PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO FACULDADE DE DIREITO

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1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO FACULDADE DE DIREITO PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO FACULDADE DE DIREITO Lucia Salles França Pinto A LEI PAULISTA DO AMIANTO E A INTERPRETAÇÃO DO STF SOBRE A COMPETÊNCIA LEGISLATIVA ESTADUAL SÃO PAULO

2 Lucia Salles França Pinto A LEI PAULISTA DO AMIANTO E A INTERPRETAÇÃO DO STF SOBRE A COMPETÊNCIA LEGISLATIVA ESTADUAL Trabalho de Monografia Jurídica apresentado ao Curso de Graduação, como parte dos requisitos para obtenção do título de bacharel em Direito, na área de Direito Constitucional sob orientação do Professor-Orientador Dr. Roberto Baptista Dias da Silva SÃO PAULO OUTUBRO, 2010

3 AGRADECIMENTOS Agradeço ao Prof. Dr. Roberto Baptista Dias da Silva por me ensinar o gosto pelo Direito Constitucional; aos Drs. Antonio Silvio Magalhães Junior e Jorge Luiz Galli, Procuradores da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo pela gentil acolhida; ao Deputado Estadual Marcos Martins pela entrevista e pela generosidade, e ao Deputado Simão Pedro pelo apoio e compromisso de luta; a Antonio Oswaldo Storel Júnior pelas sugestões nas questões acadêmicas e metodológicas; a minha mãe Maria Flora pela amorosa revisão do português; e a Antonio e Teresa pela paciência, pelo carinho e por cederem parte de seu tempo precioso para sua mãe.

4 RESUMO O presente Trabalho de Monografia analisa o significado da tendência de mudança de interpretação pelo Supremo Tribunal Federal sobre a competência legislativa estadual, tomando em conta o caso do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade ADI-MC Nº SP, ainda em sede de Medida Cautelar, sobre a Lei Nº , de 26 de julho de 2007, do Estado de São Paulo (Lei Paulista do amianto) que proibiu o uso de todas as formas de amianto no âmbito daquela unidade da Federação. Estuda-se a doutrina sobre competência legislativa do Estado-membro no Federalismo e na Constituição Federal Brasileira, as origens, justificativas, contestações e defesas da Lei Paulista do amianto que podem explicar a abertura de um novo ciclo de interpretação do STF. Argumenta-se que essa decisão do STF pode reforçar alguns aspectos doutrinários que garantem e condicionam a autonomia legislativa estadual e tendem a informar a Jurisprudência futura do Tribunal Constitucional.

5 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO A FEDERAÇÃO BRASILEIRA E A COMPETÊNCIA LEGISLATIVA ESTADUAL Breves características do Estado Federal A Federação brasileira A competência legislativa do Estado-membro na repartição de competências da Constituição de A LEI PAULISTA ATUAL DO AMIANTO: DEFESAS E CONTESTAÇÕES Origens e caracterização Breves considerações médicas, ambientais e econômicas que apoiam as justificativas à Lei Paulista do amianto A Ação de Inconstitucionalidade As defesas da Lei Paulista A INTERPRETAÇÃO DO STF SOBRE A COMPETÊNCIA DOS ESTADOS- MEMBROS PARA LEGISLAR, PROIBINDO O USO DO AMIANTO CRISOTILA Primeiro ciclo de interpretação Segundo ciclo de Interpretação SIGNIFICADO DA TENDÊNCIA DE MUDANÇA DE INTERPRETAÇÃO DO STF QUANTO À COMPETÊNCIA LEGISLATIVA ESTADUAL CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 58

6 6 1. Introdução O Direito Constitucional é disciplina essencial para a discussão do Estado Federativo e de um de seus pontos fundamentais, ou seja, a divisão de competências entre os Entes Federados. O estudo da evolução do Estado Federal na história demonstra que esse sistema de organização do Estado tem flexibilidade para acompanhar as demandas colocadas pela sociedade em diferentes momentos. A Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, prevê um sistema de repartição de competências entre as Unidades Federadas dotado de grande complexidade, exigindo do órgão guardião da constitucionalidade grande sensibilidade, especialmente, diante de conflitos de competência legislativa entre a União e os Estados-membros, de forma a preservar o equilíbrio básico e o espírito descentralizador essencial à própria idéia de Federação. O presente Trabalho de Monografia estuda o significado da tendência de mudança de interpretação pelo Supremo Tribunal Federal sobre a competência legislativa estadual, tomando em conta o caso do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade ADI-MC Nº SP, ainda em sede de Medida Cautelar, sobre a Lei Nº , de 26 de julho de 2007, do Estado de São Paulo (Lei Paulista do amianto) que proibiu o uso de todas as formas de amianto no âmbito daquela unidade da Federação. O caso da análise de constitucionalidade da Lei Paulista do amianto é emblemático das possibilidades que se vislumbram para a competência concorrente dos Estados-membros legislarem mesmo na presença de Leis Federais que tratem de forma diferente do mesmo assunto. Tais possibilidades surgem da tendência observada de mudança de interpretação do STF sobre a questão expressa no referido julgamento. Para este Trabalho de Monografia, começamos por revisar a literatura sobre o Estado Federal e a repartição de competências, especialmente a competência legislativa dos Estadosmembros na Constituição Federal de Pesquisamos as origens e justificativas para a propositura da Lei Paulista do amianto, inclusive entrevistando seu autor. Levantamos, também, as informações do contexto social, médico, ambiental e econômico da problemática do uso do amianto e sua substituição, recorrendo a fontes qualificadas. Foram pesquisados os principais argumentos da contestação da constitucionalidade da Lei Paulista e as correspondentes defesas.

7 7 Todos esses elementos serviram de base para a análise da posição de cada um dos ministros que participaram do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade, que tenta impugnar a Lei Estadual. Ao final desta análise, são trazidos os principais argumentos que determinaram a mudança de interpretação do Tribunal Constitucional, mesmo que ainda em sede de liminar. A análise dos argumentos utilizados nessa decisão permite vislumbrar a tendência da Jurisprudência do Tribunal Constitucional sobre a autonomia legislativa estadual. 2. A Federação Brasileira e a competência legislativa estadual 2.1. Breves características do Estado Federal Nesta sessão, iniciaremos apresentando breves características da forma federativa de Estado, procurando ressaltar as implicações para a autonomia e para a competência legislativa dos Estadosmembros. Também discutiremos as características específicas da Federação Brasileira, dada sua evolução histórica, as quais se consubstanciaram na Constituição Federal de Por fim, apresentaremos brevemente as opiniões doutrinárias sobre as implicações para a competência legislativa do Estado-membro. A forma federativa de Estado é uma criação norte-americana do final do século XVIII, e corresponde à união de diversos Estados independentes num novo Estado, sob a égide de uma Constituição comum, que esses mesmos Estados fizeram e à qual devem submeter-se de forma permanente e plena, sob um governo composto por todos, com autoridade irrecusável sobre todos (DALLARI, 1986). A palavra federalismo vem do latim foedus, que expressa a idéia de aliança. Por isso, às vezes é usada para quaisquer alianças de Estados. No entanto, o uso do termo no sentido correspondente ao Estado Federal tem tecnicamente as características de permanência no tempo, indissolubilidade e submissão a uma Constituição e governo central, no interesse da preservação de

8 8 todos 1. Horta (2003) ressalta que a forma federal não recebeu essa designação nominal da Constituição norte-americana, que a criou em 1787; a identificação entre esse nome e a forma de Estado foi-se constituindo no decorrer do tempo e nas interpretações da doutrina e jurisprudência, quando então adquiriu os contornos do atual conceito. Almeida (2010) completa que, ao se dar aos Estados Unidos a paternidade do Estado Federal, não se está dizendo que esse foi o surgimento do ideal federativo apenas mostra-se que as alianças entre Estados independentes anteriores se deram enquanto lhes foi conveniente, por motivos pragmáticos, assemelhando-se mais a uma Confederação, e não a um Estado Federal estruturado. Horta (2003) denomina essas experiências pretéritas como referência histórica de antecedentes embrionários da forma federal 2 No caso norte-americano, a união das treze ex-colônias - primeiramente em Confederação - deu-se de forma a viabilizar a manutenção da soberania e independência dos Estados recém proclamados, somando as forças e os recursos financeiros para enfrentar a ameaça da Inglaterra, que queria anular a declaração de emancipação. No entanto, a Confederação não se mostrou suficiente para dar conta efetiva de todos os desafios, pois a manutenção da soberania de cada Estado conferia certa fragilidade ao conjunto, já que a qualquer momento qualquer um poderia se retirar do tratado, além de ocorrerem problemas com o fornecimento de verbas de cada Estado à Confederação. Assim, e com muitas discussões, a União Confederada aperfeiçoou-se na forma federativa 3, com o objetivo de criar um Estado forte a que todos se submeteriam, mas com o cuidado de que não se perdesse a autonomia de cada Estado-Federado (DALLARI, 1986). Assim, podemos afirmar que uma das importantes características do Estado Federal é a afirmação da soberania da União e da autonomia dos Estados-membros: os Estados não têm soberania, e sim, participam da soberania da União, subordinando-se não ao governo federal, e sim, à Constituição Federal que conjuntamente elaboraram, não havendo subordinação hierárquica entre os Estados, nem entre cada um deles e a União. Nesse processo, segundo Dallari (1986), o Estado 1 Dalmo de Abreu DALLARI. O Estado Federal p. 7 e Raul Machado HORTA (2003) cita como exemplos desses antecedentes embrionários o federalismo helênico da Amphyctionia e a Confederação Suiça dos séculos XV e XVI. 3 Segundo DALLARI, A diferença fundamental entre a união de Estados numa confederação ou numa federação está na base jurídica. Na confederação os integrantes se acham ligados por um tratado, do qual podem se desligar a qualquer momento, uma vez que os signatários do tratado conservam sua soberania e só delegam os poderes que quiserem e enquanto quiserem. Bem diferente é a situação numa federação, pois aqui os Estados que a integram aceitam uma Constituição comum e, como regra, não podem deixar de obedecer a essa Constituição e só têm os poderes que ela lhes assegura (in Dalmo de Abreu DALLARI,. O Estado Federal. p. 15).

