível a revisão do contrato pelo Poder Judiciário. A variação cambial que alterou a cotação da soja não caracterizou um acontecimento extraordinário e imprevisível. As partes contratantes conhecem o mercado em que atuam, disse o relator, Min. Antonio Carlos Ferreira, lembrando que são profissionais do ramo e sabem que as flutuações de preço são possíveis nesse tipo de negócio. O ministro destacou que os contratos empresariais não podem ser tratados da mesma forma que os contratos de consumo ou os contratos cíveis em geral, os quais admitem maior dirigismo contratual, com a consequente relativização dos princípios da autonomia da vontade e da força obrigatória das avenças. III JULGAMENTOS NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 3.1. Processos e documentos do STF receberão selo "Tema Relevante". A partir da Resolução nº 474, de 29 de novembro de 2011, processos e demais documentos do Supremo Tribunal Federal (STF) poderão receber o selo Tema Relevante, que os qualificará conforme critérios de relevância e valor histórico. De acordo com a Resolução do STF, selo será afixado nas capas de tais processos. O valor histórico deverá ser atribuído aos processos e demais documentos que representem um acontecimento, fato ou situação relevante para a história do Tribunal e da sociedade, assim como aqueles que tenham grande repercussão nos meios de comunicação. Serão considerados "de potencial histórico" os processos 5

6 e documentos relacionados à história do STF e seus ministros; a personalidades de renome; aos movimentos sociais no Brasil (como revoluções e rebeliões) e ainda aqueles que tratem de problemas fronteiriços entre estados da Federação, por exemplo. A norma também estabeleceu a competência para determinar a afixação do selo. Caberá ao relator do processo ou ao presidente do STF, quando se tratar de processos em trâmite, ao diretor-geral da Secretaria, nos casos de processo administrativo, e ao presidente da Comissão Permanente de Avaliação de Documentos (CPAD), para processo arquivado e encaminhado à deliberação da Comissão. 6