1 INTRODUÇÃO. 1 INPE:
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- Larissa de Andrade Amado
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1 11 1 INTRODUÇÃO A ocorrência de incêndios tornou-se uma problemática mundial, preocupando estudiosos na tentativa de monitorar com maior eficiência as queimadas. Segundo Carapiá (2006), países como Brasil, Portugal, México, Itália e Israel veem mostrando interesses em pesquisas sobre índices de risco de incêndio e o seu comportamento (direção e velocidade de propagação do fogo). No Brasil, conforme afirma Koproski (2010), as ocorrências de incêndios florestais acontecem periodicamente nos biomas e eco-regiões, o que implica em ameaças aos ecossistemas, no que se refere a diversidade faunística e florística, a saúde ecológica e aos processos atmosféricos relacionados. No Cerrado brasileiro, a presença do fogo tornou-se um evento muito comum, sobretudo, por duas causas. As causas naturais são calcadas basicamente devido aos períodos de seca juntamente com a alta incidência dos raios solares e à perda das folhas da vegetação, cuja grande parte das fitofisionomias deste bioma se caracteriza como caducifólia ou semi-caducifólia. E as causas antrópicas, representadas principalmente pelas limpezas de lotes e lavouras. No município de Barreiras, essa realidade não se faz diferente. As ocorrências de focos de calor são em grande quantidade, principalmente na época seca (Figura 1), compreendendo a estação de maio a outubro. A despeito do período mais crítico ser o da estiagem, na época das chuvas, de outubro a abril, os focos de calor, mesmo em menores quantidades, ainda são presentes, como mostra a Figura 2, que demonstra os focos de calor do período de chuva de 2007, ano de maior número de registros de focos dos últimos cinco anos, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) 1. 1 INPE:
2 12 FIGURA 1: Focos de calor no período de seca (01 de maio de 2007 a 15 de outubro de 2007), registrados pelo satélite NOAA-15 noite. FIGURA 2: Focos de calor no período de chuva (16 de outubro de 2007 a 30 de abril de 2008), registrados pelo satélite NOAA-15 noite.
3 Justificativa Na tentativa de desenvolver um modelo capaz de explicar como as variáveis da paisagem contribuem na propagação dos incêndios no município de Barreiras, foram inseridas e analisadas na modelagem as características da vegetação, declividade, solo, hidrografia e malha viária com a finalidade de apresentar um mapa como produto final, que revele por meio do processo de modelagem das variáveis da paisagem, as áreas de risco de incêndio no município de Barreiras-Ba. Desta forma, com a proposta de ajudar no monitoramento das áreas mais susceptíveis ao fogo e a conseqüente minimização dos seus impactos, este trabalho insere-se e contribui para no campo das Geotecnologias, mais precisamente na área do Geoprocessamento, que se constituem como ferramentas potenciais para estudos Geográficos, todavia ainda pouco exploradas e difundidas. Desta maneira, as Geotecnologias oferecem o suporte necessário para o desenvolvimento de uma metodologia para o planejamento ambiental do município, visando o monitoramento ambiental e, conseqüentemente, a preservação do patrimônio natural, e, portanto, o bem estar da população, posto que a problemática da área de estudo em relação à incidência de queimadas é crítica Problema Partindo dessa realidade apresentada e das conseqüentes preocupações causadas pela propagação do incêndio no Cerrado no município de Barreiras, principalmente no período de estiagem (maio a outubro), como identificar as áreas mais susceptíveis a ocorrência de incêndios pelo uso da modelagem em ambiente SIG? Hipótese Partindo da análise de que em terrenos mais íngremes a propagação do fogo é mais intensa devido à própria declividade e também à ação dos ventos, acredita-se,
4 14 a partir do método hipotético-dedutivo, que as zonas de maiores riscos de incêndio em Barreiras estão localizadas nas vertentes das serras que circundam a cidade Objetivos Objetivo Geral Modelar as zonas de riscos a incêndio no município de Barreiras, a partir, principalmente, das variáveis da paisagem, utilizando os recursos das Geotecnologias, como suporte ao planejamento e monitoramento ambiental Objetivos Específicos Identificar e caracterizar os agentes naturais e/ou induzidos que geram a formação de focos de incêndio no município de Barreiras; Identificar entre as variáveis vegetação, uso e ocupação do solo, declividade, altimetria, hidrografia e malha viária as características mais suscetíveis ao incêndio e a influência dos atributos de cada variável da paisagem na propagação do fogo; Interpretar as áreas que apresentam focos de calor do ano de 2007; Desenvolver uma modelagem, que apresente as áreas mais susceptíveis aos incêndios no município de Barreiras. 2 - REFERENCIAL TEÓRICO A revisão bibliográfica baseou-se numa breve contextualização dos Sistemas de Informações Geográficas; na discussão sobre a integração de planos de informações, abordando, assim, o método de álgebra de mapas e a modelagem de sistemas ambientais; em seguida tratou-se dos métodos de suporte às decisões, destacando o método AHP, utilizado na pesquisa; abordou-se a conceituação de
