Características de rendimento em híbridos de milho doce em função do espaçamento e da densidade populacional.
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1 Características de rendimento em híbridos de milho doce em função do espaçamento e da densidade populacional. Vitor Hugo B. Barbieri 1 ; José Magno Q. Luz 1 ; Cesio H. de Brito 2 ; Monalisa A. D. da Silva 1 ; Denise G. Santana 1 1 UFU-Instituto de Ciências Agrárias, C.Postal 593, Cep Uberlândia MG, jmagno@umuarama.ufu.br, 2 Syngenta Seeds Ltda, C. Postal 585, Cep Uberlândia MG, césio.brito@syngenta.com RESUMO Este trabalho teve como objetivo avaliar dois genótipos de milho doce, em quatro espaçamento entre linhas e cinco densidades de semeadura, quanto às características agronômicas: rendimento industrial, produtividade, número de fileiras/espiga; comprimento e diâmetro de espiga, profundidade e largura do grão e porcentagem de espigas podres. O ensaio foi instalado utilizando delineamento experimental de blocos casualizados, com quatro repetições, totalizando 40 tratamentos. A análise de variância demonstrou interações duplas para as variáveis rendimento industrial, diâmetro da espiga, número de fileiras/espiga e porcentagem de espigas podres. O híbrido triplo apresentou maior rendimento industrial, com espaçamento entre linhas de 80 cm e densidade de semeadura de 65 e 70 mil plantas por hectare. Enquanto, que o híbrido simples apresentou maior produtividade, com espaçamento entre linhas de 60 e 70 cm e densidade de 65 e 70 mil plantas por hectare. Ainda, quanto maior foi o número de fileiras/espiga, comprimento e diâmetro da espiga e largura dos grãos maior foi a produtividade. O rendimento industrial foi correlacionou-se positivamente com a profundidade de grãos, justificando a obtenção de maiores rendimentos no híbrido triplo. Palavras-chaves: Zea mays, genótipos, espaçamento densidade populacional. ABSTRACT Industrial recovery characteristics in sweet corn hybrids founded in row spacing and population. This work aimed to study two genotypes of sweet corn in four spacing between rows and five densities of plants in order of industrial recovery, yield and number of grain rows per ear, length and diameter of ear, deep and width kernel and proportion of root ears. The trial was evaluated in a randomized blocks design with four repetitions, totalizing 40 treatments. The analyze of variance shown double interactions for industrial grain recovery, diameter ear, number of grain rows per ear and percentage of root ear. The three way cross hybrid shown better industrial grain recovery with 80 cm row spacing and 65 e 70 thousands plants 1
2 density per hectare. While, the single cross hybrid achieve better yield with 60 and 70 cm row spacing and 65 and 70 thousands plants per hectare. Beside those, with increasing in number of grain rows per ear, length and diameter of ear and width of kernel, also increased yield. The industrial grain recovery had positive correlation with deep kernel, justifying the biggest recovery of three-way hybrid. Key-words: Zea mays, genotypes, density, row spacing. Os fatores qualitativos e quantitativos são fundamentais na definição de um bom híbrido de milho doce para o segmento de processamento industrial. Os fatores qualitativos estão principalmente ligados à textura do pericarpo e sabor. Por sua vez, os fatores quantitativos utilizam com padrão à medida de rendimento industrial e produtividade. O rendimento industrial é definido como sendo a razão entre o peso de espigas com palha, pelo peso de grãos cortados industrializados. Vários são os fatores que compõem o rendimento industrial: número e peso de espigas por área, profundidade de grãos, número de fileiras de grãos, e preenchimento, comprimento e diâmetro das espigas. Já a produtividade é dada pelo peso de espigas com palha por unidade de área. A redução do espaçamento entre linhas promove alterações nas características