9 9 Federal deve preservar a diversidade política e cultural de cada Estado-membro, isto é, suas particularidades e individualidades, apesar de todos submissos à Constituição comum. É o que o autor chama de unidade na diversidade : os Estados-federados têm autonomia, pois fazem a própria Constituição, escolhem os governantes e se auto-governam, mas dentro dos limites que impõe a Constituição Federal, ficando inclusive sujeitos ao controle de Constitucionalidade por órgão da União. Araujo e Nunes Jr. (2007) destacam que a elaboração da própria Constituição (pelos Estados-membros) é requisito do Estado Federativo, pois a Constituição local possibilita a autoorganização, com poder legislativo e judiciário próprio. É o que Silva (2007) denomina de poder de autoconstituição dos entes regionais, que se dá dentro dos limites determinados pela Constituição Federal comum. Ainda segundo Araujo e Nunes Jr. (2007), o cerne do Estado Federal reside justamente no relacionamento entre as vontades parciais das partes autônomas, e a vontade central do Estado Federal que foi criado pelo desejo de vínculo dessas partes autônomas. Como manter a autonomia das partes, e seu exercício, faz parte do acordo ou pacto federalista. Além do reconhecimento da formação dessas duas vontades, e de como fazer com que as vontades parciais e a vontade central convivam e se relacionem sem uma engolir a outra, extraímos como outras importantes características do Estado Federal, a descentralização do poder político e a repartição de competências. Primeiramente, cabe colocar que o termo descentralização é objeto de controvérsias, havendo o uso também da palavra desconcentração que, por sua vez, também não tem sentido unívoco entre os autores. Já Mello (2007), falando de atividades administrativas do Estado em seu Curso de Direito Administrativo (p e 151), refere-se à centralização quando o Estado mesmo as executa, e à descentralização quando transfere sua execução para pessoa jurídica diversa (particulares ou que ele mesmo cria para esses fins), sem vínculo hierárquico (só de controle); o termo desconcentração é reservado para a repartição de plexos de competências dentro dos órgãos do próprio Estado (em função da matéria, dimensão territorial ou hierarquia), mantendo subordinação hierárquica. No entanto, o autor ressalta que o termo descentralização é usado também em outros significados pela legislação.

10 10 Dallari (1986), por outro lado, comenta que descentralizar significa apenas tirar do centro, e considera consagradas juridicamente as expressões descentralização política, como aquela em que há pluralidade de centros de poder, sem relação hierárquica, e descentralização administrativa, como aquela que se refere à mera delegação a órgãos ou agentes subordinados, mantendo a hierarquia. O autor também admite o uso de desconcentração como sinônimo da primeira, deixando descentralização para a segunda, ou seja, mera delegação de funções executórias (in O Estado Federal, p. 22 e 68-69). Como característica da Federação, temos a descentralização política 4, isto é, aquela em que mais de um ente pode editar as leis gerais e abstratas ao contrário do Estado Unitário clássico, em que todo o poder de criar leis gerais e abstratas está concentrado num único poder central. A descentralização administrativa, isto é, do poder executório estatal (de cumprir e executar as leis), existe, na prática, tanto nos Estados Unitários como nos Federais. Isso porque, conforme Silva (2007), mesmo nos Unitários, se a descentralização das funções executivas não ocorrer, dificilmente o Estado alcançaria seus objetivos. Dallari (1986) ressalta que a questão não está nos vocábulos utilizados, e sim em lembrar que no Estado Federal os diferentes centros de poder político não estão hierarquizados, e o que os diferencia é a atribuição de diferentes competências. Quanto à descentralização política, Dallari (1986) esclarece que, em que pese no modelo norte-americano ter havido abdicação de parcela da soberania das ex-colônias em favor do poder central, isso não significou concentração de poder, já que cada Estado podia desempenhar as atribuições de sua competência sem nenhuma possibilidade de interferência da União. Segundo o eminente professor, para muitos autores esse é o verdadeiro ponto diferenciador do Estado Federal: a União e os Estados têm competências próprias e exclusivas, asseguradas pela Constituição 5. Assim, ninguém é superior a ninguém as tarefas de cada um são diferentes, e o poder político de ambos é equivalente. Portanto, a suspeita que de início pesava contra os federalistas de que eles eram favoráveis à centralização do poder político anulou-se: com a experiência prática, demonstrou-se que a autonomia política dos Estados era uma realidade, havendo então, segundo o 4 Preferimos adotar o termo descentralização política, como usa o Prof. Roberto Silva (in Manual de Direito Constitucional, p. 162, em que pese o mesmo também alertar para seus diferentes significados p. 158), como característica das federações. 5 DALLARI, Dalmo de Abreu. O Estado Federal. Ed. Ática, p.22

11 11 autor, uma inversão de entendimento, de modo que muitos Estados chamados Unitários, que tinham, portanto, um poder político centralizado, adotaram a forma federativa, exatamente com o objetivo de promover a desconcentração do poder político 6. Borges Netto, 1999, afirma que não se concebe a existência de um Estado Federal sem um sistema de repartição de competências legislativas, pois as Entidades Federadas só têm sentido se também contarem com a faculdade de criar atos normativos que incidam sobre a conduta daqueles que se encontram sobre seu âmbito territorial. Prossegue Dallari (1986) que a repartição de competências pela Constituição Federal é o ponto central das organizações federativas, pois está intimamente ligada à descentralização política. A distribuição de competências deve ser clara e explícita no texto constitucional, e tal que não reduza excessivamente a autonomia do Estado federado, atribuindo competências próprias e exclusivas a cada ente de maneira equilibrada, e dizendo desde logo a quem competirá a competência residual, ou seja, aquela que não estiver expressamente enumerada no texto constitucional 7. Araujo e Nunes Jr (2007) completam que a repartição não só deve ter sede constitucional como faz parte da essência do Estado Federal, pois se a fixação se desse em leis ordinárias, estas seriam de fácil operacionalização, o que tornaria o pacto federativo totalmente flácido, quebrando, portanto, o ajuste sobre o qual se assenta a idéia federalista 8. Por outro lado, Almeida (2010) coloca que a repartição de competências é imperativa no pacto federativo, a fim de preservar o relacionamento harmônico entre os Estados e a União, posto que, se não houvesse a delimitação das atribuições de cada um, que atuam simultaneamente e coexistem, seriam inevitáveis os conflitos e dificuldades de convivência, pondo em risco a própria Federação. Araujo e Nunes Jr (2007) ressaltam que o grau de repartição de competências (o nível de descentralização) varia nos diferentes Estados Federais. Dado o modelo americano original, o comum é enumerarem-se as regras de competência da vontade central ; o que não for delegado 6 Ibidem, p Ibidem, p ARAUJO, Luiz Alberto Davi e NUNES Jr., Vidal Serrano.. CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL. Ed. Saraiva, 11ª Ed. 2007, p. 263

12 12 expressamente é de competência das vontades parciais mas existem Estados em que se dá exatamente o contrário (como o Canadense). Horta (2003) denomina a repartição de competências do modelo norte-americano de clássico e também de dual, em que são enumeradas as competências federais ( poderes enumerados ), e os restantes são dos Estados-membros ( poderes reservados ), ressaltando que, mais adiante, o federalismo alemão introduziu as competências legislativas concorrentes, que têm repartição mista entre os entes federados (os poderes mistos ), que facilitam a idéia de colaboração e cooperação entre os entes federados, e não somente de divisão 9. Almeida (2010) coloca que a Federação, a rigor, é um grande sistema de repartição de competências, sendo isso o que dá substância à descentralização em unidades autônomas. Prossegue lembrando que autonomia vem do grego autos (próprio) + nomos (norma), e, portanto, refere-se à competência de os Estados-membros realizarem as respectivas Constituições e leis que para serem feitas precisam ter o objeto delimitado pela Constituição central. Dallari (1986) destaca como pontos fundamentais na distribuição das competências: a) que não se estabeleça a supremacia da União nem das Unidades-Federadas, havendo equilíbrio que mantenha a autonomia de todos; b) que é conveniente fazer a enumeração das Competências na própria Constituição, para reduzir o campo de conflito e dúvida, estabelecendo a quem pertence a competência residual; e c) afirma que em regra à União cabem as matérias de interesse geral, que concernam a todos os entes federados, e a estes, as matérias de interesse preponderantemente locais, ou que se supõe que serão tratados com maior eficiência e propriedade nos órgãos locais. Essa característica, segundo o autor, dá grande flexibilidade à distribuição de competências, e exige mesmo uma interpretação dinâmica dos dispositivos constitucionais, pois com a modificação das condições de vida, com os progressos da ciência e técnica e com a mudança da significação social de muitos fatos torna-se conveniente, ou até necessária, a transposição de certos assuntos de uma para outra esfera de competência 10.; 9 HORTA, Já falava da importância do federalismo cooperativo para as experiências internacionais de Estados Federados, dedicando o último capítulo de sua obra ao tema. 10 DALLARI, Dalmo de Abreu. O Estado Federal. Ed. Ática, p.19.

