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1 .r-ik". s^-sm. ^ -r; ">,j í.vr.'; r 'f' "<. ' : Dignidade e esperança para os filhos da Pátria & O polêmico peso dos encargos sociais no Brasil ^ Sindicatos de quem é a crise? ^ 6 o Congresso Nacional da CUT ^ Licença para matar ^ Definições do PT ^ Europa: mudança de rumos /08/97 Custo unitário desta edição: R$ 2,50

2 Quinzena N /08/97 Curtas Trabalhadores Sindicatos dão prêmios para atrair filiados Vários sindicatos estão sorteando TVs e carros em campanhas de sindicalização para atrair associados. O número de filiados caiu com demissões e fechamento de fábricas. Os metalúrgicos de São Paulo esperam reunir 5 mil pessoas em assembléia salarial com o sorteio de dois carros. Os pobres, mais pobres De janeiro a julho deste ano, os 10% trabalhadores mais pobres tiveram sua renda diminuida em 15,6%. A pesquisa envolve os trabalhadores da Grande São Paulo e a maior causa disso é a mudança de emprego. Novo endereço e novo telefone: CPV - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro Rua São Domingos, 224, Bela Vista CEP São Paulo - SP Telefone (011) ? A Caixa Postal contínua a mesma: CEP São Paulo - SP "A luta do homem contra o poder é a luta da memória contra o esquecimento" (MilanKundera) Continuam as demissões em São Paulo Já são trabalhadores demitidos na indústria paulista desde o inicio do Plano Real, significando um corte de 14,39% no contingente de empregos do setor São dados da Federação das Indústrias de Sõa Paulo (FIESP) que acusa, também, o fechamento de ( postos de trabalho, em julho, apesar da manutenção das vendas e da produção em alta. Espera-se que as taxas de agosto atinjam Índices históricos de record, já que esse mês é o responsável pelo pico do desemprego nos últimos anos Q ü I N Z E N A O boletim QUINZENA é uma publicação do: CPV- Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro Rua São Domingos, Térreo Bela Vista - São Paulo - SP - CEP Caixa Postal CEP Telefone (011) O objetivo do boletim é divulgar uma seleção do material informativo, analítico e opinativo, publicado na grande imprensa, imprensa partidária e alternativa e outras fontes de informações importantes existentes nos movimentos. A proposta do boletim é ampliar a circulação dessas informações, facilitando o debate sobre as questões políticas em pauta na conjuntura. A/ao e a consciência que determina a vida, mas Caso você queira divulgar algum texto no QUINZENA, basta nos enviar. Pedimos que se atenha a, no máximo, 8 laudas. Textos que ultrapassem este limite estarão sujeitos a cortes, por imposição de espaço. O boletim QUINZENA é editado e diagramado pela Equipe do CPV.

3 Quinzena N /08/97 Trabalhadores Exame - 27/Agosto;97 - N 0 18 O desabafo da dama do apocalipse A autora do livro Horror Econômico critica o liberalismo e prevê um futuro repleto de hordas de desempregados vagando pelo mundo Até poucos meses, Viviane Forrest, uma senhora de 61 anos, era mais conhecida por ser critica de literatura do Le Monde e autora de biografias de personagens celebres como o pintor holandês Van Gogh ou a escritora inglesa Virgínia Woolf Foi quando ela lançou o Honor Econômico, um manifesto ludita de 206 paginas repletas de diatribes contra a tecnologia e as máquinas modernas, contra as multinacionais e o que ela chama ilusão dourada dos pregões das bolsas de valores. O livro não traz nenhuma idéia original, mas transformou-se num sucesso editorial estrondoso. Só na França vendeu exemplares e ocupa a lista dos mais vendidos há quase 40 meses. A obra virou tema de conversa no Palácio do Eliseu. onde o presidente francês Jacques Chirac se reúne com os ministros e seu titulo (decalcado de uma expressão do poeta francês Arthur Rimbaud) aparece em qualquer manifestação popular francesa, de greve a reuniões de apoio aos imigrantes ilegais. O sucesso de Forrest na Europa não se dá por acaso Em que outra região do mundo as idéias favoráveis ao Estado intervenciomsta estão arraigadas quanto no velho continente' 1 Filha de um banqueirojudeu insolvente, que era primo distante de Albert Emstein, Viviane não se enquadra no figurino de militante marxista. "Eu não escrevi a respeito de ideologias, mas sobre problemas palpáveis como o desemprego e sobre os milhões de desocupados que vagarão pelo mundo sem proteção social", diz Viviane recebeu EXA- ME para uma entrevista num dia quente em Paris, realizada em um Hotel de Saint-Germam no inicio de agosto. Vestia um tailleur azul com calça branca e um anel com brilhante na mão esquerda Afável, em vários pontos da entrevista mostrou um ar de indignação que impregna suas idéias, aqui publicadas a título de curiosidade. par Fernando [aláka de liarros. de Paris EXAME - O que leva um intelectual que nunca tinha escrito nenhum ensaio econômico na vida a escrever sobre economia? FORREST - Não há limites no pensamento, ainda mais em se tratando de economia, assunto que toca qualquer um Muito antes de ir para o computador escrever o ensaio eu já pensava em muitos dos conceitos que aparecem no livro Tanto que o fiz relativamente rápido: um ano de pesquisa e sete meses escrevendo Eu quis colocar a nu um sistema que todo mundo diz que e maravilhoso, mas está enchendo o planeta de miséria e desemprego para a felicidade de alguns especuladores Uma das críticas que se faz ao seu livro é de que ele não seria original... Não encaro isso como critica Talvez uma das forças de Honor Econômico é que ele fala de problemas comuns ao nosso tempo, como o medo de perder o emprego As pessoas estão com os nervos a flor da pele e mal têm tempo de pensar no que acontece com elas Por que as pessoas estão acuadas? O medo de perder o emprego ou passar pela prova de não tê-lo mais transforma paradoxalmente as pessoas lúcidas e corajosas em seres assustados ou com vergonha Os políticos que deveriam ser pagos para dizer o óbvio não falam com medo de perder votos de seus eleitores. Ficam prometendo empregos quando sabem que não encontrarão Essa crítica se aplica aos socialistas como o novo primeiro-ministro francês, Lionel Jospin, eleito com a promessa de que criaria empregos e em quem a senhora votou? Jospm e melhor do que Juppé (Alam Juppe, ex-pnmeiro-ministro do governo (Chirac), mas está saído eleitoreiro quando diz que criará empregos e que as pessoas precisam continuar a fazer sacrifícios para ver as coisas melhorarem Estamos fartos de sacrifícios. A senhora é contra o capitalismo? 'Wao é a consciência que determina a vida, mas Por principio não sou contra a economia de mercado, mas ela deveria conviver com outras lógicas econômlcas', Sou contra a anarquia em que este sistema se transformou Acho absurdo um regime que prega redução do custo do trabalho e cortes como o caminho certo ser considerado moderno. Em algum lugar do mundo existe alternativa melhor para o liberalismo? Não, ate porque o liberalismo se alastrou como uma praga e qualquer alternativa para ele foi impiedosamente bombardeada Vivemos a ditadura do sistema econômico único. Como assim? Os defaisores do liberalismo colocam suas idéias como verdade única e intocável e acusam de antiquado tudo o que não esta dentro desta ótica Para mim, a crença numa idéia única, longe de ser um parâmetro de liberdade, e uma das marcas do totalitarismo. Pior ainda e estar propondo o ultraliberalismo para países como o seu. o Brasil, quando ele está fazendo água aqui na Europa O assistencialismo europeu seria uma alternativa ao liberalismo? Se o que você chama de assistencialismo e uma boa educação e saiide publicas, que eu julgo bens indispensáveis, sim. Ao contrario dos neoliberais, não admito que se lucre com elas e também não aceito que se dêem migalhas para custear coisas tão importantes. O problema e que se confunde desperdício do uso dessas funções do estado com boa utilização A senhora acredita em estatal eficiente? Acho que quando o estado estava mais presente na economia as coisas eram melhores do que hoje Basta ver que os países escandinavos onde isso aconteceu até hoje não têm tantos miseráveis quanto a Inglaterra Tatcherísta. Não é antiquado ser contra a automação? Eu não sou contra as máquinas e acho

4 Quinzena N /08/97 Trabalhadores absurdo que se renuncie à tecnologia e se volte atras no tempo. Apenas me revolta a voracidade com que a automação substitui o trabalho humano sem que ninguém se dê conta do que está acontecendo. Quando ha alguns anos se previa que as máquinas fariam tarefas dos trabalhadores, a imagem que se projetava de uma bilheteria do metrô de Paris ou de um caixa de banco brasileiro e que com a tecnologia eles seriam mais felizes: passariam a vida cuidando das flores de seu jardim ou teriam mais tempo para brincar com os filhos. Só que, com as bilheterias automáticas e os caixas eletrônicos, essas pessoas foram, na verdade, jogadas numa subclasse social O que eu questiono e o que se fará com as pessoas que perdem o emprego por causa das maquinas. Já existem 120 milhões de desempregados pelo mundo afora A senhora é extremamente crítica em relação às multinacionais. Por quê? Porque o mundo não pode ficar a mercê da chantagem de empresas que não têm patna ou território Elas semeiam confusão e jogam os paises uns contra os outros. Eu não sou contra os brasileiros que estão contentes com a chegada de uma fabrica da Renault, mas e grave verificar que essa mesma empresa recentemente fechou uma unidade na Bélgica e da noite para o dia extinguiu 3,100 postos de trabalho Essa mesma unidade belga da Renault foi considerada modelo de produtividade pela companhia, tinha recebido investimentos. Seus trabalhadores cumpriram todas as metas que se exigiram deles e foram para a rua llude-se quem achar que a Renault não hesitará em fazer o mesmo no Brasil se encontrar um lugar para explorar as pessoas por um preço mais baixo Essas empresas passam a vida buscando lugares onde o custo do trabalho e mais barato e não têm a menor responsabilidade social. Evidentemente, eu não exijo que uma empresa privada seja uma instituição de caridade, mas não ê justo que se venda o trabalho humano a qualquer preço Mas o salário dos operários da Renault na Bélgica não era caro demais? Não acho. Era um salário compatível com as necessidades de um pais euro- peu. Até porque os operários belgas não eram milionários, apenas viviam dignamente. Acharia revoltante que a condição para que eles continuassem fazendo carros fosse ganharem cem vezes menos, que ê o que um operário chinês cobra, só para que uma empresa como a Renault acumule lucros em seu balanço Isso chama-se miserabilização global do trabalho. Os sindicatos não são uma alternativa para defender os interesses dos trabalh adores? Não nessa lógica do trabalho sem fronteiras O que pode fazer um dirigente sindical contra uma empresa que lhe oferece como primeira alternativa o corte de vagas e o congelamento de empregos e, como segunda opção, o fechamento da fabrica e de postos de trabalho, no caso de resposta negativa' 7 Os sindicatos perderam a razão de existir, a menos que se transformem em entidades multinacionais e sejam solidanos entre si Isso não é utópico? Pensei muito quando houve o episódio do fechamento da usina da Renault, na Bélgica; se era justo exigir de um pais. no caso o Brasil, que recusasse vagas de trabalho fechadas em outro Cheguei á conclusão de que o caminho para conservar o trabalho e oferecer mão-de-obra a preço de banana, o melhor que os trabalhadores de um pais devem fazer é recusar a ofeita para não ficar a mercê dessa chantagem. Nos Estados Unidos a economia está em pleno crescimento e as bolsas estão batendo recordes de alta. Nem lá o liberalismo deu certo? A euforia que existe nos Estados Unidos é volátil como um castelo de cartas ou como a especulação das bolsas de valores que você citou Basta dar uma volta pelos subúrbios de uma grande cidade americana para perceber que miséria e o que não falta. Se nem a maior Potência mundial resolveu seus problemas básicos numa época de expansão, então o que espera os americanos e o mundo no primeiro soluço de crise será uma hecatombe O que acontece nas bolsas não é sinônimo de bem-estar coletivo nem as desgraças humanas devem servir de combustível para financiar essa. ciranda yvao e a consciência que determina a vida, mas Por que a senhora é contra as bolsas de valores? Não sou contra elas. desde que sejam utilizadas para a função básica de captar recursos para serem colocados a disposição de um sistema produtivo Antigamente, se os negócios andassem bem, os empregados de uma empresa eram recompensados Agora, uma empresa como a Eletrolux, que demitiu milhares de pessoas em dois anos, fecha em alta depois do plano de reestruturação Por quê' 1 Julgo que há um divorcio completo entre a realidade das companhias e o que se passa nos pregões Na Europa coloca-se boa parte da culpa pelo desemprego nos imigrantes. O que a senhora acha disso? Acho uma maneira demagógica e covarde de se ganhar votos dos desvalidos que nasceram nos países do continente O que se caça com essas campanhas nacionalistas são os pobres e não os estrangeiros Nunca vi pais nenhum do mundo colocar um emir árabe milionário que deseja viver por Ia num charter destes que levam os imigrantes ilegais de volta para o pais deles. Os fascistas da Frente Nacional passam a vida vendendo a ilusão de que se colocarmos árabes e negros fora da França, o emprego reaparecera, quando qualquer pessoa com bom senso sabe que isso não e verdade Quais são as perspectivas para o futuro? Assustadoras, se continuarmos a ver empresas fechando instalações ou fazendo planos de trabalho que criam o desemprego para alimentar acionistas Pegue o exemplo dos jovens de um subúrbio francês ou de uma favela brasileira, que vivem com educação de segunda classe, saúde de segunda classe e oportunidades de segunda classe Na melhor das perspectivas, ganharão os mesmos salários baixos dos pais Se não fizermos nada num prazo curtíssimo, o único elo entre essa gente desfavorecida e excluída e o resto da sociedade será a polícia ou os tribunais "1 OBS: Temos este livro, "Horror Econômico" à venda na nossa livraria. Preço: 22,00

