APELAÇÃO CÍVEL N / 001 Capital RELATORA : Dr.' Maria das Graças Morais Guedes, Juiza Convocada APELANTE

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1 Toder Judiciário Tribunal á Justiça á Estado da Taraãa Gabinete da Oesembawaára nitaria d Fátima Yoraes Oezerra Cavarcanti APELAÇÃO CÍVEL N / 001 Capital RELATORA : Dr.' Maria das Graças Morais Guedes, Juiza Convocada APELANTE : Luiz de Cerqueira C. Neto ADVOGADA : Marcial D. de Sá Filho APELADA : Girlene Moreira Duarte ADVOGADA : Hene M. Soares APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE DESPEJO. EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO POR DESISTÊNCIA. HONORARIOS ADVOCATÍCIOS. 'AÇÃO COM DOIS PEDIDOS: DESPEJO E COBRANÇA DE ALUGUÉIS. PERDA DO OBJETO DO PRIMEIRO EM VIRTUDE DA DESOCUPAÇÃO DO IMÓVEL PELO PROMOVIDO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE. DESISTÊNCIA INJUSTIFICADA DO SEGUNDO. ÔNUS SUCUMBENC1AL A SER DIVIDIDO ENTRE AS PARTES. Restando demonstrado que o promovido só entregou as chaves do imóvel objeto do despejo depois de sua citação, deve arcar com o pagamento dos honorários advocatícios proporcionais a esse pleito, por ter dado causa à propositura da ação. Não tendo ocorrido a perda do objeto do pedido de diferenças de aluguéis se aplica à espécie a regra do 1, do art. 26 do CPC, devendo a autora/apelada arcar com o pagamento parcial dos honorários advocatícios, proporcional à desistência injustificada., os membros da Egrégia Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, por unanimidade, em preliminarmente, deferir a gratuidade judicial e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto da relatora. Trata-se de Apelação Cível interposta por Luiz de Cerqueira C. Neto contra a sentença da MM.a Juíza de Direito da 6' Vara Cível da Comarca da Capital, que extinguiu sem resolução do mérito a Ação de Despejo ajuizada por Girlene Moreira Duarte (Proc. n ), face ao pedido de desistência da demanda formulado pela parte autora.

2 2 (Poder ludi'ciá rio Triliunaf de Justiça do.estado da (paraíba Ga6inete da (Desem6argadora :Mana de Fátima :Moraes (Bezerra CavaCcanti Ap. n / 001 Nas suas razões recursais, o promovido/apelante requer a reforma parcial da sentença, apenas para que a autora/apelada seja condenada ao pagamento de honorários advocaticios, por entender que quando a parte desiste da ação deve arcar com esse ônus, à luz do art. 26 do CPC. Contra-arrazoando (fls ), a recorrida suscitou a preliminar de não conhecimento do recurso, por ausência de interesse de agir. No mérito, pugnou pelo desprovimento do recurso. No parecer de fls. 93/95, a Douta Procuradoria de Justiça opinou pelo provimento do apelo, a fim de que se condene a parte promovente ao pagamento de honorários advocatícios. É o relatório. Inicialmente, defiro o pedido de gratuidade judicial requerido pelo promovido/apelante em seu recurso. Da Preliminar Arguida nas Contra-razões A apelada requereu, em sede de contra-razões, o não conhecimento do recurso, por ausência de interesse de agir do recorrente. Sustentou, para tanto, que, em razão do processo ter sido extinto por desistência da autora, inexiste parte vencida ou vencedora, pelo que não há que se falar na condenação de honorários advocaticios pleiteada pelo promovido/ apelante. Registro, porém, que tal questão relativa à possibilidade ou não de condenação da parte autora/desistente ao pagamento de honorários advocatícios - confunde-se com o próprio mérito do recurso, pelo que será a seguir analisada. Do Mérito Verifica-se dos autos que a apelada ajuizou a presente Ação de Despejo contra o ora apelante, requerendo a desocupação, para uso próprio, do imóvel objeto do contrato locaticio firmado entre as partes, bem como o pagamento das diferenças de aluguéis verificadas entre o que foi pago e o que deveria ser adimplido apôs o reajuste previsto no pacto.

