Direitos Básicos do Consumidor
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- Marco Antônio Aragão Vilarinho
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1 AULA 04: DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR Prof. Thiago Gomes QUESTÃO DO DIA Idineltiston Pereira, durante o tempo que morou Cruzeiro/SP, contraiu a dengue. Considerando a elevação dos casos da doença e receoso em readquiri-la, comprou o repelente Best Kill Pernilongator para uso diário. Com o passar do tempo surgiram algumas feridas em sua pele, posteriormente diagnosticada como uma série doença de pele decorrente da exposição contínua a um determinado componente químico. O que fazer? 1
2 ENTENDENDO A RELAÇÃO DE CONSUMO CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS Desdobramento da Política Nacional das Relações de Consumo. Estão previstos no Art. 6º, CDC em rol exemplificativo. Proteção à vida, saúde e segurança A proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos (art. 6º, I) Consumidor não conhece e nem tem condições de avaliar os possíveis riscos a si mesmo ou a terceiros. Obrigação assegurada por toda a cadeia de fornecedores (contratantes diretos/indiretos) Proteção à vida, saúde e segurança A proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos (art. 6º, I) E os produtos que naturalmente podem causar males? Formas de Periculosidade Periculosidade Inerente: Riscos normais e previsíveis. Periculosidade Adquirida: Riscos Anormais/Não previsíveis/ Acidente de Consumo 2
3 Proteção à vida, saúde e segurança A proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos (art. 6º, I) Riscos Anormais (art. 10, CDC) Não pode o fornecedor colocar no mercado produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança. Tolerância do CDC/ Risco Normal e Previsível: O Código tolera o fornecimento de produtos e serviços que ofereçam riscos à saúde ou segurança, desde que esses riscos sejam inerentes ao produto ou serviço, ou seja, considerados normais e previsíveis. Proteção à vida, saúde e segurança Tolerância do CDC/ Risco Normal e Previsível: Obrigação do fornecedor nesses casos: Caberá ao fornecedor informá-lo dos riscos e dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito. (art. 8º, CDC) Produtos industrializados: Essas informações devem constar de impresso apropriados que devam acompanhar o produto. Consequência da ausência de informações: Resp. Objetiva (art. 12,CDC) Descoberta do risco posterior ao ingresso do produto/serviço no mercado 3
4 Educação para o consumo e liberdade de escolha A educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações. (art. 6º, II) Educação para o Consumo Caso Cartão de Crédito Universitário. Desdobramento da Pol. Nac. Relações de Consumo (art. 4º, IV, CDC) Quanto maior a conscientização do consumidor maior tende a ser o equilíbrio entre as partes na relação de consumo. Formas de Educação Formal: Aquela incluída nos currículos escolares com o objetivo de formar hábitos sadios de consumo e preparar, desde cedo, o cidadão para que ele possa, no futuro, ao ingressar no mercado de consumo. Educação para o consumo e liberdade de escolha A educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações. (art. 6º, II) Educação para o Consumo Formas de Educação Informal: Efetuada por programas e das campanhas publicitárias levadas a efeito pelo Poder Público ou organizações não governamentais, com o objetivo de levar ao consumidor, em qualquer faixa etária informações que propiciem uma melhor postura no mercado de consumo. 4
5 Educação para o consumo e liberdade de escolha A educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações. (art. 6º, II) Liberdade de Escolha Seu desrespeito caracteriza prática abusiva. Manifestações tendentes a assegurar a liberdade de escolha Direito de Arrependimento Art. 49, CDC Desbloqueio determinado pela ANATEL. A informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem. (art. 6º, III) Guarda relação com a liberdade de escolha Deriva da boa fé objetiva: Informar corretamente é a postura esperada do fornecedor. Portanto a informação falha pode gerar vício ou defeito, ensejando a responsabilização do fornecedor. O dever de informar corretamente aplica-se em todos os estágios da relação de consumo: Arts. 30,31, 46, 12, 14,18 e 20 5
6 O dever de informar corretamente aplica-se em todos os estágios da relação de consumo: Fase Pré-Contratual(Oferta e Publicidade) Art. 30, CDC. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado. Art. 31, CDC. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores O dever de informar corretamente aplica-se em todos os estágios da relação de consumo: Fase Contratual Art. 46, CDC. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance. Fase Pós-Contratual Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. 6
7 O dever de informar corretamente aplica-se em todos os estágios da relação de consumo: Fase Pós-Contratual Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, [...] Informações exigíveis pelo art. 6º, III Quantidade Características ( modo de usar) Bem como sobre os riscos que apresentem Composição Qualidade Preço 7
