Evangelização. Aula 02. Prof. Adriano Lima

Transcrição

1 Evangelização Aula 02 Prof. Adriano Lima

2 CONVERSA INICIAL Olá, seja bem-vindo à aula 2 de Evangelização. Nosso objetivo, neste encontro, é apresentar as principais características da evangelização, uma vez que a comunidade não está autorizada a praticar nada que não seja orientação da Sagrada Escritura. Para tanto, vamos: Apresentar os fundamentos bíblicos da evangelização Conhecer as características da evangelização Entender onde e quando devemos evangelizar Assumir a evangeliza como tarefa fundamental da igreja A Bíblia é a alma da teologia, é o alimento da comunidade e a documento supremo pelo qual o cristão se orienta. É na Escritura que encontramos as ordenanças para a evangelização, bem como as características que deve orientar essa prática. Dessa forma, devemos dedicar especial atenção à Escritura, na certeza de que é ela que nos conduz no caminho certo. CONTEXTUALIZANDO A fé cristã, desde seu início, pautou suas convicções na Escritura. Os primeiros teólogos cristãos sempre destacaram a Bíblia como parâmetro fundamental para a comunidade de fé. A teologia dos primeiros séculos sempre foi produzida com sólidos fundamentos bíblicos. Dessa forma, uma comunidade cristã que se preza e que deseja seguir fiel a Jesus Cristo deve sempre se perguntar se, de fato, está seguindo no caminho orientado pela Escritura. Está a nossa teologia de acordo com os parâmetros bíblicos? A evangelização que praticamos é bíblica? Platônica? Puramente marxista?

3 Quais são as características da evangelização? Onde e quando devemos evangelizar? Tema 1 Fundamentos bíblicos da evangelização A Igreja só poderá estar viva, com saúde e cumprindo com sua missão no mundo, caso tenha sólido compromisso com a Escritura. O caminho não pode ser outro. A Igreja precisa estar fundamentada nas Escrituras em todas as suas ações. Tudo o que diz respeito à comunidade, precisa ter como horizonte o texto bíblico, interpretado de forma correta. Nesse contexto, é verdade que a Escritura é a alma da comunidade. Por isso, a evangelização, enquanto tarefa fundamental da Igreja, só pode ter seu fundamento na Bíblia Sagrada. O Antigo Testamento já nos apresenta a ideia inicial de evangelização, quando Deus concede ao povo de Israel a missão para anunciar as suas obras. O Deus dos hebreus decide se revelar ao povo, libertá-los dos poderes opressores e conduzi-los pelos caminhos da salvação. Em palavras simples, Deus decide por livre e espontânea vontade fazer parte da história do povo de Israel. No Êxodo, a mensagem é clara: Deus quer libertar seu povo que vive oprimido. É uma iniciativa do próprio Deus. Certamente, já estamos diante de uma Boa Notícia. No Novo Testamento, o projeto de Deus em se revelar ao ser humano se torna ainda mais concreto com a encarnação. Em Jesus, Deus veio fazer parte de fato e de direito da história da humanidade. O conceito de evangelização a partir do Novo Testamento recebe perspectivas mais claras e objetivas. É do próprio Jesus (consequentemente do próprio Deus) a ordem para evangelização: Ide por todo o mundo e pregai o meu Evangelho a toda criatura, aquele que crê e for batizado será salvo. O evangelista Mateus registra A ordem de Jesus: Jesus, aproximando-se, falou-lhes dizendo: Toda autoridade me foi dada no céu e na terra, portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt ).

4 Mais que textos bíblicos que fundamentam a evangelização, temos, na verdade, ordens diretas de Jesus para que a Igreja esteja comprometida com a evangelização. A Igreja, por sua vez, deve assumir esse compromisso, sob o risco de deixar de ser cristã, visto que o referido título da comunidade só faz sentido se houver sólido compromisso da Igreja com o próprio Jesus. Ele, sendo o senhor da Igreja, deve ter primazia e ser referência da mesma. Nas suas palavras, registradas na Escritura, reside o fundamento da evangelização. Tema 2 - Evangelização e a natureza da Igreja A evangelização reside na natureza da Igreja. Na sua missão, cumpre a ordem de Jesus, no poder do Espírito Santo. A grande comissão não foi designada aos políticos de Israel nem aos líderes de Jerusalém, a ordem foi específica para os discípulos de Jesus, que seriam chamados posteriormente de cristãos. Os discípulos foram os primeiros a experimentar a mensagem do Evangelho. Vivenciaram e experimentaram a experiência do Deus encarnado, em Jesus de Nazaré. Não era uma experiência comum, do cotidiano deles, era algo muito novo, muito intenso e muito promissor. E eles não queriam e não podiam guardar toda aquela novidade. As coisas boas da vida, sempre querem ser comunicadas, difundidas e anunciadas. Os discípulos perceberam logo que aquela experiência transformaria completamente a vida deles. Consequentemente, o novo momento passaria a fazer parte da identidade de cada um deles. A partir do encontro com Jesus, não seria mais possível não evangelizar. Eles estavam sendo resgatados da consciência de autorreferencialidade. O anúncio da Boa Notícia, por parte dos discípulos, era nada mais nada menos que o desejo de que outras pessoas também encontrassem a paz, a alegria e a plenitude de vida que eles estavam experimentando. Assim, anunciavam o Evangelho. Dessa forma, nasceu a Igreja primitiva.