5 15 fogo e incêndio florestal assim como a discussão do fogo no Cerrado, focando a realidade de Barreiras e, por fim, tratou-se sobre as variáveis selecionadas para a modelagem. Silva (2003), afirma que a base dos Sistemas de Informações Geográficas (SIG), tecnologia que tem capacidade de integrar e transformar dados espaciais, data desde a metade do século XVIII, apesar de citar que a sua história está interligada com o começo da produção de mapas. Porém, como o autor aponta, foi no período da reorganização do Estado da civilização européia que a base cartográfica recebeu maior atenção e, conseqüentemente, um ganho, mesmo que modesto, no que se refere à precisão dos mapas. Embora o século XVIII tenha sido de importância única para a história dos SIG, apenas no século XIX, principalmente Pós-Revolução Industrial e as inúmeras ferramentas desenvolvidas nesta fase, essa tecnologia teve seu real desenvolvimento (SILVA, 2003). Em se tratando da estruturação dos SIG, Silva (2003) afirma que o século XX aparece como o período de destaque, posto que, foi o momento em que apareceram os avanços tecnológicos, o refinamento das técnicas cartográficas e a revolução quantitativa dos dados espaciais. O estudo do espaço geográfico interessa cada vez mais aos estudiosos de diversas áreas do conhecimento. Análises de vulnerabilidades e de riscos são produtos comumente elaborados e requeridos para diversas pesquisas, principalmente ligadas à área ambiental em virtude das discussões atuais calcadas, sobretudo, nas problemáticas ambientais e no polêmico assunto das mudanças climáticas. Desta forma, no ambiente SIG, muitos comandos e processos são elaborados para abranger maiores quantidades de produtos, assim como o melhoramento de dados já possíveis com técnicas mais antigas dentro do próprio sistema. Os Sistemas de Informações Geográficas são utilizados para diversas finalidades envolvendo a análise de dados espaciais. Uma destas utilidades é a análise integrada de diversos planos de informação gerando um novo dado. Desta forma, é necessária a escolha de um determinado procedimento que viabilize a execução dos objetivos da pesquisa. Um dos artifícios empregados é a modelagem de sistemas ambientais.
6 16 Nesta perspectiva, a álgebra de mapas e a modelagem espacial são ferramentas indispensáveis para resultados satisfatórios na obtenção de novos dados. A álgebra de mapas consiste basicamente na utilização de operações matemáticas pontuais, como a adição, subtração, multiplicação, logaritmos e funções algébricas, para a correlação de dados a fim de se gerar um novo produto (MIRANDA, 2005). A Figura 3 demostra um exemplo de álgebra de mapas com a lógica de adição. FIGURA 3: Álgebra de mapas Adição. Para Miranda (2005, p. 216), em SIG, modelagem é parte de um processo analítico para descobrir, descrever e predizer fenômenos espaciais. Segundo Tomlin (1990) apud Miranda (2005), os modelos cartográficos são classificados como descritivos e prescritivos. Os modelos descritivos referem-se a fenômenos existentes, indicando apenas o que está localizado em determinados locais e suas associações. Já os modelos cartográficos prescritivos fundamentam-se na predição de fenômenos, ou seja, baseiam-se principalmente na seleção de locais segundo um objetivo estabelecido pelo pesquisador (MIRANDA, 2005). Essa seleção será calcada a partir de critérios previamente selecionados. Para tanto, o pesquisador deverá ter bem estabelecido o conhecimento sobre a ocorrência deste fenômeno. Para Miranda (2005), essa tarefa parte da descrição, primeiramente, para depois terse a capacidade preditiva do atributo analisado. No trabalho ora apresentado, o modelo utilizado está enquadrado no modelo prescritivo, posto que pretende espacializar as zonas de risco de incêndio no município de Barreiras a partir de critérios selecionados segundo os conhecimentos adquiridos pelo pesquisador através de leituras e análises empíricas. Segundo Christofoletti (1999), o desenvolvimento metodológico da modelagem de sistemas ambientais está calcado na análise hipotético-dedutiva, pois é um
