GESTÃO EDUCACIONAL: Projeto Planeta Azul formando cidadãos resilientes
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- Vergílio Leal Fagundes
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1 26 GESTÃO EDUCACIONAL: Projeto Planeta Azul formando cidadãos resilientes LOPES, Miguel Ângelo - FMO 1 OLIVEIRA, Lucinete Ornagui de - ICE 2 RESUMO O aprendizado da resiliência, mais que pelo discurso das palavras, ocorre pelas práticas e vivências o qual as pessoas incorporam a capacidade de resistir à adversidade e utilizá-la para o seu crescimento pessoal, social e profissional. Nesse sentido, o artigo apresenta a proposta do Projeto Planeta Azul como instrumento para a formação de elementos humanos e ambientes resilientes, capaz de despertar discentes e docentes a capacidade de Resiliência discutindo-se os resultados de análises de dados quantitativos e qualitativos da prática pedagógicas vivenciada nas escolas bem como a competências que o gestor deve ter para ser resiliente, a influência do espírito religioso, como fator positivo ou negativo no contexto escolar, além de demonstrar diferenças entre escolas comuns e resilientes através de atividades como instrumentos de colaboração para o surgimento da capacidade de resiliência. Palavras-chaves: Gestão. Resiliência. Estratégia Pedagógica. ABSTRACT Learning resilience, more than by words, speech occurs by practices and experiences which people incorporate the ability of resisting adversity and use it for your personal, social and professional growth. In this sense, the article presents the proposal of the blue planet Project as an instrument for the formation of human elements and resilient environments, able to arouse students and teachers the ability to Resilience discussing the results of quantitative and qualitative data analysis of pedagogical practice experienced in schools as well as the skills that the project manager must have to be resilient, the influence of the religious spiritas positive or negative factor in the school context, in addition to demonstrate differences between common schools and resilient through activities such as instruments of collaboration for the emergence of capacity for resilience. Word key: Management. Resilience. Pedagogical Strategy. 1 Pedagogo, Coordenador Nacional do Projeto Planeta Azul da Fundação Mokiti Okada. mlopes@fmo.org.br 2 Pedagoga, Mtda em Gestão Educacional, professora do Instituto Cuiabano de educação ICE. Colaboradora do Projeto Planeta Azul em Mato Grosso. ornagui@uol.com.br
2 27 INTRODUÇÃO Os novos tempos exigem uma nova mentalidade, uma nova postura de vida, um renascer de valores espirituais, ético e moral há muito esquecido. Exige repensar o conceito de formação dos nossos alunos, consideração a essência do ser na sua totalidade, um ser numa Visão Holística, não apenas numa visão materialista. O termo Educação Holística foi proposto pelo americano R. Miller (1997) para designar o trabalho de um conjunto heterogêneo de liberais, de humanistas e de românticos que têm em comum a convicção de que a personalidade global de cada criança deve ser considerada na educação. São consideradas todas as facetas da experiência humana, não só o intelecto racional e as responsabilidades de vocação e cidadania, mas também os aspectos físicos, emocionais, sociais, estéticos, criativos, intuitivos e espirituais inatos da natureza do ser humano. (Yus, 2002, p.16). A Visão Holística da Educação é um novo modo de relação do ser humano com o mundo; uma nova visão da natureza, da sociedade, do outro e de si mesmo. No oriente costuma-se dizer que o homem é um ser adormecido e que estamos cercados de pessoas que não tem consciência de si mesmo, nem do seu potencial, e que vegetam por esta vida. Educar, portanto, seria ajudar o homem a despertar de sono milenar, possibilitando o florescimento do seu potencial. Por isso, é essencial acreditar neste ser em desenvolvimento, na sua capacidade criadora. Pensar na escola como sendo um lugar que pode gerar uma transformação tão grandiosa que ultrapasse os limites espaciais da vida de um estudante é algo que nos parece longe demais, no entanto, estudos recentes mostram a tendência de uma nova pedagogia capaz de possibilitar transformar todas as adversidades em fatores positivos para a formação dos alunos: a Resiliência. No meio educacional, ainda é comum encontrar professores que nunca sequer ouviram falar sobre o assunto. Qual a relação ou contribuição da resiliência na gestão escolar? Qual o perfil de gestão capaz de promover essa a formação aos docentes e possibilitar propostas para se trabalhar a resiliência no ambiente escolar?
