_ rit A inexistência, nas razões da apelação, de pedido preliminar de apreciação do agravo retido, obsta o seu conhecimento.
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- Raul Galvão Olivares
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1 I 41. ft! #- _ rit PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAÍBA GAB. DES. MANOEL SOARES MONTEIRO ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL N / a Vara Cível da Comarca de João Pessoa RELATOR: Des. Manoel Soares Monteiro APELANTE: Unimed João Pessoa Cooperativa de Trabalho Médico ADVOGADOS: Caius Marcellus Lacerda e outro APELADA: Ivete Pessoa Nogueira DEFENSORA: Rizalva A. de Oliveira Sousa Obrigação de fazer. Agravo retido. Não conhecimento. Plano de saúde. Tratamento de quimioterapia. Cobertura. Negativa. Cláusula excludente de tratamento. Nulidade. Abusividade configurada. Incidência do Código de Defesa do Consumidor. Procedimento cirúrgico anteriormente realizado. Desprovimento do recurso. A inexistência, nas razões da apelação, de pedido preliminar de apreciação do agravo retido, obsta o seu conhecimento. Afiguram-se nulas as cláusulas exonerativas de responsabilidade do fornecedor, em contrato de plano de saúde, em função de exclusão contratual de procedimento necessário ao tratamento da saúde do segurado, eis que neste caso não deve prevalecer o princípio contratual da autonomia da vontade. Vistos, relatados e discutidos estes autos da Apelação Cível, em que figuram as partes acima nominadas. Acorda a Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, na conformidade do voto do relator, por votação unânime, NAO CONHECER O AGRAVO RETIDO, CONHECER E DESPROVER A APELAÇÃO. RELATÓRIO IVETE PESSOA NOGUEIRA ajuizou Ação de obrigação de fazer com pedido de tutela antecipada contra a Unimed João Pessoa, alegando, em resumo, ter sido negada a realização de tratamento quimioterápico, sob o argumento de exclusão contratual, requerendo, portanto, a declaração de nulidade da cláusula contratual, obrigando a promovida a custear inte ral ente o tratamento. Tutela antecipada deferida, fl. 18/19.
2 . ' Na contestação, fl. 21/37, a promovida argüiu legalidade na negativa de cobertura em cumprimento à legislação e por previsão contratual, pugnando, ao final, pela improcedência do pedido. 2 Impugnação às fl. 74/77. Na sentença, fl. 79/84, o magistrado julgou procedente o pedido, para declarar a nulidade da cláusula contratual, tornando definitiva a tutela antecipada anteriormente concedida, condenando a promovida a custear as despesas médicas relativas à realização do tratamento quimioterápico, sem limitações ou exclusões, sob pena de multa diária de R$ 2.000,00, até o limite de 30 diasmulta, além das custas processuais e honorários advocatícios fixados em R$ 800,00. Inconformada a promovida, fl. 85/100, interpôs recurso apelatório, visando a reforma da sentença, mantendo os mesmos fundamentos esposados na contestação, requerendo o provimento do recurso A Procuradoria de Justiça opinou pelo desprovimento do recurso. (fl. 112/115). Em síntese, é o relatório. VOTO: O Exmo. Des. Manoel Soares Monteiro (relator) Antes do exame da apelação, me pronunciarei sobre o agravo de instrumento, convertido em retido, em apenso. Não conheço do agravo retido, uma vez que a agravante, quando das razões da apelação, deixou de requerer, expressamente, a sua apreciação, em consonância com o que preceitua o art. 523, 1, do Código de Processo Civil. Passo a analisar a apelação interposta. A questão posta nos autos não merece maiores indagações, pois é cediço que os contratos de plano de saúde se submetem às normas previstas no Código consumerista, justamente por se tratar de relação de consumo. O inciso IV do artigo 51 do Código de Defesa do Consumidor, bem assim os incisos I e II do 1 do mesmo artigo e o artigo 54, todos do mesmo diploma legal, vedam a inobservância do princípio da boa-fé contratual que no caso dos autos se refere à negativa de cobertura do plano de saúde a tratamento por moléstia grave. Há diferença significativa entre a cláusula que limita o risco, perfeitamente válida e eficaz, já que prevista em lei, e aquela que pretende retirar da abrangência de cobertura do plano de saúde determinadas hipóteses que, devido à natureza do contrato, deveriam ser abrangidas. Estas, então, de natureza abusiva, não podem prevalecer no contrato, devendo ser, portanto, desconsideradas. Essa redução ou eliminação da responsabilidade da seguradora coloca o aderente em desvantagem exagerada, prejudicando o equilíbrio contratual e violando o princípio da boa-fé, que deve regular indistintamente os contratos. O consumidor ao aderir ao plano de saúde o faz na convicção e certeza de que na infelicidade de adoecer será atendido com QS cuidados específicos que exigem a moléstia que o acomete. A empresa, por sua vez, que se desobriga por