8 Decreto 5903/2006 e a Qualidade da Informação Regulamenta a Lei 10962/2004 (Dispõe sobre a oferta e as formas de afixação de preços de produtos e serviços para o consumidor) e dispõe sobre as práticas infracionais que atentam contra o direito básico do consumidor de obter informação adequada e clara sobre produtos e serviços, previstas na Lei n o 8.078, de 11 de setembro de Acesso à informação: Essa informação deve estar disponível de forma que o consumidor possa acesso fácil a seu conteúdo, ou seja, de forma ostensiva. Caso manual de instruções na internet. Veracidade da informação: A falsidade do conteúdo informado pode induzir o consumidor ao erro e, consequentemente, ensejando a responsabilização. 8
9 Decreto 5903/2006 e a Qualidade da Informação Clareza da informação: A informação deve estar adequada ao nível de compreensão dos consumidores. Ex.: Um manual ou embalagem que contenha instruções técnicas de conhecimento exclusivo de especialistas da área, embora forneça a informação, não atende aos propósitos exigidos pelo código. (Art. 2º, 1º, I) Violam a clareza da informação: Existência de abreviaturas que dificultem a sua compreensão ou ainda a necessidade de qualquer interpretação ou cálculo. Legibilidade da informação: A informação deve ser visível e indelével. Legibilidade dos produtos refrigerados: CDC foi alterado em 2009 para contemplar a gravação indelével dos refrigerados. (Art. 31, parágrafo único, CDC.) Casos interessantes do direito à informação DOENÇA CELÍACA E O GLÚTEN Obriga os fornecedores de produtos industrializados. (Lei n /03) Rotulagem dos produtos (Resolução Anvisa RDC 54/2012) Passa a valer a partir de 1º de janeiro de Light: Agora, somente os alimentos que atendam aos critérios estabelecidos para o atributo reduzido em valor energético ou em algum nutriente podem utilizar a alegação light. Transgênicos Conceito de alimento transgênico Acima de 1% da composição com produtos transgênicos deve-se informar. (DECRETO Nº 4.680, DE 24 DE ABRIL DE 2003). 9
10 Proteção contra ações abusivas A proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços.(art. 6º, IV) Práticas comerciais do mercado: Prazos especiais Formas de pagamento Descontos Bom atendimento Essência das ações: Valem-se da ignorância, fragilidade do consumidor para aumentar seus rendimentos dos fornecedores. Proteção contra ações abusivas Base principiológica da proteção: Transparência, boa-fé e vulnerabilidade As ações consideradas abusivas pelo CDC dividem basicamente em quatro categorias: Publicidade enganosa e abusiva Métodos coercitivos ou desleais Práticas abusivas Cláusulas abusivas 10
11 Proteção contra ações abusivas Publicidade enganosa e abusiva Publicidade Enganosa É a que contém informações falsas e também a que esconde ou deixa faltar informação importante sobre um produto ou serviço. Publicidade Abusiva É aquela que: Gera discriminação, provocar violência; Explora medo ou superstição; Aproveita-se da falta de experiência da criança Desrespeita valores ambientais; Induz a um comportamento prejudicial à saúde e à segurança. Proteção contra ações abusivas Publicidade Enganosa Publicidade Abusiva 11
12 Proteção contra ações abusivas Métodos coercitivos ou desleais Práticas abusivas Exemplos: Enviar produto sem solicitação do consumidor Venda casada Cláusulas abusivas Exemplos: Permitem a alteração unilateral do preço pelo fornecedor Impor a utilização obrigatória da arbitragem Proteção contratual A modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosa.(art. 6º, V) Recordar é viver: Conceito de Contrato Regra geral contratual Proteção contratual no contrato de consumo Como se dá tal modificação? Como exercer tal direito? Neste caso, as cláusulas podem ser anuladas ou modificadas por um juiz. Preservação do contrato sempre que possível. 12
13 Indenização A efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos.(art. 6º, VI) Quem responde pelos danos decorrentes da relação de consumo? Dano no Direito Brasileiro Reparação dos dados e desconsideração da personalidade jurídica Acesso ao Judiciário O acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados.(art. 6º, VII) Facilitação dos Direitos A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências.(art. 6º, VIII) Regra no Direito Processual Civil (art. 333, CPC) Obstáculo à efetiva proteção Regra do Direito do Consumidor: Existe a faculdade do juiz de inverter o ônus da prova para o fornecedor desde que presentes a hipossuficiência OU a verossimilhança das alegações. Verossimilhança das alegações: Alegação possui contornos de veracidade. Hipossuficiência : É um conceito de direito processual. 13
14 Facilitação dos Direitos Regra do Direito do Consumidor: Existe a faculdade do juiz de inverter o ônus da prova para o fornecedor desde que presentes a hipossuficiência OU a verossimilhança das alegações. Hipossuficiência : Não se confunde com a vulnerabilidade pois trata-se de conceito processual. Evidencia-se diante dificuldade ou impossibilidade de produzir a prova ou carência socioeconômica do consumidor. Possibilidade de atenuação mediante acordo entre as partes: não podem as partes, através de contrato ou qualquer acordo, inverter o ônus da prova em prejuízo do consumidor. (art. 51, VI, CDC) A adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral A adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.(art. 6º, X) Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste código. Inadimplemento do consumidor nos serviços essenciais: Saúde e dignidade x direito de crédito 14
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