ENSINO COLABORATIVO E ADAPTAÇÃO DE ATIVIDADES: O CONHECIMENTO

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1 ENSINO COLABORATIVO E ADAPTAÇÃO DE ATIVIDADES: O CONHECIMENTO DOS PROFESSORES DE ALUNOS COM DEFICIENCIA Melina Thaís da Silva Mendes Márcia Duarte Galvani Larissa Guadagnini Universidade Federal de São Carlos UFSCar - Programa de Pós-Graduação em Educação Especial (PPGEES) Palavras-chave: Educação Especial. Ensino Colaborativo. Adaptação de Atividade. Educação Infantil. Deficiência Intelectual. 1. INTRODUÇÃO A expansão da Educação Infantil ocorreu no Brasil em 1970 por influência de diversos fatores, dentre eles a crescente urbanização, a inserção das mulheres no mercado de trabalho, lutas dos movimentos sociais, entre outros. Após a promulgação da Constituição Federal de 1988 que legitimou a educação como direito de todas as crianças (CARNEIRO, 2012). A educação infantil é considerada a primeira etapa da educação básica e tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade contemplando aspectos físicos, psicológicos, intelectuais e sociais, integrando as atuações da família e comunidade (BRASIL, 1996). Considerando a educação infantil como alicerce para educação se faz necessário que sejam assegurados o direito de todas as crianças frequentarem a escola. Seguindo as premissas de transformações no cenário da inclusão escolar, o Ministério da Educação apresenta a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) que objetiva o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas escolas comuns desde a educação infantil (grifo dos autores) até a educação superior. Sob a garantia do direito à igualdade e à equidade de oportunidades, a inclusão escolar não se restringe a matrícula, mas deverá promover a escolarização de todos nas classes comuns de ensino. Desta forma, os sistemas escolares devem matricular todas as crianças, cabendo às

2 escolas se organizarem para assegurar às crianças com deficiência educação de qualidade (BRASIL, 2008). A construção de uma escola inclusiva no Brasil, tem se caracterizado como um desafio em razão das diferenças existente (MENDES, 2006). Nesse contexto, países com maior experiência no processo de inclusão escolar tem direcionado para o ensino colaborativo como solução dos problemas da inclusão (MENDES, 2006). O ensino colaborativo é um serviço de apoio, no qual os professores do ensino regular e especialista partilham responsabilidades (MENDES, VILARONG, ZERBATO, 2014). No Brasil as iniciativas relacionadas ao oferecimento do ensino colaborativo como um serviço da Educação Especial nas redes regulares de ensino ainda são pouco expressivas. O maior desafio da inclusão escolar está em oferecer um ensino de qualidade que promova o desenvolvimento acadêmico das crianças com deficiência. A criança com deficiência intelectual tem uma maneira própria de lidar com o saber que, constantemente, não corresponde ao ideal de aluno esperado pela escola (BRASIL, 2007). Para o ensino das crianças com deficiência intelectual são necessárias que sejam levadas em consideração suas especificidades para que possam ser oferecidas respostas escolares adequadas para o desenvolvimento educacional (OLIVEIRA, 2009). 2. OBJETIVOS O estudo tem como objetivo analisar o conhecimento da díade de professores de Educação Infantil e do professor da Educação Especial sobre o ensino colaborativo e adaptação de atividades. 3. MÉTODO Participaram deste estudo duas professoras identificadas por (Regina e Estela) 1 com idade entre 30 e 41 anos e com experiência de docência entre nove e doze anos. A pesquisa foi desenvolvida em uma escola de Educação Infantil da rede Municipal localizada na cidade de São Carlos/SP. A escola caracteriza-se como pré-escola e a sala de aula pesquisada foi uma fase 6 (crianças de 5 até 6 anos) que oferecia o serviço do ensino colaborativo e tinha matriculado uma criança com deficiência intelectual. Foram realizadas, incialmente, entrevistas com as professoras para verificar o conhecimento acerca das temáticas. Posteriormente foram propostos 11 reuniões com a pesquisadora e as professoras que tiveram por objetivo as reflexão das práticas pedagógicas, elaboração, aplicação e avaliação de atividades adaptadas. Ao final das