das plantas, principalmente sob altas densidades de semeadura, devido, provavelmente, às mudanças no grau de competição entre plantas. A redução no espaçamento entre linhas e aumento na densidade de plantas, diminui a competição entre plantas na linha e aumenta a competição entre plantas de linhas diferentes. Portanto, é possível que a densidade de plantas esteja tendo sua resposta afetada pelo espaçamento entre linhas. A escolha da população de plantas de milho por área leva em consideração fatores como: a cultivar, a disponibilidade de água e nutrientes e o destino do produto obtido. Em regiões onde não existem problemas hídricos e de fertilidade, trabalhos têm demonstrado uma tendência de maiores produções de grãos (VAZQUEZ ; SILVA, 2002). O presente trabalho teve como objetivo avaliar as características de rendimento de genótipos de milho doce, em diferentes espaçamentos e densidades de semeadura. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na estação experimental da Syngenta Seeds, localizada no município de Uberlândia, a altitude de 900 metros, no período de outubro a Janeiro de Utilizou-se o delineamento experimental de blocos casualizados, em esquema fatorial 2x4x5, totalizando 40 tratamentos, com quatro repetições. A parcela experimental constou de 4 linhas de 4 metros de comprimento, sendo considerada como área útil as 2 linhas centrais. Os Tratamentos constaram de um híbrido simples e um triplo comerciais, quatro 2
3 espaçamentos entre linhas (0,6 m, 0,7 m, 0,8 m, e 0,9 m) e cinco densidades de plantio (50, 55, 60, 65 e plantas por ha). Foram semeadas 20% a mais relativo a cada população por linha de plantio. Aos 25 dias após a emergência foi efetuado o desbaste, ajustando o stand. Os tratos culturais e fitossanitários foram conduzidos de acordo com as recomendações para a cultura. A colheita foi realizada com 73% de umidade nos grãos, onde se implementou as seguintes avaliações: produtividade de espigas com palha (PROD), rendimento industrial (REND), números de fileiras de grãos por espiga (NFIL), comprimento e diâmetro das espigas (COES e DIES), profundidade e largura dos grãos (PRGR e LAGR) e porcentagem de espigas podres (ESPO). Através de uma balança de precisão de 5g, foram pesadas todas as espigas e grãos retirados da parcela útil. Para as características NFIL, COES, DIES, PRGR e LAGR, utilizou-se 10 espigas amostradas da parcela útil. Para o comprimento das espigas utilizou-se uma régua graduada em milímetros, medindo o comprimento da base ao ápice dos grãos. Já para o diâmetro das espigas, trabalhou-se com um paquímetro digital, tomando-se o diâmetro do terço médio. A profundidade e largura de grãos foram avaliadas partindo-se as espigas manualmente e a profundidade medida em milímetros, com paquímetro digital, em 4 grãos, escolhidos em lados opostos e cruzados no terço médio de cada espiga amostrada da parcela útil. Os dados obtidos foram submetidos ao programa Prophet para averiguar a existência de normalidade e homogeneidade das variâncias, sendo que as variáveis rendimento de grãos e porcentagem de espigas podres foram transformadas para arc sen (x+100), enquanto que número de fileiras por espiga e profundidade dos grãos para (x +0.5) 1/2, para obtenção de tais. Após, fez-se a análise da variância, pelo teste de T, e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, com auxílio do programa SANEST (SÁRRIES et al., 1992). RESULTADOS E DISCUSSÂO O resultado da análise de variância demonstrou não haver efeito para interação tripla (genótipo x espaçamento x população), para nenhum das variáveis analisadas. As variáveis, rendimento industrial (REIN), diâmetro de espigas (DIES), número de fileiras de grãos por espiga (NFIL) e espigas podres (ESPO) apresentaram interação entre os fatores genótipo e espaçamento. Em relação à interação genótipo x densidade e espaçamento x densidade, apenas o caracter rendimento industrial apresentou influência significativa. Pelos dados apresentados na Tabela 1, verificou-se que o híbrido triplo semeado com um espaçamento entre linhas de 80 cm apresentou maior rendimento industrial, apesar de 3