13 13 Araujo e Nunes Jr (2007) referem-se à repartição de competências como Repartição constitucional de competências e rendas 11, já colocando aí o que Dallari (1986) coloca em separado, como Autonomia financeira da União e dos Estados 12. Silva (2007) também ressalta que não se pode falar das características da Federação de autonomia e divisão de competências, sem falar que cada esfera de poder político tenha renda própria para atender às obrigações e encargos que a Constituição distribui. O mesmo autor retoma como característica fundamental do pacto federativo a previsão de sua indissolubilidade, ou seja, não há o direito de secessão das unidades federativas; ele também destaca que o exercício de parcela da soberania do Estado-membro na ordem jurídica nacional se dá de maneira contínua (não só no momento de elaboração da Constituição Federal), quando participa da elaboração de leis federais abstratas que são usadas em todo o território nacional. De forma separada, chamando de requisitos para a manutenção da federação e não propriamente de características da federação, Silva (2007) coloca: a) a rigidez constitucional; b) a existência de órgão com competência para aferir a constitucionalidade das leis e dos atos normativos; e c) a previsão de intervenção federal. De fato, explana o autor que sem constituição rígida o pacto federativo poderia ser desfeito com facilidade, pois mera lei ordinária poderia alterar a Constituição, o que contraria a idéia central da união federativa. Da mesma forma, é necessário um órgão que dirima eventuais dúvidas de competência, a fim de que não se digladiem os entes federados. E a previsão de intervenção federal deve existir como garantidora da manutenção do pacto federativo, se houver risco à integridade do Estado Federal, obviamente tomada com muito cuidado e nos limites previamente estabelecidos na Constituição, para não haver desbordamento ou abuso da União 13. Dallari (1986) dedica um capítulo do livro O Estado Federal às mudanças do federalismo no tempo, sob o título de Federalismo Dinâmico. Nele, faz importantes reflexões a partir do exemplo americano, destacando de início que, basicamente, o federalismo norte-americano mantém a mesma fórmula do final do século XVIII, sendo que houve mudança significativa entre os Estados 11 ARAUJO, Luiz Alberto Davi e NUNES JR, Vidal Serrano. CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL. Ed. Saraiva, 11ª ed , p DALLARI, Dalmo de Abreu. O Estado Federal. Ed. Ática, p Dalmo Dallari denomina esse tipo de necessidade como um momento de superioridade federal, expressando preocupação quanto a seu uso criterioso(in O Estado Federal, p ).

14 14 Unidos de então agrário - e o país em que se tornou - altamente industrializado. O que permite isso? Segundo o autor, que analisa diversos autores norte-americanos, ao longo do tempo a Suprema Corte Americana demonstrou que a Constituição é uma Lei viva e, também diante do princípio federativo, foi concedendo o reconhecimento ou a negação de competências ou ainda o equilíbrio de poderes entre os governos estadual e federal, fazendo interpretações autorizadas e adequadas às circunstâncias históricas. Assim, foi sendo sempre atualizado o mecanismo federativo. Portanto, Dallari (1986) coloca que na trajetória histórica da Federação norte-americana, começando logo após a independência da coroa inglesa, passando pela grande depressão de 1929, e chegando ao papel de expressão e preponderância que os EUA têm atualmente no cenário mundial, o federalismo americano evoluiu sobre muitos aspectos, e ressalta: dado curioso e muito expressivo é que a implantação do novo federalismo ocorreu sem mudança formal na Constituição. Isso demonstra não só a flexibilidade dos mecanismos constitucionais norte-americanos, mas revela também o papel dinâmico e positivo da Suprema Corte, que através da reinterpretação dos dispositivos constitucionais tem permitido a constante atualização das regras de convivência, sem necessidade do recurso a meios extra-legais. Citando Edward Corwin em American Constitucional History, chama a isso de revolução constitucional. Araujo e Nunes Jr (2007) colocam que o modelo federativo, quando posto em contato com a realidade e peculiaridades sociais, econômicas de cada país, toma feições e características próprias. Sobre o assunto, Horta (2003) ressalta a elasticidade do modelo federal que, respeitando aquelas características essenciais, apresenta grande pluralidade de formas organizatórias, acrescentando que a solução federativa é boa alternativa para Estados de dimensões continentais - ou outras diversidades, como pluralidade de línguas - retomando a expressão de que o Estado Federal permite a unidade na diversidade. Almeida (2010) faz referência à flexibilidade do federalismo, e afirma que essa capacidade de adaptação produz também o efeito de impedir que o regime envelheça, conservando a vitalidade no tempo, recriado na medida dos imperativos de ordem social, econômica e política que se vão colocando na evolução natural das sociedades. A autora reafirma a importância da repartição de competências, pois é ela que condiciona a feição do Estado Federal, determinando maior ou menor grau de descentralização.

15 15 Horta (2003), analisando a evolução do Federalismo no Direito Constitucional contemporâneo, destaca que estão sendo acolhidas no texto das Constituições mais recentes regras que consagram a supremacia dos Tratados e dos princípios do Direito Internacional, conferindo nova dimensão ao Federalismo, projetando-o na modernidade, e dando o nome a essa nova dimensão de federalismo supranacional. De fato, com o incremento da relação entre os Estados, discute-se a internalização de regras que são do interesse de todos. Diz o autor que a mudança de concepção no quadro das relações internacionais distancia o federalismo contemporâneo do federalismo clássico e insere o Direito Constitucional de nossos dias no universo desafiador da globalização. De todo o exposto, podemos ver como características do Estado Federal: a abdicação da soberania de Estados-membros, antes soberanos e independentes, em favor de um novo Estado central, criado por uma Constituição Federal comum por todos elaborada, que dê mais força a cada um e represente a união de todos, formando um governo de todos. Essa união federativa tem o caráter de permanência e indissolubilidade, e a Constituição Federal deve prevê-lo. A repartição de competências é essencial para o Estado federal e deve a Constituição prevêla, de tal forma que se preservem autonomia e peculiaridades de cada Estado-membro, mas dê condições de a União atuar. Deve também prever a formação de uma Constituição em cada Estadomembro, e enumerar o mais detalhadamente possível a quem compete o quê, inclusive referindo-se à competência residual. À divisão de competências deve corresponder também uma divisão de rendas, a fim de que seja possível manter a autonomia e executar os encargos de que a divisão os incumbe. A divisão de competências deve ser equilibrada, para não haver supremacia dos Estados perante a União (que levado ao extremo seria, na realidade, uma Confederação), nem da União perante os Estados (que, também levado ao extremo, seria um Estado Unitário). O espírito presente no Estado Federativo é o de descentralização política, já que cada ente federado exerce competências que lhe são exclusivas, com total autonomia e sem interferências. Para que haja permanência do Estado Federal criado, é preciso que a Constituição Federal seja rígida, que haja um órgão Federal que faça o controle da constitucionalidade, e que haja a previsão de intervenção Federal como forma de preservar a federação. Por fim, o Estado Federal tem flexibilidade e evolui com a história; respeitados os princípios acima descritos, cabe interpretá-lo de forma a evitar sua fossilização, lembrando que a Constituição é uma lei viva. Nessa evolução,

16 16 além da idéia de divisão de competências, há a valorização da idéia de colaboração entre os entes federados A Federação brasileira Nesta sessão, passaremos a analisar como as características gerais do federalismo se deram dentro da realidade brasileira, já que, como vimos, o modelo ganha feições e trajetórias particulares em cada realidade. No Brasil, historicamente, o processo de criação da Federação foi o contrário do norteamericano partiu-se de um Estado Unitário, com poder centralizado, e descentralizou-se o poder político, sem eliminar o poder central. Cada divisão administrativa, ou Província, recebeu uma parcela de poder político, passando a chamar-se Estado, sendo reforçada formalmente a individualidade e características regionais. Formalmente, foi como se em 15 de novembro de 1889, com a proclamação da República, cada província tivesse proclamado sua independência, e no mesmo ato tivessem decidido formar a Federação. (DALLARI, 1986). Silva (2009) comenta que no Brasil a federação não veio como associação do Direito Internacional, no sentido de pacto de Estados soberanos, e sim do Direito Constitucional, visto que nosso sistema federal se organizou como técnica constitucional de descentralização do Estado Unitário 14. A forma federativa foi consagrada na Constituição de 1891 e mantida em todas as Constituições posteriores, embora Silva (2007) ressalte que a necessária autonomia do Estadomembro fosse afastada em muitos momentos, como na revolução de 1930 (nomeação de interventores para os estados), o período do Estado Novo, e novamente após o golpe militar de 1964, a ponto de Silva (2010) destacar como mero federalismo nominal o da Constituição de 1967 e a emenda 1/69. Com o processo de redemocratização, a Assembléia Constituinte de 1988 voltou a consagrar na Lei Maior a forma Federativa de Estado, já estampada em seu nome: Constituição da República 14 José Afonso da SILVA. Comentário Contextual à Constituição. Malheiros Ed., 6ª Ed