3 reuniões, foi feita uma entrevista final para verificar o conhecimento sobre as temáticas abordadas nas reuniões. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 Conhecimento sobre ensino colaborativo Foi perguntado para as professoras sobre os conceitos de trabalho colaborativo. Ambas relataram que desconheciam o modelo colaborativo de trabalho e gostariam de saber mais sobre o assunto. Eu sinceramente não sei, eu tenho dificuldade no entendimento do colaborativo.(professora Estela). Então, sobre o ensino colaborativo não sei, na teoria como ele é descrito, mas acredito é uma colaboração mesmo (Professora Regina). Os relatos das professoras demonstra insegurança em afirmar com precisão, a definição desse modelo de ensino. Na cidade na qual foi realizado o presente estudo, as experiências com o ensino colaborativo são recentes iniciaram-se por meio de projetos de uma universidade pública (VILARONGA; MENDES, 2014). Assim, a insegurança apresentada pelas professoras pode estar relacionada ao fato desse modelo de ensino não ser recomendado pela política do Ministério da Educação e ser um assunto recente. Ao final das reuniões, as professoras reafirmam que desconheciam sobre a o conceito de ensino colaborativo e após as reuniões conseguem compreender alguns itens como: a necessidade de planejar e trabalharem juntas. Eu não sabia sobre o colaborativo. Eu acho assim, como você (pesquisadora) disse, no ensino colaborativo precisa ter essa parceria e planejar. (Professora Estela). Estou vendo sobre esse conceito. Não sabia mesmo [...]. A gente nunca sentou e conversou: da turma. Precisa planejar, afinar essa sintonia (Professora Regina). Ambas ressaltaram sobre a importância da formação continuada sobre a proposta de ensino colaborativo para maiores informações de como trabalhar com os alunos om deficiência no contexto inclusivo. A formação continuada é importante para modificação da pratica pedagógica, pois contribui para autonomia do professor e unidade escolar, e faz os professores pensarem nas ações, com objetivo de concretizar o objetivo educativo escolar (SANTOS, 2004).

4 Foi possível verificar modificações sobre o conhecimento do conceito e ações de interação entre as professoras frente ao modelo de colaboração. Para Capellini, (2004) a colaboração oportuniza a partilha de diferentes conhecimentos oferecidos pelos atores envolvidos no processo. O estabelecimento de um ambiente colaborativo provoca possibilidades de ação e reflexão para se atingir um objetivo comum (ZANATA, 2004). 4.2 Conhecimento da díade de professoras sobre adaptação de atividade As professoras apresentam opiniões afirmativas em relação à realização das adaptações de atividades para a criança com deficiência intelectual como uma oportunidade de acesso e aprendizagem dos conteúdos trabalhados em sala de aula. Eu acho que primeira coisa é conhecer quem é o aluno[...] (Professora Regina). Eu acho que não é mudança do que a professora está programando para sala[...] (Professora Estela). O conhecimento da díade de professoras sobre adaptação de atividades para o aluno com deficiência intelectual evidencia a necessidade de conhecer o aluno e o seguimento de atividades. Ainda sobre as atividades oferecidas para a criança com deficiência intelectual/ José a professora Regina comenta que o objetivo com a criança é diferente dos demais da classe, havendo diferença, também, nos conteúdos desenvolvidos. Meu objetivo com ela (criança com deficiência intelectual/josé) é a socialização [...], mas em relação as outras crianças eu não vejo adaptação, eu vejo diferenciação, não são as mesmas atividades, não são os mesmos conteúdos (Professora Regina). É importante que se conheçam a criança com deficiência antes da realização das atividades. O conhecimento prévio permite demonstrar quais são as condições acadêmicas do aluno, seus interesses e necessidades. A partir desse conhecimento, cabe aos professores estruturarem atividades que favoreçam sua aprendizagem seguindo o mesmo currículo proposto para a turma em que a criança está inserida. Minetto (2008) pontua sobre a necessidade do conhecimento sobre o aluno e suas particularidades, determinando seu nível de competência e fatores que possibilitem o processo de ensino-aprendizagem. De acordo com Coll (1996), as adaptações devem ser feitas sem perder de vista o projeto curricular básico. As adaptações devem aparecer quando os recursos pedagógicos habituais não forem suficientes para atenderem as especificidades educacionais dos alunos.