5 Quinzena N /08/97 Trabalhadores Via Operária - Jornal da Oposição Operária - Agosto/97 O fim dos empregos! O desemprego no Brasil e no mundo "Nós, os prisioneiros, somos a vergonha da América. O veixladeiw crime aqui é o de vossa insensatez. Milhões de pessoas neste país definham desperdiçados, ociosas... A sociedade não tem utilidade para elas lá fora, por isso paga para pivndé-las, sem oportunidades ou ivabilitação espiritual... Digo-vos, presunçosos e satisfeitos: Cuidado... Nosso número está crescendo, seus custos aumentando rapidamente. Construir prisões maiores e melhores... não soluciona as razões por traz dos problemas e da loucura. Apenas toma o vozerio mais alto e as eventuais consecpiências mais terríveis para todos, quando elas finalmente ocorrerem". (Depoimento do prisioneiro Ceorge Dismukes, que cumpre pena de 16 anos por assassinato nos Estados Unidos) Publicado na revista americana Newsweek e citado no livro "O Fim dos Empregos", de Jeremy Rifkm, o que chama a atenção no trecho acima é a capacidade de, em poucas linhas, ter sido colocado não só a essência do sistema penitenciáno, mas também uma sinteseda atual cnse da sociedade e a forma como o capitalismo está marchando para uma crise cada vez mais profunda. Sem dúvida um sujeito de visão o tal Dismukes! Tecnologia e produtividade Houve um tempo em que os trabalhadores foram levados a acreditar que saído mais produtivos se livrariam de sua imensa carga de trabalho e teriam mais tempo para o lazer, para a familia, a educação dos filhos, etc. No mundo da atual "globalização", produtividade é a palavra mágica que dá o padrão diferencial para as empresas em constante competição. Faz-se de tudo para obter ganhos de produtividade, para ser mais competitivo O que oferecem em troca, no entanto, não e a concretização do sonho de um homem mais livre do trabalho estafante Ao contrário, é fácil de perceber que os ganhos de produtividade não nos leva a mais lazer, mas ao aumento do número de desempregados O uso maciço da tecnologia tem colocado a perspectiva de um mundo em que a classe trabalhadora será comprimida a um mínimo necessáno para a produção dos bens e serviços oferecidos pelos empresários. Desde já se estabelece a mais profunda contradição do capitalismo: ao demitir trabalhadores, às custas das tecnologias que economizam mão-de-obra, um número cada vez menor de pessoas estará apto a comprar as mercadoriais oferecidas pelas empresas que estão demitindo. Faltará poder aqui- sitivo para comprar seus produtos. Es- comprimir a garganta dos desesperados sas empresas investirão ainda mais em defensores deste sistema, tecnologia para diminuir os seus custos Existem novos setores e demitirão mais trabalhadores, o que de emprego? só agrava o problema e coloca a possi- Em cada momento de revolução técbilidade de uma grande depressão a ní- nica há uma onda de desempregos. Esta vel mundial. O sucesso de alguns em- foi uma das características do capitapresários, portanto, é a raiz de sua pró- lismo desde a primeira Revolução Inpria crise. dustrial. Apesar disso, o que marcou Há saída para a atual crise? essas transformações foi também o apa- O volume de recursos gastos para recimento de novos setores de trabaaumentar a eficiência das empresas per- lho. Ainda que um determinado setor mite a estas últimas, produzir as mesmas fosse mecanizado, outro surgia para mercadorias com menores custos e me- absorver a mão-de-obra dispensada nos trabalhadores Porém, menos traba- Quando a agricultura começou a se lhadores ativos, significa um menor po- mecanizar, os trabalhadores migraram der aquisitivo para a economia como um para a indústria Com a automação das todo, ou, de outra forma, a redução do indústrias emergiu o que conhecemos mercado consumidor por setor de serviços. Se as empresas se capacitam para Vivemos hoje a chamada Terceira produzir mais e mais e, do outro lado, há Revolução Industrial, ou a era da um mercado consumidor menor, fica cla- Tecnologia da Informação. Todos os sero que chegará a hora (como de fato já tores de trabalho que se conhece estão chegou) em que elas estarão oferecen- passando por suas "revoluções internas": do uma quantidade de produtos maior do automação, qualidade total, reengenhana que a capacidade do mercado em (todos eles dispensadores de mão-deabsorvê-los. Esta situação vem se con- obra). O único novo setor que apareceu, cretizando no mundo atual e resulta numa tem sido batizado de "setor do conhecicrise que diminui a taxa de lucro das mento": especialistas de elite que serão empresas e do capitalismo como um todo. responsáveis pela condução da nova eco- Por outro lado, as empresas não podem nomia automatizada da alta tecnologia do continuar produzindo sem consumo cor- futuro (profissionais da área das ciêncirespondente. Resultado: férias coletivas, as, engenharia, administração, consultofuncionamento das empresas em ria, marketing, mídia e entretenimento). desaquecimento, e, mais que tudo isso, O problema é que este setor de co- DEMISSÕES nhecimento não está baseado em força Como alternativa buscam tornar-se de trabalho de massa, mas no uso de uma mais competitivas (para quebrar a vizi- elite. Embora seu número esteja cresnha que concorre no mesmo mercado), cendo, não podemos nos enganar, como investindo mais capital em máquinas, re- querem nos fazer crer alguns apologistas duzindo mais ainda a necessidade de do sistema, achando que este setor vai mão-de-obra. E este o nó do qual o capi- criar tantos empregos quanto os que estalismo não consegue se desvencilhar e, tão sendo destaiídos na indústria tradicia cada tentativa, parece enrolar mais e onal. Só para ficar num exemplo, a Ge- 'Não é a consciência que determina a vida, mas

6 Quinzena N /08/97 Trabalhadores neral Motors, empresa representativa da era industrial, empregava quase pessoas. A Microsoft, do bilionáno amencano Bill Gates, hoje o homem mais nco do mundo, emprega cerca de pessoas. Mesmo o setor de serviços que até há pouco diziam ser o grande absorvedor dos empregos perdidos nas indústrias, está passando por seus processos de enxugamento: escntórios virtuais, bancos em franca reengenharia, supermercados automatizados, lojas vendendo seus produtos na midia eletrônica, empresas de telefonia robotizadas, o setor varejista passando por automações, etc. A questão que fica é: para onde irão todos esses trabalhadores 9 A verdade e as inentiras! A revista Veja em recente edição (n , dia 19 de fevereiro de 1997) traz como reportagem de capa matéria sobre as "novas oportunidades e novos pólos de crescimento" no Brasil. Para quem vê a capa ou folheia a matéria, parece que há uma explosão de novos postos de trabalho e o que falta, na verdade e mão-de-obra para ocupá-los. É um desses instrumentos de que se serve a midia brasileira para distorcer e ofuscar a realidade Muito embora existam realmente alguns postos de trabalho sendo criados aqui e acolá, devido a um volume de investimentos que têm chegado ao Brasil, At> amicmor;ir os X(» unos d;t Revolução Russa, o (Vulro âc Rsludiis Sindicais (CLSl tomou a iniciativa de realizar um seminário para avaliar a importáneia históriea deste aeoiiteciniento não só para a população daquele país. mas para os explorados de lodo o muíuk) Aicm da participação especial de João Amazonas, presidente nacional do PCdoB, sindicalistas, acadêmicos, parlamentares e dineentes partidários debaterão lemas como a ecotiomia no soeialismo, estado e democracia no socialismo e a estratégia socialista na atualidade Inscrições e maiores informaçòes re$(oii)2ti4i4w R Mousenlioi Pnssalácquíi, I''fi Bela Visu - São Paulo-SP 0I323-O11I a própria revista trata de se desmentir quando coloca que cerca de 2 milhões de pessoas chegam a cada ano ao mercado de trabalho, e seria preciso a economia dobrar o ritmo de crescimento para abrigar tal número. Conclusão: mesmo existindo alguns postos de trabalho sendo criados, o número de desempregados a cada ano é muito maior (perto do dobro) que as vagas criadas. Uma outra mentira que salta aos olhos é a que diz respeito aos Índices de desemprego Segundo estatísticas do IBGE, era de 4,6% a taxa de desemprego médio na década de 80. Na década atual esse número gira em tomo de 5,4%, ou seja, aumentou menos de 1%. Há em sã consciência quem acredite nestes números? Senão vejamos o que há de verdade e de mito! Os números não incluem os milhares de trabalhadores que, verdadeiramente sucateados, desistiram de procurar empregos; também não incluem os que tinham emprego permanente e agora trabalham em tempo parcial, ganhando muito menos; não inclui a população carcerária, que cresce significativamente a cada dia; não inclui os trabalhadores da dita economia informal (verdadeiro exército!) enem incluem, na sua totalidade, os trabalhadores sem-terra Muito bem, se acrescentados esses grupos para quanto saltaria a taxa de desemprego real no Brasil' 1 Seminário Os oitenta anos da Revolução Russa Agora uma última pergunta! Olhando ao nosso redor dá para acreditar no índice de 5,4% de desempregados' 1 Vejamos: o número de mendigos cresce a olhos vistos; as favelas explodem a cada grande cidade, formando, não raro. verdadeiros estados paralelos Será que o número de camelôs aumentou 1% refletindo o crescimento do "desemprego oficial" no pais 0 Ou será que dobrou ou triplicou, refletindo a realidade concreta 9 O número do desemprego no campo, que criou um exército de Sem-Terras, é uma invenção ou cabe no 1 % da estatística oficial 9 Por se tratar de um tema controverso e por demais importante, resolvemos tratá-lo em duas edições. Nesta primeira colocamos o que fundamenta o desemprego numa economia capitalista e cuidamos de desmistificar algumas das inúmeras mentiras com que o governo e a midia tratam o assunto. No nosso próximo boletim, colocaremos a questão na perspectiva do trabalhador: o que devemos construir para fazer frente à atual tendência, nossa posição frente à tecnologia, quais as propostas da Oposição Operária, a questão da redução da jornada de trabalho e a posição do sindicalismo. ~\ Para contato: Fone: Programação: 27/09-9:00h - O significado da revolução de outubro de 17 Palestra: João Amazonas - Pres. nacional do PCdoB 27/09-14:00h - A economia no socialismo - mercado e planificação Debate: Jacob Goraider - Hístonador Haroldo lima - Dep Federal do PC do B Osvaldo Coggiola - Hístonador* 28/09-9:00h - Estado e democracia no socialismo Debate: Isabel Mana Loureiro - Prof da UNESP José Paulo Neto - Prof da ÜFRJ Valter Sorraitmo - Pres.do PC do B - SP 28/09-14:00li - A estratégia socialista na atualidade Debate: Carlos Nelson Coutinho - Prof da UFRJ* João Machado - Prof.da PUC - SP Renato Rabelo - Direção Nacional do PC do B* (*) os nomes com astensco não estão confimiados Local: Hotel Jaragua (R. Major Quedmho, 44 - SP) Inscrições até dia 17 de setembro "Não é a consciência que determina a vida, mas

