TRAÇANDO TRILHAS PARA UMA SOCIEDADE NÃO VIOLENTA. Maria Mariana Freire de Oliveira

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1 TRAÇANDO TRILHAS PARA UMA SOCIEDADE NÃO VIOLENTA Maria Mariana Freire de Oliveira Fortaleza-Ceará 2016

2 RESUMO Este projeto objetiva apresentar uma proposta de intervenção, que visa oportunizar a qualificação profissional de jovens egressos do sistema socieducativo, que residem nas comunidades do bairro Vicente Pinzón em Fortaleza, Ceará. Este bairro é reconhecido pelos altos índices de violência e criminalidade, inclusive, foi escolhido como o primeiro território de atuação do projeto Pacto por um Ceará Pacífico, desenvolvido pelo Governo do Estado do Ceará, a partir do ano de Tal projeto prevê a atuação integrada e compartilhada dos órgãos e entidades públicas estaduais, municipais e federais, junto à sociedade civil, com o objetivo de desenvolver diversas atividades de prevenção da violência, redução da criminalidade e construção de uma cultura de paz, no território cearense. Com esse intuito, pretendemos contribuir para a transformação da vida dessas crianças e adolescentes, buscando traçar novos caminhos e proporcionar-lhes maior inclusão social, por meio da aproximação desses jovens da escola, instituição historicamente reconhecida por seu papel na formação humana. Neste bairro está localizada a Escola Estadual de Educação Profissional Maria Ângela da Silveira Borges, inaugurada em 2014, que atende aos jovens desse bairro e de bairros adjacentes, ofertando quatro cursos técnicos, Logística, Petróleo e Gás, Mineração e Portos. Inicialmente, pretendemos realizar uma pesquisa empírica para coletar dados sobre a condição socioeconômica dos egressos do sistema socieducativo, residentes no bairro do Vicente Pinzón. Posteriormente, organizar cursos de fomação com esses jovens, voltados para compartilhamento de vivências, para discussão sobre a problemática social da violência e para orientação profissional. Como também, ao final o projeto culmine com a oferta de vagas específicas para esse grupo nas Escolas de Educação Profissional localizadas no bairro Vicente Pinzón e nos bairros adjacentes. CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA A escola é um espaço de transformação, que tem como finalidade contribuir para a construção desenvolvimento dos indivíduos que convivem e participam do contexto escolar. Esta instituição cumpre o papel de educar de maneira formal, obedecendo a um programa intencional. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (Constituição Federal de 1988, Art. 5). A Escola Estadual de Educação Profissional Maria Ângela da Silveira Borges, está localizada em uma área de grande contraste social, existindo lado a lado em seu território, bairros

3 marginalizados (favelas), grandes mansões e a orla da cidade, um lugar de grande movimento turístico. Este contraste revela grande desigualdade econômica e social na localização da instituição escolar, em sua maioria, a comunidade escolar e seus arredores são carentes de diversos fatores tais como: educação, lazer, infraestrutura, segurança, entre outros. O Estado do Ceará tem conseguido, com esforço de diversos setores, superar problemas e melhorar alguns indicadores sociais, nos últimos anos. Como exemplo: o analfabetismo, a partir do programa PAIC (Programa de Alfabetização na Idade Certa). No entanto, nossa capital vem liderando um ranking que não é orgulho para ninguém, tornando-se a cidade mais violenta do Brasil e décima segunda mais violenta do mundo em escala internacional, segundo a ONG mexicana "Seguridad, Justicia y Paz". Conforme o Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência, no ano de 2015, os adolescentes que passaram pela unidade de recepção Luiz Barros Montenegro, procediam de 111 dos 184 municípios cearenses - dados obtidos da STDS (Secretaria de Trabalho e Defesa Social). De acordo com o Atlas da Violência, entre 2004 e 2014, ocorreu um crescimento de 244,1% no índice de jovens assassinados no Ceará, quando o número passou de 823 em 2004, para 2.832, em Fortificando estes dados nos dois últimos anos do estudo, houve aumento de 5% nos homicídios de jovens na faixa etária de 15 a 29 anos no Estado do Ceará. Observando isso, verificou-se que os adolescentes implicados em atos ilícitos, muitas vezes continuam a cometer infrações, mesmo tendo passado pelo sistema de privação de liberdade e/ou centros de reabilitação social. Neste contexto, o Ceará aparece como o quarto Estado do país em números de menores internados cumprindo pena de restrição de liberdade por cometerem algum delito, sendo que só no ano de 2010 foram 1.074, ficando atrás apenas dos Estados de São Paulo, Pernambuco e Paraná. Entre as causas de tal medida, 40% são por roubos e furtos. Na capital Fortaleza, são jovens em cumprimento de medidas socioeducativas. Desses, estão em liberdade assistida e 160 em prestação de serviços comunitários. Abrangendo todo o território brasileiro, segundo o LNAS (Levantamento Nacional do Atendimento Socioeducativo), em 2010, menores estivam internados até o fim desse ano. Posto isso, existem propostas para o reordenamento desses adolescentes, contudo as mesmas não parecem trazer um feedback significativo para a mudanças deste cenário. JUSTIFICATIVA

