A perversidade da Terceirização para os trabalhadores

Transcrição

1 Boletim Econômico Edição nº 60 maio de 2015 Organização técnica: Maurício José Nunes Oliveira Assessor econômico A perversidade da Terceirização para os trabalhadores (Subsídios para o debate no Senado Federal) 1

2 As conseqüências da Terceirização para os trabalhadores Subemprego e precarização; Contratações sem carteira; Contratação com perdas de outros benefícios e direitos trabalhistas; Negociação com o patrão será mais difícil, pois haverá divisões e menos organização e mobilização; Perda nos rendimentos (redução salarial); Piora nas condições gerais de trabalho; Ampliação de jornada de trabalho; Trabalho sobre maior pressão e preconceito; Diminuição da parte fixa dos rendimentos e na ampliação da parte variável; Deterioração das condições de saúde e segurança no trabalho; Maus empregadores sairão impunes pela dificuldade de responsabilização; Já existem mais de processos para serem julgados no TST; 2

3 O Estado terá menos arrecadação e mais gastos, devido ao aumento nos acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Distribuição dos trabalhadores em setores terceirizados e setores não terceirizados Setores Número de Trabalhadores % Setores não terceirizados ,2 Setores terceirizados ,8 Total ,0 Atualmente, os setores terceirizados já representam mais de 26% do total dos trabalhadores. O número de trabalhadores terceirizados deve aumentar caso o Senado Federal aprove o PLS 30/2015. A nova lei abre as portas para que as empresas possam subcontratar todos os seus serviços. 3

4 Hoje, somente atividades secundárias podem ser delegadas a outras empresas, como, por exemplo, a limpeza e manutenção de máquinas. Condições de trabalho dos trabalhadores terceirizados Condições de trabalho Remuneração média (R$) Jornada semanal contratada (horas) Tempo de emprego (anos) Taxa Rotatividade Setores não terceirizados Setores terceirizados Diferença 2.361, ,78-24,7 % ,0 horas 5,8 2,7-3,1 anos 33 64,4 O Dobro 4

5 O salário de trabalhadores terceirizados é mais de 24% menor do que o dos empregados formais. No setor bancário, a diferença é ainda maior: eles ganham em média um terço do salário dos contratados e eles não têm participação nos lucros, auxílio-creche e jornada de seis horas. O Número de empregos pode cair. Terceirizados trabalham, em média, três horas a mais por semana do que contratados diretamente. Com mais gente fazendo jornadas maiores, deve cair o número de vagas em todos os setores. Se o processo fosse inverso e os terceirizados passassem a trabalhar o mesmo número de horas que os contratados, seriam criadas novas vagas, 5

6 Terceirização e acidentes fatais no setor da construção por segmentos selecionados Brasil Os trabalhadores terceirizados sofrem mais acidentes de trabalho do que os trabalhadores não terceirizados. Essa já é a realidade atual de muitos setores industriais do Brasil e vai piorar com a aprovação do Projeto de Lei A segurança é prejudicada porque companhias de menor porte não têm as mesmas condições tecnológicas e econômicas. Além disso, elas recebem menos cobrança para manter um padrão equivalente ao seu porte. 6

7 Trabalhadores terceirizados possuem condições análogas ao do trabalho escravo A quantidade de trabalhadores terceirizados que vivem em condições análogas ao do trabalho escravo já é uma realidade brutal A mão de obra terceirizada é usada para tentar fugir das responsabilidades trabalhistas. Entre 2010 e 2014, cerca de 90% dos trabalhadores resgatados nos dez maiores flagrantes de trabalho escravo contemporâneo eram terceirizados, conforme dados do Ministério do Trabalho e Emprego. Casos como esses já acontecem em setores como mineração, confecções e manutenção elétrica. 7

8 Terceirização no Sistema Petrobrás Cerca de 84% dos acidentes de trabalho na maior empresa brasileira são com trabalhadores terceirizados 8