7 Quinzena N /08/97 Trabalhadores Boletim DIEESE - Julho de N" 196 O debate sobre os encargos sociais no Brasil tem polarizado opiniões e constitui um importante divisor de águas quando se discutem alternativas de políticas de emprego e renda Quanto pesam os encargos sociais Existem duas principais interpretações. A primeira, defendida especialmaitepelo professor José Pastore. e amplamente aceita pelos empresários. A partir de um conceito restrito de salário, conclui que os encargos sociais no Brasil chegam a atingir mais de 100 o do salário. A base de comparação dos encargos não é a renuineração total do trabalhador, nem mesmo seu salário contratual, mas apenas uma parte dele Pastore exclui da base de calculo a parte do salário relativa ao descanso semanal remunerado, aos dias de férias e feriados, ao 13 salário, aos dias de afastamento por motivos de doença pagos pelas empresas, ao aviso prévio e a despesa por rescisão contratual Todos esses itens, que são de natureza salarial, são considerados por ele como encargos sociais A segunda interpretação, adotada pelo DIEESE e outros centros de pesquisa, conclui que o peso dos encargos sociais e de 25.1 "o sobre os salários Tamanha diferença de calculo tem origem na confusão existente entre os conceitos de obrigações trabalhistas e de encargos sociais Obrigações trabalhistas constituem uma serie de medidas que devem ser observadas pelos empregadores para a contratação legal de um assalariado. Entre essas obrigações incluem-se. com efeito, aquelas que podem ser consideradas como encargos sociais incidentes sobre a folha de pagamentos. Vias os encargos sociais não são sinônimos de obrigações trabalhistas, são apenas parte delas Salário e a remuneração total recebida integral e diretamente pelo trabalhador, como contraprestação pelo seu serviço ao empregador. Essa remuneração subdivide-se em três partes, a saber: O polêmico peso dos encargos sociais no Brasil \ salário contratual recebido men- vras. o custo total do trabalho, incluídos salmente, inclusive as ferias. os encargos sociais, supera em 53, c )3"(] \ salário diferido (ou adiado), re- o valor do salário contratual registrado cebido uma vez a cada ano (13 salário na carteira profissional, percentual mine 1/3 de ferias), to aquém dos 102% alardeados por par- \ salário recebido eventualmente te expressiva do setor empresarial (FGTS e outras verbas rescisórias). Assim, pode-se dizer que os encar- Todas essas partes constituem aqui- gos sociais representam 30,8 t ) o o do salo que o trabalhador "põe no bolso", seja lário contratual, ou n da folha meem dinheiro vivo. ou na forma de uma dia mensal da empresa, ou 25.l 0 ii da reespécie de conta-poupança aberta em muneração total recebida pelo trabalhaseu nome pelo empregador (o FGTS, dor, ou. ainda, 20,07 0 o do custo total do que constitui um patrimônio individual trabalho para a empresa do trabalhador) Encargos sociais e Já os encargos sociais incidentes so- mercado de trabalho bre a folha restringem-se as contribui- no Brasil ções sociais pagas pelas empresas como A idéia de desonerar a folha de parte do custo total do trabalho, mas que pagamentos. não revertem em benefício direto e inte- Quando se discutem alternativas para gral do trabalhador São recolhidos ao estimular a geração de empregos, fregovemo. sendo alguns deles repassados quentemente se fala em medidas para para entidades patronais de assistência desonerar a folha de pagamentos dos e formação profissional encargos sociais que incidem sobre ela, Uma empresa que admite um traba- como forma de redução do custo da conlhador por um salano contratual hipotéti- tratação de mão-de-obra pelas empreco de R$ 100,00' gastara um total de RS sas. Mas e necessário que fique claro o 153, c )3 Nessa conta, esta incluída a re- que se pretende com a proposta Ou seja, muneração media mensal total recebida se o que se deseja e a redução dos enintegral e diretamente pelo trabalhador cargos sociais propriamente ditos, ou a (R$ ). bem como os encargos so- eliminação pura e simples de itens que ciais sobre a folha de pagamentos media compõem a remuneração dos trabalhamensal (RS 30,89) Dito em outras pala- dores, disfarçada sob o rotulo de redu- Tabela 1 Desembolso total mensal para empregar um trabalhador (Salário contratual hipotético de RS 100,00) Itens de despesa i Salário contratua? 13 H adicional de 1/3 fle (ênas (como proporção mensal) 3 Folha de pagamentos media mensal 11+2) (Base de cálculo dos encargos sociais) 4 FGTS e verbas rescisórias (proporção mensal) 5 Remuneração média mensal Intal do trabalhador (3 + 4) 6 Encargos sociais (incidentes sobre R$ 111,11) 6 1 INSS (20%) 6 2 Seguro de acidentes de trabalho [2 ; em média) Salaho-cducaçao (2,5 0 'o) e.í Incra (0.2 -;,) Sesi ou Sesc (1.5%) Senai ou Senac (1.0%) Sebrae (0.6%) 7 Desembolso total mensal do empregador (5 + 6) Elabomçáo: D/fESC. Subparcelas 22,22 Desembolso (em R$) , ,04 I. O exemplo Jc um salário dr RS WO.ilO hii iitilfeadn.ipenaí. (WJ («aliul o rjciocimo em termos percentuais, uma vez qi» mínimo Ce Kí Ol.ilO. em vigor desde 01 'n e /', í7. njo pi-nnile uma eontratasão legal al-ai^o desse valor "Não é a consciência que determina a vida, mas , ,93

8 Quinzena N /08/97 8 Trabalhadores ção dos encargos sociais inadentes sobre os salários. Nesse sentido, parece haver uma contradição entre o discurso dos representantes empresariais e de seus consultores e as propostas por eles elaboradas. Embora argumentem que é preciso desonerar a folha de pagamentos daquilo que as empresas pagam em porcentagem do total de salários, mas que não reverte diretamente para o trabalhador, o alvo de suas propostas tem sido a redução de parcelas diretamente recebidas pelo empregado. (Para Pastore, o problema dos encargos é que as empresas pagam mui Io e os trabalhadores ganham pouco (Pastore. 1994b). Em recente artigo, em co-autoria com o tributarista Ives (íandra Martins, ele conclui que "Já é hora de o Brasil adotar um sistema de mais negociação e menos legislação - o que significa mais salários e menos encaigos" (PASTORE,./. & MARTINS. I. G ). Nesse mesmo artigo. entretanto, cita como exemplo de encargo social que não constitui contrapartida de trabalho realizado nada menos que a remuneração das férias anuais de trinta dias 1 ). O que deve ser objeto de discussão, portanto, quando se propõem alternativas para baratear o custo de contratação por parte das empresas, são os 25,1 % que elas pagam ao governo, além do que o trabalhador recebe na forma de salário mensal ou como salário diferido (adiado) e eventual Partindo desse pressuposto, cabe perguntar: dos benefícios ou atividades atualmente financiados por esses encargos, há algum que pode ser suprimido, ou todos têm razão de ser? Se devem continuar - e para chegar a essa conclusão é preciso fazer uma avaliação cuidadosa de cada um -, é preciso saber qual será a fonte alternativa de financiamento, caso se resolva desonerar a folha de pagamentos. Nada impede, por exemplo, que esses benefícios e atividades hoje financiados por contribuições sobre a folha de pagamaitos passem a ser financiados por recursos captados sobre o faturamento das empresas ou por recursos previstos no orçamento público, oriundos de impostos. Uma alternativa como essa deverá ser objeto de avaliação no âmbito de uma discussão maior sobre a reforma fiscal e tributária no país. Encargos sociais e geração de emprego A expenência recente de alguns países que buscaram alternativas de precarização da relação de trabalho não indica resultados positivos quanto á geração de empregos. É o caso, por exemplo, da Espanha e da Argentina, que promoveram importantes mudanças na legislação sobre emprego, no início dos anos 90, e, não obstante, ainda convivem com elevadas taxas de desemprego. No caso da Espanha, foram criados catorze tipos de contratos especiais de trabalho, o que não foi capaz de reduzir a taxa de desemprego, atualmente na casa dos 22% da força de trabalho. Já na Argentina, mesmo com as alterações promovidas nos contratos de trabalho, o desemprego atinge cerca de 17% da população economicamente ativa. Essa é também a conclusão dos técnicos da Organização internacional do Trabalho (OIT) Segundo Oscar Ennida, especialista em normas internacionais da entidade, "a Espanha e a Argentina são bons exemplos de que um mercado de trabalho flexível não cria empregos" O incentivo à geração de empregos, portanto, está muito mais associado à criação de um ambiente propício ao investimento produtivo, com taxas de juros baixas e diretrizes claras de política industrial, agrícola, cambial e creditícia, e às políticas ativas de emprego - como, por exemplo, a diminuição do limite legal de realização de horas extras e redução da própria jornada de trabalho -, do que à redução ou eliminação de encargos sociais. Esse ambiaite contribui na, inclusive, para a própria formalização de empreendimentos produtivos, o que traria consigo um incentivo á formalização dos vínculos de trabalho a eles associados. Encargos sociais e mercado de trabalho informal Outro argumento, freqüentemente utilizado, refere-se ao estímulo à informalidade nas relações de trabalho que os encargos sociais representariam. Para além da questão dos encargos sociais, existe uma parcela de trabalhadores que se encontra na informalidade por vislumbrar aí a possibilidade de melhor remuneração do que teria condições de obter no mercado formal, ainda que Wão e a consciência que determina a vida, mas para isso se submeta a jornada de trabalho mais extensas. Isso significa que as fragilídades do próprio mercado de trabalho formal no Brasil (baixos salános, excessiva instabilidade do vínculo empregatício e baixa qualidade do trabalho) são, em parte, responsáveis pela dimensão do mercado de trabalho informal no Brasil. Mas, a principal causa da existência de um enorme contingente de trabalhadores com vínculos de trabalho informais no Brasil parece estar muito mais ligada ao baixo custo da ilegalidade, em termos de relações trabalhistas, do que ao suposto alto custo dos encargos sociais E preciso deixar claro que o chamado "mercado de trabalho informal" não significa uma alternativa viável à disposição das empresas, que assim poderiam optar por empregos formais ou infonnais em função de critérios de custo O mercado de trabalho informal representa, na maior parte dos casos e antes de mais nada, uma verdadeira fraude. O estímulo a essa fraude é resultado das deficiências do atual sistema brasileiro de relações de trabalho, que se baseia no tripé representado por uma estrutura sindical que não garante a organização dos trabalhadores nos locais de trabalho, por um modelo de solução de conflitos (individuais e coletivos) que depende, exclusivamente, da Justiça do Trabalho e pela ausência de garantias de emprego contra a demissão imotivada Esses três fatores dificultam enormemente a criação de alternativas não judiciais à solução dos conflitos trabalhistas, o que toma extremamente morosa a sua solução, desde os mais simples até os mais complexos. Do ponto de vista estritamente econômico, portanto, é mais vantajoso para o empregador descumprir a lei para pagar suas obrigações, muito tempo depois, por um valor menor e, ainda assim, somente no caso de vir a ser acionado na Justiça do Trabalho, o que nem sempre ocorre. Esse parece ser o grande estímulo à informalidade no mercado de trabalho, e que não será eliminado com a redução dos encargos sociais Uma proposta para estimular a formalização dos vínculos de emprego não deve se pautar pela lógica da redução dos direitos do trabalhador com vínculo