3 28 Desta forma a discussão nasce da necessidade de um novo perfil de gestão, capaz de enfrentar o insucesso da instituição escolar que persiste no caminho da formação curricular tecnicista, desprezando os fatores ambientais, psicossociais, econômicos, sociais e culturais, que interferem na aprendizagem e principalmente na formação integral do aluno, utilizando a adversidade como fator positivo para promoção de mudança e evolução na qualidade da educação. Assim, o objetivo deste artigo é analisar a resiliência como estratégia de alargamento das fronteiras da formação humana, proporcionando aos gestores uma nova visão do entendimento dos obstáculos e adversidades encontrados no cotidiano escolar. 1. Resiliência: competências e influências do supervisor escolar Desde 1549 quando as atividades educativas foram iniciadas pelos jesuítas vários movimentos foram criados primando por melhorias no sistema e nos cursos de formação de educadores, se estendendo até o final dos anos 70, e em outubro de 1979, acontece o encontro Nacional de Supervisores de Educação, na ocasião defendia-se uma tese de que a função do supervisor é uma função política e não apenas técnica (SAVIANI, 1999). A partir daí o supervisor deveria assumir seu papel político. A sua habilitação com a criação dos cursos de pedagogia os tornavam pedagogos, educadores que seguiam ainda um modelo ideológico, embora mais moderno. Percebe-se então que a concepção havia mudado, mas a sua formação não, e esse profissional estava longe dele próprio se ver como político, com identidade própria, já que desde a sua origem ele sempre defendeu apenas os interesses dos dominantes e não tinha poder algum de decisão. Atualmente a função amplia o olhar e o profissional dessa área entende a verdadeira essência desse termo: supervisor, aquele que vê o geral, que vê além e articula ações entre os elementos que envolvem a educação. Hoje, ele sabe que precisa ser um constante pesquisador e com isso contribuir para o trabalho docente, pois a equipe conta com a sua orientação e apoio.
4 29 O supervisor precisa se dividir em muitas habilidades e criar elos entre as atividades de supervisionar, orientar e coordenar, desenvolvendo relações verdadeiramente democráticas (FERREIRA, 2007). Assim, precisam ser profissionais maduros, capacitados para melhor executar propostas de resolução de problemas e enfrentar os novos desafios na escola como: a falta de estrutura dos estabelecimentos de ensino, os recursos escassos, a má vontade de alguns educadores, alunos desmotivados, funcionários administrativos, enfim, uma série de problemas que dificultam o trabalho, mas que não o impedem de criar na atividade profissional meios de mudar esta realidade e fazer com que a escola mude sua cara, e se transforme na escola de nossos sonhos. Diante deste contexto, como a resiliência pode ser usada enquanto estratégia para enfrentar esses e muitos outros desafios no cotidiano escolar? A palavra resiliência tem sua definição de acordo com a área em que é empregada. O termo tem origem no latim resílio que significa retornar a um estado anterior (MONTEIRO, et al., 2001). Originaria da Física e trata-se da capacidade dos materiais de resistirem aos choques, sendo a propriedade que possuem de voltar ao normal depois de submetidos à máxima tensão. A Psicologia, no entanto, destaca a importância das relações familiares, sobretudo na infância, enquanto fatores fundamentais na formação dos indivíduos, gerando a capacidade deles suportarem crises, bem como superá-las. Desta forma, a resiliência representa a capacidade concreta das pessoas de não só retornarem ao estado natural de excelência, superando situações críticas, mas também de utilizá-las em seus processos de desenvolvimento pessoal, sem se deixarem afetar