Proteção do patrimônio documental e o papel do Arquivo Nacional
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- Baltazar Affonso Ávila
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1 Proteção do patrimônio documental e o papel do Arquivo Nacional TUTELA DO PATRIMÔNIO CULTURAL BRASILEIRO: DESAFIOS PARA A ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 11 a 13 de maio de 2010 Escola Superior do Ministério Público da União, Brasília - DF
2 O Arquivo Nacional e seu Acervo Em 1846 já tinham sido recolhidos ao Arquivo Público do Império os registros dos extintos tribunais do Desembargo do Paço e da Mesa da Consciência e Ordens, além de arquivos das Repartições Provinciais e dos vários órgãos subordinados às extintas Juntas da Fazenda dos Arsenais do Exército. Em 1877 o diretor Joaquim Pires Machado Portela relata que o Arquivo tem sob sua guarda 420 caixas de documentos organizados pelos períodos denominados Brasil-Colônia, Brasil-Reino Unido e Brasil-Império. Após 1907, o Arquivo Público Nacional, já no prédio da Praça da República 26, amplia o seu acervo para cerca de 6 km. Em 1985 o Arquivo Nacional possuía cerca de 18 km de estanterias com documentos textuais; 12 mil filmes; de fotografias; mapas e plantas, além de discos e um bom acervo bibliográfico e de obras raras.
3 O Acervo Hoje Em 2010, o Arquivo Nacional tem sob sua guarda um acervo proveniente de órgãos e entidades do Poder Público, bem como de instituições privadas e de particulares, do século XVI aos dias atuais, compreendendo: 65 Km de estanterias com documentos textuais fotografias e negativos ilustrações, caricaturas, charges e cartazes mapas e plantas discos e fitas audiomagnéticas rolos de filmes fitas videomagnéticas títulos de livros e periódicos títulos de obras raras
4 Estruturas de armazenamento Prédio-sede, no Rio de Janeiro Área ocupada pelas instalações
5 Brasília Projeto do prédio inteligente Sistemas automáticos de manutenção e armazenamento
6 A função dos arquivos Conceito: Arquivo: conjunto de documentos produzidos e acumulados por uma entidade coletiva, pública ou privada, pessoa ou família, no desempenho de suas atividades, independentemente da natureza do suporte (Dicionário Brasileiro de Terminologia, 2005) Objetivos básicos: guarda (preservação); acesso (consulta) Razão: valor de prova e de informação dos documentos
7 Características da documentação arquivística Consequências teóricas: importância do conjunto item documental tem seu valor limitado se separado do conjunto arquivos podem ser públicos ou privados, pessoais ou institucionais; pode incluir documentos de diversos gêneros documentais (textuais, iconográficos, fílmicos, tridimensionais etc.) documentos únicos, mesmo quando multicópias Conseqüências práticas, em termos de proteção física: conservação de diferentes tipos de material, exigindo políticas e práticas diversas necessidade de controle para: gestão, guarda, acesso
8 A natureza do controle da documentação arquivística Acervo arquivístico => composto por peças únicas e originais. Controle => a partir dos conceitos de proveniência e respeito aos fundos. Documento precisa ser conhecido a partir da compreensão de sua relação com o conjunto Descrição de conjuntos de documentos, constituindo dossiês, séries, seções e fundos, numa relação hierárquica que descreve simultaneamente seu conteúdo e contexto de criação. Metodologia semelhante ao conceito de entorno do patrimônio arquitetônico
9 Proteção do acervo arquivístico nacional Aposição de chancela aos documentos - Regulamento de 1876 art. 20. Todos os documentos e papéis do Arquivo serão classificados, numerados, e marcados com a seguinte chancela Arquivo Público do Império. prática vigente até a República Controle sistemático da documentação por intermédio da produção de instrumentos de pesquisa: Guia descreve todos os conjuntos; importante para Instituição e pesquisadores Inventários sumários e analíticos controle dos dossiês e itens documentais Inventário topográfico, para controle da guarda física dos documentos, identificando unidade física (livro ou caixa), depósito, estante, módulo e prateleira Sistema de proteção contra incêndios Sistema de proteção contra furtos Não entrada de documentos por compra não incentivo à existência de mercado para documentos
10 Inventário x Ações Criminosas Conhecer o acervo sob sua guarda é a melhor arma das instituições de documentação contra as ações criminosas que dilapidam o patrimônio público em prol de interesses comerciais de colecionadores inescrupulosos. Principais instituições vítimas de roubos recentes Biblioteca do Museu Nacional Fundação Biblioteca Nacional Arquivo Histórico do Itamaraty Fundação Oswaldo Cruz Arquivo Municipal da Cidade do Rio de Janeiro Biblioteca Mário de Andrade Biblioteca pública do Paraná Para atingir um nível de conhecimento que garanta a ágil identificação de itens do acervo desaparecidos e localizados nas mãos de comerciantes, é necessária a realização continuada do inventário dos acervos.