9 Quinzena N /08/97 Trabalhadores formal, mas, antes, pela punição à utilização de contratos irregulares. Se o que confere ao emprego formal um stattis de qualidade que o distingue do emprego informal é exatamaite a maior proteção ao trabalhador, qual a vantagem de se formalizarem mais vinculos, se isso ocorrer à custa da redução ou eliminação desses mesmos direitos? Encargos sociais, "Custo Brasil" c competitividade Os defensores da proposta de redução dos encargos sociais argumentam que estes são parte importante do chamado "Custo Brasil", expressão muito usada nos circulos empresariais, e que significa o conjunto de "fatores diferenciais de custos que o pais apresenta em relação a outros países". Alem do equivoco quanto ao conceito de salário e de encargo social, parece haver ainda um outro engano na raiz desse diagnóstico: a confusão entre custo dos encargos e custo total do trabalho. Para o empregador, o custo do trabalho representa a soma das despesas que ele realiza com o pagamento de salários, benefícios e encargos sociais sobre a folha de pagamentos A comparação relevante, portanto, em termos de custo da mão-de-obra, é exatamente o custo monetário total do trabalho. A proporção em que esse custo total se subdivide em salários e encargos sociais sobre a folha de pagamentos é secundária, do ponto de vista da competitividade empresarial E. em termos de custo total do trabalho, o Brasil ocupa um lugar nada confortável no /v7/ía-;>íg mundial, como mostram os dados da tabela 2. No setor siderúrgico, segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), Rinaldo Campos Soares, as vantagens competitivas do Brasil no mercado internacional estão concentradas nos itens matérias-primas, energia e mão-de-obra Mesmo trabalhando com um percentual de encargos de cerca de 100% sobre o salário nominal, ele conclui que o custo total de mão-de-obra na siderurgia brasileira é de apenas US$ por hora, superior apenas ao do México, num ranking de dez dos principais paises produtores em todo o mundo, como mostra o oráfico I. Tabela 2 Custo da mão-de-obra no setor manufatureiro (Países selecionados) Pafs (em dólares) Custo horário Alemanha {') 24,87 Noruega 21,90 Suíça 21,-64 Bélgica 21,00 Holanda 19,83 Áustria 19,26 Dinamarca Suécia 18,30 Japão 16,91 Estados Unidos 16,40 França 16,26 Finlândia 15,38 Itália 14,82 Austrália Remo Unido 12,37 Irlanda 11,88 Espanha 11,73 Nova Zelândia 8,19 Taiwan 5,46 Cingapura 5.12 Coréia do Sul 4,93 Pcrtugai 4,63 Hong Kong 4.21 BRASIL 2,68 México 2,41 Hungria 1,82 Malásia 1,80 Polônia 1,40 Tailândia 0,71 Romênia 0,68 Filipinas 0,68 Bulgária 0.63 China 0,54 Rússia 0,54 Iugoslávia/Sérvia 0.40 Indonésia 0,28 Fonte: Morgan Stanley Research. Citado por STEWART. Francês. La nueva división internacional dei trabajo. Revista Trahajo. n" , p 28 Publicação da OIT Cl Apenas Alemanha Ocidental. Gráfico 1 Custo de mão-de-obra no setor siderúrgico (USS/hora) (Países selecionados) Segundo recente documento do Banco Mundial sobre a evolução do "Custo Brasil", uma eventual redução dos encargos sociais "teria efeitos muito modestos sobre o custo das empresas". De acordo com seus cálculos, na hipótese de redução em 50% dos encargos sociais que não revertem diretamente para o trabalhador, "haveria uma redução de apenas 2% a 5% no custo total das empresas". Em contrapartida, "uma reforma no sistema de encargos sociais teria conseqüências significativamente negativas para a política fiscal do governo". O relatório aponta entre os principais fatores responsáveis pelo chamado "Custo Brasil" a valorização cambial, a elevação das taxas de juros, os custos de fretes ferroviários e de operações portuárias, a sistemática de incidência de impostos indiretos ea ineficiência e falta de previsibilidade dos mecanismos de regulação governamental A manutenção ou eliminação de determinados encargos sociais pode até ser considerada no âmbito de uma reforma do conjunto de regras trabalhistas No entanto, isso não pode ser realizado de forma estreita, como se os encargos pudessem ser culpados pela crescente precanzação do mercado de trabalho Além disso, qualquer alteração relativa aos encargos deve considerar os efeitos sobre os fundos que constituem a rede de proteção social no pais Para citar apenas dois deles, dados de 19% indicam a concessão de cerca de 16 milhões de benefícios pela Preví- México Brasil Coréia Taiwan Reino Canadá França EUA Japão Alemanha do Sul Unido Fonte: Wnrtd Slccl Dynamics/ BASH Apurt: SOARES (1996), p Não e a consciência que determina a vida, mas ávida que determina a consciência"

10 Quinzena N /08/97 10 Trabalhadores dencia Social, ou a existência de mais de 4 milhões de segurados no, programa de seguro-desemprego. Em caso de alteração na estrutura de recolhimento de encargos, é preciso ir além das sugestões de alternativas para desonerar o custo da mão-de-obra e indicar, com clareza, as fontes alternativas de financiamento da proteção social no Brasil (Este texto foi elaborado a partir da publicação Pesquisa DIEESE N /;- cargos Sociais no Brasil - Conceito, magnitude e reflexos no emprego. DIEESE, São Paulo, agosto de 1Q97), ~l Suplemento Opinião Socialista - Agosto/97 - N" 3 Se a década de 80 foi marcada por um evidente avanço das lutas operárias no Brasil, a década de QO aponta para um explicito defensivismo das formas institucionais de representação e luta das classes subalternas, em particular, dos sindicatos Os defensores do capital decretam, a todo o momento, o fim do emprego, do trabalho, das classes e, logicamente, do sindicalismo classista. tomando-o supérfluo dado o complexo conjunto de transformações produtivas em curso Por outro lado, setores expressivos do movimaito sindical brasileiro incorporam, com maiores ou menores mediações, teses gestadas e difundidas pelos intelectuais orgânicos da burguesia. Entre elas, a da inexorabilidade do processo de "globalização" econômica orientado pelo vetor do capital especulativo/parasitário. E mais, ao subordinarem-se ideológica e politicamente ao discurso dominante, orientam suas estratégias no sentido de uma progressiva incorporação a ordem, quer através da diminuição do numero de greves, quer "negociando" direitos trabalhistas via reforma da previdência. A evidente burocratização de amplos setores do movimento sindical cutista tem levado, de fato, ao abandono das referências classistas e a conseqüente moderação das reivindicações e lutas dos trabalhadores brasileiros, frente ao renovado projeto hegemônico do capital Contudo, a cnse de direção intelectual e moral das lideranças sindicais integradas à ordem do capital, constitui-se um dos componentes - certamente decisivo - da crise do movimento sindical brasileiro. Ofensiva Estruturalmente articulada a essa crise, encontramos a ofensiva do capital no interior do universo produtivo A descon- Sindicatos de quem éa crise? Ruy tirada c Daniel Homero * caitraçào produtiva, o avanço das novas tecnologias de caráter informacional, as renovadas estratégias gerenciais que objetivam conquistar o consentimento operário no "chão de fabnea" mediante a manipulação das identidades classistas. a flexibilização da jornada de trabalho, a precanzação do trabalho e o desemprego decorrente do incremento da produtividade traduzem tal ofaisiva Sintomaticamente, a corrente majoritária da CUT elege o resgate da cidadania e o combate a "exclusão social" como eixos centrais de suas iniciativas propositivas Ora, e qual o significado dessa "exclusão", senão a inclusão renovada das classes subalternas ao circuito da valorização do capital 0 Como podemos resgatar algo que. objetivamente, nunca existiu para os trabalhadores brasileiros' 1 Fala-se hoje em desemprego estrutural como se fosse uma grande novidade, contudo o capitalismo nunca prescindiu do exercito industrial de reserva como arma orientada contra a organização e a combati vidade das classes trabalhadoras Não podemos reduzir a discussão sobre o desemprego - como parece deixar clara a política adotada pela corrente majoritária da CUT - ao seu aspecto meramente técnico, como se fosse uma conseqüência inevitável do desenvolvimento histórico. Fazer isso significa subordinar política e ideologicamaite o ponto de vista das classes subalternas ao discurso, pretensamente hegemônico, das classes dominantes tradicionais. A redução do emprego formal aponta, sim, para um processo no qual. partindo das estratégias de precarização do trabalho, raiova-se a inserção subaltemizada das classes trabalhadoras ao discurso e á pratica das classes dominantes. Sustenta-se, dessa maneira, um re- 'Não é a consciência que determina a vida, mas novado modo de desenvolvimento do capitalismo mundializado na atual conjuntura ideologico-matenal Uma estratégia alternativa a atual postura defensivista assumida pela corrente majoritária da CUT. pode ser traduzida pela bandeira de luta da redução da omada de trabalho sem redução salarial Proposta capaz de estabelecer uma ponte entre trabalhadores que ainda permanecem inseridos no mercado de trabalho formal, por um lado. e os trabalhadores precanzados. por outro Contudo, vale realçar que tal iniciativa somente traduzirá ganhos para o conjunto das classes trabalhadoras brasileiras, se implementada de maneira rápida e radical, envolvendo o conjunto dos setores produtivos da vida nacional Crise Certamente, a grande novidade desse fim de século não pode ser cristalizada na expressão "exclusão social" O chamado "sindicato-cidadão" não oferece alternativas para os trabalhadores precarizados Pelo contrario, ele agudiza a subordinação dos trabalhadores ao pro- ]eto hegemônico do capital, mas não pode se constituir em possibilidade real de luta para o conjunto das classes subalternas, exatamente por obscurecer a apreensão daquilo que, de fato. esta ocorrendo na base social E a base social esta sendo resolvida pela crise orgânica do capitalismo. Processo antigo, atualizado historicamente pelo movimento das estruturas de domínio do capital, assume, nos dias atuais, a face da neutralidade institucional, da revolução microeletrônica eda tecnificação da política Os trabalhadores e os agentes do capital aparecem como "atores" de um processo indeterminado, interlocutores em pé de igualdade, dentro e fora das câmaras setoriais (para ficarmos apenas

11 Quinzena N /08/97 11 Trabalhadores num dos exemplos nefastos que a estratégia da corrente majontána da CUT tem batalhado por enraizar no seio das classes trabalhadoras brasileiras). As causas da crise do movimento sindical brasileiro e internacional são múltiplas e multideterminadas. Contudo, somente partindo da reflexão histórico-politica de tal processo - vale dizer, a crise orgânica do capital - para muito além do fetichismo institucional ou do fatalismo tecnológico, e que poderemos construir as bases para uma intervenção, real e autônoma, das classes trabalhadoras no sentido da aiptura com a ordem e da transição ao socialismo. Às vésperas de mais um Congresso Nacional da CUT, as reflexões contidas neste Suplemento do Opinião Socialista, produto do Seminário promovido pelo núcleo do PSTU na Unicamp, no dia 19 de junho, certamente encontram-se inscritas nesse movimento. "1 *Riiy Braga, é pesquisador do Centro de Estudos Marxistas (Cemax) da Unicamp e militante do Núcleo de pós-graduandos do PSTU na Unicamp. É autor do livro das sugestões de alternativas para desonerar o custo da mão-de-obra e indicar, com clareza, as fontes alternativas de financiamento da proteção social no Brasil. "A restauração do capital: Um estudo sobre a crise contemporânea (São Paulo. Ed. Xamã: 1997). Daniel Romero, pesquisador do Centro de Estudo Marxistas (Cemax) e militante do Núcleo de pós-graduandos do PSTU na Unicamp. Suplemento Opinião Socialista - Agosto/97 - N 0 3 Nesta etapa da mundialização do capital, estamos diante de uma séne crise do sindicalismo nos paises capitalistas caitrais Basta abnmios os jornais para encontrarmos dados sobre essa situação. No jonial O Estado cie São Paulo, podemos ver, por exemplo, um artigo com o titulo "Sem força, sindicatos alemães fazem concessões históricas" O artigo mostra como o sindicato dos químicos alemães, o 1G Chemie, decidiu, sob determinadas condições permitir reduções nos salários. Os sindicatos dos metalúrgicos, o IG-Metal, também esta fazendo concessões históricas ao capital A Volkswagen conseguiu, na Alemanha, novos contratos que lhe permitem substituir empregados mais antigos e caros por pessoas mais jovais e menos experientes. Segundo o jornal citado, "com muita freqüência, esse tipo de concessão é compensado por garantias no emprego, opção para a compra de novas ações e programas de participação nos lucros. A lolks também estabeleceu fábricas onde os funcionários trabalham horas extras em períodos de demanda, sem receber pagamento adicional. Um acordo como este seria niipensá\'el poucos anos atrás". Cabe lembrar que esses sindicatos citados são muitas vezes tomados como modelos para a tendência majoritária da CUT Capitulação Se a crise do sindicalismo nos paises capitalistas centrais não é mais novidade, no Brasil e algo recente. E sob a era A crise dos sindicatos no Brasil (liovatini Alves* neoliberal que tende a se configurar uma crise do sindicalismo no Brasil Nessa década, são postos, com maior intensidade, os limites do sindicalismo diante da nova etapa do capitalismo mundial. A crise do sindicalismo não pode ser afenda unicamente pela dessindicalização, mas, principalmente, pela capitulação ideológica diante da lógica do capital Ela se configura, por exemplo, quando as estratégias sindicais são implementadas para reforçar a lógica do capital, que é o que estamos vendo, hoje, cada vez mais, nos paises capitalistas centrais, e que se dissemina no interior do pólo combativo do sindicalismo brasileiro (a CUT) Na verdade, o decréscimo de sindicalizados representa a fase senil da crise do sindicalismo. Nos paises capitalistas centrais a dessindicalização de massas é algo muito claro. Mas no Brasil ainda não chegamos a esse ponto O que existe no nosso pais são tendências que, no interior da CUT, fazem cada vez mais concessões ao capital Não deixa de ser sintomático que, no último congresso dos metalúrgicos do ABC, a midia tenha dado destaque á nova estratégia do sindicalismo metalúrgico do ABC que é não fazer greve. O que ocorre é que, a partir de Collor, quando se acirra a ofensiva do capital na produção, as tendências neocorporativas existentes no interior do "novo sindicalismo" se catalisam e adquirem corpo no que denominamos de "defensivismo de novo tipo", que tende a conduzir o sindicalismo brasileiro a uma etapa muito mais "Não é a consciência que determina a vida, mas profunda de crise de feição politico-ideológico. Hoje, nos paises capitalistas caitrais, os sindicatos perderam contato com o movimento social A luta e a contestação ao capital não passa mais pelas estruturas viciadas e burocratizadas desses grandes sindicatos Isso não quer dizer que as lutas não passem pela classe operária. Reestruturação Consideramos que um dos principais determinantes para essa crise do sindicalismo no Brasil é o surgimento e desenvolvimento de um "novo complexo de reestruturação produtiva" Ele tende a colocar, por um lado, sérios limites para as estratégias sindicais de contestação capitalista de feição "obreinsta", como, por outro lado, tendem a catalisar o desenvolvimento de politicas sindicais de feição neocorporativo, de capitulação ideológica do sindicalismo a valores capitalistas. E a partir dai que se desenvolve no Brasil, uma crise do "novo sindicalismo" que atinge a própria identidade classista da CUT. Sob a era Collor ocorre um salto qualitativo na ofaisiva do capital na produção O processo de reestruturação produtiva tende a assumir maior intensidade e amplitude Não podemos reduzi-lo apenas a uma Terceira Revolução Tecnológica. Isso sena cair num viés tecnologicista. E preciso pensar numa investida do capital de caráter amplo; algo que incorpore não apenas as inovações tecnológico-organizacionais nos locais de trabalho, mas a própria relação interfimias.