7 17 procedimento que visa trabalhar com hipóteses ou explicações de determinada realidade, que depende dos interesses do pesquisador. A elaboração de um modelo baseado em sistemas ambientais consiste basicamente na: [...] inserção de valores específicos sobre as variáveis dos elementos e suas relações descrevem as características e comportamento de um caso particular e sua ajustagem na classe referenciada pelo modelo. (CHRISTOFOLETTI, 1999, p. 21) Desta forma, os elementos analisados devem ser selecionados segundo o objetivo da pesquisa, para que, detalhes desnecessários não interfiram na visão da essência dos fatos. Essa seletividade das variáveis deve considerar também o ordenamento das informações segundo o grau de importância, ou seja, de acordo com a sua participação e conseqüente interferência na realização do fenômeno em estudo (CHRISTOFOLETTI, 1999). A relevância dos elementos deve estar em função do objetivo do modelo, para que, desta forma, as variáveis possam ser ponderadas de maneira a satisfazer a finalidade do procedimento. Partindo deste princípio, o modelo ora trabalhado, busca ponderar principalmente variáveis naturais, que permitam descrever a realidade do município de Barreiras, segundo o de risco de incêndio. Os critérios utilizados para a escolha dos elementos devem-se à percepção dos principais agentes que influenciam na formação e propagação do fogo na região, onde está inserida a área de estudo. Para Silveira, Vettorazzi e Valente (2008), a análise isolada destas variáveis não conseguiria responder à realidade da verdadeira localização dos maiores riscos de incêndio e não poderia haver, portanto, um monitoramento eficaz. Para eles, a integração dos planos de informação georreferenciados, poderá favorecer nas ações das entidades de combate ao fogo, uma vez que as áreas de maiores riscos de incêndio são espacializadas no território da cidade. Christofoletti (1999, p. 22), afirma que: A reaplicabilidade é pré-requisito dos modelos nas ciências empíricas. Isso significa que o modelo não se apresenta apenas como descritivo de um caso, mas possibilita que seja usado para outros casos da mesma categoria (...). Obviamente, em função das mensurações especificadas, cada exemplo oferece valores diferenciados para as variáveis mensuradas. Assim, o modelo desenvolvido possibilita a reaplicação, mas a análise e a atribuição dos valores às variáveis devem ser particulares às características de cada realidade analisada, segundo os objetivos do pesquisador. Os modelos cartográficos, que são modelos de processos/sistemas ambientais a partir de ferramentas do SIG, correspondem ao conjunto de dados de
8 18 entrada combinados através de uma função matemática, gerando um novo dado de saída (CÂMARA, DAVIS e MONTEIRO, 2001). onde, f é descritor da função A, B e C são dados de entrada D é novo dado de saída f(a+b+c) = D (1) Essa função pode assumir diferentes definições de acordo com modelos teóricos ou empíricos (CÂMARA, DAVIS e MONTEIRO, 2001). Os modelos teóricos baseiam-se em princípios mecânicos, como equações de movimento. O modelo de circulação de águas de um lago é um exemplo da aplicabilidade dos modelos teóricos (CÂMARA, DAVIS e MONTEIRO, 2001). Já nos modelos empíricos a relação estabelecida entre os dados de entrada está calcada em critérios estatísticos e podem ser entendidos sob duas óticas: modelos baseados em conhecimento e modelos baseados em dados (CÂMARA, DAVIS e MONTEIRO, 2001). Os modelos baseados em conhecimento são elaborados conforme os conhecimentos dos profissionais. Já os modelos baseados em dados fundamentamse segundo um conjunto de dados observados (CÂMARA, DAVIS e MONTEIRO, 2001). Entretanto, para análises mais específicas, como a ocorrência de determinado fenômeno em um dado espaço, por exemplo, torna-se necessário um modelo que possibilite a inferência do usuário na tomada de decisões, uma vez que as possibilidades da álgebra de mapas são diversas, dificultando a escolha que melhor represente a realidade observada. Assim, desenvolveram-se técnicas de suporte às decisões. Segundo Câmara, Davis e Monteiro (2001), o método Analystic Hierchy Process AHP (Processo Analítico Hierárquico) é o mais útil e promissor neste seguimento. Também chamado de Análise de Suporte à Decisão, o AHP está presente nas ferramentas do ambiente SIG. O procedimento foi desenvolvido por Thomas L. Saaty na década de 1970 (SILVA e NUNES, 2009) e consiste numa análise multicritério, com base nas variáveis que interferem na ocorrência de determinado fenômeno em estudo.