17 17 Federativa do Brasil (g.n.). Diz seu artigo 1º: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito... Silva (2009) comenta que o artigo a antes de República Federativa do Brasil demonstra que ela já pré-existia, isto é, que a Constituição não instituiu a República Federativa, e sim a recebe e pereniza como tal. Segundo o autor, o artigo 1º é rico em conteúdo, exprimindo o nome do Estado Brasileiro (República Federativa do Brasil), a forma de Estado (Federativa), a forma de governo (República), e o nome do país (Brasil). Destaca que o texto só pode ser entendido no duplo valor substantivo que contém: o Brasil é uma República, e o Brasil é uma Federação - isto é, um Estado Federal, formado pela união indissolúvel das entidades que menciona. A forma federativa de Estado é cara para a democracia. De fato, Dallari (1986) coloca que a organização federativa do Estado é incompatível com a ditadura, e através da História não há exemplo de convivência de ambas: se em algum lugar havia federalismo e instalou-se uma ditadura, houve concentração de poder político, e mesmo que formalmente tenha se mantido a federação, na realidade passou a ser Estado Unitário com governo centralizado, dando como exemplos a Alemanha e a ascensão de Hitler, o Brasil com a ditadura Vargas 15, e a Argentina com a de Perón. Assim, diante do anseio da nação de voltar à normalidade do Estado de Direito, a reafirmação da forma federativa na Constituição Originária de 1988 tem realmente a sua simbologia, pela associação aos regimes democráticos. Sobre a época, Almeida (2010) comenta que o constituinte de 1988 recebeu quase um Estado Unitário redivivo, pelo que se chamou de estrangulamento da Federação no sistema constitucional de 67/69, e, optando pela Federação, chamou a si a tarefa ingente (...) de reverter o movimento pendular 16 que acusava excessiva concentração de poder político e financeiro no governo central, em detrimento de estados e municípios. 15 O autor não menciona a ditadura militar, certamente, por ainda estarmos, quando a obra foi publicada (1986) apenas saindo do longo período ditatorial, ainda no início do governo Sarney e da denominada Nova República. 16 A autora refere-se ao movimento pendular das Federações na distribuição de competências, ora com mais atribuições à União, ora aos Estados-membros, movimento este que, chegando ao extremo, não mais teríamos o Estado Federal e sim, respectivamente, o Estado Unitário e a Confederação.

18 18 Silva (2010) acrescenta que a Constituição de 1988 buscou resgatar o princípio federalista, estruturando um sistema de repartição de competências que tenta refazer o equilíbrio das relações entre o poder central e os poderes estaduais e municipais, perdido na Constituição de Silva (2007) diz que o processo de formação de nossa Federação, em sentido contrário ao do norte-americano, serve para compreender por que a dos EUA é mais descentralizada que a nossa, pois lá os Estados é que cederam uma parte de seu poder à União, e aqui se deu o contrário. De fato, Silva (2010) completa que as Federações de origem centrípeta costumam ser mais descentralizadas que as de origem centrífuga. Sobre o assunto, em que pese o valor histórico da observação, autores como Dallari (1986), Horta (2003) e Almeida (2010), consideram que, para atingir os princípios federativos, é uma qualidade do Estado Federal a flexibilidade no tempo, a fim de que atenda aos anseios de determinada época e conjuntura histórica, o que também se aplica ao caso brasileiro, a fim de que não se fossilize nem envelheça nossa Constituição. Outro fator que recomenda a adoção da forma federativa de Estado pelo Brasil, além do mencionado apreço do Estado Federal com a democracia, é nossa dimensão continental, pois a autonomia dos Estados-membros dá condições de melhor tratar as diversidades, peculiaridades e características específicas de cada um, as quais não fazem parte dos demais membros da Federação, fazendo, como diz Horta (2003) e também Dallari (1986), a unidade na diversidade. Falando dos artigos que tratam da forma Federativa do Estado brasileiro, Silva (2009) diz que a enumeração das entidades federadas no Art. 1º é completada descritivamente pelo art. 18: Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. Assim, encontramos nesse artigo uma característica da Federação Brasileira além da União e dos Estados-membros, temos como pessoas jurídicas de Direito Público que compõem a federação, o Distrito Federal, e mais ainda, os Municípios são todos, na dicção do art. 18, autônomos. Em que pese Silva (2009 e 2010) discordar da inclusão do município como entidade federativa, considerando-o um componente da federação polêmica que não cabe no presente trabalho, pela sua extensão consideraremos como os demais autores consultados que ele é sim,

19 19 entidade federada autônoma essencial à nossa Federação 17. Assim, saímos do federalismo dual, como diz Bonavides (1997) para, junto com o Distrito Federal e os municípios, termos uma terceira esfera de autonomia em nosso federalismo. As características estudadas como essenciais ao Estado Federal (ou à sua manutenção) estão presentes na Constituição de 1988: a) declaração de que foi escolhida a Forma Federativa de Estado (art. 1º); b) descrição das entidades federativas que compõem a República Federativa do Brasil, declarando sua autonomia (arts. 1º e 18); c) delgação às entidades federadas do poder de autoorganização, desde que observem os princípios da Carta Federal (arts. 25, 29 e 32 cc com art. 11 ADCT) 18 ; d) demonstração de que é uma Constituição rígida, pois sua modificação é mais difícil que mera lei ordinária (art. 60); e) menção à indissolubilidade no pacto federal (art. 1º, caput, além da super-rigidez constitucional que protege a forma federativa de Estado como cláusula pétrea art. 60, 4º, I); f) previsão de intervenção federal nos Estados-membros para preservar a Federação (art. 34); g) existência de órgão guardião da Constituição, em especial para dirimir conflitos de competências (Supremo Tribunal Federal STF art. 102); e h) repartição de competências entre os entes federados, para o retorno de um equilíbrio entre as competências e atribuições da União e demais entes federados, que dê conta dos anseios de atendimento às necessidades do País e seu povo, respeitadas as particularidades de cada um. Este último aspecto, pela importância para os princípios federativos e para o presente trabalho, será objeto de melhor análise no item seguinte. Como dimensão internacional da República Federativa do Brasil, os parágrafos do art. 5º de nossa Constituição prevêem: 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. 19 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão Nesse sentido, Roberto SILVA (2007) p. 189; Luiz David ARAUJO e Vidal Serrano NUNES JR (2007), p. p ; Paulo BONAVIDES (1998) p Trata-se do Poder Constituinte Decorrente, segundo, entre outros, Gabriel IVO (1997). 19 Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de ibidem

20 20 Pelo exposto, vimos que o Estado Federal foi o escolhido pelo constituinte de 1988, constando de nossa Carta Federal todos os elementos característicos dessa forma de Estado. A escolha se deu devido ao desejo de reafirmar a necessidade de retornarmos à normalidade das Instituições necessárias a um Estado Democrático de Direito, com que a forma federativa tem grande proximidade, pois constantemente exige conciliação, diálogo e negociação, na busca de harmonia entre os entes federados autônomos. A escolha também favorece o tratamento das diversidades existentes entre os Estados-membros, inevitáveis num país de dimensões continentais como o nosso. A Constituição procurou retomar o equilíbrio da relação entre a União e o Estado-membro com a descentralização e reafirmação de sua autonomia, que estava desfigurada pela ditadura militar, concentradora do poder central. Em que pese a origem histórica de nossa Federação, que a configura na origem como mais centralizada, essa forma de Estado permite uma flexibilidade que, mesmo com seu característico movimento pendular, atende à evolução da sociedade. Nessa evolução, também há dimensões novas, que contemplam tanto os Municípios como o Direito Internacional. Por fim, pela importância do tema da repartição de competências, tanto para o Estado Federal como para o presente trabalho, ele será analisado no item seguinte A competência legislativa do Estado-membro na repartição de competências da Constituição de A Constituição Federal optou por um sistema complexo de repartição de competências (ARAUJO; NUNES Jr., 2007). De fato, Almeida (2010) coloca que: conhecidas as diferentes técnicas de repartições de competências testadas ao longo do tempo, não é difícil identificar no modelo adotado pela Constituição Brasileira de 1988 a combinação de praticamente tudo o que já se experimentou na prática federativa. Menciona ainda a presença: a) da separação clássica (do federalismo dual ou clássico), chamada de horizontal, em que cada ente federado recebe uma parcela exclusiva de poder, que só ele pode exercer, excluindo o outro ente (resultando nas competências enumeradas ou enunciadas e remanescentes); b) da repartição vertical de poderes, com as competências concorrentes ou mistas, onde mais de um ente federado trata de um mesmo assunto, própria do federalismo

21 21 cooperativo, em que se pretende a atuação coordenada dos entes federativos ; e c) da previsão de delegação de competência exclusiva da União aos Estados-membros. Assim, contendo prática de repartição horizontal, os artigos 21 e 22 enumeram as competências privativas da União: no 21, encontramos as competências privativas de sua função executiva (ou administrativa, ou material), e no 22 encontramos as competências privativas legislativas. O artigo 30, I dá ao município a competência legislativa relativa aos interesses locais (preponderantemente locais, como explica Silva, 2007), e o art. 25, 1º dá aos Estados a competência remanescente ou residual 21. O Distrito Federal recebeu os poderes normativos reservados aos Estados-membros e aos Municípios (art. 32, 1º). Fazendo repartição vertical, o art. 23 dá o rol das competências executivas que são comuns a todos os entes federados são deveres de todos os entes. Deles, pela pertinência do tema, destacamos o inciso VI: Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: [...] VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;... Ainda quanto à presença de repartição vertical, o art. 24 estabelece sobre quais matérias a União, os Estados e o Distrito Federal devem legislar concorrentemente, isto é, todos podem/devem fazer leis sobre o assunto, na forma estabelecida em seus parágrafos: Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: [...] V - produção e consumo; VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; [...] VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; [...] XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; [...] 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. 21 Cabe ainda falar que ALMEIDA (2010), além de outros autores, mencionam também as chamadas competências implícitas, ou decorrentes, que são aquelas que viabilizam o ente a dar cumprimento às suas funções privativas.