12 Quinzena N /08/97 12 Trabalhadores cuja principal característica é a descentralização produtiva, a terceirização sobre a materialidade da classe. A terceirização surge como uma forma eficaz de controle do capital que recompõe a cadeia produtiva, precarizando o coletivo do trabalho. O seu objetivo é claro - instaurar uma nova hegemonia do capital na produção. É curioso que os sociólogos do trabalho, em suas análises sobre a reestruturação produtiva tendam a desprezar esse aspecto político, de classe (o que não ocorna na década passada, que eles colocavam, por exemplo, a automação microletrônica na produção como uma nova forma de controle do trabalho). Além disso, o "novo complexo de reestruturação produtiva" é uma investida do capital nas próprias relações sociais de produção. Seu principal aspecto é a flexibilização dos contratos de trabalho Seu objetivo é fechar o cerco contra o sindicalismo classista. O que demonstra que a lógica estruturante do "novo complexo de reestruturação pro- dutiva" não é "neutra" - e nem, poderia ser, na condição da mundialização do capital. Desafios O que essa situação toda mostra 9 Ela mostra, que está havendo, mais do que na década de 1980, uma acirrada luta de classes na produção. Mostra, também, que a hegemonia do capital na produção está tentando se recompor, principalmente, através do "novo complexo de reestruturação produtiva", utilizando para isso, o mecanismo perverso e coercitivo do mercado. Não é apenas a busca do consentimento operário através, por exemplo, dos programas de qualidade total, de participação nos resultados, dos trabalhos em gaipo. E, também, o velho uso de mecanismos coercitivos de mercado como o desemprego estrutural (o que tende a promover, num patamar superior, a irracionalidade social - que se contrasta, por outro lado, com a crescente racionalidade intrafirma). Os sindicalistas eas lideranças politicas que pensam em uma perspectiva para além do capital, precisam analisar para ver que nova classe operária está surgindo e quais são os caminhos para a construção, a partir da perspectiva do trabalho, de um novo projeto socialista, capaz de colocar obstáculos à sanha da valorização mundial; capaz de superar a lógica da "produção destrutiva" do capital. E preciso sair do debate sobre o "fim da sociedade do trabalho". E um debate diversionista, anacrônico, que tende a ocultar o verdadeiro debate da nossa época, mais instigante, que é saber que nova classe operária está ai, e qual o seu lugar na luta social epolitica por uma nova sociabilidade socialista, que possa nos conduzir para além do capital. "1 *Giovaiini Alves, éprofessor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Campos de Marilia e autor do livro Os limites do sindicalismo, (editora Praxis, 1997) e coautor do livro Neoliberalismo e Reestruturação Produtiva (editora Cortez, 1996). para contato: giovanni@sercomtel. com. br. Folha de São Paulo - 24 de agosto de 1997 A privatização da política salarial O Estado brasileiro sempre teve um papel detemiinante na gàiese e funcionamento da estrutura sindical e em todo o sistema de negociação coletiva construidos por Getúlio Vargas, a partir dos anos 30. O mercado de trabalho no Brasil foi formado, ao longo do processo de industrizalização, por um edifício institucional que contou com participação decisiva do Estado na sua articulação e controle. Porém, neste mercado de trabalho os sindicatos corporativos e atrelados ao Estado tiveram por muitas décadas o papel de expressar as demandas sociais dos trabalhadores frente aos empresários e o Estado, ainda que de forma restringida e controlada pela presença marcante do Estado e da Justiça do Trabalho em todo o processo. A ditadura militar que se instaura, a partir de março de 1964, inaugura um novo padrão de intervenção do Estado no mercado de trabalho, ou, mais precisamente, redefine desde então o papel AUnTJo Mercaüante do Estado na solução da oposição salários/lucros e na sua reposição. Essa contradição, condicionada pelos limites impostos pelo padrão histórico de acumulação de capital, passa a se resolver e a se opor no intenor a partir do Estado. O regime militar estabelece um padrão autoritário e centralizado de intervenção no mercado de trabalho Em primeiro lugar, intervém em sindicatos cassando, prendendo e afastando lideranças sindicais. Por meio da repressão direta e violenta, desarticula organicamente a representação sindical dos trabalhadores. E nesse cenário que começa a ser definido um novo arcabouço jurídico institucional autontário e centralizado que inviabiliza o controle social das partes contratantes, assumindo o Estado o papel e outorga compulsória de todas as decisões fundamentais relativas ao conflito capital/trabalho. Esse processo será acompanhado pela implantação do FGTS com o fim da estabilidade e pela definição de uma política A/ao e a consciência que determina a vida, mas salarial, que, longe de ser apenas um instaimento de política antiinflacionána, cumprirá um papel decisivo no padrão concentrador de distribuição de renda que modelará a estrutura de consumo e produção do pais. Essa legislação é introduzida pela circular n 0 10 do Gabinete Civil, de 19 de junho de 1964, seguida pelos decretosleisn e epela lei n dejulhode Nessepnmelromomaito são disciplinados os reajustes salariais do setor público, depois os mesmos parâmetros salariais são apresentados como recomendações para as decisões da Justiça do Trabalho e, finalmente, as novas medidas legais estabelecem uma fórmula de reajuste pelo salário médio real que é imposta á Justiça para todas as decisões sobre salários. Quando analisamos essa política salarial autoritária e centralizada, que elimina o papel dos sindicatos e o próprio poder normativo da Justiça do Trabalho, podemos verificar que ela nasce no con-

13 Quinzena N /08/97 13 Trabalhadores texto de uma política de estabilização monetária definida pelo Paeg (Roberto Campos e O G Bulhões), que pretendia cortar demanda agregada, arrochando salários Porem, logo a seguir, com a virada no diagnostico de "inflação de demanda" para "inflação de custos", que levara Delfim Netto ao Ministério da Fazenda, iniciando uma retomada do crescimento e um auge econômico, a política salarial e mantida na sua essência, contrariando o sentido geral da política econômica expansionista e revelando seu caráter estruturalmente do modelo de crescimento concentrador de renda Desde então a política econômica sofreu inúmeras inflexões, mas a política salarial do governo sempre esteve presente como instrumento de política econômica e definindo limites na determinação dos salários pelo mercado O novo sindicalismo que emerge das grandes greves de 1^78 a partir do ABC irá quebrar esse padrão autoritário e ampliai os espaços políticos e mstitucio-nais de participação dos sindicatos nas negociações salariais. A Justiça Trabalhista ira recuperar seu poder normativo e as greves terão um papel decisivo nas negociações, em um contexto de inflação elevada e baixo ilivel de atividades que marcaram a crise da divida nos anos 80. O novo sindicalismo criara a CUT. outras centrais serão formadas e as mobilizações sindicais crescem por todo o pais. mas os trabalhadores não romperam historicamente com a estrutura sindical oficial nem conseguiram constituir um novo arcabouço institucional de ne- gociação direta, como propunham com o contrato coletivo de trabalho nacionalmente articulado. O projeto neoliberal articulado pela coalizão conservadora que sustenta FHC mantém intocada a estrutura sindical oficial e todos os demais instrumentos de controle sobre os sindicatos e de intervenção nas negociações coletivas Mas silenciosamente elimina a política salarial e com ela qualquer intervenção do Estado no processo de determinação dos salários Essa estratégia, coerente com o pro- eto neoliberal de desregulamentação da economia, transfere a determinação dos salários diretamente para o mercado e. nele. para a correlação de forças entre trabalhadores e empresários, em um cenário de baixo nível de atividades, juros altos, aumento brutal de produtos importados e desemprego em massa A ênfase exclusiva e desproposital na estabilidade monetária com âncora cambial, sem quaisquer medidas que promovam a expansão dos investimentos e a retomada do crescimento da economia, acompanhadas pela privatização da política salarial, projetam um quadro de rápida deterioração das condições de trabalho, rebaixamento salarial e fragilização do movimento sindical Os principais indicadores recentes do mercado de trabalho, em especial da pesquisa Seade-Dieese. a partir de 1^04. revelam uma deterioração dos indicadores de emprego e salários A maior parte da população ocupada esta ganhando menos, em empregos formais ou informais Todas as faixas de renda perdem rendimentos de 1995 para ca e aumen- tam as desigualdades entre rendimentos dos ocupados e dos assalariados Aumenta a migração forçada dos trabalhadores assalariados de empregos formais com carteira de trabalho assinada para empregos informais ou sem carteira Ha redução significativa dos postos de trabalho na industria, e os que migram forçosamente para o setor serviços, quando são absorvidos, tendem a receber salários menores Há um empobrecimento do conjunto da classe trabalhadora após 1994, especialmente na Grande São Paulo, onde os dados são mais completos e disponíveis O governo FHC pnvatizou a política salarial, mas manteve todos os mecanismos de controle sobre o movimento sindical e que impedem a livre negociação com direitos sindicais e contrato coletivo de trabalho Não ha mais qualquer compromisso ou instrumento do Estado para intervir no perfil de distribuição de renda do pais O mercado ê o único espaço social de determinação dos salários. Os sindicatos continuam submetidos a todos os mecanismos de controle do Estado coiporativista dos anos 30 enão há qualquer avanço em direção ao contrato coletivo-de trabalho A liberdade para o projeto neoliberal e liberdade para o capital, e a privatização da política salarial, nessas condições históricas, agravará ainda mais o perverso padrão de djsti±)uiãddaibtdaridpaé. "1 *AIoízio Mercadante, -fj. economista e professor da Unicaitip e PUC. foi deputado federal e candidato a vice-presidente da República com Lula e é membro da executiva nacional do PT. À VENDA NO CPV O PODER, Cadê o poder? Ensaios para uma nova esquerda Autor: Emir Sader O poder, cadê o poder? - ensaios para uma esquerda recoloca no centro da discussão brasileira a questão do poder como iustriimento de transformação da sociedade. Partindo da constatação de que "a miséria da teoria abriu caminho para a miséria da política". Emir Sader faz análises contundentes, instiga, provoca. A leitura de seus textos, nenliiima neutralidade será possível, nenliuma imparcialidade será permitida. Trata-se, pois, de um livro necessário, em que os desafios não aceitam nem a passividade nem a reiteração de velhos destinos. Preço: 22,OO Wao é a consciência que determina a vida, mas