3 conta própria ao cumprimento do contrato, age de má-fé por receber o prêmio e não prestar o serviço esperado pelo contratante, ainda mais quando a doença exige continuidade de tratamento após o procedimento cirúrgico, como é o caso dos autos. Tal insegurança não se coaduna com a orientação esposada pela legislação consumerista. O Código de Defesa do Consumidor assim estabelece, no inciso IV do seu art. 6 : "Art. 6 São direitos básicos do consumidor: (.) IV a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços," Logo, são consideradas abusivas e, portanto, nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: "Art. 51, IV estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;" Observe-se que o artigo 51 do Código de Defesa do Consumidor trata de cláusulas abusivas nas relações de consumo, autorizando o Juiz a declará-las nulas, de ofício, quando configurada a sua abusividade. É o caso dos autos. Não se discute que a vida é o bem maior do cidadão, que deve estar protegida acima de todos os outros direitos e que, inclusive, está amparada por garantias constitucionais. 01, A cláusula do presente contrato, que exclui a quimioterapia, por ser demasiadamente onerosa ao contratante, é nula, porquanto ofende o princípio da equivalência contratual. Vale referir que o desequilíbrio contratual é presunção que decorre de lei nas avenças em que o objeto do contrato estiver ameaçado pelo conteúdo da cláusula. Além disso, a extraordinariedade dos fatos supervenientes que ensejam a revisão do contrato deve ser conferida objetivamente, de forma clara ao entendimento do consumidor e sem resultar em vantagem à empresa contratada já que se está a falar em contrato de adesão. Ainda que haja cláusula de exclusão expressa do procedimento quimioterápico, há nos autos informação de que a agravante se submeteu a procedimento cirúrgico, fl. 07, e que a complementação do tratamento através de sessões de quimioterapia mostra-se urgente, de modo a autorizar a imediata cobertura do procedimento. Pois ao contrário, na hipótese dos autos, levando-se em conta a gravidade da doença, se estará negando à autora o direito à vida. Além do mais, a alegação da apelante de que o contrato firmado com a apelada é anterior a Lei n /98 e portanto, tal legislação não pode ser aplicada ao caso, não pode prosperar.
4 E tem mais, observo que a demandada não demonstrou ter oferecido oportunidade de adaptação do contrato da autora à Lei n /1998, nos termos do art. 35, caput, da referida norma. Assim, não se sustenta a alegação de que a parte-autora "não migrou" para um novo plano, optando por um plano mais econômico. Na verdade, tudo indica que a ré continuou a renovar anualmente o contrato antigo com a parte-autora sem lhe oportunizar tal escolha, de forma que somente à ré pode ser atribuída a responsabilidade pela manutenção do contrato nos mesmos termos após o advento da nova Lei. Daí o direito da apelada, de ver seu contrato adaptado à legislação que rege a matéria, pois, de outro modo, estar-se-ia violando seus direitos básicos de consumidor, previstos no art. 6, II, IV e VIII. Nesse sentido: "APELAÇÃO CÍVEL. SEGUROS. CONTRATO ANTERIOR À LEI 9.656/98. PROPOSTA DE ADAPTAÇÃO NÃO COMPROVADA. APLICAÇÃO DA LEI 9.656/98. POSSIBILIDADE. TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO. I. As seguradoras e operadoras de planos de saúde têm o dever de oportunizar a adaptação dos contratos antigos à Lei n 9.656/ É ónus da seguradora comprovar a proposta de adaptação do plano de saúde às novas disposições da Lei 9.656/98. Descumprimento que impõe o reconhecimento do direito da parte em ajustar seu plano de saúde à legislação vigente. 3. A quimioterapia está compreendida dentre as exigências mínimas do plano referencial instituído pelo Art. 10 da Lei 9.656/98. Inteligência do art. 12, II, d, da referida Lei. APELAÇÃO DESPROVIDA." (TJRS AC n , 5 a CC, Rel. Paulo Sérgio Scarparo, Julgado em 21/05/2008) Feitas estas considerações, NÃO CONHEÇO DO AGRAVO RETIDO E CONHEÇO DO APELO, PARA NEGAR-LHE PROVIMENTO, mantendo a sentença em todos os termos. É o meu voto. Presidiu o julgamento, o Exmo. Des. José Di Lourenzo Serpa. Dele participando, o Exmo. Des. Manoel Soares Monteiro (relator) e o Exmo. Dr. Miguel de Britto Lyra Filho, Juiz de Direito designado para substituir o Exmo. Des. Marcos Antônio Souto Maior. Presente à sessão, a Exma. Dra. Sônia Maria Guedes Alcoforado, Procuradora de Justiça. Sala de Sessões da Egrégia Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em 28 de agosto qe Des. OEL SOARES MONTEIRO Relator
5 - TRIBUNAL DE JUSTIÇA Coordenadoria adi.rria, Regístrado eriet6of -v44,
SENTENÇA VISTOS. A antecipação dos efeitos da tutela foi deferida, conforme decisão de p. 47/48.
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