9 19 O método de modelagem AHP é um sistema de suporte às decisões e consiste na inferência geográfica de variáveis, tendo o limite de análise a integração de 20 critérios. Esse procedimento permite o controle do usuário durante todo o processo de ponderação dos dados de entrada para a interpolação, em virtude disso é o método de modelagem mais utilizado entre (quem disse??) os pesquisadores da área de Geotecnologias. Conforme Christofoletti (1999), o sistema de suporte às decisões pode ser genérico ou específico. De acordo com o autor, o primeiro tende a dar suporte a diversos problemas; já o segundo trata-se de uma aplicação direcionada, visando um problema determinado. No estudo em questão, a pesquisa visa viabilizar um melhor e mais preciso monitoramento nas áreas mais susceptíveis ao incêndio, a partir de um sistema de modelagem. Assim sendo, o sistema de suporte às decisões aqui desenvolvido caracteriza-se segundo um objetivo específico, conforme a classificação de Christofoletti, demonstrada anteriormente. A problemática do fogo, ora analisada, compreende-se como um dos agentes modificadores da paisagem, envolvendo ambientes ecológicos e antropizados, ocasionando, assim, perdas econômicas e ambientais. Nos ambientes ecológicos os danos são ainda maiores, visto que, como afirma Koproski (2010, p. 20), (...) o fogo ameaça ainda a manutenção da saúde ecológica, a qual corresponde ao equilíbrio da saúde nas esferas vegetal, animal, humana e do ecossistema. Nessa perspectiva, o fogo apresenta-se como um distúrbio na natureza e com alta competência para modificá-la (KOPROSKI, 2010). Essa situação se agrava quando ele se alastra sem controle na vegetação, caracterizando, assim, os incêndios. Segundo Almeida (2008, p. 25) o fogo é um tipo de combustão que produz chamas. A chama é uma mistura incandescente de gases que resulta da combustão de um combustível na forma gasosa. O incêndio florestal é a incidência de fogo que se propaga de forma descontrolada numa floresta, e esta vem sendo uma das grandes preocupações ambientais no Brasil e no mundo. Desta forma, nos últimos anos, diversos trabalhos surgem na perspectiva de ajudar no monitoramento de incêndios. Para tanto, a metodologia de modelagem é um instrumento que viabiliza a realização destas pesquisas com maior êxito. Historicamente, observa-se a intensa atuação do fogo na vegetação do Cerrado e, por esse fato, nota-se que a sua flora sofreu adaptação natural a tal
10 20 fenômeno. Apesar desta resistência e da capacidade de rebrotamento pós-fogo da maioria das fitofisionomias do bioma, pesquisas demonstram que as freqüentes queimadas ocasionam a diminuição da sua biodiversidade (LOPES, VALE e SCHIAVINI, 2009), posto que os incêndios contribuem para o avanço do processo de erosão dos solos, no aumento do efeito estufa, além da perda na qualidade atmosférica (SILVEIRA, VETTORAZZI e VALENTE 2008). Segundo Lopes, Vale e Schiavini (2009), a maioria das fitofisionomias do Cerrado apresentam-se na formação de gramíneas, que possuem um material lenhoso pouco espesso, com copa pouco exuberante e, portanto, um dossel descontínuo. Em períodos de seca, essa formação fitofisionômica do bioma favorece à incidência de queimadas, que, sem controle, avançam para incêndios. A realidade do município de Barreiras não é diferente, pois está localizado em uma região com predominância de vegetação de Cerrado, que, em épocas de seca, perde parcial ou totalmente as folhas, denominadas semicaducifólias e caducifólias respectivamente, ficando, portanto, mais susceptíveis à incidência e propagação do fogo. A área de estudo apresenta um histórico de intensa quantidade de focos de calor 2, denunciando a problemática enfrentada pelo município com as ocorrências de incêndios, tanto no período de seca quanto no chuvoso. No entanto, apesar das características da vegetação da área de estudo ser um importante agente na ocorrência do fogo, outros fatores, tanto naturais quanto os induzidos pelo homem, possuem relevância na análise das causas da formação e propagação dos focos de incêndio. O uso do solo e cobertura vegetal, a topografia do terreno (representada pela declividade e pela altimetria), e a proximidade com a malha viária e com a rede hídrica são alguns aspectos a serem analisados e ponderados para a realização da modelagem espacial das zonas de risco de incêndio em Barreiras. Em se tratando das causas antrópicas, apesar de serem importantes para a consideração do início do fogo, não serão aqui utilizadas de maneira detalhada, mas apenas com a abordagem do mapa de uso do solo e cobertura vegetal, entretanto, por ter sido elaborado com base em imagens Landsat 5-TM de resolução espacial 2 Informação adquirida através de pesquisas realizadas no site do INPE, no setor de queimadas, que apresenta diariamente as incidências de focos de calor < acesso em: 23 de outubro de 2009.
