novembro de 2013 Fundação Perseu Abramo - Partido dos Trabalhadores Os intocáveis (IV): Mudanças na composição da força de trabalho brasileira

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1 10 novembro de 2013 Fundação Perseu Abramo - Partido dos Trabalhadores Os intocáveis (IV): Mudanças na composição da força de trabalho brasileira

2 Expediente Esta é uma publicação da Fundação Perseu Abramo. Diretoria Executiva Presidente Marcio Pochmann Vice-Presidenta Iole Ilíada Diretoras Fátima Cleide, Luciana Mandelli Diretores Artur Henrique, Joaquim Soriano Conselho Curador Hamilton Pereira (presidente), André Singer, Eliezer Pacheco, Elói Pietá, Emiliano José, Fernando Ferro, Flávio, Jorge Rodrigues, Gilney Viana, Gleber Naime, Helena Abramo, João Motta, José Celestino Lourenço, Maria Aparecida Perez, Maria Celeste de Souza da Silva, Nalu Faria, Nilmário Miranda, Paulo Vannuchi, Pedro Eugênio, Raimunda Monteiro, Regina Novaes, Ricardo de Azevedo, Selma Rocha, Severine Macedo, Valmir Assunção

3 Partido dos Trabalhadores Fundação Perseu Abramo FPA Comunica 10 Os intocáveis (IV): mudanças na composição da força de trabalho brasileira São Paulo, novembro de 2013

4 1. Apresentação O FPA Comunica 10 enfoca as principias mudanças ocorridas na composição da força de trabalho brasileira nos últimos dez anos. Ademais da análise sobre a atividade e a inatividade da população em idade ativa (acima de 15 anos de idade), considera-se também o posicionamento dos segmentos ativos em relação à ocupação e ao desemprego. Dessa forma, espera-se avançar no entendimento acerca das condições específicas pelas quais a oferta da mão de obra contribuiu para o quadro geral favorável aos que dependem do seu trabalho para viver. Ou seja, concomitante com a recuperação da expansão econômica responsável pela forte demanda de mão de obra, sobretudo nos empregos assalariados formais, assistiu-se modificações na oferta de mão de obra brasileira. Para isso, o presente FPA Comunica se é composto por duas partes, sendo: a primeira voltada à identificação das mudanças mais gerais na composição da força de trabalho; e a segunda associada à descrição das características básica da mudança na da composição da força de trabalho entre os anos de 2002 e A sistematização das informações foi realizada com gerada nos dados primários da Pnad do Ibge. Como os demais, este FPA Comunica apresenta antecipadamente alguns dos resultados de pesquisas e estudos em desenvolvimento por parte de pesquisadores e estudiosos associados à Fundação Perseu Abramo. 2. Composição da força de trabalho em mudança Em apenas dez anos, a composição da força de trabalho sofreu três significativas transformações no Brasil. A primeira relacionada à redução no peso da força de trabalho relativa ao conjunto das pessoas de 15 anos e mais de idade (População em Idade Ativa PIA). No ano de 2012, por exemplo, 66,5% do total da população com 15 anos de mais de idade constituíam a População Economicamente Ativa (PEA), enquanto em 2002 eram 69,5%. A diminuição em 4,4% na representatividade da PEA relacionada à PIA implicou 4,6 milhões de pessoas a menos no total da força de trabalho. A segunda transformação ocorreu, em consequência, do aumento na proporção da população inativa em relação aos brasileiros de 15 anos e mais de idade. Ou seja, aqueles que não trabalham e nem procuram trabalho. No ano de 2012, por exemplo, a população inativa representou 33,5% do total dos brasileiros com 15 anos e mais de idade. Se comparada com o ano de 2002, quando 30,3% da População em Idade Ativa encontravam-se na condição de inatividade, constata-se crescimento de 10%. A terceira transformação identificada correspondeu à redução simultânea da participação relativa dos desempregados (35,2%) da população ocupada (1,3%) no conjunto da população com 15 anos e mais. Nota-se, assim, que em relação a PIA, a diminuição do desemprego e da força de trabalho ocupada se tornou possível concomitantemente com o aumento da população inativa. FPA Comunica 2

5 Gráfico 01: Brasil Evolução na participação da força de trabalho, dos ocupados, dos desempregados e dos Inativos em relação à população em idade ativa em 2002 e 2012 (em %) Transformações equivalentes na composição da força de trabalho foram também observadas nas grandes regiões geográficas do país. A região Sul, por exemplo, foi a que registrou entre 2002 e 2012 a maior elevação relativa na população inativa (19,7%) em relação ao conjunto dos brasileiros com 15 anos e mais de idade, enquanto a região Sudeste apresentou a maior queda relativa no desemprego (43,6%). Gráfico 02: Brasil - Evolução na participação da força de trabalho, dos ocupados, dos desempregados e dos inativos em relação à população em idade ativa entre 2002 e 2012 (em %) FPA Comunica 3