3 3 Poderlud7ciá Tribunal-de:Justiça do Estado da Taro& Gabinete da Oeseitdargadora 911,iria de Fátima :Moraes (Bezerra Cava rcanti Ap. n / 001 Ocorre que, após a citação do promovido, a autora atravessou petição (fl. 36), alegando ter recebido as chaves do apartamento descrito na exordial e requerendo, por isso, a desistência da ação, face à perda do seu objeto. Às fls. 37/41, o promovido concordou com o pleito de desistência, pedindo, no entanto, a condenação da parte autora no pagamento de honorários advocatícios. Na sentença de fls. 42/43, a magistrada acolheu o pleito de desistência e extinguiu o feito sem resolução do mérito, com base no art. 267, VIII, do CPC. Silenciou, contudo, quanto às verbas sucumbenciais, razão peia qual o promovido interpôs o presente apelo, requerendo a condenação da parte promovente ao pagamento de honorários advocatícios, à luz do art. 26 do CPC. Merece ser acolhida, apenas, em parte a pretensão recursal. É bem verdade que, nos termos do art. 26 do CPC "se o processo terminar por desistência ou reconhecimento do pedido, as despesas e os honorários serão pagos pela parte que desistiu ou reconheceu", motivo pelo qual, tendo a parte autora desistido da ação à fl. 36, deveria, à primeira vista, arcar sozinha com o ônus sucumbencial. Ocorre que, como visto acima, essa desistência aconteceu em razão da perda do objeto do despejo, porquanto o entregou as chaves do imóvel litigioso após sua citação. A jurisprudência pátria é uníssona no sentido de que, em hipóteses como essa, de perda do objeto por fato superveniente, quem deve arcar com o ônus sucumbencial é aquele que deu causa à propositura da demanda, em respeito ao princípio da causalidade. Observe-se: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL: HONORÁRIOS ADVOCAI1C/OS - OBJETO DA AÇÃO - PERDA - APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE - CONDENAÇÃO - CABIMENTO. 1 - Os honorários advocatícios, nos casos em que ocorrer a perda do objeto da ação, em razão de fato superveniente, devem ser suportados por quem deu causa à ação. 2 - Agravo Regimental improvido. 1 STJ 3' Turma - AgRg no REsp / MG Relator: Ministro Sidnei Beneti - J: 15/12/2009.

4 4 Poder tra7ciá tia 'Tri6unaf de justiça do Estado dr (Parai6a ga6inete da Oesendargadora :Maria de 'Fátima!Moraes (Bezerra Cavai -caiai Ap. n / 001 PROCESSUAL CIVIL - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO - PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE (...) 1. Nos caso de extinção do processo sem julgamento do mérito por perda superveniente do objeto, a imputação da verba honorária deve seguir o principio da causalidade DIREITO ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. (...) PERDA DO OBJETO. ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA. PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. 1. Em razão do principio da causalidade, as custas e honorários advocaticios devem ser suportados pela parte que deu causa à extinção do processo sem julgamento do mérito ou pela parte que viesse a ser a perdedora caso o magistrado julgasse o mérito da causa. Precedente do STJ. 2. Agravo regimental improvido. In casu, não restam dúvidas de que quem deu causa à propositura desta ação de despejo foi o promovido, que, apesar de notificado extrajudicialmente (fls ) para desocupar o imóvel da promovente, só veio a se retirar depois de citado na presente lide. Com efeito, tendo o promovido/apelante dado causa ao pedido de despejo, não há que se falar em condenação da autora ao pagamento dos honorários advocatícios, pelo menos no que diz respeito a esse pleito (de despejo), à luz do princípio da causalidade. Na verdade, a parte promovente deve arcar, apenas, com parte da verba sucumbencial, pelo que merece parcial provimento o recurso do demandado. Isso porque, conforme dito alhures, pleiteou-se na exordial não apenas o despejo do promovido, mas também o pagamento das diferenças de aluguéis supostamente pagos a menor. Embora tenha requerido a desistência de toda a ação, a autora/apelada não mencionou ter recebido do promovido o pagamento dessas diferenças, pelo que não há de se falar em perda do objeto desse segundo pedido. 2 STJ 2 a Turma - REsp / SC Relatora: Ministra Eliana Calmon J: 19/11/2009..\