negativamente, capitalizando as forças negativas de forma construtiva. Para Sampaio (2005), as pessoas resilientes buscam no autoconhecimento o equilíbrio necessário para aprender a transformar emoções negativas em positivas. Não se abate facilmente, não culpa os outros pelos seus fracassos e tem um humor invejável. Porém, não são todas as pessoas que conseguem ultrapassar estes momentos de crise. O próprio sofrimento físico e psicológico pode inibir e, de certa forma, alterar a resposta resiliente do sujeito. O ser resiliente não significa ser uma pessoa que consiga resistir a todas as pressões
5 30 do meio, isto é, o indivíduo, por muito resiliente que seja, pode chegar a um ponto em que não tolere mais a pressão externa. Dessa forma, desenvolver a resiliência consiste em conhecer a história do indivíduo, procurar analisá-lo em seu contexto, para então intervir de maneira apropriada, buscando as razões capazes de motivá-lo e fortificá-lo. O aprendizado da resiliência, mais que pelo discurso das palavras, ocorre pelas práticas e vivências, pelo curso dos acontecimentos que as pessoas incorporam a capacidade de resistir à adversidade e utilizá-la para o seu crescimento pessoal, social e profissional. Para Azevedo (2000), a resiliência funda-se numa interação entre a pessoa, enquanto ser humano e o seu eu, enquanto produto de desenvolvimento, situada num contexto ambiental que ela influencia e que por ela é também influenciada. Desta forma, se entender a resiliência como uma capacidade universal, para que esta se desenvolva, é necessário utilizar os próprios recursos e trabalhá-los em estrita ligação com o seu meio social e cultural. Assim, as possibilidades da existência de uma escola resiliente só serão possíveis se os gestores da escola estiverem comprometidos com a proposta, proporcionando ao corpo docente e discente as condições para tal, visto que os responsáveis por uma instituição resiliente devem ser ágeis apresentando facilidades frente à diversidade, reajustando rapidamente e, sobretudo encontrando saídas (ANTUNES, 2003). Professores resiliente, ainda que em baixa quantidade, começam a ocupar as salas de aula, mas prisioneiros de um sistema educacional arcaico que os formou. Em seus empregos desenvolvem programas, estratégias de ensino, esquemas de avaliação e currículos que se opõe a resiliência e, dessa forma não aplicam, seu extraordinário potencial para um processo renovador. (ANTUNES, 2003:27) Portanto, se há um crescente numero de professores resilientes e a existência de uma grande quantidade de alunos resilientes, como possibilitar, ainda que discretamente, uma correção ou adequação ou nova formação para que sejam possível desenvolver e fazer nascer uma escola resiliente, capaz de criar um ambiente educacional rico e estimulante e que aprendesse a fazer da resiliência as características essenciais de seu modelo de organização? Antunes (2003:29) aponta cinco princípios básicos para uma organização resiliente:
6 31 1) Crença na capacidade de manter estados de resiliência ou desejo sincero de conquistar os fundamentos dessa capacidade. 2) Cultura. A cultura resiliente pressupõe princípios de auto-organização, mutabilidade, confiança, liderança e criatividade. Visa sempre desenvolver a confiança entre as pessoas, capacidade amoldável de administração, estratégias de buscas de saídas e relevância de estados de auto-estima e automotivação. 3) Planejamento: uma organização resiliente não brota espontaneamente, deve ser construída em uma infra-estrutura de flexibilidade e espírito cooperativo, após estudo, reflexão e acurado planejamento dinâmico. 