6 A elevação na participação da força de trabalho ocupada no total da PIA ocorreu somente nas regiões Norte (3,8%) e Sudeste (3,1%) entre os anos de 2002 e Essas duas mesmas regiões geográficas foram também aquelas com as menores reduções participação da População Economicamente Ativa na População em Idade Ativa. 3. As características na composição da força de trabalho Um dos principais motivos explicativos para o aumento da inatividade em relação à população de 15 anos e mais de idade no Brasil deveu-se à postergação do ingresso juvenil no mercado de trabalho. Com isso, o segmento de 15 a 29 anos de idade registrou elevação na condição de inatividade de quase 16% entre os anos de 2002 e Somente o aumento na inatividade juvenil contribuiu como o equivaleu a 2,1 milhões de pessoas com idade ativa sem fazer parte do total da força de trabalho. Ou seja, 45,6% do total de brasileiros que ficaram adicionalmente de fora da População Economicamente Ativa entre os anos de 2002 e Gráfico 03: Brasil - Evolução na participação da força de trabalho, dos ocupados, dos desempregados e dos inativos em relação à população em idade ativa segundo faixa etária entre 2002 e 2012 (em %) Também o envelhecimento da população contribuiu para o avanço da maior inatividade da força de trabalho. Para o segmento de 60 anos e mais de idade, por exemplo, a inatividade aumentou 5,3% entre 2002 e FPA Comunica 4

7 Neste mesmo período de tempo, as faixas etárias de 30 a 59 anos reduziram o peso relativo na inatividade, enquanto a parcela da força de trabalho desempregada diminuiu mais à medida que aumentou a faixa etária dos brasileiros. Para o segmento de 15 a 29 anos de idade, a parcela da força de trabalho na condição do desemprego diminuiu 26,2%, enquanto para a população de 60 anos a queda foi bem maior (40,6%). Gráfico 05: Brasil - Evolução na participação da força de trabalho, dos ocupados, dos desempregados e dos inativos em relação à população em idade ativa segundo escolaridade entre 2002 e 2012 (em %) Em grande medida, o aumento da inatividade esteve associado aos segmentos com menor escolaridade. Na população de 15 anos e mais de idade, os segmentos com até 4 anos de estudos registram crescimento da inatividade de 30,4% entre 2002 e 2012, enquanto a parcela com 12 anos e mais de estudos idade teve 12,3% de aumento na inatividade. A queda no desemprego para a força de trabalho com menor escolaridade foi maior que verificada em outras faixas de estudos. Para o segmento com até 4 anos de estudos, por exemplo, a redução no desemprego foi de 49,3% entre os anos de 2002 e Na medida em que aumenta a faixas de escolaridade, a diminuição no desemprego se apresentou menor. No caso do segmento com escolaridade de 12 anos e mais, a queda no desemprego foi de 22% entre os anos de 2002 e Outro aspecto interessante diz respeito à evolução na participação dos ocupados na população com 15 anos e mais de idade. Registra-se que somente no segmento com 9 a 11 anos de estudos houve aumento dos ocupados relativamente à PIA. FPA Comunica 5

8 Gráfico 05: Brasil - Evolução na participação da força de trabalho, dos ocupados, dos desempregados e dos inativos em relação à população em idade ativa segundo gênero entre 2002 e 2012 (em %) Em relação ao critério de gênero, percebe-se que a inatividade cresceu mais entre os homens (28,7%) que entre as mulheres (3,3%) no período de 2002 a Também no mesmo período de tempo, o desemprego reduziu-se mais para os homens (40,5%) do que para as mulheres (30,6%). Ao mesmo tempo, percebe-se que na participação da mão de obra ocupada na PIA, somente as mulheres registraram crescimento (1,1%), uma vez que os homens tiveram queda de 2,9% no mesmo período de tempo. Gráfico 06: Brasil - Evolução na participação da força de trabalho, dos ocupados, dos desempregados e dos inativos em relação à população em idade ativa segundo cor/raça entre 2002 e 2012 (em %) FPA Comunica 6

9 No quesito raça/cor, observa-se que a queda no desemprego da força de trabalho no total da população com 15 anos e mais de idade foi levemente superior para o segmento branco (38,5%) que o não branco (35,2%) entre os anos de 2002 e Ao mesmo tempo, a população não branca foi a que mais aumento a participação dos inativos (13,6%) na PIA frente o crescimento de 7,7% para o segmento que se declara branco durante o mesmo período de tempo considerado. 4. Considerações finais De acordo com as páginas anteriores, as transformações na composição da força de trabalho foram intensas e fundamentais para a constituição de um quadro geral mais positivo para o conjunto da população brasileira. De um lado, a queda significativa do desemprego resultou da retomada do crescimento econômico nos últimos dez anos associada à forte elevação do nível de emprego da mão de obra. De outro lado, o desemprego bem menor através dos anos decorreu do aumento da inatividade da população com 15 anos e mais de idade (PIA). Em grande medida estimulada tanto pela ampliação da escolaridade do segmento juvenil como pelo envelhecimento da população. Nestes termos, o Brasil conferiu melhores condições para o estudo da população com idade mais precoce, o que permite o ingresso no mercado de trabalho em situação mais favorável. Ao mesmo tempo, a população com idade mais avançada passou a contar com possibilidades mais satisfatórias para transitar para a inatividade. FPA Comunica 7

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