AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE DIFERENTES MARCAS DE MILHO PIPOCA ATRAVÉS DO TESTE DE CAPACIDADE DE EXPANSÃO

Transcrição

1 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE DIFERENTES MARCAS DE MILHO PIPOCA ATRAVÉS DO TESTE DE CAPACIDADE DE EXPANSÃO Tamires Coelho Matias 1 Francisca Dayanne de Oliveira Alcantara 2 Jessica Soares Pereira 3 Aline Batista Belem 4 Abelardo de Andrade Arraes Neto 5 Silvério de Freitas Paiva Júnio 6 RESUMO: O valor do milho pipoca tem relação direta com sua qualidade, que é avaliada através da capacidade de expansão (CE), que é a razão entre o volume de pipoca expandida e o peso inicial de grãos submetidos ao pipocamento. Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar a qualidade de diferentes marcas comerciais de milho pipoca e comparar com a capacidade de expansão de variedades crioulas coletados na região. O delineamento experimental foi o de blocos casualisados com cinco tratamentos e quatro repetições, em que os tratamentos constaram das marcas de milho pipoca: Yoki, Kimimo, e mais três variedades adquirida no banco de germoplasma da Universidade Federal do Cariri, estas foram: Ângela, Sitio Quaresma e Sitio Cavalcante. Os resultados mostraram que todas as marcas deferiram estatisticamente e apresentaram capacidade de expansão satisfatória. Palavras chave: capacidade de expansão, pipoca, variedades crioulas INTRODUÇÃO O milho pipoca pertence à espécie botânica Zea mays L., e apresenta sementes duras e pequenas nas quais, quando aquecidas a 170ºC aproximadamente, o óleo e a umidade exercem pressão sobre o pericarpo, até que ele se rompa, formando a pipoca. O milho pipoca varia quanto ao formato (redondo, chato, pontiagudo) e a coloração (rosa, creme, vermelha, roxa, preta, azul etc.), sendo as cores branca e amarela as mais comuns (ZINSLY E MACHADO, 1978). A característica de pipoqueamento é que o torna diferente dos demais tipos de milho e esta diferença, por sua vez, lhe confere maciez e sabor bastante apreciáveis (ZINSLY & MACHADO1978). A limitação de cultivares que reúnam características agronômicas favoráveis e com alto índice de capacidade de expansão é considerado o principal entrave para a expansão do cultivo do milho-pipoca no Brasil (FREITAS JÚNIOR et al., 2009; MOTERLE et al., 2012; RANGEL et al., 2011). Embora haja 46 cultivares registradas no MAPA (BRASIL, 2012), a grande maioria dos registros pertence às empresas empacotadoras que estabelecem acesso restrito de uso com os produtores parceiros. Não por acaso, somente três cultivares (RS 20, UFVM2 Barão Viços e IAC 125) foram 1 Graduando Agronomia, UFCA, Crato, CE tamirres.coelho.matias@gmail.com 2 Graduanda Agronomia, UFCA, Crato, CE anne.alcantara@alu.ufc.br 3 Graduanda Agronomia, UFCA, Crato, CE jejek.s@hotmail.com 4 Graduanda Agronomia, UFCA, Crato, CE allynebatista@hotmail.com 5 Graduanda Agronomia, UFCA, Crato, CE abelardoarraes@gmail.com 6 Prof. Adjunto Agronomia, UFCA, Crato, CE silveriojr@cariri.ufc.br

2 disponibilizadas para a comercialização na safra 2011/2012 (CRUZ; PEREIRA FILHO; SILVA, 2012). O valor do milho pipoca tem relação direta com sua qualidade, que é avaliada através da capacidade de expansão (CE), que é a razão entre o volume de pipoca expandida e o peso inicial de grãos submetidos ao pipocamento, pela maciez e pelo sabor (BRUNSON, 1931). A importância em estimar a CE está na existência de uma forte correlação positiva entre este índice e a qualidade da pipoca, ou seja, quanto maior a CE mais macia à pipoca e menor a quantidade de piruás (grãos que não conseguiram estourar). O grão de milho pipoca, bem como dos outros cereais, é composto pelo pericarpo ( película que envolve o grão) que atua apenas no confinamento da pressão (WEARTHERWAX, 1922); germe (fração rica em lipídios) e endosperma (rico em amido) (MIRANDA et al., 2011). Esse pericarpo, quando submetido a uma temperatura em torno de 180 C, rompe-se e expõe o endosperma formando a pipoca. Sua capacidade de estourar está relacionada à presença de óleo e umidade no grão, que devido à expansão sob pressão, ocorre à explosão. Com isso a umidade contida nos grânulos de amido, faz com que ocorra hidrólise da maioria do amido, a perda de umidade e extinção de toda a estrutura celular do endosperma. Levando em consideração a grande importância econômica que essa cultura adquiriu, o propósito deste trabalho foi avaliar a qualidade de diferentes marcas comerciais de milho pipoca e comparar com a capacidade de expansão de variedades crioulas coletados na região. MATERIAIS E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Laboratório de Biologia da Universidade Federal do Cariri Campus Agronomia, Crato-CE no experimento utilizou-se cinco marcas diferentes de milho pipoca, sendo duas genótipos adquiridos em diferentes comércios da região metropolitana do Cariri: Yoki, Kimimo, e outras três adquiridas no banco de germoplasma da UFCA, Angela, Sitio Quaresma e Sitio Cavalcante. É importante ressaltar que com exceção dos genótipos adquiridos no banco de germoplasma da Universidade Federal do Ceará as outras sete marcas, embora adquiridas no comércio da região metropolitana do Cariri, são comercializada nacionalmente. Baseando-se na utilização de duas amostras de cada marca de milho pipoca, foi avaliada a capacidade de expansão. Esta foi determinada em laboratório, pela utilização de forno micro-ondas, da marca Midea, colocando-se 30 g de sementes em sacos de papel Kraft, na potência de 1000 w por dois minutos e quinze segundos. Cada teste dividiu-se em duas repetições por tratamento, onde foi possibilitada a avaliação quantitativa da expansão do milho por meio de controles automáticos de potência e tempo de aquecimento da mistura dos grãos do milho pipoca. Os dados obtidos referentes às análises físicas foram submetidos à análise de variância, comparando-se as médias pelo teste de Tukey a nível de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 são apresentadas as médias das marcas testadas, os coeficientes e os quadrados médios para os efeitos de blocos, tratamentos e o resíduo, provenientes da análise de variância de delineamento em blocos casualizados para a característica avaliada. Constatou-se diferença significativa pelo teste F em 1% de probabilidade entre