4) Espaço ambiental: o local de operação de uma organização resiliente pode ser rico ou pobre, suntuoso ou extremamente simples, mas deve propicia nível de flexibilidade e contato entre as pessoas, recursos para atuar com agilidade diante de eventuais imprevistos, meios para ser freqüentemente auto-analisado e exemplos concretos de experiências de proteção ambiental e respeito a vida. 5) As pessoas são o elemento mais importante, pois sintetizam o núcleo estrutural que incorpora o espírito resiliente. Necessitam ser adequadamente selecionadas, aceitarem suas permanente educabilidades e apresentarem habilidades e competência geradoras de comportamento e atitudes eficazes em ambiente incertos. A intenção aqui não é aprofundar o conceito de escola resiliente e sim, apresentar uma proposta que vem sendo aplicada em algumas escolas brasileiras através do Projeto Planeta Azul e que possibilitam lidar com a adversidade na escola e na sala de aula, deixando bem claro que, sem apoio e acompanhamento dos gestores da escola não se consegue alcançar tal resultado. Estudos atuais sobre resiliência indicam que a conscientização em torno dos valores humanos básicos são fundamentais à melhoria da qualidade de vida, sobretudo, em contextos marcados pela adversidade. Admite-se assim, que o objetivo da experiência formativa, mediada filosoficamente por uma visão integral ou multidimensional, confunde-se com o objetivo de todas as tradições espirituais: despertar as potencialidades do humano que habita em cada um de nós. A espiritualidade é um fator de promoção da resiliência (ASSIS, PESCE & AVANCI, 2006). Nesse sentido, o objetivo principal da espiritualidade é a melhoria dos pensamentos, palavras e ações, afetando o comportamento dos indivíduos, que passam a ter uma noção mais clara de sua identidade, e dos valores que necessitam desenvolver para a busca de uma vida melhor. Essa transformação parte do íntimo de cada um, que busca um contato maior com os seus sentimentos, posicionando-se diante das situações da vida, de seus relacionamentos.
7 32 A resiliência sintetiza, na verdade, o resultado de intervenções de apoio, de otimismo, de dedicação e amor que perpassam as relações intra e inter-humanas. O aprendizado da resiliência, mais que pelo discurso das palavras, ocorre pelas práticas e vivências, pelo curso dos acontecimentos que as pessoas incorporam a capacidade de resistir à adversidade e utilizá-la para o seu crescimento pessoal, social e profissional. 2. Contribuição do Projeto Planeta Azul em Escolas Brasileiras como recursos, capaz de despertar discentes e docentes a capacidade de resiliência. A educação como base de uma sociedade equilibrada, harmoniosa e feliz impõe cuidados especiais, investimentos maciços e, na maioria das vezes, os resultados não são satisfatórios, em razão de uma distorção focal materialista, na qual se privilegia o tratamento das conseqüências em detrimento da prevenção das causas. O sistema moderno de ensino utiliza-se de recursos como a matemática, para desenvolver o raciocínio, da leitura para ajudar a escrever melhor, da arte para desenvolver a sensibilidade, do esporte para interagir no coletivo, da geografia para explicar fenômenos e fronteiras, da história para contextualizar, da biologia para analisar e decifrar a vida na terra e de outras disciplinas para justificar a importância de desenvolver o complexo intelectocultural do homem. A educação baseia-se apenas em conhecimento teórico e prático sobre as ciências exatas, humanas e biológicas. Mas será que todo homem diplomado ou doutorado foi realmente educado para a vida? Não podemos esquecer que ele não é só corpo e mente. O homem possui emoções, espírito. E é isso que faz a diferença! No verdadeiro processo educativo, a internalização dos valores espirituais, morais e éticos antecedem o conhecimento. A formação do homem antecede a formação profissional. À vista dessas circunstâncias o Projeto Planeta Azul objetivando a formação integral das crianças, através da atuação em sua base educacional e cultural vem auxiliando os
