O USO DE FITOTERÁPICOS NA DOENÇA PERIODONTAL: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. Título da Sessão Temática: Produtos naturais, farmacológicos e cosméticos.

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1 CONEXÃO FAMETRO: ÉTICA, CIDADANIA E SUSTENTABILIDADE XII SEMANA ACADÊMICA ISSN: O USO DE FITOTERÁPICOS NA DOENÇA PERIODONTAL: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. Ana Isabela Costa Carneiro Flavio Rodrigues Lopes Filho Luana Bezerra da Silva Prof. Dr. João Jaime Giffoni Leite FAMETRO Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza. anaccisabela@gmail.com Título da Sessão Temática: Produtos naturais, farmacológicos e cosméticos. RESUMO Introdução: Os fitoterápicos são preparações vegetais com substâncias presentes nas plantas medicinais. Estes possuem inúmeras ações farmacológicas que podem ser uma saída para o tratamento de diversas doenças. Desenvolvimento: Foi realizada nos meses de Julho e Agosto uma busca por publicações relacionadas às plantas medicinais, os fitoterápicos e a doença periodontal. Resultados: O Brasil é um país com grande potencial, quando se fala do uso de plantas medicinais, no entanto, a fitoterapia ainda precisa ser mais conhecida, utilizada e estudada. Conclusão: Embora sejam utilizados popularmente há muito tempo, deve haver, ainda, um maior incentivo e uma conscientização para com o profissionais. Palavras-chave: doença periodontal. fitoterapia. plantas medicinais. biofilme gengival. INTRODUÇÃO As plantas medicinais são usadas há muito tempo, mas só recentemente se tem estudos para comprovar a eficácia de suas ações (MACHADO, 2014). No Brasil há uma imensa e diversa flora que facilita e estimula a pesquisa dentre as espécies a fim de novas descobertas de plantas medicinais e novos medicamentos fitoterápicos (SANTOS, 2006; SILVA, 2006). Os medicamentos fitoterápicos, então, se caracterizam como preparações vegetais padronizadas que consistem em mistura complexa de uma ou mais substâncias, presentes nas plantas medicinais, em que são preparadas 1

2 adequadamente e prescritas conforme a lei vigente (DI STASI, 2007; VINAGRE, 2011). O principal benefício esperado pelo uso da fitoterapia, é diminuir as reações adversas. E para essa efetivação do uso, é primordial a comprovação em estudos, pois ainda assim apresentam riscos, se não usados com precaução (BARBOSA, 2011). A doença periodontal consiste em uma inflamação dos tecidos gengivais e pode ocorrer por diversos fatores. Pode, ainda, danificar o ligamento periodontal, ocasionando, em casos graves, a perda dos dentes (OLIVEIRA et al, 2007). O presente trabalho tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica sobre espécies utilizadas e indicadas para o tratamento da doença periodontal, de maneira a contribuir para direcionamento de novos estudos de fitoterápicos utilizados no tratamento dessa doença. DESENVOLVIMENTO / PERCURSO METODOLÓGICO O presente trabalho, uma revisão bibliográfica, trata acerca dos possíveis empregos de fitoterápicos e plantas medicinais na odontologia. Foram, então, coletados dados oriundos de cerca de 25 artigos, livros de farmacognosia, sites como ANVISA, assim como outras publicações relacionadas ao tema, que abordavam as aplicações da fitoterapia e das plantas medicinais na odontologia, a fim de mostrar que a fitoterapia pode ser empregada no tratamento e estimular as pesquisas na área. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS A fitoterapia vem sendo utilizada pelo homem desde os mais remotos tempos. A utilização de medicamentos sintéticos é fato relativamente recente. A indústria de medicamentos sintéticos foi impulsionada a partir de 1928, quando foi realizada a descoberta da penicilina. Até então, os medicamentos que tratavam os males da humanidade eram, em sua grande maioria, originários do reino vegetal. Junto com alguns medicamentos de síntese vieram os efeitos adversos, que muitas vezes superavam os efeitos benéficos. Por essa razão, tem ocorrido nos últimos anos um retorno crescente da Fitoterapia (LEITE, 2008). O cultivo, comercialização e utilização de plantas medicinais como opção de tratamento e cura eram consideradas práticas associadas a populações mais carentes, mas atualmente tem aumentado em todas as classes sociais das mais diversas regiões do mundo. No Brasil, 80% da população têm 2