4 não diferir estatisticamente quando semeado com espaçamento de 60 e 90 cm. No entanto, o menor rendimento industrial foi obtido com o híbrido simples, em todos os espaçamentos estudados. Esta variável correlacionou-se positivamente com a profundidade de grãos (Tabela 4), demonstrando que os resultados de maior rendimento do híbrido triplo foi obtido como conseqüência de uma maior profundidade de grãos. Estes resultados indicam uma baixa plasticidade desta variável em relação ao espaçamento entre linhas. Quanto à interação genótipo x densidade (Tabela 2), nota-se que o híbrido triplo com densidade de semeadura de 65 e 70 mil plantas por hectare apresentaram maiores rendimentos industriais, não diferindo estatisticamente do mesmo híbrido nas densidades 55 e Também, para o rendimento industrial, constatou-se interação dupla entre os fatores espaçamento e população. O melhor tratamento foi 60 centímetros entre linhas em uma população de plantas. Este resultado é coerente com o maior comprimento e diâmetro de espigas e principalmente maior porcentagem de espigas podres, obtidos para está população. Um maior vigor do híbrido simples poderia estar conferindo maior comprimento e diâmetro médio e menor podridão das espigas (Tabela 3). Em relação ao número de fileira de grãos por espiga, o híbrido simples apresentou melhores resultados em relação ao triplo, para todos os espaçamentos estudados. Para esta variável observa-se um maior efeito do fator genótipo, demonstrando novamente ser uma característica pouco plástica com variações de espaçamento. O híbrido simples apresentou um maior diâmetro médio de espigas com o espaçamento de 70 centímetros, apesar de não diferir estatisticamente de 60 e 80 centímetros. Verificou-se no híbrido triplo maior profundidade de grãos (mm), enquanto que no híbrido simples maior produtividade (kg ha -1 ) e largura dos grãos (mm). Analisando o efeito da densidade nestas mesmas variáveis, observou-se maior profundidade na densidade de 50 mil plantas por hectare, apesar de não diferir estatisticamente de 55 mil, enquanto que para largura dos grãos os melhores resultados foram encontrados utilizando 50 e 55 mil, não diferindo estatisticamente de 60 e As maiores produtividades foram encontradas nas densidades de 70 e 65 mil plantas por hectare, não diferindo estatisticamente de 55 e 60 mil plantas. Ainda, obteve-se maior produtividade utilizando espaçamentos de 60 e 70 cm, apesar de não diferir estatisticamente de 80 cm. O mesmo resultado foi encontrado por Arias et al. (2000), onde os mesmos estudando o desempenho de duas cultivares de milho pipoca em diferentes espaçamentos obtiveram maiores produtividades nos espaçamentos de 60 e 70 cm entre linhas de cultivo. Segundo Bullock et al (1988), menores espaçamentos entre linhas permitem melhor distribuição espacial das plantas de milho, aumentando a eficiência na intercepção da luz. Muitas vezes, isto reflete 4
5 em incrementos de rendimento de grãos devido ao aumento da produção fotossintética líquida. Quanto a porcentagem de espigas podres, notou-se que o maior número foi obtido utilizando híbrido triplo com espaçamento de 90 cm, não diferindo estatisticamente em 60 cm. Por meio dos dados de correlações simples de Pearson (Tabela 4), verificou-se que a maioria das correlações significativas foram baixas, demonstrando que apenas materiais no grupo analisado sofreram a influência de outra variável. Nota-se que quanto maior o número de fileiras, o comprimento e diâmetro da espiga e largura dos grãos, maior será a produtividade, sendo a mesma reduzida quanto maior for a porcentagem de espigas podres. Noldin; Munstock (1988) também observaram que a maior produtividade de um dos híbridos foi associada ao maior