8 33 educadores no trabalho voltado para a internalização de conceitos espirituais, morais e éticos, incentivando o desenvolvimento da espontaneidade, vontade própria, iniciativa e criatividade. Pais e educadores precisam tomar consciência que para educar crianças não basta apenas dar a elas uma boa assistência médica, uma boa escola, roupas, cursos de inglês, informática. É preciso ensiná-los a enfrentar a vida, sem que para isso seja preciso eliminar a própria vida ou a de outra pessoa, para ser feliz ou vitorioso. O Projeto Planeta Azul através de seus instrumentos para-didáticos, objetiva a formação integral do homem, despertando-o para o espiritualismo e o altruísmo, fazendo com que o mesmo creia no invisível, ensinando que existem espírito e sentimento não só no ser humano, mas também nos animais, nos vegetais e nos demais seres. O projeto atua auxiliando no cultivo do espírito e na internalização dos valores morais e éticos, que são a base do caráter, complementando os demais métodos instrumentalizados para a formação intelectocultural dos educandos. Através de resultados o projeto Planeta Azul demonstra que é possível equilibrar e harmonizar o nosso planeta através da mudança do nosso sentimento e com a compreensão do verdadeiro significado da vida e sua missão, tendo como meta: - Atuar na construção da estrutura de valores da criança, objetivando a sua formação espiritual, moral e ética, transformando seus sentimentos e mudando seu comportamento, - Contribuir para o desenvolvimento de todas as potencialidades do indivíduo, gerando o sentimento de que o mais importante não é ser reconhecido como homem inteligente e poderoso, mas ser amado como um homem íntegro, honesto, altruísta e útil à sociedade, - Ensinar o aluno a ser humano, priorizando o caráter, a bondade, a simpatia, a compreensão, a tolerância e o espírito como essência de vida. Sem o aprendizado desses conceitos, estará impedido de utilizar outros conhecimentos corretamente, para o bem da sociedade e o alcance da cidadania almejada por todos,
9 34 própria, - Desenvolver no educando a espontaneidade, iniciativa, criatividade e vontade - Difundir os conceitos de Felicidade, Cidadania, Organização, Gratidão, Altruísmo, Respeito, Amizade e Honestidade, - Desenvolver a capacidade participativa, a colaboração e a consciência coletiva da criança, através de experiências pautadas na prática constante dos valores espirituais, morais e éticos, - Possibilitar a internalização dos conceitos morais e éticos, objetivando a assimilação e incorporação pelos educandos de novas atitudes. O projeto utiliza como instrumento didático a revista em quadrinho Planeta Azul Por Um Mundo Melhor a qual as histórias publicadas, são baseadas em experiências vivenciadas pelos alunos que participam do projeto. Chegam à redação do Planeta Azul, centenas de cartas de crianças para os personagens, as que trazem experiências relevantes são transformadas em roteiros e produzidas em novas histórias para serem publicadas em edições seguintes e que se encaixam dentro da proposta anual. O projeto inicia com a Campanha do Obrigado. É um movimento, que tem a intenção de trabalhar o conceito de gratidão numa parceria assumida pelos educadores, crianças e pais, onde se faz necessário que a criança possa conhecer desenvolver os conceitos e para isso, todos ficarem atentos a observação de sempre verem o lado positivo de tudo que acontece e manifestar gratidão em qualquer circunstância. A prática voluntária do bem fará com que ela se sinta útil e amada pelas pessoas com as quais convive em sociedade. Além do mais, fortalecerá seus laços de amizade, aumentando sua auto-estima.