11 Proteção do acervo arquivístico nacional Assistências técnicas Arquivo Nacional - Ações positivas: Realização de trabalhos conjuntos com outros arquivos => compartilhamento de metodologia e procedimentos técnicos Guia dos arquivos estaduais Guia brasileiro de fontes para a história da África, da escravidão negra e do negro na sociedade atual Guia de arquivos brasileiros Memórias reveladas => metodologia, procedimentos e base comum Guia de fontes sobre Holanda e holandeses no Brasil Relações com IPHAN / IBRAM construção de política pública na área de informação
12 Política Nacional de Arquivos Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991 => dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e privados, e estabelece que são deveres do Poder Público a gestão documental e a proteção especial a documentos de arquivos, como instrumento de apoio à administração, à cultura e ao desenvolvimento científico e como elementos de prova e informação. De acordo com esta Lei, as ações com vistas à consolidação da política nacional de arquivos deverão ser emanadas do Conselho Nacional de Arquivos Conarq. O Conarq é um órgão colegiado, vinculado ao Arquivo Nacional, criado pelo art. 26 da Lei nº o
13 O Conselho Nacional de Arquivos O Conarq tem sido responsável pela sanção presidencial e aprovação de um corpus importante de decretos e resoluções regulando matérias arquivísticas como microfilmagem, classificação e acesso a documentos sigilosos, seleção, avaliação e eliminação de documentos Por sua Resolução nº 17, de 25 de julho de 2003, dispõe sobre os procedimentos relativos à declaração de interesse público e social de arquivos privados de pessoas físicas ou jurídicas que contenham documentos relevantes para a história, a cultura e o desenvolvimento nacional. A declaração de interesse público e social de arquivos privados é precedida de parecer instruído com avaliação técnica realizada por comissão especialmente constituída pelo Conarq, composta por representantes do Arquivo Nacional, da Biblioteca Nacional e do IPHAN.
14 Arquivos privados de pessoas físicas e jurídicas declarados de interesse público e social ARQUIVOS PRIVADOS PERÍODO DA DOCUMENTAÇÃO DECLARADA Associação Brasileira de Educação ABE 1924 a 2004 Atlântida Cinematográfica 1950 a 1987 Barbosa Lima Sobrinho Centro de Cidadania sob a guarda da UFRJ Berta Gleizer Ribeiro sob a guarda da Fundação Darcy Ribeiro FUNDAR Todo o acervo 1931 a 1997 Companhia Antártica Paulista 1891 a 1999 Companhia e Cervejaria Brahma 1891 a 1999 Darcy Ribeiro sob a guarda da Fundação Darcy Ribeiro FUNDAR Glauber Rocha sob a guarda do Tempo Glauber 1928 a 1997 Todo o acervo Oscar Niemeyer sob a guarda e propriedade da Fundação Oscar Niemeyer 1940 a 2007
15 O Sistema Nacional de Arquivos Criado em 1978, com a finalidade de promover o intercâmbio permanente entre os arquivos públicos e privados do País, tem por objetivo a modernização e a integração sistêmica das atividades e dos serviços arquivísticos. Sistemas/Arqui -vos do Poder Legislativo Sistemas/Arqui- vos do Poder Executivo Sistemas/Arqui -vos do Poder Judiciário Sistemas/Arqui -vos Estaduais e do DF Pessoas físicas e jurídicas de direito privado* Sistemas/Arqui -vos Municipais (*) Adesão por convênio
16 Missão do Arquivo Nacional Contribuir como agente de modernização da máquina administrativa do Estado, com ênfase na organização da documentação governamental. Colaborar na socialização da cultura nacional, assegurando o cumprimento dos direitos da cidadania quanto à questão do acesso e democratização da informação. Promover a regionalização das atividades de guarda e preservação, bem como para estimular os órgãos públicos a garantirem sob normas comuns a manutenção de seus arquivos permanentes. O desenvolvimento de uma política arquivística, em nível nacional, pauta-se cada vez mais por uma estratégia que combina a descentralização da guarda de acervos e a centralização e ampla disseminação de informações.
17 Desafios do Acesso Direito à Intimidade X Direito de Acesso à Informação: choque entre direitos fundamentais, que deve ser resolvido pela ponderação de princípios, garantindo-se o livre acesso à informação nos limites razoáveis do direito à intimidade. Sigilo X Direito de Acesso à Informação: criação de instrumentos normativos que consolidem a posição do Memórias Reveladas como pólo difusor de informação. Para tanto, o Arquivo Nacional tem se empenhado em contribuir para a construção de um Decreto que permita a desclassificação de documentos sigilosos. Projeto de Lei 5228/2009 Projeto de Lei 5228/2009: propõe a regulação do acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, inciso II do 3º e no 2º do art. 216 da Constituição Federal de 1988.
18 Conclusões A cooperação interinstitucional baseada em um arranjo combinado de sistemas e redes tem se mostrado produtiva e proveitosa à área dos arquivos, garantindo ações compartilhadas de proteção ao patrimônio documental e a integração de metodologias de controle e disponibilização da informação arquivística. Os órgãos e entidades que militam na área da proteção ao patrimônio documental são, sem dúvida, atores de uma estrutura maior que passa pela proteção do patrimônio histórico nacional, assim como por outras esferas de atuação que constituem o quadro das ações de governo. A interligação entre os sistemas de arquivos, de patrimônio histórico, de controle aduaneiro e policial trará, não só mais agilidade na consecução das missões institucionais, como a garantia de que atividades de interesse da preservação do patrimônio estarão sendo desenvolvidos por instituições que já se consolidaram em sua área de atuação.
19 Carmen Moreno Coordenadora Geral de Processamento e Preservação do Acervo do Arquivo Nacional End.: Praça da República, 173 sl. A2.05 Centro Rio de Janeiro/RJ Tel. : ctmoreno@arquivonacional.gov.br
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