11 21 de 30 metros, a predição de valores com relação à influência na formação e propagaçãodo fogo para as causas antrópicas será generalizada. Desta forma, partindo da realidade do município, observa-se a necessidade de um acompanhamento prévio, para as áreas de maiores riscos de formação e propagação do fogo. Assim, se faz indispensável o conhecimento da localização e caracterização geográfica destas áreas, o que é possível com a realização do método de modelagem espacial de sistemas ambientais Localização e Caracterização da Área de Estudo Fundada em 1891, o município de Barreiras está localizado no Oeste da Bahia, exatamente a 12º09 10 a sul e 44º59 24 a oeste, e tem seu sítio urbano situado às margens do rio Grande. No que tange aos aspectos físicos, a região de Barreiras apresenta uma vegetação predominantemente de fitofisionomias de Cerrado, destacando-se o Cerradão, Campo Cerrado, Campo Limpo, Veredas e Cerrado Sensu Strictu. No tocante à formação geológica a mais presente é a Urucuia, já o aspecto geomorfológico mais atuante é do tipo plano sub-estrutural dos gerais e, apesar de englobar quatro classes de neossolos e duas de cambissolos, a predominância é do latossolo vermelho-amarelo distrófico. A Figura 4 apresenta o mapa de localização da área de estudo.
12 22 FIGURA 4: Mapa de localização da área de estudo. (melhorar) 3 - MATERIAIS Para o desenvolvimento da pesquisa foram necessários os seguintes materiais: computador; softwares ArcGis 9.3, ENVI 4.7 e ERDAS 2010; mapas de uso do solo e cobertura vegetal, de declividade, de altimetria, de hidrografia e de malha viária, vetor do limite municipal de Barreiras, imagens de satélite, focos de calor, livros, periódicos, artigos, teses e dissertações online.
13 METODOLOGIA O processo metodológico baseou-se em cinco etapas, buscando o melhor desempenho para alcance do objetivo proposto. Desta forma os trabalhos desenvolveram-se a partir da revisão bibliográfica, da pesquisa e interpretação de imagens de focos de calor, do pré-processamento e do processamento dos dados. Na revisão bibliográfica buscou-se identificar os principais agentes naturais e induzidos influentes na formação e propagação do fogo, e, assim, direcionando a leitura para a realidade da área de estudo, na tentativa de ponderar e hierarquizar as variáveis da paisagem da melhor forma possível. A pesquisa e a interpretação de imagens de focos de calor direcionaram-se para a compreensão das características das áreas que mais foram afetadas pelos incêndios nos últimos cinco anos, de modo a compreender como os atributos de cada variável seriam ponderados na modelagem. O procedimento do pré-processamento dos dados buscou manipular os elementos, selecionados para a modelagem, a fim de que todos cumprissem os critérios necessários para a interpolação na ferramenta AHP. Um dos aspectos considerados na escolha das variáveis foi a escala geográfica da área de estudo, uma vez que a mesma baseia-se num município, as questões relativas às condições climáticas, como umidade, temperatura e precipitação, não foram envolvidas, posto que não se têm dados de variação considerável no espaço analisado, mas apenas pontual, a exceção de que se optasse por dados de satélites e não das estações climatológicas. A Figura 5 mostra os procedimentos metodológicos realizados até que se obtivessem as variáveis prontas para a iniciação do processo de interpolação. O processamento dos dados consistiu, basicamente, na interpolação das informações, selecionadas e analisadas pelo pesquisador segundo a interferência na formação e propagação do fogo. Desta forma, o método então escolhido para a integração das informações denomina-se Processo Analítico Hierárquico (AHP), também designado de Análise de Suporte à Decisão. O interpolador é manipulado com base nas variáveis que interferem na ocorrência de determinado fenômeno em estudo.