22 22 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. Assim, temos Estados, Distrito Federal e União legislando simultaneamente sobre as matérias constantes nos incisos dos artigos 24. A competência da União nas ditas competências concorrentes ou mistas, conforme o 1º, limitar-se-á a estabelecer as normas gerais aos assuntos, não podendo, sob pena de inconstitucionalidade, descer a minúcias (SILVA, 2007). Normas Gerais, segundo Silva (2009), são Leis de leis, normas de leis ordinárias ou complementares que estabelecem princípios e diretrizes de ação legislativa da União, Estados e Municípios. Por regra, não regulam diretamente situações fáticas, porque se limitam a definir uma normatividade genérica a ser obedecida pela legislação específica, quer federal, quer estadual, quer municipal. Não são normas gerais, portanto, as normas que se ocupem de detalhamentos, pormenores, minúcias, de modo que nada deixam à criação própria do legislador a quem se destinam, exaurindo o assunto de tratam. O estado (Estado-membro) terá, conforme o 2º, competência suplementar que, segundo Silva (2007), e também Silva (2010), abarca duas espécies de competências: complementar e supletiva. De acordo com o último autor, a competência suplementar significa o poder de formular normas que descobrem o conteúdo de princípios ou normas gerais ou que supram a ausência ou omissão delas. Ou então, como bem explica o primeiro autor: os estados e o Distrito Federal, no exercício da competência complementar, poderão criar leis para atender a suas peculiaridades, respeitadas as normas gerais editadas pela União, isto é, poderão esmiuçar as regras gerais editadas pela União; e no exercício da competência supletiva, podem também editar regras para preencher as lacunas e vazios deixados pelas regras gerais, sempre para atender a suas peculiaridades. Além disso, conforme o 3º, se a União quedar inerte, os estados e o Distrito Federal poderão exercer a competência legislativa plena, isto é, editar as normas gerais e as específicas sobre a matéria, para funcionar em seu território. Se fizer isso, e posteriormente a União exercer sua competência sobre as regras gerais, o 4º determina que haverá a suspensão da lei estadual naquilo em que lhe for contrário, isto é, não há revogação da lei estadual, que só fica com os aspectos contrários suspensos (SILVA, 2007).

23 23 Ainda quanto às competências concorrentes, Araujo e Nunes Jr (2007) dividem-nas em próprias e impróprias, chamando de próprias aquelas que vêm expressas no art. 24 do texto constitucional (se bem que ressalvam que não se trata de rol taxativo), e de impróprias aquelas existentes para dar suporte legislativo às competências executivas comuns, isto é, para dar viabilidade legal ao exercício das competências comuns. Quanto aos Municípios, Araujo e Nunes Jr. (2007) lembram que, embora eles não façam parte do art. 24, também possuem competência concorrente própria, pois o art. 30, II da Constituição Federal atribui-lhes competência para suplementar a legislação federal e estadual no que couber, o que encarrega os Municípios da suplementação em nível local todas as vezes que esse interesse ficar evidenciado. No exercício das competências que Araujo e Nunes Jr (2007) chamam de concorrentes impróprias, isto é, as decorrentes da necessidade de implementação das competências materiais (ou seja, as administrativas ou executivas) de todos os níveis federativos, esses autores consideram que não há limites legislativos a cada uma das ordens federativas. Assim, consideram que nas competências comuns do artigo 23, todos os entes federados legislam plenamente (de forma ilimitada), e a observância seria a da lei mais rigorosa, que implicaria as demais. 22 Por fim, como parte da complexa repartição de competência legislativa existente na Constituição Federal, temos a competência delegada, que se refere ao parágrafo único do artigo 22: Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:... Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias mencionadas neste artigo. A União pode, então, delegar as competências legislativas privativas (sobre pontos específicos) para os Estados-membros (e, portanto, também ao Distrito Federal), mediante lei complementar que autorize a isso Como exemplo ilustrativo, os mencionados autores dão uma lei protetiva da Mata Atlântica (que se enquadrariam na competência comum de proteger o meio ambiente e as florestas - art. 23, VI e VII)., em que haveria uma lei federal protegendo-a a partir de 100 m do nível do mar, uma lei estadual que diria a partir de 100m, e uma lei municipal dizendo que seriam 70 m. Aplicariam-se as três leis, e de observância obrigatória naquele município seriam 70 m, porque mais restritivo e portanto, vinculando os demais comandos normativos. 23 Foi o caso, como cita SILVA (2007), da Lei Complementar 103 de 14 de julho de 2000, que autorizou os estados e Distrito Federal a instituir piso salarial.

24 24 Portanto, quanto à repartição de competências legislativas dos Estados-membros da Constituição de 1988, vimos que o sistema escolhido foi complexo, reunindo vários tipos de experiências federativas. O Estado-membro (que também estaremos chamando de estado, com e minúsculo, por serem os internos à Federação), no campo das competências enumeradas (repartição horizontal) ficou com as chamadas competências residuais ou remanescentes, em exclusão daquelas enumeradas pela Constituição como pertencentes à União, e excluindo também as de interesse local, que são dos Municípios. No entanto, por autorização de lei complementar da União, o Estadomembro poderá legislar sobre assuntos específicos dentre aqueles elencados como privativos da União é a competência legislativa delegada. Os estados também possuem a competência legislativa concorrente, em que devem legislar sobre determinados assuntos que, de forma não exaustiva, o art. 23 da Constituição federal elenca. Nos parágrafos do artigo, vemos que na competência concorrente o estado tem competência suplementar, devendo esmiuçar as regras gerais editadas pela União (competência complementar) ou ainda preencher lacunas e vazios (competência supletiva), de forma a atender a peculiaridades específicas. Se a União não editar a norma geral, os estados podem fazê-lo além do que já foi visto na competência suplementar, adquirindo então a competência plena. Se a União vier a editar norma geral sobre o assunto, a lei estadual vigente será suspensa naquilo que contrariar a norma geral editada pela União, lembrando que normas gerais, como o nome diz, devem ter esse caráter, não descendo a minúcias. Por fim, Araujo e Nunes Jr. (2007) colocam que o estado, para exercer as competências executivas comuns, necessita também editar leis, exercendo aí a competência concorrente imprópria, em que, segundo esses autores, não há os limites apontados nos parágrafos do artigo 22, que se aplicam às competências concorrentes próprias A Lei Paulista Atual do Amianto: defesas e contestações Nesta sessão, vamos passar a um estudo mais detalhado da Lei Paulista do amianto, a fim de trazer elementos para o entendimento das possíveis causas da mudança de interpretação do STF sobre sua constitucionalidade e sobre a competência legislativa estadual. Não nos interessará aqui a 24 Em ALESP (2004). Temas de Direito Constitucional Estadual e Questões sobre o Pacto Federativo encontramos um rico debate sobre a complexidade enfrentada pelos legisladores estaduais e pelos julgadores constitucionais.

25 25 comparação entre os argumentos de acusadores e defensores da Lei Paulista do amianto para concluir sobre o mérito, mas sim a composição de um quadro social de fundo, que ajude a entender por que, neste caso específico, houve resultado diferente quando a questão de sua constitucionalidade foi apreciada pelo STF, mesmo que no julgamento de uma medida cautelar Origens e caracterização A atual Lei Paulista do amianto é a Lei n , de 26 de julho de 2007, que traz na sua epígrafe: Proíbe o uso, no Estado de São Paulo de produtos, materiais e artefatos que contenham quaisquer tipos de amianto ou asbesto ou outros minerais que, acidentalmente, tenham fibras de amianto na sua composição 25. É decorrente do Projeto de Lei nº 384/2007, de autoria do Deputado Estadual Marcos Martins, do Partido dos Trabalhadores (PT). O autor do PL relatou em entrevista 26 os motivos que o levaram a apresentá-lo: P: Porque o Sr. propôs a Lei Paulista proibindo o uso do amianto? R: Para defender a saúde do povo paulista e o meio ambiente. São muitas as pessoas que morrem no Estado de São Paulo nós não temos dados estatísticos confiáveis, mas sabemos que é um número grande, e a cidade onde eu moro, tinha uma fábrica - a maior da América Latina, da Eternit e ali produziu diversas vítimas, e nós convivemos com essas vítimas. Fomos registrando os que morriam nos anais da Câmara Municipal [de Osasco] (aqueles que eu tinha conhecimento), e ajudamos a criar a associação das vitimas do amianto, chamada ABREA Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto - e iniciamos uma caminhada para o banimento. Apresentamos primeiro lá no município, a proibição do uso do amianto e assumimos um compromisso com a Associação de que, eu eleito Deputado Estadual, o primeiro projeto que eu apresentaria seria o do banimento do amianto a nível estadual. E nós queremos chegar ao banimento nacional: são 58 países que já proibiram o uso deste produto cancerígeno e nós precisamos fazer com que o Brasil também se alinhe a esses países, para defender a saúde pública e o meio ambiente. No mundo, a estimativa da Organização Mundial da Saúde e da Organização Internacional do Trabalho é de 100 a 150 mil pessoas que morrem por ano por causa do amianto, e aqui o pico da mortalidade é estimado em Nós poderemos ter um número muito grande. Como as vítimas do amianto têm pouco poder, precisam de aliados. O lobby da indústria é muito grande. A Associação, além da maioria da diretoria já serem portadores das doenças asbestose, em graus diferentes, pois há mais de um grau alguns já se foram e então nós decidimos abraçar esta causa, e junto com eles trabalhar para que o amianto seja proscrito do nosso território e a saúde pública seja preservada desse mineral cancerígeno, que é comprovadamente, pelo Ministério da Saúde, Secretaria da Saúde - todos os órgãos já comprovaram que é cancerígeno. E se existe substituto para que e por que ficarmos usando um produto que nós já sabemos? É melhor prevenir do que remediar.[...] 25 Lei /07 e PL 384/2007 Íntegra nos Anexos I e II. 26 Entrevista realizada pela autora em 10/08/2010, no Gabinete do Deputado na Assembléia Legislativa de São Paulo.