14 Quinzena N /08/97 14 Trabalhadores Massas - 1 a Quinzena de setembro de N" Congresso Nacional da CUT Um congresso oposto às necessidades das massas exploradas O 6 o Congresso Nacional da CUT, re alizado de 14 a 17 de agosto, contou com a presença de delegados A sua grande maioria se constituía de dirigentes de sindicatos e de servidores públicos federais, estaduais, municipais, bancários, etc A representação de base dos operários e camponeses era extremamente minoritária Essa composição social por si só mostra o distanciamento da CUT das bases proletárias e a influência decisiva da pequena burguesia e da casta burocrática. O conteúdo do Congresso se expressou, logo de inicio, na presença de representantes do governo, Sr Barelli - Secretário do governo Covas, de dirigentes da Ciosl e Ont ( Central internacional pro-impenalista), da FSM (uma Central Mundial que muito serviu á politica estalinista). Igreja, etc Tais presenças foram provas físicas do caráter conciliador e colaboracionista da direção da CUT assumido pelo 6 Congresso Destacou-se o eleitoralismo petista da grande maioria dos delegados. A presença de Lula teve a função de fazer do Congresso um dos primeiros passos da campanha eleitoral de 98. Os gritos de "Lula Presidente" por boa parte do plenário expuseram o sentido principal do Congresso para as forças majoritárias. A tese da Articulação delineou a linha no rumo de colocar a CUT a serviço das eleições presidenciais O resultado do Congresso esteve determinado de antemão pela presença majoritária da Corrente Articulação e pela imposição da tese-guia, elaborada pela direção da CUT As emendas, contidas no caderno, eram aquelas que obtiveram mais de 20% nos congressos estaduais. O que impossibilitou a atuação no Congresso dos delegados que não tinham emendas no tal caderno. Qualquer moção deveria conter 150 assinaturas de delegados para que pudessem ser encaminhadas á mesa. Esse mecanismo de tese pronta e de emendas aprovadas nos estados impediram o direito democrático elementar de de- legados de se expressarem nas plenárias do Congresso. As correntes que conseguiram emendas em alguns estados puderam fazer o debate de surdos Isso porque o voto da maioria já estava assegurado Dessa forma, só foi incorporado á tese da direção aquilo que a Articulação considerou que não feria o conteúdo da mesma As votações em uma só foram possiveis através de um acordo entre todas as correntes e, mesmo assim, a Articulação conseguiu vencer, ainda que com uma margem pequena de votos. No decorrer de quase todo o Congresso, o PSTU (MTS), Alternativa Sindical Socialista (ASS), Corrente Sindical Classista (CSC) e o O Trabalho atuaram de forma conjunta, fundindo emendas e dividindo intervenções em plenário Parecia prestes a se conformar um grande bloco das chamadas esquerdas para a disputa da direção da CUT Porém, ao apresentar o Plano de Lutas, a Articulação propôs a elaboração de um plano de consenso. Tentativas foram feitas e, no final das contas, a Articulação conseguiu atrair a CSC (PCdoB) e ASS para sua proposta de ação Correntes estas que durante todo o Congresso posaram de oposição e que estiveram alinhadas ao bloco de esquerda. O PSTU ficou de fora com o argumento de que era preciso apontar a data para a greve geral, por isso se absteve E pratica do PSTU procurar a unidade com a burocracia No CECUT-SP aceitou o Plano de Luta da Articulação em nome da unidade Certamente, os centnstas devem ter sofrido grandes pressões de suas bases para não negociarem o acordo em tomo do Plano de Ação. A história da greve geral foi apenas um álibi. Ainda que a burocracia admitisse colocar o dia da greve geral, os revolucionários não podenam compor um acordo com uma corrente que havia acabado de aprovar uma politica de conciliação de classe e que por sua prática anterior vinha colaborando com o Plano Real e as Reformas. "Não é a consciência que determina a vida, mas a vida aue determina a consciência" O Plano de lutas referendou a politica que já vinha sendo praticada pela Central Novamente, o lengalenga das caravanas a Brasília para pressionar o Congresso contra as Reformas Constitucionais esteve presente. Segue a isso um conjunto de bandeiras genéricas, a exemplo de "impulsionar as lutas sociais, intensificar a campanha contra o desemprego, avançar rumo á greve geral etc" Não deixaram de frisar a campanha da cidadania, no estilo daquela realizada pelo mentor Betmho Em seguida, propuseram um calendário de datas; 7 de setembro, como o "grito dos excluídos", e J6, dia do julgamento de José Rainha, como sendo um dia nacional de lutas (paralisa as atividades para pressionar a Justiça quem quiser) Como se vê, os trabalhadores estarão a mercê dessa politica de não enfrentamento ao Plano antinacional e antipopular do governo, bem como do método de ação estranho à classe operária, ou seja, das negociatas, dos fóruns tnpartites. das caravanas inócuas, etc Para surpresa de uma parte do plenário, surgiram 5 chapas para a direção Central O que expressou a falsa unidade no conteúdo oposicionista do blocão Basta que lembremos que a maioria das emendas foi fundida e defendida por várias correntes políticas A chapa "Articulação Sindical" obteve a maioria dos votos (52 ü o). A chapa "Unir a esquerda da CUT", composta pelo PSTU. ASS e alguns grupos menores obteve 30.28%. A chapa do PCdoB "Classista". conseguiu 13.58% O Trabalho concorreu com a chapa "CUT fora do CNTb para derrotar FHC" teve 4.14% dos votos E a chapa "Por uma alternativa revolucionaria para o movimento operário", formada pela LB1, Liga, Coletivo dos Trabalhadores teve uma votação insignificante O Partido Operário Revolucionário se negou a discutir a composição de chapa com a LBI pelo fato dessa corrente lançar difamações contra os poristas Quinze foram os votos nulos e brancos

15 Quinzena N /08/97 15 Trabalhadores A tarefa de organizar o movimento operário e das massas para por abaixo o governo dos capitalistas ficou totalmente à margem do Congresso O biocào de esquerda foi inclusive incapaz de se unificar em torno desse objetivo As propostas de frente tanto da Articulação/ CSC quanto do PSTU estiveram voltadas ás eleições presidenciais. Nem de longe, expressaram uma diretriz de combate através da ação direta para derrotar o Plano de fome e miséria A burocratização dos sindicatos e da CUT bloqueou a possibilidade de um Congres- so de base e revolucionário. As deliberações do Congresso e as diretrizes politicas estão em total contradição com as necessidades das massas exploradas As lutas vindouras estarão em choque com a burocracia e com as resoluções aprovadas no 6 Concut "1 Inverta - 20 a 26/08/97 - N um Nos dias l(->e 1 7 de agosto foi realizado o t> p Congresso da Central Lmca dos Trabalhadores (CUT), em São Paulo O Encontro aconteceu debaixo de uma crise muito profunda dentro da Central, a começar pelas fissuras internas da própria Articulação, correute mniontaiia da CUT. a qual pertence Vicentinho Como e sabido, o bancário Váccari \eto. pretendente ao cargo de esidentcda entidade, viu seu sonho cair por terra quando Vicentmho decidiu lecandidatar-se para esta função Vaccan teve que se contentar com o cargo de vice-presidente, após acordo com a cúpula da Articulação As discussões políticas - em tese - seriam o caminho paia se minimizar a divisão da Central O que não aconteceu, haja visto a ausência de debates em grupos, ficando com direito a palavra um numero muito reduzido de participantes Mereceu destaque, nos poucos proininciamentov o balanço político da CL T em que aparecem como ponto central a iniciativa de Vicentinho em negociar com Fernando Henrique Cardoso sobre a Reforma da Previdência com o coniunto dos sindicatos totalmente desmobilizados, fato considerado pela chamada esquerda da Organização como um ato de conciliação com o go\erno Lm dos argumentos mais contundentes contra Vicentinho foi o de que ate mesmo os deputados petistas da sua corrente (a Articulação) opuseramse a que ele se sentasse a mesa de negociações com FHC. ao unes de dialogar com a classe trabalhadora, mobilizando-a para derrotar as propostas do governo, obngando-o a recuai do objetivo de destruir conquistas de milhões de explorados Para os críticos do presidente da CUT na pratica. Vicentinho fez a política de redenção ao inimigo Congresso da CUT: evento despolitizado Também foi muito polêmica a discussão acerca da participação ou não de representantes dos trabalhadores no Conselho Nacional do Trabalho (órgão tnpartite. com participação do governo, empresários e representante dos trabalhadores) A Articulação defendeu este organismo, enfrentando posição contrária de outras forças, que viram na proposta da corrente de Vicentinho mais uma "jogada de conciliação de classe" A proposta da Articulação saiu vitoriosa, com 51,77 o contra o dos demais setores Na verdade, aprovou-se um mmipacto de trabalhadores com os seus explorados, principalmente se for considerado o fato de que no CNT governo e empresários representam os mesmos interesses Em relação a CIOSL. tentou-se encaminhar proposta de desfihação da CUT desta Central internacional Alegando-se falta de tempo disponível para a sua discussão, a proposta morreu no nascedouro Na verdade, setores da própria esquerda da Central vacilaram nesta questão, embora sabendo que a CIOSL. sempre primou pela conciliação de classe, pela divisão da classe trabalhadora mundial, tendo, alem disso, apoiado todas as ditaduras militares implantadas na America Latina e em outros continentes Outros problemas ocorreram neste Congresso visto como o mais despolitizado da historia da CUT. ate o momento Por exemplo, o Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro não pôde participar do Encontro sob a alegação de que ele deve grande quantia para a Central; alias, uma divida herdade da própria Articulação de quando esta esteve a frente deste sindicato Opositores a Articulação alegaram que no passado, embora devendo a CUT. este sindicato partici- "Nào é a consciência que determina a vida, mas a vida aue determina a consciência" pou de eventos deliberativos Situação semelhante aconteceu com outros sindicatos ligados a oposição Os cabeças da Articulação afinnam que nenhuma manobra foi feita, dizendo que as mesmas regras foram para todos Terceirização Quem chegasse ao patido do Ginásio Ibirapuera. onde se realizou o 6 CONCUT logo percebia grande diferença em relação a congressos passados da CUT boxes de empresas de seguros, de turismo, de vendas de paletó e roupas de frio. de bijutena etc, e alguma venda de livros Era a terceirização da organização do Congresso Uma empresa chamada CAPE ficou a frente da organização interna, cobrando taxas absurdas de quem quisesse vender meios de cultura, como loniais e revistas, como se faz no mundo dos negócios, onde lucro e tudo Como quase ninguém tinha condição de pagar o "aluguel" de qualquer pedacinho de chão terceirizado para vender jornais alternativos, por exemplo, quebrou-se a tradição de verdadeiro intercâmbio cultural em Congressos da CUT Pela lógica imposta, um banco teria muito mais possibilidade de usar um espaço no pátio do Ginásio Ibirapuera do que um grupo de esquerda, ou sindicato, que quisesse vender algum material escrito Alem disso, quebrou-se uma outra boa pratica de suma importância para a educação politica dos trabalhadores: a possilibidade de eles próprios, coletivamente, organizarem o Congresso, de maneira espontânea Sobre tal terceirização, vale lembrar a expressão de um bem humorado delegado do encontro: "Vejo a privatização do Congresso, tomara que não pnvatizem a CUT"

16 Quinzena N /08/97 16 Trabalhadores O Estado de São Paulo - 25 de agosto de 1997 Só nova lei tira sindicato do imobilismo, diz sociólogo Para Leôncio Martins Rodrigues, monopólio da representação de categorias e bases territoriais dos sindicatos garante sua sustentação financeira sem esforço de seus representantes O professor titular de Ciência Políti ca da Unicamp, Leôncio Martins Rodrigues, acompanhou como observador o 6 o Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), encerrado dia 17 em São Paulo. Saiu convencido de que as disputas internas que marcaram o encontro, a guerra entre as correntes políticas e o carregado discurso ideológico de seus líderes não atrapalharão nem ajudarão a central daqui por diante. "E preciso uma mudança de cultura e de legislação para que os sindicatos brasileiros saiam da imobilidade", disse. "A qualidade de um congresso não vai mudar essa realidade". Para ele, a lei brasileira que dá o monopólio da representação de categonas e bases territoriais aos sindicatos e garante sua sustentação financeira sem esforço dos sindicalistas contribui para essa imobilidade. O professor comparou as greves no Brasil e nos Estados Unidos, onde a paralisação é "um ato sério" e a responsabilidade dos líderes, imensa - a ponto de passar pela sustentação financeira dos grevistas. Aqui, lembrou, sindicatos não têm nada a perder quando convocam um movimento. Ao contrário, mesmo que não façam nenhum esforço de negociação, acabam tendo algum ganho por sentença judicial. A seguir, os pnncipais trechos da entrevista. Estado - Em que este congresso, da CUT foi diferente dos anteriores? Leôncio Martins Rodrigues - Achei igual a todos os antenores, com muita discussão ideológica e muitas divergências expressas de modo político, não sindical. Os debate opõem globalmente as várias tendências - elas votam em bloco em uma ou outra posição de suas lideranças. No congresso anterior, em 1994, houve unidade das várias correntes políticas, mas só porque havia expectativa de vitória de Luiz Ignácio Lula da Silva nas eleições presidenciais. Mas, antes disso, a divisão de tendências ocorria exatamente da mesma forma. Estado - Á briga interna na cor- laliana Pinheiro rente majoritária, a Articulação, não foi um diferencial? Rodrigues - Houve esse conflito, mas não por divergência ideológica. Foi só disputa por cargos. E interessante notar que os bancários se sentem legitimados a ocupar a presidência da central, cargo que sempre coube a um metalúrgico. Isso é reflexo da economia de hoje. Os sindicatos de metalúrgicos, de modo geral, perderam grande parte de suas bases por causa da reestruturação produtiva. Há um tempo, era impensável alguém do setor de serviços reivindicar a presidência de uma central como a CUT - um metalúrgico no cargo principal era um símbolo. Hoje, vemos que outras categorias podem almejar isso - funcionários públicos e professores, por exemplo. Há uma mudança no perfil de filiados e mudanças na economia que explicam isso. Estado - As disputas internas atrapalharão a atuação da central daqui para a frente? Rodrigues - Penso que se exagera um pouco a função dos conflitos nos congressos da CUT. Do jeito como eles são feitos, com muitos participantes, cria-se um clima de comício. As posições e discursos ideológicos são colocados de forma exacerbada. Mas isso não corresponde à vida dos sindicatos. Os discursos ideológicos são esquecidos assim que os dirigentes voltam ao sindicato. Por isso, as disputas perdem importância no diaa-dia dos sindicatos. Estado - As teses discutidas nesses congressos são genéricas demais, de macroeconomia e política. Isso não estaria atrapalhando o trabalho sindical? Rodrigues - Em parte, isso ocorre porque os sindicatos e a esquerda têm dificuldades em encontrar propostas concretas num momento em que o sindicalismo passa por situação muito difícil. Penso que o que existe na CUT e no sindicalismo brasileiro é uma cultura que dificulta a negociação. Não se reconhece a legitimidade do lucro e do empregador. Quando há propostas, esse não-reconhecimento fica claro: são pouco realistas. A/ao e a consciência que determina a vida, mas Basta ver o caso da redução de jornada de trabalho sem redução de salários. Os empresános não vão aceitar e os sindicatos não têm força para impor isso. Estado - O congresso, apesar disso, aprovou propostas pouco realistas e ainda mostrou que a direção da CUT não está coesa. Isso vai prejudicar o desempenho da central daqui para frente? A CUT tende a ficar imobilizada? Rodrigues - O movimento sindical já está imobilizado E difícil hoje fazer greve geral ou greves setoriais porque o desemprego atrapalha O congresso em si não muda isso. O que atrapalha o movimento sindical é que os sindicatos são altamente protegidos pela lei epela Constituição. Até sua sobrevivência financeira é garantida por lei. Esse modelo corporativo impede que a atuação sindical seja mais séria Estado - Em países onde os sindicatos não são tão protegidos sua atuação é melhor? Rodrigues - Aqui, os sindicatos convocam greves sem pensar nas conseqüências. Se perdem, não sofrem nenhum prejuízo, porque investem pouco no movimento - não têm sequer fundo de greve para sustentar os grevistas Politicamente, também não perdem nada, já que têm reserva de mercado de base, monopólio legal da representação Muitas vezes, aqui se faz greve não para negociar e ganhar, mas para forçar um julgamento do movimento na Justiça e obter algum ganho por sentença judicial Nos Estados Unidos, não é assim. Veja a greve na United Parcel Service (UPS, que paralisou 80% dos semiços de remessa de encomendas e causou prejuízo de US$ 650 milhões à empresa) Lá, a greve é um ato sério, convocado com responsabilidade. O sindicato tem um fundo de greve, sustenta os grevistas durante o movimento. O que quero dizer é que a qualidade de um congresso da CUT não muda essa realidade. E preciso mudança de cultura e de legislação para que os sindicatos no Brasil saiam da imobilidade. "1