5 As professoras afirmaram que as reuniões proporcionaram conhecimento sobre adaptação de atividade para criança com deficiência intelectual/josé e auxiliou na prática pedagógica em sala de aula. Eu já tinha uma noção do que era adaptação, mas depois das reuniões, do texto, das nossas conversas tudo contribuiu para deixar bem claro [...] (Professora Regina). Não tinha conhecimento sobre adaptação, eu não sabia adquiri agora com a pesquisa (Professora Estela). Após as reuniões se manteve alguns pensamentos como: conhecer o aluno e priorizar sua aprendizagem, acrescido da necessidade de planejar e a parceria entre as professoras. A escola deve encontrar caminhos que possam superar a incapacidade imposta pela deficiência e romper com a homogeneização, por meio do respeito à individualidade e aprendendo a lidar com a heterogeneidade e diversidade. Nesse contexto, cabe à escola tomar conhecimento sobre o potencial de aprendizagem dos alunos com deficiência intelectual para organizar sua prática escolar e pedagógica (OLIVEIRA, 2009). 5. CONCLUSÃO Por meio do estudo foi possível investigar o conhecimento dos professores de Educação Regular e Educação Especial a respeito do modelo de serviço baseado no ensino colaborativo. A partir das considerações realizadas é possível considerar que a proposta de ensino colaborativo, ainda está em processo de estruturação e fortalecimento no município investigado. A díade de professora acredita na adaptação da atividade como forma de acesso aos conteúdos escolares, porém antes das reuniões estavam confusas em relação à definição e uso das adaptações. É notório a falta de informações e conhecimento sobre ensino colaborativo e adaptações. As reuniões propiciaram discussão de textos teóricos acerca dessas temáticas, discussões e reflexões das práticas. Ao final das reuniões houve algumas modificações sobre o conhecimento das temáticas. Fica evidente a necessidade de maiores informações sobre o assunto em formações continuada para os professores. 6. REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Lei Federal nº 9.394, de 26/12/ Educação Inclusiva: Atendimento Educacional Especializado para a Deficiência Mental Brasília: MEC/SEESP, 2007.

6 . Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília CAPELLINI, V. L. M. F. A avaliação das possibilidades do trabalho colaborativo no processo de inclusão escolar do aluno com deficiência mental f. Tese (Doutorado em Educação Especial) Programa de Pós- Graduação em Educação Especial, Departamento de Educação, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos CARNEIRO, R. U. C..R. U. C. Educação Inclusiva na Educação Infantil. Práxis Educacional, v. 8, n. 12 p , COLL, C. Psicologia e Currículo: uma aproximação psicopedagógica à elaboração do currículo escolar. São Paulo: Ática, MENDES, E. G. A radicalização do debate sobre inclusão escolar no Brasil. Revista Brasileira de Educação, v. 11, n. 33, p , MENDES,, E.G.; VILARONGA, C. A. R.; ZERBATO, A. P. Ensino colaborativo como apoio a iclusão escolar: unindo esforços entre educação comum e especial. São Carlos: EdUFSCar, MINETTO, M. F. Currículo na educação inclusiva: entendendo esse desafio. Curitiba: IBPEX, OLIVEIRA, A. A. S. Estratégias para o ensino inclusivo na área da deficiência intelectual: alguns apontamentos. In: MARQUEZINE, M. C.; MANZINI, E. J.; BUSTO, R. M.; TANAKA, E. D. O.; FUJISAWA, D. S. Políticas públicas e formação de recursos humanos em educação especial. Londrina: ABPEE, p VILARONGA, C. A. R; MENDES, E. G. Ensino colaborativo para o apoio à inclusão escolar: práticas colaborativas entre os professores. Rev. bras. Estud. pedagógicos, Brasília, v. 95, n. 239, p , jan./abr ZANATA, E. M. Planejamento de práticas pedagógicas inclusivas para alunos surdos numa perspectiva colaborativa f. Tese (Doutorado em Educação Especial). Programa de Pós-Graduação em Educação Especial, Departamento de Psicologia, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos

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