número de grãos/espiga, tendo sido decorrente do maior número de fileiras de grãos/espiga. Os resultados encontrados neste experimento e por Noldin; Munstock (1988) contradizem aos observados por Belasque Júnior et al. (2000), onde a produtividade não esteve correlacionada com os componentes de rendimentos avaliados (diâmetro e comprimento de espiga, número de fileiras/espigas, número de grãos/fileiras, peso de espigas e peso de cem grãos). LITERATURA CITADA ARIAS, E.R.A. et al. Desempenho de duas cultivares de milho pipoca em diferentes espaçamentos sob solo arenoso no município de Campo Grande. In: CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO, 23., Uberlândia. Anais... ABMS/Embrapa Milho e Sorgo, (CD-ROM). BELASQUE JÚNIOR, J. et al. Estudo comparativo dos componentes de rendimento e da produtividade de diferentes cultivares de milho (Zea mays L.). In: CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO, 23., Uberlândia. Anais... ABMS/Embrapa Milho e Sorgo, (CD-ROM). BULLOCK, D.G.; NIELSEN, R.L.; NYQUIST, W.E. A growth analysis comparison of corn grown in conventional and equidistant plant spacing. Crop Science, Madison, v.28, n.2, p NOLDIN, J.A.; MUNDSTOCK, C.M. Rendimentos de grãos e componentes de rendimento de três cultivares de milho em duas épocas de semeadura. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.23, n.6, p , SARRIÉS, A.G. et al. Sanest. Piracicaba, ESALQ/CIAGRI, 80p. (Série didática CIAGRI, 06), VAZQUEZ, G.H.; SILVA, M.R.R. da. Influência de espaçamentos entre linhas de semeadura em híbrido simples de milho. In: CONGRESSO NACIONAL DE MILH E SORGO, 24., Florianópolis, SC. Meio ambiente e a nova agenda para o agronegócio de milho e sorgo: resumos. Sete Lagoas: ABMS/Embrapa Milho e Sorgo/Epagri,
6 Tabela 1. Médias de dados de rendimento industrial (%) de milho doce, expresso em porcentagem, em função dos genótipos e espaçamentos utilizados. UFU, Uberlândia, Genótipo Espaçamento (cm) Híbrido Simples 44,98 ba 44,38 ba 43,78 ba 44,50 ba Híbrido Triplo 48,25 aab 47,67 ab 49,01 aa 48,64 aab 1/ Médias seguidas de mesma letra minúscula, na vertical, e maiúscula, na horizontal, não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. Tabela 2. Médias de dados de rendimento industrial (%) de milho doce, expresso em porcentagem, em função dos genótipos e densidades utilizadas. UFU, Uberlândia, Genótipo Densidades (plantas ha -1 ) Híbrido Simples 43,62 bb 46,22 ba 43,54 bb 44,54 bb 43,05 bb Híbrido Triplo 47,37 ab 48,59 aab 47,98 aab 49,09 aa 48,91 aa 1/ Médias seguidas de mesma letra minúscula, na vertical, e maiúscula, na horizontal, não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. Tabela 3. Médias de dados de rendimento de grãos (%) de milho doce, expresso em porcentagem, em função da população e densidade de semeadura. UFU, Uberlândia, / Densidade Espaçamento (cm) ,25 bca 44,94 aa 45,79 aa 45,95 aa ,00 aa 46,66 ab 47,18 aab 46,78 ab ,82 ca 46,05 aa 46,04 aa 46,32 aa ,27 aa 46,24 aa 47,48 aa 46,32 aa ,00 aba 45,75 aa 45,49 aa 47,36 aa 1/ Médias seguidas de mesma letra minúscula, na vertical, e maiúscula, na horizontal, não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. Tabela 4. Coeficientes de correlações simples de Pearson entre as variáveis analisadas. UFU, Uberlândia, PROD REND. N.FIL. CO.ES. DI.ES. PR.GR. LA.GR ES.PO. PROD 1-0,52** 0,59** 0,35** 0,62** -0,24** 0,15* -0,27** REND. 1-0,43** -0,32** -0,54** 0,38** -0,20* 0,23** N.FIL. 1 0,36** 0,72* -0,09 0,04-0,23** CO.ES. 1 0,67** 0,13 0,41** -0,28** DI.ES. 1 0,01 0,37** -0,37** PR.GR. 1 0,19* -0,01 LA.GR 1-0,15 ES.PO. 1 PROD.: Produtividade (kg ha -1 ); REND.: rendimento industrial (%); CO.ES..: Comprimento de espiga (mm); DI.ES.: Diâmetro de espiga (mm); PR.GR.: Profundidade do grão (mm); LA.GR.: Largura do grão (mm); ES.PO.: Espiga podre (%). **;* Significativo à 1 e 5% de probabilidade, pelo teste de T. 6
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