Palavras-chave: Salas de Recursos Multifuncionais. Alunos com Necessidades Educacionais especiais. Avaliação.
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1 01191 AVALIAÇÃO PARA O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL INDIVIDUALIZADO: INSTRUMENTO NECESSÁRIO À INCLUSÃO DOS ALUNOS COM NEEs NA REDE MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE IMPERATRIZ RESUMO MSc Rita Maria Gonçalves de Oliveira MSc Eloíza Marinho dos Santos Universidade Federal do Maranhão - CCSST A Rede Municipal de Educação de Imperatriz é composta por 88 escolas na zona urbana e 21 salas de recursos multifuncionais para atender aos alunos com necessidades educacionais especiais (NEEs), matriculados nas escolas de ensino regular. Os dados apresentados fazem parte da pesquisa Observatório Nacional de Educação Especial (ONEESP) que envolve estudos locais nos municípios com os professores das salas de recursos multifuncionais (SRMs) e tem como um de seus focos de investigação Avaliação do Estudante com Necessidades Educacionais Especiais. A temática foi discutida com os 21 professores de SRMs divididos em dois grupos, duas coordenadoras da Secretaria Municipal de Educação e pesquisadoras da Universidade Federal do Maranhão e se utilizou da pesquisa colaborativa realizada por meio de grupo focal. A organização das SRMs, em Imperatriz, por pólos, gera problemas como sua distância em relação às demais escolas e a concentração de alunos em algumas SRMs. Estes fatores dificultam que o professor do atendimento educacional especializado realize um trabalho de orientação a família, a escola e ao professor da sala regular. Outro desafio encontrado pelos professores que atendem maior número de alunos em suas SRMs foi a falta de horário para o atendimento individual aos alunos com NEEs. Assim para que os professores de SRMs realizem um trabalho que abranja o atendimento ao aluno com NEE, como também a família e a escola se faz necessário uma política de expansão do número de SRMs. Desta forma, são necessárias ações que possibilitem um trabalho em parceria entre os professores das SRMs e os das salas regulares, tendo como objetivo contribuir para a aprendizagem do aluno. Palavras-chave: Salas de Recursos Multifuncionais. Alunos com Necessidades Educacionais especiais. Avaliação. 1 INTRODUÇÃO Este trabalho se constitui da análise dos dados coletados a partir da pesquisa Observatório Nacional de Educação Especial (ONEESP) desenvolvida no município de Imperatriz, tendo como temática: Avaliação do Estudante com Necessidades Educacionais Especiais em que se investiga através dos relatos dos professores das salas de recursos multifuncionais (SRMs) o processo de Avaliação para o planejamento. A pesquisa tem com foco a produção de estudos integrados sobre políticas e práticas direcionadas para a questão da inclusão escolar na realidade brasileira.
2 01192 A pesquisa será desenvolvida por meio de um estudo em rede que acontecerá simultaneamente em diferentes estados com professores de SRMs. No estado do Maranhão a pesquisa será desenvolvida em São Luís, capital do estado e no município de Imperatriz. Para realização da pesquisa em Imperatriz se utilizou da pesquisa colaborativa realizada por meio de grupo focal com os 21 professores das salas de recursos multifuncionais, divididos em dois grupos, duas coordenadoras da Secretaria Municipal de Educação (SEMED) e pesquisadoras da Universidade Federal do Maranhão pertencentes à rede estadual. Segundo Ibiapina (2008, p. 26) a pesquisa colaborativa no âmbito da educação surge como alternativa: O diferencial dessa investigação está em dar conta da realidade microssocial sem perder de vista o aspecto histórico e político do macro contexto social. 2 IMPERATRIZ: lócus da pesquisa De acordo com dados do Censo do IBGE de 2010 (BRASIL, 2010), Imperatriz possui uma área territorial de 1.368,982 km², é o segundo município mais populoso do estado do Maranhão, com uma população de habitantes. Segundo os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas INEP (INEP, 2013) em 2012, havia 971 alunos Público-alvo da Educação Especial, matriculados no município de Imperatriz. Do total de alunos, 787 estavam matriculados no Ensino Regular, 124 na Educação Especial (Modalidade Substitutiva) e 60 na Educação de Jovens e Adultos. Em relação ao atendimento educacional especializado, do total de alunos Público-alvo da Educação Especial (971), 348 frequentam o atendimento educacional especializado (AEE). 3 AVALIAÇÃO PARA O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL INDIVIDUALIZADO DO ALUNO COM NECESSIDADE EDUCACIONAL ESPECIAL O atendimento educacional especializado (AEE) tem como objetivo oferecer o suporte à educação regular, através do atendimento à escola, ao professor da classe regular e ao aluno.