10 35 Assim, o ato de fazer algo em favor do outro é o mesmo que para si mesmo. É uma forma de praticar o amor-próprio, o respeito, a responsabilidade e a compreensão. Nada mais promove a saúde do corpo e da alma do que o espírito de gratidão. Além de toda possibilidade que a geração das histórias possibilita, visto que os próprios alunos são protagonistas, e de forma simples retratam o seu cotidiano, promovendo assim melhoria na autoestima, conhecendo a importância de ser grato em qualquer circunstancia, ver sempre lado positivo das coisas, proporcionando nesta fase importante da vida em que são consolidados os valores que servirão de base para o resto de suas vidas, o Projeto Planeta Azul além da Campanha do Obrigado, sugere outras propostas do exercício de espiritualidade ao longo do desenvolvimento do trabalho e que as denominam Atividades Permanentes que podem ser aplicadas de maneira simples e acessível. São sugestões de propostas que possibilitam colaborar a formação dos alunos no que se refere aos aspectos social, afetivo, cognitivo e emocional, e ainda pretendem contemplar o sentido da verdadeira educação compreendida pelo Projeto Planeta Azul como sendo aquela que desenvolve o autoconhecimento, o cuidado para com o outro e a responsabilidade pela preservação e perpetuação do ambiente planetário. São indicadas ainda ao longo do ano como sugestões nos Pontos de Apoio com as historias que possibilitam realizá-las. Ikebana: Arranjos florais que visa desenvolver a sensibilidade e o equilíbrio necessários à boa convivência, refletindo sobre a beleza das flores e a missão que as mesmas possuem em suas vidas. Horta: O trabalho da horta conscientiza o aluno sobre a qualidade dos produtos que consome no dia a dia e apresenta uma possibilidade mais saudável para se cultivar esses alimentos a agricultura natural, método preconizado por Mokiti Okada. Cozinha Experimental: Tem por finalidade enriquecer os conteúdos e os conceitos trabalhados a partir do preparo de alimentos. Na cozinha, além de serem desenvolvidos conceitos de todas as disciplinas (frações, quantidades, pesos e medidas, valor nutricional, cores, formas geométricas, diversidade cultural...), também são desenvolvidos valores e atitudes quanto a gratidão pelo agricultor, pelo alimento a mesa, desperdício, reaproveitamento, etc. à higiene,
11 36 Relaxamento: Ao contrário do que se pensa o não traz em si a idéia de acalmar o aluno e com isso fazê-lo prestar mais atenção na aula. O princípio é aproximar o máximo possível a freqüência cerebral (ondas) dos alunos, através de exercícios de respiração, e com isso preparar o cérebro para receber os conhecimentos do dia de trabalho. Livro da Aprendizagem: Consiste no registro diário de uma aprendizagem ou acontecimento relevante no dia de trabalho da turma. O próprio grupo decide o mecanismo de produção, que pode ser uma dissertação, um desenho, uma técnica de artes e ou qualquer outra forma de expressão e comunicação que revele a emoção e o sentimento dispensado durante a realização da atividade. Pensamento da Semana: sugere-se um pensamento, uma mensagem que determina a prática da semana que visa à reflexão dos alunos sobre os valores e as posturas positivas que devemos desenvolver para com o outro e perante a vida. Musicas do Projeto: Através de temas educativos, os alunos irão resgatam valores já esquecidos. As letras e as melodias mudam o sentimento das crianças, como conseqüência, as atitudes. Os ritmos são variados, modernos, passando por pagode, reggae, sertanejo, forró e axé, ou ainda temas mais clássicos, como valsas, operetas, e músicas lentas, como a canção Por um Mundo Melhor. Para demonstrar a possibilidade da caracterização de pessoas e ambientes resiliente em escola, apresenta a seguir duas experiências que aconteceram em escola escolas brasileiras a partir da participação no projeto Planeta Azul: Classe Especial na EE Jardim Campo de Fora em São Paulo, Capital, com 15 alunos, na faixa dos 8 aos 15 anos, com problemas físicos e mentais variados, alguns deles até dependentes, usam inclusive fraldão. A Profa. Raquel relata que a Campanha do Obrigado ocorreu de forma convencional, no entanto, durante o período da campanha os alunos escreveram o roteiro de uma peça teatral com o tema Gratidão. Segundo a professora, o entusiasmo dos alunos foi tão grande, que convidaram os colegas de outras classes para assistirem a apresentação da peça. A ideia seria convidar apenas alguns, quando se deram por conta, quase todos os alunos da escola assisteram. Eles próprios que providenciaram cenário, figurinos, numa iniciativa que até então não tinham, pois como citado anteriormente, são muito dependentes. A professora atribui a Campanha do Obrigado, à prática de boas ações