5 A Igreja da atualidade está ligada com a Igreja primitiva por suas raízes históricas. Essa ligação é tão profunda, sobretudo, pela responsabilidade evangelizar as nações. O interessante é pontuar ainda que essa tarefa, tal como acontecia na Igreja primitiva, também deve acontecer sob a direção do Espírito Santo. Aqui, reside informação fundamental: a evangelização não será importante e fundamental, divorciada do Espírito Santo. Este, foi enviado pelo Filho com a missão de conceder os carismas para que a comunidade possa cumprir eficazmente sua missão. A Igreja peregrina, no poder do Espírito, não tem a opção de não evangelizar. Faz parte da sua natureza e é, portanto, sua obrigação anunciar as boas novas de Jesus de Nazaré. Da mesma forma que os discípulos se sentiram impelidos a espalhar a mensagem de Jesus, a Igreja deve difundir o amor de Deus pelas nações. Que as palavras de Paulo sejam inspiradoras para o Evangelho: ai de mim se não anunciar o Evangelho (1 Co 9.16). Tema 3 - Características da evangelização Deverá ser fundamental conhecer os traços característicos que perpassam a evangelização e o anúncio sistemático do Evangelho de Cristo. O evangelismo autêntico deverá sempre reconhecer a soberania de Deus. Iniciar com essa característica é importante, sobretudo, pelo fato de que estamos inseridos num mundo multifacetado de religiões, em que cada religião tem seu messias. A teologia cristã está desautorizada a falar algo diferente de que Deus é soberano. Anunciamos a soberania de Deus, quando evangelizamos. A própria evangelização é um ato de reconhecimento da soberania de Deus. A santidade de Deus está refletida num verdadeiro evangelismo. Evangelizar é também anunciar que Jesus é santo e sua proposta de vida é carregada de santidade também. Essa santidade, por sua vez, não é vivenciada de forma isolada do mundo ou abstrata.

6 Pelo contrário, será sempre necessário viver a santidade no relacionamento com o próximo, na prática da justiça, do amor incondicional ao próximo e na vida em comunhão com o Criador e com meio ambiente. A santidade, por sua vez está inserida no contexto de uma evangelização que reconhece que a vida de Jesus foi uma vida sacrificial em favor dos pecadores, por isso, deve ser reconhecida e valorizada. Viver em santidade é reconhecer o preço que Jesus pagou em favor dos nossos pecados e entender que santidade é viver em função do outro. O evangelismo genuíno é movido por amor e compaixão ao próximo. A principal razão pela qual o próprio Jesus anunciava o Evangelho era seu incondicional amor pelas pessoas, especialmente os menos favorecidos. Os discípulos de Jesus eram motivados pelos mesmos motivos. Dessa forma, evangelização é sinal de comprometimento com os nossos semelhantes e um profundo desejo de que eles também sejam envolvidos pelo o amor do Criador. O evangelismo autêntico, finalmente, precisa ser integral, tal como foi a missão de Jesus. Um evangelismo integral é entendido e praticado visando ao bem do ser humano, de forma integral. Sob todos os aspectos, o ser humano é extremamente importante. É inadmissível que algumas comunidades ainda permaneçam com aquele discurso de salvação da alma. Esse dualismo platônico deve ser excluído da nossa teologia e devemos ter sólido compromisso com a evangelização do tipo de Jesus, que cura as doenças, que alimenta os famintos, que denuncia as injustiças e promove a paz. Por uma Evangelização cada vez mais integral. Tema 4 - Evangelizar: onde e quando? Já sabemos que a Igreja tem como suprema tarefa a evangelização. Contudo, tal tarefa deve ser executada no tempo e local certos. Do contrário, não obteremos êxito.