17 Quinzena N /08/97 17 Trabalhadores Folha Bancária - 19 a 20 de agosto de N È pra mudar Críticas dos bancários provocam na CUT debate por gestão mais coletiva na luta contra o neoliberalismo Durante quatro dias, mais de 2 mil traba lhadores discutiram a atuação da Central Única dos Trabalhadores. Foi o mais polêmico congresso nos 14 anos da Central. Os delegados enfrentaram filas e debruçaram-se sobre uma pauta carregada e longos debates. Apesar disso, o congresso pôs a CUT no centro das lutas contra os problemas trazidos pela política neoliberal do governo FHC: desemprego, miséria e violência. Mais que isso, tocou em temas importantes para os trabalhadores e a população: racismo, discriminação da mulher, previdência, globalização e solidariedade internacional. Dirigentes sindicais bancários travaram a mais polêmica com a direção da central discordando do balanço da luta em defesa da previdência e da greve geral do ano passado, exigindo um comportamento mais coletivo na direção. A votação final, com cinco chapas inscritas, conduziu Vicentinho à presidência e o bancário do Banespa, João Vaccari, à vice. Fez ainda com que a chapa vencedora esta- belecesse um compromisso de gestão democrática, expresso num documento com 10 compromissos coletivos. Decisões coletivas - Para João Vaccari, trata-se de um compromisso programático por maior transparência e participação nos debates. "Decisões compartilhadas e menos concentradas significam ligação mais estreita com a realidade dos sindicatos e mais agilidade para pôr em prática o que é decidido", diz. Segundo Vaccari, a aceitação desse conjunto de premissas reforça as razões com que todos esses debates polêmicos foram propostos. "Sempre deixamos claro que nossas divergências à gestão anterior eram de métodos, e não de concepções de sindicalismo. A nova diretoria fonnou-se por meio de debate transparente com os trabalhadores rurais, professores, químicos, metalúrgicos, bancários, enfim, o conjunto de forças que vem construindo uma CUT de todos os trabalhadores há 14 anos". Corações e mentes - Para o presidente do sindicato, Ricardo Berzoini, primeiro a expor em público, antes do congresso, as divergências com Vicentinho, o principal saldo de toda a polêmica foi que o conjunto da direção da CUT acabou aprofundando o debate e proporcionou, coletivamente, uma nova perspectiva de gestão para o próximo período. "Estávamos dispostos a não fazer parte da nova direção da central, como aconteceu na CUT Estadual. Mas as questões que levantamos conquistaram corações e mentes de várias categorias", afirma Berzoini, para quem o debate continua. "Apesar da tensão, a democracia saiu fortalecida, apontando o caminho de uma CUT mais madura, mais preparada para se consolidar como um instrumento de luta de toda a sociedade - e não apenas de algumas categorias - e como principal elemento de contraposi-ção ao modelo neoliberal introduzido no pais pelo governo FHC/PFL", conclui. Jornal do SINTUSP - Setembro/1997 Por uma greve geral política para derrotar FHC e seus plan os Mais de 50 mil pessoas participaram das manifestações contra o governo FHC, realizadas no dia 25 dejulho em todo o país A maior manifestação reuniu mais de 20 mil pessoas e parou a Avenida Paulista em São Paulo. Quer seja nas fábricas, nas estações de trem e metrô ou nos locais de grande concentração de pessoas, bem como nas próprias manifestações ficou claro que os trabalhadores e o povo pobre de um modo geral não agüentam mais FHC e seus planos de fome, desemprego e miséria. Não é para menos, o índice de desemprego no país, subiu para 17% nos três anos de piano real Subiram as tarifas de água, luz, telefone, transporte e aluguéis, nunca os salários perderam tanto para os preços como nesses três anos de real, nunca esteve tão difícil viver como hoje. Os milhões de desempregados, por um lado, e o crescimento assombroso do número de famílias que "moram" nas ruas, por outro lado, fizeram crescer as lutas pela reforma agrária e por moradia. A esse justo anseio de milhões de famílias, FHC responde com assassinatos de sem-terra e sem-teto, enquanto os latifundiários permanecem intactos por todo o país, são milhões e milhões de hectares sem um único pé de feijão plantado enquanto o povo passa fome e morre na luta pela terra. Mas isso não é tudo! de comum acordo com os patrões e os banqueiros, FHC parte com tudo contra os direitos dos trabalhadores e suas condições de vida. Se ele aprovar sua Reforma da Previdência, década 100 trabalhadores, pouco mais de 10 conseguirão aposentar-se, o restante estará condenado à uma velhice na sarjeta. Outro golpe dos patrões e do governo contra os trabalhadores é o contrato temporário de trabalho, que não é mais do que uma forma de permitir que os patrões contratem trabalhadores sem direito algum. 'Não e a consciência que determina a vida, mas Para os patrões isso é certeza de mais e maiores lucros, para os trabalhadores mais miséna e a volta do regime de escravidão Ao mesmo tempo que ataca os direitos e as condições de vida de milhões de trabalhadores, ao mesmo tempo em que é o responsável pelos massacres dos sem-terra e sem-teto; ao mesmo tempo que mantém um salário mínimo de 120 reais; o governo FHC presenteia os banqueiros do Nacional, do Bamerindus e do Econômico com mais de 20 bilhões de dólares dos cofres públicos, e compra deputados com dinheiro do povo a 200 mil reais a cabeça, para os picaretas aprovarem a reeleição e as reformas antíoperárias deste governo. Mas FHC não é só um governo para banqueiros e inimigos dos trabalhadores, ele não é só coraipto, é também um governo cínico e mentiroso que pensa que o povo é bobo. Junto com a Globo e a grande imprensa ele tenta convencer a todos que seus

18 Quinzena N /08/97 18 Trabalhadores planos de fome, miséria e escravidão são para o bem dos trabalhadores e do país, ele tenta vender a idéia de que tudo está melhorno "Brasil do Real" e que por isso os trabalhadores o apoiam. A mentira tem perna curta, a crise na polícia de todo o país, revelou a profundidade da crise e o grau de falência dos estados, bem como as manifestações do dia 17 de abril e 25 de julho demonstraram que o povo não agüenta mais FHC e todo o desemprego, arrocho salarial, corrupção, escravidão c a miséria que significa para os trabalhadores As manifestações do dia 25 demonstraram que alem de necessário e possível derrotai FHC e seus planos, que a insatisfação e mesmo a raiva contra o gover- no é grande, que portanto e possível marcar, construir e organizar uma grande greve geral, política e de massa contra FHC, que unifique os movimentos operários, sem-terra e sem-teto, popular e estudantil numa campanha nacional por emprego para todos, pela recuperação dos salanos, pela refonna agraria, pelo direito de moradia, defesa dos serviços públicos e contra as privatizações Construir e organizar essa greve geral e a principal tarefa colocada para a CUT c o VIST. para a UNE e o Movimento Popular, bem como. para os sindicatos de um modo geral, não cumprir essa tarefa será desarmar o movimento num momento em que é possível, a partir das lutas e da mobilizações, mudar a corre- lação de forças e derrotar o governo e seus planos E necessário impulsionar desdeja um calendário de mobilizações unificadas como forma de aquecer os motores e construir a greve geral na pratica Nesse sentido apoiar e participar da manifestação organizada pelo MST no dia em Aparecida do Norte; organizar caravana para a manifestação do funcionalismo publico contra a reforma administrativa no dia 'em Brasília, bem como preparar desde já uma grande caravana para Pedro Canário, em defesa do José Rainha, são passos importantes no sentido de ir construindo na pratica a unificação dos trabalhadores contra FHC e seus planos de fome e miséria "1 Inverta - 20 a 26/08/97 - N Surtos endêmicos atacam população O que seria o ano da saúde do governo FHC mostra-se cada vez mais sombrio diante do ressurgimento violento de doenças como a tuberculose, hansemase que atingem a população Segundo o diretor da Federação das Entidades dos Trabalhadores do Ministério da Saúde(Fetrams), Ricardo Alves de Oliveira, essas doenças, apesar de Itais, não mereceram atenção devida pelo governo, que ao contrario, vem diminuindo suas ações no combate e controle dessas mazelas Segundo a assessona de imprensa da Sintracei), a volta dos surtos deendemias, principalmente no Rio de Janeiro, devese a falta de investimentos do Governo na área de saúde preventiva da população A diminuição das ações do Ministério da Saúde neste setor vem provocando o ressurgimento de doenças consideradas extintas nas décadas de 60 e 70, como dengue, cólera, febre amarela, malária e tuberculose. O avanço dessas doenças tem ocorrido com mais freqüência no interior do pais Os estados do Norte e Nordeste ja somam, ate o mês de julho, 140 mil casos de dengue No estado do Rio, em localidades como a Baixada Fluminense e subúrbios da Central do Brasil, como Campo Grande e Santa Cruz, o índice Htankíi de.fc\ti\ de infestação predial (IIP) atinge acima do padrão de 5"n Regiões como Campo Grande, que apresentam grandes bolsòes de pobreza, tem registrado entre 40 e 50 casos cie tuberculose por mês e de 2o a 30 de hansemase no mesmo período Entre l l)u (i ejulhode l tk) 7. foram registrados casos de pacientes inscritos no programa Hansemase. sendo que desse total, apenas 150 mantiveram algum tipo de tratamento para se livrar da doença Os profissionais de saúde discutiram e aprovaram os dispositivos da \ Conferência Nacional de Saiíde. realizada recentemente O cumprimento de suas resoluções compete ao Governo, uma vez que a X Conferência e uni fórum nacional de debates que traça as diretrizes a serem seguidas e cumpridas pelas autoridades sobre os rumos da saúde preventiva no pais Profissionais da saúde X sucateamento O atual quadro de sucateamento dos serviços de saúde em todo o pais. levado a cabo com as privatizações no setor e medidas para descentralizar e extinguir a Fundação Nacional de Saúde (FNS). cujos trabalhadores vêm realizando o combate as endemias. tomando a FNS uma referência nacional, mesmo sem "Não é a consciência que determina a vida, mas a vida aue determina a consciência" Saúde equipamentos e verbas necessárias F-JIquanto o Governo uno fizer os investimentos de que o setor necessita e priorizar as ações dos guardas de endenuas cia FNS. dos médicos cie família bem como dos programas de saneamento básico e de erradicação da dengue e outras doenças cio tipo endêmicas, esta situação, lenientavelmente, so tende a piorar, para desespero da sociedade brasileira "1 A VENDA NO CPV L.E.R. Lesões por Esforços Repetitivos Dimensões Ergonômicas e Psicossociais Preço: 35,00