14 24 Rivera-Lombardi (2001) empregou os métodos de AHP, Booleana e Fuzzy, com o operador Gama, para identificação de áreas vulneráveis à ocorrência de incêndios, dentre esses, o autor indica a AHP por considerar que a mesma ganha em objetividade quando apresenta os riscos de fogo segundo a importância relativa de cada classe e suas subclasses. Assim, para a consolidação da proposta apresentada analisou-se elementos naturais e induzidos. No que se refere às variáveis naturais, foram analisadas informações como a vegetação, presente no mapa de uso e ocupação do solo, declividade, altimetria e hidrografia, esta última analisada com base em buffers de 50 e 100 metros; já para as variáveis antrópicas, foram consideradas as informações sobre a proximidade com a malha viária, através de buffer de 50 metros, e mapa de uso do solo e cobertura vegetal Ponderação das variáveis As variáveis estabelecidas para análise de risco de incêndio baseou-se na metodologia de Rivera-Lombardi (2001), que utiliza as variáveis uso da terra, declividade, malha viária e drenagem para identificação de áreas vulneráveis à ocorrência de incêndios florestais. Entretanto, para o estudo em questão, decidiu-se analisar a altimetria como variável, posto que o local de estudo possui um histórico de intensas queimadas nas áreas mais elevadas, como é o caso dos topos tabulares da serras do Mimo e da Bandeira. E, para malha viária e hidrografia, optou-se em elaboração de buffers 3 para áreas de influência. Para que cada classe das variáveis supracitadas pudessem ser ponderadas, considerando a sua influência na formação e propagação do fogo, foi desenvolvida uma tabela de vulnerabilidade ao risco de fogo, onde cada valor dado a essas classes representa uma categoria de interferência, como mostra a Tabela 1. A etapa de ponderação das variáveis consiste em duas das mais difíceis atribuições, pois qualquer alteração que seja feita implica em modificações no resultado final da modelagem. 3 Análise de distância
15 25 TABELA 1: Classificação qualitativa e quantitativa quanto à vulnerabilidade ao fogo VULNERABILIDADE PESOS MUITO BAIXA 1 BAIXA 2 MODERADAMENTE BAIXA 3 MEDIANA 4 MODERADAMENTE ALTA 5 ALTA 6 MUITO ALTA 7 Foram estabelecidas sete classes de vulnerabilidades ao fogo, por considerar que o entendimento das mesmas é de fácil percepção e por compreender que, para o objetivo proposto, seriam as classes mais apropriadas, posto que, como foram utilizadas 6 variáveis na interpolação dos dados e cada uma contendo subclasses, um número pequeno de classes promoveria uma generalização das informações e, em contrapartida, o maior detalhamento das zonas de vulnerabilidade, a análise é facilitada Uso do solo e cobertura vegetal Nesse sentido, no pré-processamento dos dados a variável uso do solo e cobertura vegetal, na escala de 1: elaborada em 1998 pela (SFC), foi reeditada, por meio de interpretação visual com base na imagem de satélite TM/Landsat-5 de 1998, para integrar toda a área de estudo, uma vez que o limite municipal de Barreiras do dado original não estava de acordo com o limite oficial do município de 2008 publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em seguida o arquivo shapefile, do mapa de uso do solo e cobertura vegetal, foi rasterizado com pixel de 30 metros. Para gerar o produto para a interpolação dos dados, reclassificou-se o dado raster com base nos pesos admitidos como referentes à atuação de cada classe na formação e propagação do fogo, conforme se observa na Tabela 2. TABELA 2: Classes da variável uso do solo e cobertura vegetal e seus respectivos pesos de vulnerabilidade ao fogo. CLASSES PESOS