3 01193 Em relação ao Planejamento Educacional Individualizado (PEI), dos alunos com NEEs que frequentam as salas de recursos multifuncionais, conforme Quadro 1, os professores afirmam realizar o planejamento para cada aluno, a partir do estudo de caso e através de relatórios diários. Após o levantamento destes dados, o professor da SRM planeja as atividades que serão desenvolvidas. Esse plano é gerado com vários passos: objetivos, conteúdos, estratégias, metodologias, recursos e avaliação. (PROFESSORA DA SRM). Contudo, encontra-se presente nos relatos dos professores das SRMs, certo desabafo quando diz A sala de recursos é muito bonita na teoria. (PROFESSOR DA SRM). Esta afirmação se justifica pelas dificuldades enfrentadas por alguns professores como: distância entre as escolas, (principalmente na zona rural) e maior número de alunos em algumas SRMs (26 alunos). Estes fatores dificultam o desenvolvimento de um trabalho em parceria entre o professor da SRM e o professor da sala regular. Assim, ocorre um distanciamento entre o que diz a legislação e a prática vivenciada pelos professores. As Diretrizes Operacionais da Educação Especial para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica (BRASIL, 2008), estabelece como uma das atribuições do professor das SRMs. Estabelecer articulação com os professores da sala de aula comum, visando à disponibilização dos serviços, dos recursos pedagógicos que promovem a participação dos alunos nas atividades escolares. O Quadro 2 apresenta os resultados atribuídos pelos professores das SRMs, de quem define o que e como vai ser ensinado aos alunos nas salas de recursos multifuncionais. De acordo com os depoimentos, os professores das SRMs, em sua maioria, afirmam ser eles quem define o que e como vai ser ensinado aos alunos com NEEs. É importante que enfatizemos a relevância do papel do professor no processo de ensino-aprendizagem. Desta forma, segundo Almeida (2012), os professores são os responsáveis pelo desenvolvimento do ensino de forma intencional e sistemática. Esta afirmação vai ao encontro do que afirma uma das professoras das salas de recursos. O professor tem que traçar suas metas diante das necessidades de cada aluno, porque lá na sala regular ele tem um currículo normal igual a toda criança. Então, não adianta meu aluno está lá, se ele não consegue pegar no lápis. (PROFESSORA DA SRM- P 49)
4 01194 Contudo, em diferentes momentos nos depoimentos dos professores das SRMs, encontram-se relatos das dificuldades para acompanhar os conteúdos trabalhados pelos professores nas salas de ensino regular, fator ocasionado pelo distanciamento entre o professor da sala regular e o professor da SRMs que dificulta um trabalho em parceria. A parceria entre o professor da sala de recursos multifuncional e o professor da sala regular, favorece não apenas que o professor da SRM tenha conhecimento do conteúdo trabalhado na sala regular, mas se constitui uma atribuição do professor da SRM orientar o professor da sala regular, sobre os recursos pedagógicos e de acessibilidade necessários para melhor aprendizagem do aluno com NEE, como também avaliar o desempenho escolar do aluno a partir das ações desenvolvidas na sala de recursos multifuncionais. O Quadro 3 apresenta os resultados da pesquisa relacionada aos apoios educacionais que os alunos com NEEs necessitam. Segundo os professores das SRMs a avaliação para planejar os apoios educacionais para os alunos com NEEs é realizada pelo professor da sala de recursos multifuncional que a partir do estudo de caso, define o profissional de apoio que o aluno necessita. Em seguida, faz-se um encaminhamento para o Setor de Inclusão e Atenção a Diversidade (SIADI) que direciona o profissional que irá realizar a avaliação do apoio educacional que o aluno requer. Contudo, quando se refere à busca dos apoios educacionais através das relações inter-setoriais a pesquisa revela fragilidades, pois os professores das SRMs relatam que as relações inter-setoriais praticamente não acontecem (P 54 e P 51). O depoimento de uma das professoras das SRMs, expressa uma das dificuldades encontradas [...] tem uma distância muito grande, entre a realidade que eu tenho e o que eu preciso. ( P-54). A dificuldade relatada pela professora da SRM pode estar relacionada à demanda do número de escolas que compõe a rede municipal de educação que a equipe do SIADI requer atender. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A organização das SRMs, em Imperatriz, por pólos, gera problemas como sua distância em relação às demais escolas e a concentração de alunos em algumas SRMs. Estes fatores dificultam que o professor do AEE realize um trabalho de orientação a família, a escola e ao professor da sala regular. Percebemos também outro