19 Quinzena N /08/97 19 Terra Porantim - Agosto/ N No dia Q de agosto último, a juíza Sandra De Santis desqualificou o crime cometido pelos cinco jovens brasilienses contra o indio Pataxó Hã- Hã-Hãe Galdino Jesus dos Santos, de "homicídio doloso" para "lesões corporais seguidas de morte". Sua decisão causou indignação em todo o pais Os próprios jornalistas e editonalistas, em geral, mostraram surpresa e revolta com o abrandamento da sentença contra os cinco criminosos. Foram inúmeras as cartas de leitores indignados enviadas às redações dos jornais, comentou-se a decisão nos ônibus, nos bares, nas ruas Poucos defenderam a decisão o ministro da Justiça, um ou outro advogado Alguns destacaram a "coragem" da juíza ao tomar decisão tão contraria às expectativas da população Alguns chamaram a atenção para que devíamos refletir "sem emoção", "sem desejo de vingança". Vamos tentar, neste pequeno espaço, refletir um pouco sobre esta decisão e sobre o que ela nos ensina Em primeiro lugar, a sentença Todo o texto está vazado numa linguagem, numa abordagem que nos faz adivinhar a decisão em suas primeiras linhas E um texto de defesa dos réus. Sobre eles e suas circunstâncias, o texto faz através inúmeras referências Eles falam muito através da juíza A juíza os chama a interferir no texto de forma abundante. A vítima e suas circunstâncias, a fala das testemunhas de acusação praticamente não existem em todo o texto A vítima, quase nunca e referida pelo nome, ao contrario dos cinco criminosos, e aparece apenas como um desagradável objeto, que poderia ser um animal ou uma coisa qualquer. Existe uma única frase de testemunha de acusação, utilizada de forma a contribuir na defesa que a juíza faz dos assassinos A linha de defesa da juíza culmina quando ela cita um dos réus: "entretanto, mesmo sabendo perfeitamente das possíveis e até mesmo prováveis conseqüências do ato impensado, não está presente o dolo eventual Uma frase constante do depoimento de Max no ato da prisão Licença para matar I'ai4l().Ufl/</».v* em flagrante, sintetiza o que realmente ocorreu, (grifo nosso). Estaafls. 15: "pegou fogo, a gente não queria tanto". E o criminoso Max (de novo, chamado pelo primeiro nome pela juíza) que vem definir a sua situação e a dos outros quatro, através da magistrada. E o assassino que define o que realmente ocorreu. Não importa o que disseram as testemunhas de acusação, não importa a perícia feita, não importa o que disse um corpo inteiro em chamas. O que houve no procedimento de tomada de decisão de Sandra De Santis, foi um processo de identificação da juíza com os assassinos Ela seidaitificou com eles como classe e se colocou a seu serviço Eles têm nome, sobrenome, as famílias de alguns têm renda e poder na capital da República O valor que a juíza deu á sua "subjetividade", traduzido em páginas e mais páginas da sua sentença tomadas pelo discurso dos réus, toma claro que foi um texto de defesa de uma classe, frente a outra que não pode falar nada, através das testemunhas de acusação ou dos dados da perícia. Galdino, por mera formalidade, chegou a ter seu nome na infeliz sentença. Ele, sua família, sua humanidade não diziam, não significavam nada para a juíza; ele não existia a não ser como objeto ja morto A sentença da juíza Sandra De Santis nos propõe várias coisas: que a Justiça deste país tem dono, que este dono é a elite e que esta elite tem licença para matar. Impossível deixar de lembrar agora de tantos casos que reforçam esta tese. o número infinito de crimes impunes no campo, obra dos latinfiuidiános e pistoleiros a seu serviço, o enorme numero de assassinatos de indígenas, também impunes; o caso do presídio de Vigáno Geral e Candelária, no Rio; Coaimbiara, em Rondônia; Eldorado do Carajás, no Pará Recentemente, em Brasília, a juíza Maria Leonor Leiko Aguenna praticamente absolveu Fabricio Klein, filho do ex-ministro dos Transportes, Odacir Klein, da morte por atropelamento do pedreiro Elias Barboza de Oliveira Júnior, mesmo "Nào é a consciência que determina a vida, mas a vida oue determina a consciência" que aquele, com seu pai, não tenha socorrido a vítima, tenha fugido e escondido o carro. E o número enorme de casos de mendigos assassinados com fogo em todo o país' 7 Sô em São Paulo, há uma média de 2 a 3 assassinatos deste tipo, por mês. O próprio fato de não haver escândalo, de não se interrogar ou punir ninguém, diz muito. A Justiça não se move por estes sem-nome que perambulam pelas ruas e sô nos causam medo. Pois é este comportamento da justiça que é reforçado com a sentença da doutora Sandra De Santis. Os que têm nome, sobrenome, família e status podem matar. Os que não têm essas qualidades, podem ser mortos. A justiça, através de juizes como a doutora Sandra, cuidará de administrar quem pode matar e quem pode morrer impunemente. Aquela foi uma sentença de classe, a serviço de uma justiça de classe. Contra esta sentença, no entanto, indignaram-se milhares, ou milhões, em todo o país Felizmente, a indignação cresce em todo o Brasil As mobilizações populares crescem em número e intensidade As organizações populares crescem no seu protagonismo. A Marcha dos Sem Terra foi um exemplo de uma nova sociedade que podemos construir através das lutas e da solidariedade. OGntodos Excluídos, que vem crescendo a cada ano e que este ano deverá ser um ponto alto da nossa indignação coletiva, ê outro grande exemplo de construção de uma nova sociedade que desejamos para viver e conviver. Este nosso projeto de sociedade se choca frontalmente com o modelo de sociedade vigente hoje. Nosso desejo, nosso objetivo é o fim dos privilégios e da exclusão social Nossa meta é a incorporação de todos numa sociedade, justa e fraterna. Para a construção desta nova sociedade, serão necessárias inúmeras rupturas: no nosso modo de pensar, de agir, de se relacionar, de fazer as leis, de governar e... de se fazer justiça em nosso país. Através das mobilizações, lutas e propostas, poderemos romper com a farsa

20 Quinzena N /08/97 20 Terra desta justiça de classe, que exclui, privilegia a poucos e persegue a muitos. Romper com a farsa de uma justiça que expede licença para matar, como a atual sentença. A sociedade que queremos construir devera criar as condições para que sentenças e juizes como a doutora Sandra De Santis simplesmente deixem de existir porque não existirão privilegiados a serem servidos por uma casta de funci- onários, sempre prontos a lhes legalizar os atos ou a lhes justificar os crimes. A sociedade que desejamos construir não e do futuro, ela se inicia aqui e agora. O caso Galdmo Jesus dos Santos pode contribuir para que tomemos consciência de nossas tarefas e tomemos a historia nas nossas mãos, realizando essas tarefas em todos os âmbitos da vida social. A luta contra a impunidade dos cinco assassinos é a luta para que a historia não se repita e para que, juntos, construamos uma nova Historia O índio Pataxo Hã-Hã-Hãe Galdmo Jesus dos Santos, que teve seu coipo imolado numa sociedade injusta, nos ajudara a construir uma nova sociedade, onde a Justiça existira para todos E o nosso compromisso para honrarmos a sua memória "l * Assessor Político do Cl Ml Documento - Agosto de 1997 A Reforma Agrária e FHC 1 - Esta cada vez mais evidente que o governo federal vem buscando descentralizar as ações de reforma agraria Nesta linha de atuação esta prometendo devolver 50 o o dos recursos arrecadados pelo ITR (Imposto Territorial Rural) para o município. Criou medida provisória com possibilidade de criação de Equipes com técnicos / funcionários de organismos estaduais, para realizar vistorias E por ultimo transfere sempre que pode a responsabilidade da assistência técnica, dos recursos, da educação, da saiide. nos assentamentos, para as prefeituras, estado e ate entidades ONGs 2 - Outro elemento que as ações governamentais evidenciam rumo a questão agraria e o claro objetivo de valorizar a chamada reforma agraria de mercado (também defendida por Siqueira Campos. Governador do Tocantins) e ir esvaziando os movimentos sociais e a luta dos trabalhadores organizados 3 - Recentes escândalos no lucra, como o do Tocantins em que aproxima-damente 65% das avaliações de terras apresentam valores entre 100 o a.100 o superiores aos apurados, ou ha funcionários que agem abertamente em conluio com fazendeiros e políticos locais numa enorme rede de propinas, estão servindo para que o Governo FHC siga uma linha de desmoralizar aquele órgão como organismo competente e executivo e demonstrar a veracidade de suas teses. 4 - O governo FHC não acredita no potencial da reforma agraria como politica de desenvolvimento e vem mudando, freqüentemente, sua postura em relação a esta iniciativa publica ao longo dos seus dois anos e meio de mandato A expressão mais clara, dessa mudança freqüente aparece na constante troca de presidentes e superintendentes do Incra, nacional e estaduais e com a indicação de perfis completamente diferentes. No caso da Presidência começou com o PTB, depois PSDB, voltou ao PFL e atual mente PPS-PMDB. I'tinl(i Ucnriquc CIISIíI Maíltts*' 5 - Entre 1095 inicio de \ C > Ç >1 este na Superintendência do Tocantins, Mauro Gomes da Silva, indicado pelo politico mais poderoso do Estado Durante o tempo em que Mauro Silva esteve a frente do órgão transformou-o num verdadeiro balcão de negócios. A corrupção foi tanta que este foi substituido pelo ex-superintendente do Incra no Acre, Raimundo Lima, que ate agora também não cumpriu a pauta reivindicatona dos trabalhadores rurais organizados no Grito da Terra Brasil notocantins 6 - Ao longo de seu governo FHC inicialmente tentou ignorar os trabalhadores rurais e a luta pela reforma agraria, depois tentou cooptar e fazer parceria (Contag. MST, entidades), depois tentou isolar apenas o MST com ataques na imprensa e tentativas de desmoraliza-lo na sociedade, ameaças com processo e fechamento das negociações. 7 - Agora o novo presidente do Incra. Sehgman (PPS-PMDB) vem procurando superar o desgaste que teve com a Marcha Nacional do Sem Terra e reabre as negociações, mas ao mesmo tempo implementa medidas que tentam reprimir ou conter o avanço do MST Podemos considerar que na atual conjuntura a política usada pelo Governo federal e a de "bater e assoprar" 8 - Na lógica do bater e assoprar. no mês dejunho. Fernando Henrique baixou mais um pacote agrário que de um lado toma algumas iniciativas através da Medida Provisória n de 11/06/97, que agihza o processo de desapropriação, de outro tenta barrar a organização dos trabalhadores com o Decreto u" 2.250/97, também de 11/06/97, Este decreto, dentre outras coisas, proíbe a vistoria em áreas ocupadas pelos trabalhadores e aumenta as possibilidades de repressão aos trabalhadores sem terra. Ele repete, letra a letra, o projeto da bancada rurahsta, que não vinha conseguindo tramitar no Congresso e certamente não seria aprovado, face a uma opinião pública desfavorável, que em recente pesquisa se posicionou 00% a favor da reforma agrária, e mais de 60 o favorável a ocupação de terras improdutivas 9 - Ainda na perspectiva de assoprar. o mais novo fato de marketing da reforma agraria inventado pelos plantonistas do neolíberahsmoea "Cédula da Terra", uma linha de financiamento através de um Fundo de Terras para aquisição de terras no mercado, no valor de ate RS 10 mil reais, com carência de dois anos e ate sete anos para pagar o financiamento 10 - Na I'' fase este programa terá três anos de duração a um custo estimado de LSS 150 milhões. Deste. L, S$9Umilhòes(0()"cii virãode empréstimos do Banco Mundial, o governo federal contnbuira com LSS45 milhões(30%). os governos estaduais com LSS 6 milhões 14"., para administrar e supervisionar os assentamentos) e o restante LSS 0 milhões (6 o o i v irão dos próprios beneficiários que financiarão os custos dos subprojetos comunitários, através de dinheiro, materiais ou mão-de-obra FHC estimulou a obtenção dos recursos financeiros do Fundo de Terras e incentivou a criação da cédula da terra com o objetivo claro de ir criando uma nova demanda em que o credito fundiário va substituindo a desapropriação de terras 12 - Mas o principal trunfo do Governo para executar o seu projeto de governo e "demonstrar" que esta fazendo a reforma agraria e o uso intensivo dos meios de comunicação. Ele cria fatos de marketing, anuncia quase que diariamente novas medidas e apresenta-se ao cidadão comum como uni governo democrático, aberto ao dialogo e ao desenvolvimento de parcerias Do outro lado dos trabalhadores rurais em geral são sempre os baderneiros, os v lolentos, os mal educados, os sem compreensão das dificuldades "da arte de Governar" "1 *é assessor do IFAS. 'Não é a consciência que determina a vida, mas a vida aue determina a consciência"

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