26 26 P: O que o Sr. tem a dizer sobre o amianto crisotila - faria menos mal, como alega o Estado de Goiás? R: Desde que eu iniciei essa batalha, há uns 14 anos, eles falavam disso. E no exterior também eles procuravam inventar alguma coisa a respeito da qualidade do amianto para iludir a população. Todos os amiantos, o branco (crisotila), o marrom, o azul (anfibólio) todos são cancerígenos. E nós temos quilômetros de amianto nos tubos de água, dutos de água, que levam para as residências aqui da população do estado de São Paulo, da SABESP. E com o tempo de vida útil vencido. Então nós precisamos também essa é outra luta - fazer a substituição da rede: primeiro, porque há um desperdício muito grande, em torno de 30% da água, e segundo, porque os tubos são cancerígenos e além disso com o tempo dede vida útil já vencido já estão velhos, não suportam mais. Então a quantidade de vazamento é muito maior. Além das razões relatadas pelo autor do PL, consta da justificativa que acompanha o Projeto os seguintes considerandos: Considerando o Critério de Saúde Ambiental nº 203, de 1998, da Organização Mundial da Saúde OMS sobre amianto crisotila que afirma entre outros que a exposição ao amianto crisotila aumenta os riscos de asbestose, câncer de pulmão e mesotelioma de maneira dependente em função da dose e que nenhum limite de tolerância foi identificado para os riscos de câncer; Considerando que na 95ª Reunião da Conferência Internacional do Trabalho, em 15/6/2006, a OIT reafirmou que mortes ao ano são causadas pelo amianto, em todo o mundo; que a eliminação no futuro do uso de todas as formas de amianto e a identificação dos procedimentos de gestão adequados para eliminação do amianto, já existente, constituem os meios mais eficazes para proteger os trabalhadores expostos a este material e prevenir as enfermidades e mortes que ele pode causar; Considerando que a OMS, que submeteu à consulta pública mundial até 9/9/2006 o seu Draft WHO policy paper on elimination of asbestos-related diseases (Documento preliminar das diretrizes da OMS pra eliminação das doenças relacionadas ao amianto), onde afirma categoricamente que todos os tipos de amianto causam asbestose, mesotelioma e câncer de pulmão; que não há nenhum limite seguro de exposição; que existem substitutos mais seguros; que o controle da exposição dos trabalhadores e usuários de produtos contendo amianto é extremamente difícil e que a remoção do amianto é muito dispendiosa e difícil de se pôr em prática de maneira completamente segura. Considerando que o PNUMA- Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) tem reunido periodicamente seu comitê técnico para debater a inclusão da crisotila (amianto branco) na lista dos produtos sujeitos ao PIC Consentimento Prévio Informado dentro dos quadros da Convenção de Rotterdam, da qual o Brasil é signatário, o que significa dizer que o país exportador deverá comunicar previamente ao seu cliente sobre os riscos associados ao seu produto e as medidas de proteção para o seu manuseio e, após isto, obter o consentimento do importador de que é capaz de aceitar e lidar com estes riscos. Considerando que a Organização Mundial do Comércio (OMC/WTO), que regulamenta as regras do livre comércio global de mercadorias, considerou que a proibição do amianto se justifica para a defesa da saúde pública e não sancionou a aplicação de penalidades aos países que adotarem estas barreiras alfandegárias, por considerar o uso controlado ou seguro do amianto não factível nem nos países desenvolvidos, muitos menos naqueles em desenvolvimento. Considerando a Resolução 348/2004 do CONAMA, que classificou os resíduos dos produtos de construção civil, que contenham amianto, como perigosos devendo ser dispostos em aterros industriais para este fim; Considerando que no final de 2005 o senado francês produziu relatório em que qualificou a situação naquele país referente às conseqüências da contaminação por amianto como uma catástrofe sanitária e culpou o governo e seus técnicos, sindicalistas, cientistas e demais envolvidos de terem se deixado anestesiar por anos a fio pelo lobby do amianto. A França baniu o amianto em 1º./1/1997.

27 27 Considerando que o número de pedidos de indenizações por doenças supostamente decorrentes do amianto não cessa de crescer nos EUA, onde, segundo especialistas, o custo total para seguradoras e empresas pode chegar a US$ 275 bilhões nos próximos anos. Para a entidade não-governamental Rand Institute for Civil Justice, as disputas judiciais relacionadas ao mineral constituem o mais longo litígio coletivo da história dos Estados Unidos. Considerando que a produção mundial de amianto vem declinando continuamente, chegando em 2000 a menos da metade do total de 1975, segundo dados da Fundação Instituto Oswaldo Cruz - Fiocruz. Considerando que, em nosso país, campanhas promovidas sobretudo pela sociedade civil organizada, a aprovação de leis - 46 diplomas dentre estaduais e municipais - proibindo a utilização do amianto e, mais recentemente, a iniciativa de empresas em apostar na substituição do produto por materiais alternativos colaboraram para reduzir pela metade o consumo do amianto a partir de Considerando que o número de pessoas contaminadas pelo amianto no Brasil ainda não é conhecido. Mas na Europa, onde o assunto é mais estudado, estima-se que morrerão nos próximos anos cerca de 500 mil pessoas por doenças causadas pelo amianto. A Lei /07 também procurou corrigir problemas que levaram à declaração de inconstitucionalidade parcial da lei anterior estadual sobre o amianto (Lei /01, de autoria do deputado Roberto Gouveia - PT), que dispunha sobre a proibição de importação, extração, beneficiamento, comercialização, fabricação e a instalação, no Estado de São Paulo, de produtos ou materiais contendo qualquer tipo de amianto (ADI N 2656-SP, movida pelo Governador do Estado de Goiás). De fato, na Lei atual, houve maior cuidado em não invadir competência alheia, ao proibir o uso no Estado de produtos que contenham o amianto, e não diretamente, por exemplo, a extração do minério (Art. 22 CF, XII: Compete privativamente à União legislar sobre:... XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia ). Outro exemplo é não adentrar assuntos da relação trabalhista, como fazia a lei anterior, exigindo que o empregador lavasse adequadamente os uniformes dos funcionários (Art. 22, CF, I Compete privativamente à União legislar sobre:... I direito... do trabalho ). A exposição de motivos que levaram à criação da Lei Paulista do amianto demonstra ação legislativa para interferir em um quadro preocupante, buscando defender o meio ambiente, a saúde do paulista (tanto do trabalhador como do usuário do produto), além de auxiliar no atendimento a obrigações assumidas pela Federação no cenário internacional, diante da existência de alternativas viáveis ao produto. A Lei Paulista do amianto diz no Art. 1º: Artigo 1º Fica proibido, a partir de 1º de janeiro de 2008, o uso, no Estado de São Paulo, de produtos, materiais ou artefatos que contenham quaisquer tipos de amianto ou asbesto, ou seja, a Lei Paulista diferencia-se da Lei Federal do amianto Lei Nº de 1º de junho de 1995 em vários aspectos, mas fundamentalmente, por

28 28 proibir todas as variedades de amianto ou asbesto, enquanto a Lei Federal em seu Art. 2º permite a extração, industrialização, utilização e comercialização do asbesto/amianto da variedade crisotila (asbesto branco). A Lei Paulista do amianto preocupa-se também com a proibição da utilização de amianto em produtos destinados a crianças e adolescentes (Art. 2º), por órgãos da administração direta e indireta do Estado de São Paulo (Art. 3º), por equipamentos privados de uso público tais como estádios, teatros, cinemas, escolas e hospitais (Art. 3º 1º). Preocupa-se também com as condições para demolição ou remoção de material contendo amianto (Art. 4º), com a proteção dos trabalhadores expostos ao amianto (Art. 4º 2º), além de criar campanhas e outros instrumentos de informação e educação do público sobre o risco e o perigo da exposição ao pó de amianto (Art. 3º 2º; Art. 5º parágrafo único), e instituir determinações aos órgãos responsáveis pela saúde pública (Art. 6º), além de outros temas. A Lei Federal Nº 9.055/1995 aprovada e sancionada cinco anos após a assinatura da CONVENÇÃO Nº 162 da OIT pelo Brasil e do decreto de sua promulgação: Decreto Nº 126, de 22 de maio de 1990 tem no caput Disciplina a extração, industrialização, utilização, comercialização e transporte do asbesto/amianto e dos produtos que o contenham, bem como das fibras naturais e artificiais, de qualquer origem, utilizadas para o mesmo fim e dá outras providências. Diz ainda a Lei: Art. 1º É vedada em todo o território nacional: I - a extração, produção, industrialização, utilização e comercialização da actinolita, amosita (asbesto marrom), antofilita, crocidolita (amianto azul) e da tremolita, variedades minerais pertencentes ao grupo dos anfibólios, bem como dos produtos que contenham estas substâncias minerais; II - a pulverização (spray) de todos os tipos de fibras, tanto de asbesto/amianto da variedade crisotila como daquelas naturais e artificiais referidas no art. 2º desta Lei; III - a venda a granel de fibras em pó, tanto de asbesto/amianto da variedade crisotila como daquelas naturais e artificiais referidas no art. 2º desta Lei. Art. 2º O asbesto/amianto da variedade crisotila (asbesto branco), do grupo dos minerais das serpentinas, e as demais fibras, naturais e artificiais de qualquer origem, utilizadas para o mesmo fim, serão extraídas, industrializadas, utilizadas e comercializadas em consonância com as disposições desta Lei. Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, consideram-se fibras naturais e artificiais as comprovadamente nocivas à saúde humana. Art. 3º Ficam mantidas as atuais normas relativas ao asbesto/amianto da variedade crisotila e às fibras naturais e artificiais referidas no artigo anterior, contidas na legislação de segurança, higiene e medicina do trabalho, nos acordos internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil e nos acordos assinados entre os sindicatos de trabalhadores e os seus empregadores, atualizadas sempre que necessário.