5 01195 desafio encontrado pelos professores que atendem maior número de alunos em suas SRMs, pois falta tempo para o atendimento individual aos alunos com NEEs, sendo o atendimento individualizado um dos diferenciais entre o serviço oferecido pela SRM e a sala regular. Os professores das SRMs vêem o objetivo da parceria com o professor da sala regular, principalmente como forma de acompanhar o conteúdo trabalhado. Contudo, necessita ser construída uma relação de parceria entre estes profissionais que tenha como objetivo o acompanhamento dos alunos com NEEs, buscando contribuir para sua melhor aprendizagem. Assim para que os professores de SRMs realizem um trabalho que abranja o atendimento ao aluno com NEE, como também a família e a escola se faz necessário uma política de expansão do número de SRMs. Outras medidas podem ser tomadas em âmbito administrativo da secretaria de educação municipal que proporcione melhor equilíbrio entre o número de alunos atendidos por SRMs. Desta forma, são necessárias ações que possibilitem um trabalho em parceria entre os professores das SRMs e os das salas regulares, tendo como objetivo contribuir para a aprendizagem do aluno. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Maria Isabel de. Formação de Professor do Ensino Superior: desafios e políticas institucionais. São Paulo: Cortez, 2012 ; Diretrizes Operacionais da Educação Especial para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica. Disponível em: o aee. acesso em 03 de abril de ; Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE. Informações Estatísticas. Disponível em: Acesso em: o4 de maio IBIAPINA, Ivana Maria Lopes de Melo. Pesquisa Colaborativa: investigação, formação e produção de conhecimentos. Brasília: Líber Livro, INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS ANÍSIO TEIXEIRA. Censo escolar. Disponível em: Acesso em: 04 de abril 2014.
6 01196 Quadro 1_ Avaliação para o planejamento educacional do aluno individualmente. Através do Como acontece Planejamento educacional individualizado, esse documento é gerado a partir do estudo de caso. Relatórios, diários. Planejamento educacional individualizado (PEI) Objetivos Como é gerado o documento Distância entre o que diz a legislação e a prática Dificuldades vivenciadas Registro diários de tudo que o professor SRM não conseguiu fazer e o que o aluno NEE não conseguiu avançar. Um mínimo roteiro da necessidade especial do aluno e define o que vai ser trabalhado, se é mobilidade, exercício de sopro, atividades de localização, atividades para estimular a coordenação motora fina e grossa, a partir de cada necessidade. Esse plano é gerado com vários passos: objetivos, conteúdos, estratégias, metodologias, recursos, avaliação. A sala de recursos é muito bonita na teoria, mas é na zona rural a minha sala, aí são 15 km a distância que fica de uma para a outra. Eu tenho 23 crianças e mais 3 crianças da minha própria escola, tem tanta criança que não sobrou atendimento individualizado. Distância entre uma escola e outra, principalmente quando se refere a realidade da sala de recursos localizada na zona rural, pois envolve problemas de transporte, condições climáticas e outras. Disparidade entre o número de alunos de uma sala de recursos para outra. P 36, P 46, P 55, P 39 P 46 P 49, P 38 P 47, P 49 P 47, P 49, P 38 Quadro 2 - Quem define o que e como vai ser ensinado ao aluno na sala e recursos multifuncional? O professor da sala de recursos de acordo com a necessidade P 39, P 48, Quem define o que e como vai do aluno. P 51, P 53, P 49 ser ensinado O aluno é quem defini. P 38, P 47 P55 Estudo de caso. P 39, P 48, Relatório da professora da sala regular. P 51, P 53, Baseado em Dificuldades, necessidades e habilidades dos alunos NEE. P 49 Conteúdos trabalhados na sala de ensino regular. Através do currículo de cada série quando o professor do ensino regular não informa o conteúdo trabalhado. Metas O professor traça suas metas diante das necessidades de cada aluno P 49 Quadro 3 - Como é a avaliação para planejar os apoios educacionais que os alunos com necessidades educacionais especiais precisam? Quem realiza a avaliação O professor da SR e o especialista do setor. a partir da necessidade do aluno.. P 46 Como a avaliação é realizada A partir do estudo de caso define o profissional de apoio que, o aluno necessita, como também orientará o professor da SR para o desenvolvimento do trabalho com o aluno. P 57 e P 40 Distância entre a legislação e prática. Os apoios inter-setoriais não acontecem. Existe uma distância entre a realidade que se tem e a necessidade encontrada pelo professor da SRM no acompanhamento do aluno. A gente termina se apoiando nas próprias colegas que tem mais experiência do que a gente, quando eu preciso de ajuda eu vou até a P 38 ou vou até P 40, pois são colegas que já tem uma bagagem maior. P 54 e P 51
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