12 37 que incentiva, a solidariedade, como agentes provocadores dessa mudança entre seus alunos. Os alunos dessa classe especial demonstram grande carinho entre eles. Quando um deles participa da aula, falando alguma coisa, todos os outros aplaudem, abraçam, é emocionante a forma como eles se relacionam, quando um demonstra dificuldade, outros são solidários e correm apara ajudar. Classe de Recuperação de Ciclo. Ao assumir uma sala projeto de recuperação de ciclo composta por alunos repetentes da 4ª. Série e por alguns alunos da classe especial, a profª Sueli acreditava que não daria conta, tamanho eram os problemas que apurou no dia a dia da classe. Ao conhecer o Projeto Planeta Azul, viu nele a esperança, e com isso ganhou forças para cumprir seu trabalho com os alunos. A professora relata um pouco de sua vivencia com o Planeta Azul: na Campanha do Obrigada, através do afeto e do carinho, os alunos passaram a se respeitar mais, pois, para ganharem o obrigado passaram a mover ações que até então não tinham. O interessante era que, sempre ficavam atentos em fazer coisas que agradassem a professora, e quando isso não acontecia, logo iam se desculpar. Caíque, um dos alunos que veio da classe especial, muito agitado, que se irritava quando as coisas não aconteciam do seu agrado, tornou-se um aluno calmo, ajudando até nos afazeres de casa. A professora relata ainda que tinha dificuldade de desenvolver atividades de artes com os alunos, pois eles sempre diziam não serem capazes. Porém, ao sugerir uma atividade com o personagem preferido, foi surpreendente o entusiasmo deles e a felicidade do trabalho que produziram, recuperando ainda mais a autoestima. Houve ainda uma experiência muito interessante relatada pela aluna Karen, que disse ter aprendido a arrumar a mesa para servir as refeições como Flora. Profa. Sueli aproveitou o momento e naquele dia todos os alunos debateram sobre como podem arrumar a mesa em suas casas bem bonita, colocando mais beleza na mesa. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em meio a tantas mudanças de ordem social, política, econômica, filosófica e diante da violência estrutural que vem invadindo os portões da escola, a formação de professores não
13 38 pode se configurar exclusivamente pela ênfase em técnicas e metodologias de ensino, mas, deve ser incluída a capacidade de interpretar os acontecimentos e posicionar-se frente aos mesmos. Acreditando que a resiliência é um elemento positivo de sensibilização, atenção e conhecimento para o professor enfrentar com adequação os problemas que surgem ao longo de sua caminhada. E que as qualidades dos resilientes permitem curar-se de feridas dolorosas, assumirem suas vidas e irem em frente para viver e amar plenamente. A pesquisa possibilitou conhecer um pouco sobre a resiliência e o quanto o Projeto Planeta Azul serve de instrumento de parceria na formação de pessoas e ambientes resilientes. E que ao desenvolver o Projeto Planeta Azul na escola não é só o destino dos alunos e professores participante que transforma, mas todo o contexto educacional, ficando evidente que, a participação dos gestores no processo, e a transformação do olhar nas situações de adversidades, favorecem a oportunidade de ouvir, e agir. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ASSIS, S. G. de. ; PESCE, R. P.; AVANCI, J. Q. Resiliência: enfatizando a proteção dos adolescentes. Porto Alegre: Artmed, ANTUNES, Celso; Resiliência - A construção de uma nova pedagogia para uma escola publica de qualidade. Petrópolis: Vozes, AZEVEDO, J. Resiliência del adolescente e sus componentes emocionais durante su desenvolvimento. Publicado no site: Lisboa, BLUM, R. W. Risco e resiliência. Sumário para desenvolvimento de um programa. In: Adolescência Latinoamericana / , COSTA, A. C. G. Resiliência. Pedagogia da presença. São Paulo: Modus Faciend, FERREIRA, Naura Syria Carapeto. Gestão escolar in Supervisão Escolar: Novos Desafios e Propostas. Ana Machado, web artigos, publicada em 12/10/ FILHO, Geraldo Francisco. A Educação Brasileira no contexto histórico. Campinas, SP: Alínea, 2001.
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