5 5 (Poár Judiciário Trifilial de justiça á Estado da (Paraiga Ça6inete á (Desem5argadora lillaria de Fátima 41omes (Bezerra Cavalcanti Ap. n / 001 Destarte, não tendo ocorrido a perda do objeto do pleito de pagamento de diferenças de aluguéis e sabendo-se que havia a possibilidade dessa postulação ser julgada improcedente ao final - aplica-se à espécie a regra do 1, do art. 26 do CPC, devendo a autora/apelada arcar com o pagamento parcial dos honorários advocatícios, proporcional à sua desistência injustificada: Art. 26. Se o processo terminar por desistência ou reconhecimento do pedido, as despesas e os honorários serão pagos pela parte que desistiu ou reconheceu. lo Sendo parcial a desistência ou o reconhecimento, a responsabilidade pelas despesas e honorários seia proporcional à parte de que se desistiu ou que se reconheceu. Em sendo assim, conclui-se que ambas as partes devem arcar recíproca e proporcionalmente com o pagamento dos honorários advocatícios, o promovido, porque deu causa à propositura do pedido de despejo que posteriormente perdeu seu objeto e a autora, porque desistiu sem justificativa do segundo pedido de diferenças de aluguéis, incidindo o comando do art. 26 do CPC. Registre-se, por oportuno, que o fato de somente o demandado ter recorrido não impede a sua condenação em honorários advocaticios, pois as verbas sucumbenciais se tratam de consectário legal, impondo-se sua fixação de oficio quando não arbitrado em primeiro grau, como na hipótese dos autos, em que a sentença silenciou. Nesse sentido: PROCESSUAL CIVIL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNC1A MÍNIMA. ART. 21, 1, DO CPC. 1. A sucumbência é consectário legal decorrente do resultado da demanda, devendo, pois, ser analisada, de oficio, pelo correspondente Órgão julgador. (...). 3 EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. CUSTAS PROCESSUAIS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SENTENÇA OMISSA. Diante da regra do artigo 20 do CPC, de caráter cogente, competia ao juizo a quo analisá-la de oficio, sendo facultado ao Tribunal de Justiça, apreciar a matéria. Inteligência do art. 515 do CPC, (. 4 STJ 2' Turma - AgRg no REsp / SP Relator: Ministro Herman Benjamim - DJe 30/09/ TJRS 18 Câmara Cível - Ap. Cível n Relator: Des. Mario Rocha Lopes Filho J: 11/12/2003.

6 6 Poár Jud-iciário.7"ii71inal á justiça á Estado da (Parai& (»Ginete á,desem6argadora Maria de (Fátima!Aloraes (Bezerra Cava (calai Ap. n / 001 Ressalte-se, por fim, que, por serem ambas as partes (autora e réu) beneficiárias da justiça gratuita, a cobrança das verbas impostas nesta condenação deverá ficar suspensa, nos termos do art. 12 da Lei n 1.060/50: Art. 12. A parte beneficiada pelo isenção do pagamento das custas ficará obrigada a pagá-las, desde que possa fazê-lo, sem prejuízo do sustento próprio ou da família, se dentro de cinco anos, a contar da sentença final, o assistido não puder satisfazer tal pagamento, a obrigação ficará prescrita. Face todo o exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao apelo, para condenar a autora ao pagamento de honorários advocatícios no valor de R$400 (quatrocentos reais) - quantia que fixo com fulcro no art. '20, 4 0 do CPC impondo também esta condenação, na mesma proporção, ao promovido, por ter dado causa à propositura do pedido de despejo e por serem os honorários advocatícios consectários legais, arbitráveis de ofício, quando não estipulados em primeiro grau. A cobrança dessas verbas ficará suspensa, haja vista as partes gozarem dos benefícios da justiça gratuita. É como voto. Presidiu a sessão o Exm. Des. Marcos Cavalcanti de Albuquerque. Participaram ainda do julgamento, além da relatora, eminente Dra. Maria das Graças Morais Guedes, Juíza convocada, com jurisdição limitada, para substituir a Desa. Maria de Fátima Moraes Bezerra Cavalcanti, o Exm. Dr. Eduardo José de Carvalho Soares, Juiz convocado, com jurisdição limitada, para substituir o Exm. Des. Marcos Cavalcanti de Albuquerque e o Exm. Des. Arnábio Alves Teodásio, integrante da Câmara Criminal, convocado para compor o quorum. Presente ao julgamento a Exma. Dra. Lucia de Fátima Maia de Farias, Procuradora de Justiça. João Pessoa, 09 de setembro de Dr. 91aria das Graças Morais Guedes Juíza Convocada Relatora g/09

7 T R!3 l's JUST1Ç A. Coodeuadoia Judria Registrado