4 Em Agosto de 2015, o governo do Estado do Ceará lança o "Pacto por um Ceará Pacífico" que abrange programas, projetos e ações voltadas para a prevenção da violência e redução da criminalidade, tendo como centro primordial, ações de integração de medidas preventivas, construindo uma cultura de paz em todo o território cearense, operando a partir de políticas públicas interinstitucionais de prevenção social e segurança pública. A meta é a melhoria do contexto urbano, por meio de ações que possibilitem o monitoramento e a avaliação contínua da sociedade, criando as condições de acolhimento das populações mais vulneráveis e o enfrentamento da violência. Para compreender o fenômeno da violência em nossa cidade, especificamente em nosso território (Vicente Pinzón), escolhido como primeira área para as ações do Pacto. Para compreender esse motivo dessa escolha, é preciso elaborar propostas de intervenções e políticas públicas que resultem na reversão desses transtornos, indo para além do senso comum e de respostas prontas, deixando de lado o preconceito e a reprodução de discursos que criminalizam, injustificadamente, a infância e adolescência. Nesse sentido, temos que investigar os motivos e entender as razões que levam os adolescentes a cometerem o Ato infracional e/ou serem reincidentes nesse tipo de ação, a partir da investigação das trajetórias de vida dos egressos do sistema socioeducativo e redesenhar um novo projeto de vida, através da educação inclusiva nas escolas de ensino profissionalizante. Oportunizar a reflexão e elaboração de iniciativas que levem o adolescente vulnerável a construir um novo projeto de vida é de extrema importância, já que terão melhores possibilidades para identificar as oportunidades que surgirem e se preparar antecipadamente para fazer escolhas assertivas, que impactem positivamente na sua vida futura, traçando trilhas para uma sociedade não violenta. Para isso, será necessário conhecer por trás dos números da violência, conversar com as famílias, a escola, os amigos, a vizinhança, as instituições, pelas quais o adolescente passou, buscando compreender as dimensões da vida deste adolescente, identificando o que o afastou da escola e o aproximou da criminalização. OBJETIVOS Oferecer por meio da Educação Profissional, subsídios para reorientação e/ou ressocialização de jovens egressos do sistema socieducativo, visando a mudança dessa realidade. Posto isto, oportunizar a qualificação profissional para o mercado de trabalho, promovendo a transformação social através de uma educação inclusiva, aproximando-os da escola, espaço social destinado à transmissão dos conhecimentos fundamentais à humanidade, necessários à formação intelectual, profissional e humana.

5 ATIVIDADES PREVISTAS Mapeamento dos egressos do sistema socioeducativo e conversa com suas famílias no intuito de compreender as dimensões da vida do adolescente; Realização de seminários abordando temas como ausência de políticas públicas, uso abusivo de drogas, acesso a armas, cultura do medo entre outras; Processo seletivo simplificado para egressos do sistema socieducativo nas escolas de ensino profissionalizante em cursos técnicos voltados para este público, verificando sua potencialidade empregatícia na região; Elaboração de relatório semestral sobre a permanência e evasão dos jovens neste modelo de educação. RECURSOS A proposta é aproveitar o espaço físicos e equipamentos das escolas de educação profissional existentes na região, oferecendo o modelo de educação inclusiva exposto no turno noturno, haja vista, que não existe expediente para este horário nas escolas de tempo integral e que funcionam somente nos turnos manhã e tarde. A Secretaria Estadual de Educação (SEDUC-CE), a Secretaria do Trabalho e Defesa Social (STDS), assim como, outros órgãos governamentais e não governamentais viabilizariam dinheiro e pessoal necessário para que as ações desta proposta de inclusão educativa se efetive. CRONOGRAMA FASES PREVISÃO ATIVIDADES 1ª FASE Mapeamento 2ª FASE Conscientização Mapeamento dos egressos do sistema socioeducativo e conversa com suas famílias no intuito de compreender as dimensões da vida do adolescente. Realização de seminários abordando temas como ausência de políticas públicas, uso abusivo de drogas, acesso a armas, cultura do medo entre outras.

6 3ª FASE Seleção Processo seletivo simplificado para egressos do sistema socieducativo nas escolas de ensino profissionalizante em cursos técnicos voltados para este público, verificando sua potencialidade empregatícia na região. 4ª FASE Análise dos resultados Elaboração de relatório semestral sobre a permanência e evasão dos jovens neste modelo de educação. Seria possível afirmar que a educação é um escudo contra os homicídios [ ]. As chances de um indivíduo com até sete anos de estudo sofrer homicídio no Brasil são 15,9 vezes maiores do que as de alguém que ingressou no ensino superior, o que demonstra que a educação é um verdadeiro escudo contra os homicídios, trecho do documento Atlas da violência. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Disponível em: < do-mundo.html > Acesso em: 03 set Disponível em: < id=309 > Acesso em: 03.set.2016) Disponível em: < iz-ipea.html Acesso em: 03.set.2016.) Disponível em: <( ro-de-internos Acesso em: 03.set )