29 Breves considerações médicas, ambientais e econômicas que apoiam as justificativas à Lei Paulista do amianto. Nesta sessão, desdobrando as justificativas da propositura da Lei Paulista do amianto, apresentaremos alguns dados e informações sobre o impacto do amianto, colhidas das seguintes fontes assim qualificadas: Núcleo de Saúde do Trabalhador da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde do Estado de São Paulo, Grupo de Trabalho da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados destinado à análise das implicações do uso do amianto no Brasil, Gerência de Geologia Aplicada à Produção Mineral da MINEROPAR S.A., Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto - ABREA, Prof. Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo Prof. Titular da UNICAMP, de modo a transmitir alguma luz sobre o contexto social, científico e institucional que permeia a discussão sobre a constitucionalidade da Lei Paulista atual do amianto e pode ter influenciado nas mudanças de interpretação do STF sobre o problema. Amianto é o nome comercial para um conjunto de minerais constituídos basicamente de silicato de magnésio, de características fibrosas, também chamado de asbesto. De acordo com ABREA et al. (s/d), a família das rochas amiantíferas compreendem basicamente dois tipos: as serpentinitas (conhecida como amianto branco ou crisotila) e os anfibólios (crocidolita ou amianto azul, amosita ou amianto marrom, actinolita, tremolita, antofilita). Esse mineral possui propriedades de resistência térmica (ao calor e às chamas), mecânicas (resistente e de difícil rompimento) e químicas. Pode ser transformado em fios e, conseqüentemente, ser tecido. 27 Por ter todas essas características físico-químicas, ser abundante na natureza e ser de baixo custo, foi largamente utilizado nas indústrias, destacando-se a de fibrocimento (caixas-d água, telhas e tubulações usados na construção civil), materiais de fricção (pastilhas e lonas de freios e revestimento de embreagem para a indústria automobilística), têxteis (tecidos para roupas e anti- 27 SECRETARIA DA SAÚDE DO ESTADO DE SÃO PAULO: Núcleo da Saúde do Trabalhador da Coordenadoria de Controle de Doenças. Revista Saúde do Trabalhador no SUS em foco: Amianto. Ano 3 - Número 7. Abril de 2007.

30 30 térmicos), e materiais diversos, como plásticos, feltros, tintas, produtos de vedação, isolamento acústico térmico e revestimento de pisos, entre outros, totalizando cerca de 3000 produtos. 28 Conforme o Núcleo da Saúde do Trabalhador, da Coordenadoria de Controle de Doenças, pertencente à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, na revista Saúde do Trabalhador no SUS - Em Foco (número especial sobre o amianto ano 3, número 7, abril de 2007), o problema do uso desses minerais decorre de que as leves fibras desprendem-se com grande facilidade e, pairando no ar, onde persistem por muito tempo, são aspiradas, provocando uma série de graves doenças, progressivas e incuráveis. Já em 1906, estudos científicos demonstraram que o amianto causava doenças graves; nas décadas de 40 e 50, comprovou-se que o problema não era só dos trabalhadores que entravam em contato com o produto nos ambientes de trabalho, mas também daqueles que se expunham eventualmente ou de forma indireta ao material. Conforme se posiciona esse órgão de saúde na revista estudada, que explana amplamente sobre o problema do amianto no mundo e no Brasil, todos os amiantos são classificados como cancerígenos. Os anfibólios apenas são mais agressivos, mas o grande uso é o do crisotila (mais de 90%). Cita o Documento Preliminar das Diretrizes para Eliminação das Doenças Relacionadas ao Amianto, da Organização Mundial de Saúde (OMS), que sustenta que inexiste nível de exposição segura ao material, sendo extremamente difícil o controle de trabalhadores e usuários expostos a produtos que contenham o material. Esclarece que as doenças causadas pelo amianto demoram a manifestar-se, apresentando latência de 10 a 50 anos. A asbestose (popularmente chamada de pulmão de pedra), cuja latência é acima de 10 anos, é decorrente do depósito paulatino de fibras do mineral no interior do pulmão, que endurece gradualmente, perdendo sua elasticidade e levando ao óbito por asfixia. Mesmo com o paciente afastado do contato com o pó de amianto a doença evolui, e o tratamento apenas consegue aliviar os sintomas de falta de ar (a chamada dispnéia progressiva). Além da asbestose (ou fibrose pulmonar), a publicação da Secretaria da Saúde do Estado cita como doenças provocadas pelo amianto o câncer de pulmão, o mesotelioma de pleura, doenças pleurais e, ressalvando que não há consenso entre os médicos, o câncer de laringe ibidem 29 A revista detalha as doenças : Câncer de pulmão: tumor maligno que leva de 25 anos ou mais para se manifestar. O tratamento é similar ao aplicado em outros tipos de câncer, ou seja, quimioterapia, radioterapia e remoção parcial ou

31 31 Pelo reconhecimento mundial da contínua descoberta científica de novos fatos, que confirmam a gravidade dos problemas de saúde e ambientais, o amianto foi banido de diversos países. A Organização Internacional do Trabalho, através da Convenção 162, e o Programa Internacional de segurança Química (IPCS) da Organização Mundial da Saúde recomendam no Critério 203 de Saúde Ocupacional e Ambiental, que sempre que factível, a melhor solução é a substituição do amianto por materiais e tecnologias menos nocivas, já que nenhum limite de exposição é reconhecido como seguro à saúde humana. Quanto ao tamanho do problema, a revista do Núcleo de Saúde do Trabalhador informa que especialistas estimam em 250 mil trabalhadores brasileiros expostos ao amianto, e dada a latência da doença, o pico de mortalidade da doença está previsto para Uma das dificuldades com estatísticas decorrem do período de latência, pois muitas vezes a doença se manifesta quando os trabalhadores já estão fora da fábrica e do mercado de trabalho. Isso dificulta o estabelecimento do nexo com as atividades desenvolvidas e os ambientes de trabalho. Há, também, falhas nos diagnósticos e subnotificações. De acordo com BELLUZZO (s.d.), em competente Parecer encomendado pela Associação Brasileira das Indústrias e Distribuidores de Produtos de Fibrocimento (Abifibro), do ponto de vista da saúde do trabalhador, a necessidade da proibição da utilização dessa fibra mineral enquadra-se em um contexto maior de humanização das relações de trabalho. Com efeito, identifica-se uma clara trajetória de evolução do tratamento à questão da saúde no trabalho no sentido de afastar-se da visão estreita de medicina do trabalho, ocupada em garantir a continuidade do processo de produção, para o conceito de saúde do trabalhador, compreendendo um conjunto de direitos e iniciativas integrantes de uma política pública para o trabalho. total do pulmão, quando a cirurgia é indicada. Expostos ao amianto e fumantes têm probabilidade 57 vezes maior de desenvolver o tumor. O efeito sinérgico do tabaco com o amianto potencializa o risco de câncer.; Mesotelioma de pleura (tecido que reveste a caixa torácica): tumor maligno incurável que leva ao óbito a maioria dos doentes em até dois anos após o diagnóstico. A doença pode aparecer até cinco décadas depois do primeiro contato com a fibra, acometendo também pessoas indiretamente expostas. Em alguns casos, é indicada a cirurgia para remoção da pleura ou o emprego de terapias à base de radioterapia e quimioterápicos de última geração para aumentar a sobrevida do paciente e reduzir os efeitos colaterais desses tratamentos; Doenças pleurais (placas, derrames, espessamentos de pleura e/ou diafragma, distúrbios ventilatórios e outras patologias não-malignas): as doenças provocam falta de ar, cansaço, dores nas costas e resfriados recorrentes, tosse produtiva (com catarro) e podem evoluir até levar à incapacidade para o trabalho. São patologias decorrentes da exposição a determinados agentes, entre os quais o amianto.;câncer de laringe: dos órgãos do aparelho digestivo, reprodutor e de defesa do organismo - Alguns cientistas afirmam que esses órgãos são atingidos pela limpeza promovida pelo pulmão e não pela ingestão das fibras através de bebidas ou alimentos contaminados. Sabe-se, no entanto, que a respiração se dá tanto através do nariz como da boca e, portanto, ambos devem ser protegidos do contato com as fibras do amianto.

