Recorrente: Anderson de Oliveira Santos. Recorrido: Worship Assessoria em RH Ltda., Construtora Tenda S.A.

Transcrição

1 Recorrente: Anderson de Oliveira Santos Recorrido: Worship Assessoria em RH Ltda., Construtora Tenda S.A. CERTIFICO que, em sessão realizada nesta data, sob a Presidência do(a) Desembargador Federal do Trabalho Jose Nascimento Araujo Netto com a presença do Ministério Público do Trabalho na pessoa do(a) ilustre Procurador(a) Dr. Fábio Luiz Vianna Mendes e dos Excelentíssimos Desembargadores Federais do Trabalho Alexandre Teixeira de Freitas Bastos Cunha, Relator, Mario Sergio Medeiros Pinheiro e Gustavo Tadeu Alkmim, resolveu a(o), proferir a seguinte decisão: por unanimidade, negar provimento ao recurso ordinário interposto pelo reclamante, consoante voto do Desembargador Relator que adiante segue: CONHECIMENTO. Conheço. O recurso é tempestivo - parte ciente da decisão em 18/01/2013, sexta-feira (fls. 94), e interposição em 22/01/2013, quarta-feira (fls. 95). Está subscrito por advogado regularmente constituído (procuração de fls. 08). O reclamante é beneficiário da gratuidade de justiça (fls. 93). MÉRITO. CONTRATO DE TRABALHO. NORMA COLETIVA APLICÁVEL. Sustenta o reclamante, em suma, que: a sentença colide com disposição contida na cláusula 21ª da convenção coletiva, anexada às fls. 20/30, quando veda a contratação para prestação de serviços em contrato temporário; foi contratado

2 PODER JUDICIÁRIO FEDERAL pela 1ª reclamada para prestar serviços em benefício da 2ª reclamada, em obra realizada em Duque de Caxias, conforme documentos de fls. 65/68; a 1ª ré não trouxe aos autos prova da existência de acordo celebrado com o sindicato que representa a sua categoria, para contratar mão de obra temporária, conforme prevê a retromencionada cláusula normativa; a 1ª ré é empresa especializada em contratação de qualquer mão de obra, utilizando-se a 2ª ré de seus serviços para fugir do pagamento de aviso-prévio e demais parcelas. O Juízo de origem julgou improcedente o pedido, sob o fundamento de que a norma coletiva invocada pelo reclamante não lhe é aplicável. Asseverou que o reclamante foi admitido por meio de contratação temporária, regida pela Lei nº 6.019/74, não se confundindo com o contrato por experiência, hipótese a que estaria restringida a previsão constante da convenção coletiva. O primeiro aspecto a ser observado reside na colisão, ou não, da decisão recorrida com norma coletiva acostada às fls. 20/40 dos autos. Referida convenção coletiva foi firmada entre o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil (Leve e Pesada), Montagem e Manutenção Industrial, Mármores e Granitos, Mobiliário e Vime de Duque de Caxias, São João de Meriti, Nilópolis, Magé e Guapimirim - SITICOMMM e o

3 Sindicato das Indústrias da Construção (inclusive Engenharia Consultiva e Montagem Industrial) Marmorista e do Mobiliário, telefonia e Instalações Elétricas de Duque de Caxias, Magé, Nilópolis, Nova Iguaçu, São João de Meriti, Mangaratiba, Mesquita, Japeri, Queimados, Seropédica, Guapimirim, Parati, Paracambi, Belford Roxo, Itaguai e Angra dos Reis SINCOCIMO. Acerta o MM. Juízo a quo quando sustenta a inaplicabilidade da aludida norma coletiva ao empregador do reclamante, a primeira reclamada, WORSHIP ASSESSORIA EM RH LTDA., cujo objeto social consiste na terceirização de mão de obra temporária regida pela Lei nº 6019/74", a teor da cláusula segunda de seu estatuto social (fls. 37). Logicamente, a convenção coletiva, que, embora dotada de alma de lei, está estruturada no corpo de contrato, limita subjetivamente sua eficácia às categorias profissional e econômica envolvidas no correspondente processo negocial coletivo. In casu, os sindicatos firmantes do pacto normativo em exame são aqueles afetos à construção civil, nas bases territoriais especificamente delimitadas em suas denominações, mas, definitivamente, não englobam a atividade de oferta de mão de obra terceirizada. É certo que, na peça recursal, sustenta o recorrente afronta do julgado à cláusula 21ª da convenção coletiva, cujo teor é o seguinte: Para atender eventuais necessidades de aumento temporário do quadro pessoal, as empresas mediante acordo coletivo de trabalho com o Sindicato de Trabalhadores, poderão contratar novos empregados por prazo determinado, ajustandose as partes, cláusulas e condições, baseadas no dispositivo da Lei 9.601/98 criado para tal finalidade. 1ª - As empresas se obrigam anotar na CTPS dos seus empregados, o período da contratação, com início e término sob pena de invalidade da cláusula, bem como entregar ao trabalhador uma cópia do contrato de trabalho. 2º Fica terminantemente vedada a contratação de empregados para realização de trabalho temporário, através de empresas do gênero, bem como contratação de empregados por

4 PODER JUDICIÁRIO FEDERAL intermédio de sociedades cooperativas, formando-se o vínculo profissional, representada pelo Sindicato Patronal convenente. (fls. 24vº) À luz da cláusula anteriormente transcrita, poder-se-ia argumentar, tal como consta da peça recursal, que a vedação da contratação temporária teria o condão de eivar de nulidade o pacto terceirizado celebrado pelos ora litigantes em todas as duas dimensões envolvendo as empresas entre si, a prestadora e o autor, assim como entre este e a tomadora, na obtenção do benefício da força de trabalho. Assim o é, devido à consequência pelo descumprimento da cláusula acima transcrita, previamente determinada coletivamente, qual seja, repita-se, a formação do vínculo de emprego diretamente com a empresa tomadora dos serviços. Porém, a hipótese de nulidade refoge aos limites da lide, na medida em que esse pedido não foi formulado pelo autor, na inicial. A pretensão autoral não é dirigida frente à segunda ré, CONSTRUTORA TENDA S.A., na qualidade de devedora principal, mas apenas subsidiária, a teor da Súmula nº 331, do c. TST, tal como se pode observar nitidamente da leitura dos itens 2 usque 3 da causa de pedir, assim como da alínea b do petitório inicial. Como se não bastasse, a alusão à cláusula 21, anteriormente reproduzida, foi uma novidade introduzida quando do apelo. Na

5 verdade, o que o autor alega no libelo é a contratação por prazo determinado, a título de experiência, por prazo superior a trinta dias, limite expressamente fixado na cláusula 17 da mesma norma coletiva. Como corolário do exposto, tem-se que a norma coletiva, em que fundada a pretensão autoral, não se aplica à empresa prestadora de serviços de modo direto, devido aos limites subjetivos da eficácia que produz. Poderia se lhe aplicar mediatamente, caso houvesse pedido de reconhecimento de vínculo empregatício direto com o tomador dos serviços, o que, entretanto, não é a hipótese dos autos. Por fim, a contratação realizada por interposta pessoa não se confunde com o contrato de experiência que, na forma da pretensão deduzida, teria sido a modalidade de ajuste inter partes. Diante desses elementos, correta a sentença. CONCLUSÃO Ante o exposto, nego provimento ao recurso ordinário interposto pelo reclamante. CERTIFICO E DOU FÉ Sala de Sessões, 16 de Abril de 2013 Denise Fernandes de Lima Secretário da Sessão Desembargador Alexandre Teixeira de Freitas Bastos Cunha Relator