3 como a principal fonte de recurso terapêutico as plantas medicinais (FRANCISCO, 2010). Segundo Carvalho, fitoterapia não é uma terapia especificamente conduzida para as populações pobres, não é uma alternativa, é uma conduta clínica criteriosa pela qual o profissional opta por ser eficaz, por provocar efeitos colaterais mínimos e por estar ao alcance de todos (DE ASSIS, 2009). O Brasil é um país privilegiado em relação ao emprego da fitoterapia, pois possui 25% da flora mundial (FRANCISCO, 2010). Etimologicamente, Fitoterapia deriva das palavras gregas phyton (plantas) e therapeia (tratamento), ou seja, tratamento por meio das plantas (BETTEGA et al., 2011). Muito se engana quem credita que por serem derivados de plantas, estes medicamentos não podem causar efeito adversos, se não utilizados com precaução. Como qualquer outro medicamento, estes também podem ocasionar problemas à saúde (ANVISA). Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), um medicamento fitoterápico é definido como aquele obtido empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas vegetais e caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Sua eficácia e segurança são validadas através de levantamentos etnofarmacológicos de utilização e documentações tecnocientíficas em publicações ou ensaios clínicos. Não é considerado, então, medicamento fitoterápico aquele que, na sua composição, inclua substâncias ativas isoladas, de qualquer origem, nem as associações destas com extratos vegetais. A higiene bucal está relacionada a medidas preventivas de doenças nos tecidos dentais e periodontais. Os dentifrícios são utilizados com o objetivo de prevenir e melhorar a saúde bucal (CURY, 1987). A falta de higiene bucal, aliada a outros fatores, resulta na formação do biofilme (colônia de microrganismos responsáveis pelo aparecimento de infecções bucais, sobretudo cárie e doença periodontal). Para auxiliar no combate do mesmo, substâncias antimicrobianas são inseridas nos cremes dentais (SOARES, et al 2006; DINGUESLESKI et al, 2015). A literatura define doença periodontal como resultado do desequilíbrio entre agressão de bactérias, fatores externos e a capacidade de defesa do organismo, tendo como expressão o processo inflamatório da gengiva, podendo progredir até a perda da 3

4 unidade dentária por reabsorção do tecido ósseo e perda de inserção do ligamento periodontal. (GOMES FILHO et al, 2006). Elementos presentes nos creme dentais, também chamados de dentifrícios, são de extrema importância para a manutenção da saúde como um todo, não somente da saúde bucal, visto que muitas doenças, como a Aterosclerose (ALMEIDA et al, 2006), por exemplo, podem ser causadas, caso haja uma má higienização bucal. Atualmente, muitos medicamentos com ação antimicrobiana são utilizados no tratamento destas doenças, no entanto, microrganismos multirresistentes podem ser um obstáculo para o tratamento destas doenças, além da série de efeitos adversos e perigos causados pela terapêutica atual. E é neste contexto que entra uma não tão nova terapia, mas pouco utilizada hoje pelos profissionais na odontologia: a fitoterapia. Na medicina, a fitoterapia já é utilizada, porém, na Odontologia este processo apenas iniciou. O reconhecimento da fitoterapia como uma prática integrativa e complementar à saúde bucal (resolução CFO-082/2008) foi um grande passo para regulamentar a atuação dos cirurgiões dentistas em uma área ainda pouco explorada pelos profissionais da odontologia (DE ASSIS, 2009). Assim sendo, as pesquisas com produtos naturais no meio odontológico têm aumentado nos últimos anos devido à busca por novos produtos com maior atividade terapêutica, com menor toxicidade e melhor biocompatibilidade, além de apresentarem custos mais acessíveis à população. Alguns estudos vêm sendo elaborados para descobrimento de agentes antimicrobianos a partir de extratos de plantas para o desenvolvimento de produtos farmacêuticos naturais (OSTROSKY et al., 2008). As que mais se destacam na odontologia são a aroeira (Myracrodruon urundeuva), a própolis e a romã (Punica granatum), devido às suas propriedades terapêuticas. A aroeira-do-sertão (Myracrodruon urundeuva) possui ação antimicrobiana, antiinflamatória e antiulcerogênica, sendo utilizada como antisséptico e no tratamento de estomatites. Além disso, apresenta atividade bactericida e bacteriostática sobre Streptococus mutans, Streptococus mitis, Streptococus sobrinus, Streptococus sanguis, Lactobacillus casei e ação antifúngica sobre Candida albicans, Candida tropicalis e Candida krusei (BRANDÃO et al, 2006; DIAS et al, 2015). 4

5 A própolis é uma resina natural produzida por abelhas, a qual é bastante conhecida na medicina popular por não ser tóxica e pelas atividades biológicas e terapêuticas, que incluem as ações antimicrobiana, anti-inflamatória, anestésica e propriedades citostáticas. Manara et al (1999) relataram que a importância da própolis em odontologia pode ser observada em trabalhos pertinentes a várias áreas, tais como a cardiologia, endodontia, periodontia e patologia oral (FRANCISCO, 2010). Já a romã (Punica granatum), tem o seu uso muito difundido na odontologia, e trabalhos realizados demonstraram que essa fruta tem ação bactericida e bacteriostática sobre bactérias gram-positivas e gram-negativas, constituintes do biofilme dental, podendo ser utilizada para casos de periodontites, como antioxidantes e de estomatites, como antisséptico (FRANCISCO, 2010). A Calêndula (Calendula officinalis) é uma espécie exótica empregada na cicatrização de feridas, com ação antiinflamatória e antibacteriana (BLUMENTHAL et al., 2000; SHULTZ et al., 2002; SARTORI et al., 2003; FALCÃO et al., 2005). Na Odontologia vem sendo testada no controle de crescimento de bactérias em biofilme dental (BUFFON et al., 2001) e contra bactérias periodontopatogênicas (IAUK et al., 2003), entre outros. (OLIVEIRA et al., 2007). A malva (Malva sylvestris) conhecida por suas propriedades antiinflamatórias, antimicrobianas, vem sendo testada no controle de crescimento de bactérias presentes no biofilme dental (TORRES et al., 2000; BUFFON et al., 2001). Nesse sentido, extratos de plantas como sálvia, menta e camomila têm sido incorporados a fórmulas de dentifrícios com o objetivo de reduzir a halitose e combater a gengivite. Os princípios ativos desses produtos atuam sobre a formação do biofilme dental. (FRANCISCO, 2010). (FRANCISCO, 2010). Dantas et al. (2010) e Nunes (2011) relatam sobre a Anadenanthera macrocarpa, conhecida popularmente como angico-vermelho. Na medicina popular, seu o extrato é utilizado através da preparação da casca para produção de soluções orais, 5