32 32 Nesse caminho evolutivo, é essencial registrar a superação do paradigma da reparação pelo da precaução. A adoção do Princípio da Precaução no tratamento do tema representa antes de tudo a aceitação da vida como valor absoluto não quantificável ou redutível a um evento probabilístico aleatório. Dr. Hermano Castro, médico do Centro de Estudos em Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (CESTEH), da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP), da Fundação Oswaldo Cruz, em declaração à Revista Em Foco, esclarece que existem também as exposições classificadas como paraocupacionais (ou indiretas), por não serem diretamente ligadas à produção ocupacional: Podemos citar casos de asbestose e mesoteliomas em esposas de trabalhadores que se expuseram ao amianto lavando as roupas de seus maridos, ou ainda de pessoas contaminadas em suas residências por se encontrarem nas vizinhanças das fábricas onde existia elevada presença de poeira de amianto no ar. De fato, como coloca BELLUZZO (s.d.): A contaminação por essas fibras ocorre não só com o manuseio direto do mineral ao longo do seu processo de extração, beneficiamento e transformação, mas também com o manuseio de produtos finais que contenham essa fibra mineral: o transporte, corte, instalação ou remoção e demolição de materiais de fibrocimento, por exemplo, que contenham amianto, enseja a exposição às fibras de asbesto. Dessa forma, uma vez que pode causar danos à saúde de populações não ocupacionalmente expostas, o amianto deve ser encarado como um problema de saúde pública e não meramente ocupacional. (g.n.) Com referência aos problemas ambientais, o órgão de saúde estadual, na mencionada Revista, coloca que elas são classificadas em três tipos, conforme a fonte de poluição pelo asbesto: naturais (sítio geológico), ocorrendo em regiões onde o solo contém fibras de amianto, cujas partículas podem ser inaladas; industriais, em que as minas de amianto e a indústria de transformação do mineral são o principal foco; e passiva intra-muros, pela degradação natural do amianto colocado nas construções. Em todas elas, o risco está na inalação das partículas do mineral que ficam no ar. No das edificações, segundo BELLUZZO (s.d), os habitantes e usuários ficam expostos ao risco do desprendimento contínuo das fibras, com o envelhecimento dos materiais e intempéries, além da utilização de processos abrasivos de limpeza. Nas reformas, o pó de asbesto se desprende das placas de cimento e permanece muito tempo disperso no ar, particularmente no plano respiratório, podendo ser facilmente inalado. Há ainda, para o meio ambiente, a importante questão dos resíduos que contêm o produto; a Resolução 384/2004, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), classifica os resíduos

33 33 da construção civil contendo amianto como perigosos para a saúde (Classe D), devendo ser depositados em aterro industrial apropriado para lixo perigoso, pois que, ademais, são de difícil desintegração. Encaixam-se nessa determinação telhas, caixas d'água e demais materiais que contenham amianto, assim como outros resíduos provenientes de construção (tintas, solventes, óleos) de reformas, demolições e reparos em clínicas radiológicas e instalações industriais (Revista Em Foco, 2007 e BELLUZZO, s.d.). De acordo com dados apresentados pela Minerais do Paraná S.A. MINEROPAR, em trabalho denominado Panorama da Indústria de Artefatos de Concreto, Cimento e Fibrocimento do Paraná (2008), o quadro de consumo do Amianto por Estado no Brasil, em 2005, era o seguinte: TABELA Nº1 - CONSUMO DO AMIANTO POR ESTADO E SEGUNDO A ORIGEM (MERCADO INTERNO OU IMPORTADO) E PRINCIPAIS EMPRESAS IMPORTADORAS, BRASIL 2005 em toneladas O Paraná está em primeiro em consumo intermediário de amianto, em função de estarem ali instaladas as fábricas de artefatos de fibrocimento, como a Multilit, em São José dos Pinhais, e a Eternit, em Colombo. No entanto, como BELLUZZO (s.d) coloca, conforme o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), em dados de 2008, 96,8% das fibras de amianto têm como setor de destino a indústria de artefatos de fibrocimento (por exemplo, telhas e caixas d água). Como esses produtos são usados quase na totalidade na construção civil, sabemos que seu destino final são as grandes cidades e nisso se destaca o Estado de São Paulo.

34 34 De fato, vejamos a distribuição territorial da doença mais agressiva ligada ao amianto, o mesotelioma, conforme os quadros da Revista Em Foco, da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo (2007), baseados em dados da Fiocruz: GRÁFICO Nº 1 ÓBITOS POR MESOTELIOMA NO BRASIL, POR SEXO E REGIÃO, ( ) n=1662

35 35 TABELA Nº 2 ÓBITOS POR MESOTELIOMA (CID10-C45) NO BRASIL Fonte: Fiocruz Assim, encontramos a doença manifestando-se, pela ordem, nos estados com as maiores cidades: São Paulo, Minas Gerais, e Rio de Janeiro. Destaca-se a altíssima participação do Estado de São Paulo no total das mortes por mesotelioma de , isto é, 103 das 317 mortes que ocorreram no Brasil -- ou 32,5%. Minas Gerais, o segundo Estado com mais mortes, participa com 37 mortes, ou 11,6% De acordo com a mesma revista, O Brasil ocupa hoje o quarto lugar no ranking dos maiores produtores mundiais de amianto, respondendo por 11% de toda a produção com uma média anual de cerca de 250 mil toneladas. A única mina em exploração comercial com lavra legalmente autorizada é a da

36 36 SAMA, do grupo Eternit, terceira maior mineradora do mundo, que está localizada em Minaçu, no estado de Goiás, e extrai o amianto crisotila. (p. 16) O Relatório do Grupo de Trabalho para a análise das implicações do uso do amianto no Brasil, da Comissão do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados (2010), composta pelos Deputados Antonio Mendes Thame (PSDB-SP), Edson Duarte (PV-BA), Gervásio Silva (PSDB-SC), Jorge Khoury (DEM-BA), Luiz Carreira (DEM-BA) e Deputada Rebecca Garcia (PP-AM), traz inúmeros dados interessantes e resultados detalhados de investigações e debates sobre a questão, os quais estão ocorrendo no Poder Legislativo Federal. Da parte intitulada XXVIII CONCLUSÕES DO GT, extraímos o que segue:...2.patologia O amianto, em qualquer das suas formas, tem efeitos nocivos sobre a saúde e o meio ambiente. Tal fato se baseia em centenas de estudos médicos-científicos realizados no Brasil e no mundo. O amianto crisotila tem menor nocividade que os anfibólios, mas isto não lhe confere status de isenção de danos à saúde. Afirmar que a crisotila é menos danosa é um reducionismo que visa confundir a sociedade, levando-a a crer que o amianto crisotila não é tão perigoso como dizem O posicionamento do GT com relação ao tema amianto-saúde é o da Organização Mundial de Saúde: o modo mais eficiente para eliminar as doenças relacionadas ao mineral é interromper o uso de todos os tipos de asbesto.[...] 4.DISPUTA DE MERCADO O GT não encontrou provas de que a campanha mundial pelo banimento do amianto esteja sendo movida por interesses comerciais. Antes disso, o GT defende que novas fibras sejam desenvolvidas para substituir o amianto. Defendemos o surgimento de produtos sem amianto por razões de saúde e de meio ambiente. O velho mercado do amianto vai ruir não por causa de uma disputa entre multinacionais, mas porque a sociedade exige produtos menos agressivos à saúde e ao meio ambiente. As empresas e as representações de trabalhadores que não se adequaram aos novos tempos estão cometendo um erro histórico.[...] 13.MERCADO O mercado de produtos, ou atividades industriais que façam uso do amianto, estão com os dias contados. Investir hoje em produtos com amianto é fazer parte de uma lista sombria de produtos rejeitados pela população. Mais um pouco e será banido do mercado mundial. O GT observa que o banimento do amianto está inaugurando um novo grupo de negócios no Brasil e no mundo. E quem investir em produtos sem amianto, seja lá qual for o setor, certamente vai ganhar esse mercado. As oportunidades desse novo mercado são vastas e muitas empresas já perceberam nisso. Insistir no amianto, portanto, é perder a oportunidade de fazer grandes negócios. O banimento deve ser encarado não como um problema para quem ainda usa amianto, mas, pelo contrário, como a abertura de uma excepcional frente de comércio que, por enquanto, ainda está esperando quem a ocupe. E da parte intitulada XXIX PROPOSTAS DO GT : LEGISLAÇÃO - Revogação da Lei 9.055/95 e apoio aos projetos de lei que reafirmam o banimento do amianto, mantendo a excepcionalidade para o setor de Cloro-soda. A cadeia do amianto no Brasil é composta dos elos da mineração, da indústria e também de fornecedores. A interação econômica desses três componentes acrescentou ao PIB brasileiro de 2007 um montante de R$ 1,16 bilhão (valor agregado), o que representou um valor de produção de R$ 2,6 bilhões, ao se considerar os insumos da produção (valor agregado + consumo intermediário).

37 37 Essa cadeia gerou ocupações no país em 2007, sendo geradas no comércio e apenas 661 diretamente no setor extrativo, na única mina de amianto em operação no país em Minaçu-GO (FGV; FIESP, 2009). TABELA Nº 3 VALOR DA PRODUÇÃO E OCUPAÇÕES NA CADEIA DO AMIANTO NO BRASIL (em milhões de R$) Quanto ao impacto econômico sobre a substituição de amianto crisotila por fibras alternativas 30 na indústria do fibrocimento, o parecer do Prof. Belluzzo é contundente: Em não havendo dúvidas quanto à imperiosidade do banimento do uso do amianto para garantir direitos fundamentais das populações expostas a essa fibra, resta examinar os impactos econômicos dessa medida. Nesse caso, as principais preocupações recaem sobre a cadeia de produtos de fibrocimento, setor de destino de cerca de 97% do amianto consumido no país. A esse respeito, vale notar que uma análise detalhada da cadeia produtiva desses materiais indica que a adaptação das linhas produtivas para a utilização de fibras alternativas é simples e pode ser realizada em curto período de tempo. Mais do que isto, parte significativa da indústria de fibrocimento já domina a tecnologia de produção com fibras alternativas e possui os ativos necessários para a adaptação de sua linhas produtivas. Demonstra-se assim que, dada a existência de alternativas técnicas economicamente viáveis para a substituição do amianto na fabricação de fibrocimento, estão presentes as condições para a execução do compromisso de banimento do uso dessa fibra mineral no país, disposto na convenção 162 da OIT, da qual o Brasil é signatário. Dessa forma, o único impacto em termos de perda de emprego e renda ocorre na mineração do amianto, mas são compensadas pelos investimentos realizados à jusante desse elo da cadeia. 30 As principais fibras sintéticas que podem substituir o amianto na fabricação de fibrocimento são as fibras de polipropileno(pp), poli álcool vinílico (PVA) e poliacrilonitrila (PAN), existe uma ampla gama de ofertantes dessas fibras alternativas, tanto nacionais como importadas.

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