16 26 Barreiras 1 Cachoeira do Acaba 1 Vida Capão do Gerônimo 1 Cerrado "Sensu Strictu" 5 Cerradão 4 Floresta Estacional 3 Gentil 1 Itaboca 1 Mata Ciliar 2 Prata 1 Reflorestamento 3 Riacho da Capivara 1 Rio Branco 1 Rio Grande 1 Rio de Ondas 1 Sanguessuga 1 Vereda Alegre 1 Vereda e Campos 2 Umidos Área de Transição 6 Campo Limpo 7 Área Antropizada 2 Campo Cerrado 6 Para a atribuição dos pesos para as classes Barreiras, Capão do Gerônimo, Gentil, Itaboca, Prata, Sanguessuga e Vereda Alegre, considerou-se a dimensão espacial do dado, pois estas classes correspondiam a polígonos minúsculos, com a função de indicar a localização geográfica. Desta forma, por se tratar de povoados, exceto a primeira, e por serem pequenas comunidades estabelecidas no município, tiveram o menor peso, consideradas, então, de muito baixa vulnerabilidade à formação e propagação do fogo. As classes de rio e riacho, compreendendo a Cachoeira do Acaba Vida, riacho da Capivara, e os rios Branco, Grande e de Ondas, também apresentam o risco mínimo por estarem relacionadas às áreas de drenagem hídrica. A vulnerabilidade para algumas classes foi entendida da seguinte forma: Mata Ciliar e Veredas\Campos Úmidos foi adotado o peso 2, compreendendo baixo risco, devido à alta umidade destas áreas e função da proximidade com os rios, e pelas condições da vegetação sadia durante quase todo o ano, diminuindo, assim, a incidência de focos de queimadas; para a Área Antropizada, envolvendo as áreas de agricultura, o peso 2, baixo risco, também estabelecido, em função de ser espaços de plantios com sistemas de irrigação e com monitoramento praticamente diário por
17 27 se tratar, na sua maioria, de grandes fazendas pertencentes ao sistema do agronegócio da região Oeste da Bahia, onde há constantes fiscalizações e monitoramentos destas áreas. As zonas de vulnerabilidade moderadamente baixa, valor 3, foram incluídas as classes de Floresta Estacional e Reflorestamento, por não serem tão susceptíveis aos efeitos da sazonalidade, o que demonstrariam maior resistência a propagação dos incêndios. Partindo para as áreas de maiores riscos de propagação do fogo, as fitofisionomias do Cerrado e áreas de Transição tiveram os pesos estabelecidos a partir da seguinte lógica: o Cerradão, por se tratar de uma vegetação de porte arbóreo e/ou florestal, com material lenhoso espesso, com dossel mais alto, e por não perder totalmente as folhas no período de seca, o seu risco de propagação do fogo foi considerado mediano, com valor 4; para ambientes de Cerrado Sensu Strictu a vulnerabilidade moderadamente alta, de valor 5, deve-se ao fato de ser uma fitofisionomia arbórea, porém menos desenvolvida que o Cerradão e por apresentar característica de deciduidade foliar; já para a Área de Transição e Campo Cerrado, o risco caracteriza-se como alto, com peso 6, por se tratar de uma vegetação de porte arbustivo e material lenhoso mais fino do que as anteriores; a classe mais vulnerável tanto à incidência quando a propagação do fogo é a Campo Limpo, com peso 7, pois trata-se de gramíneas, que têm maior concentração de material combustível e, com a presença de ventos, o fogo é facilmente propagado, principalmente no período de estiagem prolongada, pois esta fitofisionomia alcança um stress hídrico bastante acirrado, implicando portanto em alto risco de incêndio Declividade A variável declividade foi gerada a partir do Modelo Digital de Elevação. Este é resultante das imagens SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) com pixel originalmente de 90m que foram reamostrados para 30m, disponibilizados pelo programa Topodata no sítio do INPE. O dado de declividade foi reclassificado de acordo com os pesos de influência na formação e propagação do fogo (Tabela 3). O recorte com base no limite do município foi realizado após o processamento de
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