6 para o tratamento de inflamações e doenças como coqueluche e bronquite, ambas causadas por bactérias que colonizam o trato respiratório (MATOS, 1997). De forma geral, então, a terapia baseada em plantas medicinais está centrada, principalmente, no controle de lesões em tecidos moles. Arnica (Arnica montana), babosa (Aloe vera) e calêndula (Calendula officinalis) são empregadas como indutoras de reepitelialização de feridas; já camomila (Matricaria chamomilla), malva (Malva sylvetris), sálvia (Salvia officinalis) e gengibre (Zingiber officinalis) são adjuvantes terapêuticos anti-inflamatórios. (BETTEGA et al., 2011). CONSIDERAÇÕES FINAIS Embora sejam utilizadas popularmente há muito tempo, muitos profissionais ainda mostram um certo receio para com o uso de plantas medicinais. Como mostrado por vários autores e pesquisadores, a aplicação das plantas medicinais e da fitoterapia pode trazer inúmeros benefícios para a saúde do paciente, assim como viabilizar o acesso aos medicamentos, propondo um tratamento com efeitos adversos mais brandos ou até inexistentes. Sendo, assim, mostra-se como uma ótima alternativa para o tratamento de doenças periodontais. Mais estudos, no entanto, ainda devem ser realizados, visto a grandeza da flora brasileira, para comprovarmos a real eficiência destes medicamentos e garantirmos segurança aos pacientes, para que possamos fazer do uso de fitoterápicos uma realidade cada vez mais presente na vida de pacientes e profissionais da Odontologia, assim como já é na medicina hoje. REFERÊNCIAS MACHADO, A. C.; OLIVEIRA, R.C. Medicamentos Fitoterápicos na odontologia: evidências e perspectivas sobre o uso da aroeira-do-sertão (Myracrodruon urundeuva Allemão). Rev. bras. plantas med., Botucatu, v. 16, n. 2, p OLIVEIRA, F.Q. et al. Espécies vegetais indicadas na odontologia. Rev. bras. farmacogn., João Pessoa, v. 17, n. 3, p , Setembro, JUIZ, Paulo J. L.; ALVES, Reinaldo J. C.; BARROS, Tânia F. Uso de produtos naturais como coadjuvante no tratamento da doença periodontal. Rev. bras. farmacogn., Curitiba, v. 20, n. 1, p , Março,

7 DIAS, J.N. et al. O uso de fitoterápicos à base de aroeira como coadjuvante no tratamento da gengivite: Revisão Sistemática. Rev. Bras. Pl. Med., Campinas, v.17, n.4, supl. III, p , 2015 DINGUESLESKI, A.H. et al. Associação de agentes fitoterápicos em dentifrícios. Revista Gestão & Saúde, v. 13, p , DE ASSIS, C., Plantas medicinais na Odontologia. Rev. bras. odontol., Rio de Janeiro, v. 66, n. 1, p , jan./jun FRANCISCO, K.S.F., Fitoterapia: Uma opção para o tratamento odontológico. BETTEGA, P. V. C. et al, Fitoterapia: dos canteiros ao balcão da farmácia. Archives of Oral Research, v. 7, n. 1, p , Jan./Apr GOMES FILHO, I. S. et al, Comparação de critérios que determinam o diagnóstico clínico da doença periodontal. Revista Odonto Ciência Fac. Odonto/PUCRS, v. 21, n. 51, jan./mar ALMEIDA, R. F., et al, Associação entre doença periodontal e patologias sistémicas. Rev. Port. Clin. Geral, 2006;22: JUNQUEIRA, M. P. da R. et al. Fitoterapia ao alcance da odontologia: Revisão de literatura. BARBOSA, D. N et al, Análise clínica do efeito de fitoterápicos na redução do biofilme dental e sangramento gengival na doença periodontal. RODRIGUES, L. A. et al, Elaboração de um fitoterápico antibiótico a partir da casca de Anadenanthera macrocarpa. Revista Cientifica da Faminas, v. 10, n. 3, set./dez., LEITE, J. P. V., Fitoterapia: Bases científicas e tecnológicas 7