3 os tratamentos para a característica avaliada, indicando a existência de variabilidade entre os materiais utilizados, o que é uma situação esperada, já que foram avaliadas diferentes marcas de milho pipoca que utilizam diferentes variedades. Segundo GOMES (1990), os coeficientes de variação encontrados em ensaios podem ser considerados baixos, quando inferiores a 10%; médios quando variam de10% a 20%; altos quando se estendem de 20% a 30% e muito alto quando superiores a 30%. Pode-se enfatizar que para a característica avaliada o coeficiente de variação ficou abaixo de 10% o que é um indicativo de que o ensaio teve uma boa condução e os dados foram coletados de forma correta Tabela 1 Quadrados médios, médias e coeficientes de variação experimental de cinco cultivares de milho. Crato, FV GL QM CE Blocos 3 0,5148 Genótipos 3 472,3054 ** Resíduo 9 0,3499 Média 29,83 CV(%) 1,98 ** = Significativo no nível de 1% de probabilidade pelo teste F. CE= Capacidade de expansão. As médias da capacidade de expansão das variedades avaliadas encontram-se na Tabela 2. Tabela 2 - Teste Tukey a 5% de probabilidade para a características avaliadas em cinco variedades de milho pipoca. Crato, Média Genótipos CE Kimimo 42,75 a Yoki 38,79 b Ângela 28,42 c Sítio Quaresma 22,26 d S.Cavacante 16,95 e Médias seguidas de mesma letra, não diferem estatisticamente entre si pelo Teste Tukey a 5% de probabilidade. CE= Capacidade de expansão. Todas as amostras deferiram estatisticamente e apresentaram capacidade de expansão satisfatória de acordo com Norma de Identidade e Qualidade de Milho Pipoca do Ministério da Agricultura e Abastecimento, que diz que uma variedade comercial de milho pipoca deve apresentar um valor de capacidade de expansão mínimo de 15 ml.ml-1, pois, abaixo deste índice, a pipoca torna-se muito dura e com muitos grãos sem estourar. Observou-se ainda que entre as marcas comerciais, a kimimo apresentou a maior CE (42,75) seguido pela yoki (38,79), já dentre as três variedades do banco de germoplasma a Angela mostrou-se com maior CE (28,425), seguido da Sitio Quaresma (22,265) e Sitio Cavalcante (16,95). CONCLUSÕES

4 As marcas comerciais Kimimo e Yoki e as variedades Ângela e Sitio Quaresma apresentaram alta capacidade de expansão (CE), já a variedade Sitio Cavalcante mostrou-se satisfatória com relação a CE. AGRADECIMENTOS A FUNCAP (Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico), ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio financeiro à pesquisa e a Universidade Federal do Cariri e ao grupo NEFIMP (Núcleo de Estudo em Fitotecnia e Melhoramento de Plantas) pelo apoio estrutural e científico durante a realização das pesquisas e a universidade federal do cariri (UFCA) pela concessão da bolsa de iniciação a docência (monitoria). REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Registro Nacional de Cultivares - RNC. Disponível em: < Acesso em: 10 jan BRUNSON, A.M. Popcorn selection for added popping expansion would pay large growers. Yearbook of Agriculture, v.16, p , CRUZ, J.C.; PEREIRA FILHO, I.A.; SILVA, G.H. Milho - Cultivares para 2011/2012. Embrapa Milho Sorgo, Sete Lagoas, 10 jan Especiais. Disponível em: < Acesso em: 10 jan FREITAS JÚNIOR, S. P. et al. Genetic gains in popcorn by full-sib recurrent selection. Crop Breeding and Applied Biotechnology, v.9, n.1, p.1-7, GOMES, F.P. (1990) Curso de estatística experimental. 13 ed. Piracicaba: São Paulo, USP. ESALQ. 468p. MIRANDA, D.S.; SILVA, R.R., TANAMATI, A.A.C.; CESTARI, L.A.; MADRONA, G.S &SCAPIM, M.R. Avaliação da qualidade do milho pipoca. Revista Tecnológica, Edição Especial V simpósio de Engenharia, Ciência e Tecnologia de Alimentos, p.13-20, MOTERLE, L. M. et al. Combining ability of popcorn lines for seed quality and agronomic traits. Euphytica, v.185, n.3, p , RANGEL, R. M. et al. Análise biométrica de ganhos por seleção em população de milho pipoca de quinto ciclo de seleção recorrente. Revista Ciência Agronômica, v.42, n.2, p , WEATHERWAX, P. (1922). The Popping of Corn. Ind. Acad. Sci. Proc., v.1921, n

5 ZINSLY, J.R.; MACHADO, J.A. Milho-pipoca. In: Melhoramento e produção de milho no Brasil. Piracicaba, ESALQ: Fundação Cargill p