7 A mensagem inicial de Jesus ordenou os discípulos a pregar o Evangelho em Jerusalém, Judeia e Samaria, ou seja, em diversas partes do mundo, ou, se alguém preferir, em todo o mundo. A universalidade é uma característica do Evangelho e, consequentemente, da mensagem de salvação de Cristo. Por essa razão, o Evangelho está destinado a todos os homens e mulheres, em todos os lugares. Não existe uma cultura ou nação à qual o Evangelho não possa ser proposto. Importante Observe, que propositalmente utilizamos a palavra proposto, pois a evangelização sempre deverá ser proposição, e nunca imposição. Apenas como proposição a mensagem evangélica poderá ser acolhida de livre e espontânea vontade por parte dos homens. A evangelização começa na nossa vida (Jerusalém). Essa prática evangelizadora diz respeito à nossa própria conversão, que deverá ser constante e diária. Não estamos habilitados a evangelizar, se não somos, de fato, convertidos ao Evangelho. Por essa razão, é fundamental que haja um olhar introspectivo para a comunidade. Aqui, reside uma novidade no aspecto da disciplina: a evangelização não diz respeito apenas aos que estão fora, pelo contrário, ela não só diz respeito em primeiro lugar a nós, como precisa ser praticada dentro da comunidade. Somos nós que devemos ser os primeiros a acolher a mensagem de Jesus e praticá-la no cotidiano da nossa vida. A evangelização deve ser praticada na comunidade de fé e suas mediações (Judeia e Samaria). A Igreja deve mobilizar seus membros para anunciar o Evangelho no bairro e na cidade, onde ela está localizada. Esse trabalho envolve as casas, os hospitais, as escolas, os presídios e todos os locais possíveis. É a Igreja em saída, na direção das pessoas. Uma Igreja que não fica fechada em si mesma, que não olha apenas para seu próprio umbigo, mas que está sempre em atividade no mundo, procurando difundir a mensagem de amor e esperança.

8 E em terceiro lugar, a evangelização deve ser praticada até os confins da Terra. Esse aspecto fala da universalidade da mensagem de Jesus. O evangelho pode (e deve) ser pregado em todas as nações. A universalidade da salvação de Cristo supõe a universalidade de sua mensagem. O Evangelho de Jesus é para todo homem e toda mulher, em todo lugar. Dessa forma, o campo do evangelista é o mundo. A Igreja, por sua vez, não foi chamada para ficar fechada em si mesma, mas para ser uma Igreja em saída constante em direção ao homem e à mulher, a fim de lhes ajudar a superar os dilemas da vida e encontrar Jesus Cristo vivo. A evangelização reside na natureza da Igreja. Deve ser anunciada com vigor e entusiasmo em todo o mundo, com ousadia e disposição. Contudo, uma pergunta ainda é fundamental: em que momento devemos evangelizar? A Escritura recomenda que essa tarefa não apenas é necessária, mas também urgente. Portanto, deve ser praticada todo o tempo. No momento presente, sob todas as circunstâncias, devemos anunciar o Evangelho de Cristo. Não é tempo de ficar de braço cruzado, ser omissos e não cumprir com nossa tarefa. Em todo tempo devemos anunciar a mensagem de salvação. A hora é agora. TROCANDO IDEIAS Nessa aula, refletimos sobre a evangelização enquanto missão primordial da Igreja. Com base nos seus conhecimentos, converse com outros colegas sobre os lugares onde devemos evangelizar, destacando o lugar que deverá ser ponto de partida para a evangelização. Aproveitem e compartilhem o conhecimento. A aprendizagem acontece nesse processo de partilha.

9 SÍNTESE A evangelização é a razão de ser da Igreja porque está relacionada com a missão de Jesus. Enquanto seguidores de Jesus, sabemos a importância de entregar um folheto e anunciar a Boa Nova da ressurreição de Jesus para as pessoas em todo mundo. Entendemos que a evangelização não existe sem fundamentos sólidos, que encontra sua base na Escritura. A Sagrada Escritura não é apenas o fundamento da evangelização, mas também de toda a teologia cristã. É a alma da teologia. Na Escritura, está registrado o mandato missionário, a grande comissão e a ordem direta do Senhor Jesus Cristo para que pudéssemos evangelizar. Conhecemos as principais características da evangelização, que deverá enaltecer a grandeza de Deus, promover santidade, ser movido por compaixão e ter compromisso com o ser humano integral. Apesar de ainda encontrarmos em alguns textos expressões como salva a tua alma, devemos sempre descrever a alma tal como a Escritura, no sentido de vida integral e completa. O genuíno evangelismo é realizado na perspectiva evangélica, que é integral, e não dualista. Finalmente, concluímos a nossa aula refletindo sobre onde e quando e quando evangelizar. Entendemos que devemos começar a evangelização na nossa própria vida, afinal, não é porque somos seguidores de Jesus que não devemos nos converter todos os dias. A evangelização deve ser realizada na cidade, em todos os locais possíveis nas mediações da comunidade. Por outro lado, a evangelização deve ser expandida para o mundo, afinal a mensagem central da Escritura é que Jesus Cristo veio para salvar o mundo. Referências Comunicação pastoral (Evangelização). Curitiba: InterSaberes, 2014.