Nota Técnica nº 115/2005 SFF/SRE/ANEEL. Em 18 de abril de 2005
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- Otávio Lameira de Almeida
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1 Nota Técnica nº 115/2005 SFF/SRE/ANEEL Em 18 de abril de 2005 Assunto: Promoção de Audiência Pública para obtenção de subsídios e de informações adicionais para definição da metodologia para as concessionárias, permissionárias e autorizadas de distribuição adicionarem à tarifa de energia elétrica homologada pela ANEEL os percentuais relativos ao PIS/PASEP e a COFINS. Processo: /05-09 I. DO OBJETIVO Considerando a decisão da Diretoria da ANEEL na 9ª Reunião Pública Ordinária, realizada em 14/03/2005 (Processo n /04-03), que aprovou por unanimidade o modelo de aditivo ao contrato de concessão, que entre outros aspectos excluiu o PIS/PASEP e a COFINS do cálculo das receitas das concessionárias, permissionárias e autorizadas de distribuição de energia elétrica, doravante denominadas como agentes de distribuição, a presente Nota Técnica tem como objetivo propor: a) metodologia para inclusão às tarifas homologadas pela ANEEL dos valores devidos pelos agentes de distribuição a título de PIS/PASEP e COFINS; e b) critérios e metodologia a serem observadas pelos agentes de distribuição para cálculo e validação pela fiscalização/aneel, dos impactos positivos ou negativos, decorrentes da majoração das alíquotas e alteração do sistema de apuração do PIS/PASEP e da COFINS, desde dezembro/2002, até a exclusão desses tributos da tarifa. II. HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO DO PIS/PASEP E DA COFINS 2. O Programa de Integração Social PIS foi instituído pela Lei Complementar n 7, de 7 de setembro de 1970, e o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público PASEP, foi instituído pela Lei Complementar n 8, de 3 de dezembro de Em 1 de julho de 1976, essas duas contribuições foram unificadas pela Lei Complementar n 26, de 11 de setembro de O PIS/PASEP tem como finalidade o financiamento do programa do Seguro-Desemprego e o abono aos empregados que recebem até dois salários mínimos mensais. 3. A Contribuição Social para Financiamento da Seguridade Social COFINS foi instituída pela Lei Complementar n 70, de 30 de dezembro de 1991, destinada a financiar as despesas das áreas de Saúde, Previdência e Assistência Social. Desde a publicação da LC nº 70, foram impetrados diversos questionamentos judiciais quanto à constitucionalidade da COFINS, porém, o Supremo Tribunal Federal STF, já decidira favoravelmente à cobrança dessa contribuição.
2 4. Até janeiro de 1999, as bases de incidência do PIS/PASEP e da COFINS, eram, salvo exceções, a receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços, tendo como alíquota 0,65% para o PIS/PASEP e 2% para a COFINS, calculados sobre as referidas receitas. 5. A partir de fevereiro de 1999, com o início da vigência dos dispositivos da Lei n 9.718, de 27 de novembro de 1998, as bases de incidências do PIS/PASEP e da COFINS foram ampliadas, contemplando não somente a receita bruta de vendas e da prestação de serviços, como também todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica, independente de sua classificação contábil. Nessa ocasião, a alíquota do PIS/PASEP foi mantida em 0,65%, porém, a alíquota da COFINS foi majorada de 2% para 3%. 6. Com a Lei nº , de 30 de dezembro de 2002, foi estabelecido o sistema não cumulativo para o cálculo desta contribuição para o PIS/PASEP, passando a mesma a incidir sobre o valor agregado em cada etapa do processo produtivo. A alíquota do tributo foi majorada de 0,65%, para 1,65%. 7. Posteriormente, com o advento da Lei n , de 29 de dezembro de 2003, a apuração não cumulativa foi estendida também para a COFINS, com alteração da alíquota de 3% para 7,6%. 8. Conforme anteriormente demonstrado, as alíquotas do PIS/PASEP e da COFINS sofreram alterações representativas, em contrapartida, foi alterada a sistemática de apuração dos referidos tributos, migrando do sistema cumulativo para o não cumulativo. Essa nova forma inclui variáveis significantes, que causam elevação da carga tributária no setor elétrico, como regra geral, em relação à metodologia anterior (sistema cumulativo). 9. Embora as alíquotas tenham sofrido uma majoração significativa em relação às anteriormente praticadas, o impacto real dessas contribuições nas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real não segue a mesma relação direta. O valor dos créditos apurados é determinante para calcular a alíquota efetiva do PIS/PASEP e da COFINS, motivado pelo fato de que cada empresa possui uma estrutura de custos e despesas própria, que fatalmente acarretará diferenças consideráveis no valor da alíquota efetiva em cada empresa, mesmo sendo do mesmo setor econômico. III. O PIS/PASEP E A COFINS NO SETOR ELÉTRICO 10. O PIS/PASEP e a COFINS são dois tributos que atualmente compõem as tarifas de energia elétrica, aliado a este fato, destacamos o arcabouço legal, que regulamenta os mecanismos de ajustes na tarifa de energia elétrica, que visa manter o equilíbrio econômico e financeiro do contrato de concessão. 11. Especificamente na questão tributo, cita a legislação federal e os contratos de concessões celebrados entre o concessionário e o poder concedente: 3º do art. 9º da Lei n 8.987/95. Ressalvados os impostos sobre a renda, a criação, alteração ou extinção de quaisquer tributos ou encargos legais, após a apresentação da proposta, quando comprovado seu impacto, implicará a revisão da tarifa, para mais ou para menos, conforme o caso. 4
3 Contratos de concessão A ANEEL poderá, a qualquer tempo, proceder a revisão das tarifas, visando manter o equilíbrio econômico-financeiro deste Contrato, sem prejuízo dos reajustes e revisões a que se referem as Subcláusulas anteriores desta Cláusula, caso haja alterações significativas nos custos da CONCESSIONÁRIA, incluindo as modificações de tarifas de compra de energia elétrica e encargos de uso das instalações de transmissão e distribuição de energia elétrica que possam ser aprovadas pela ANEEL durante o período, por solicitação desta, devidamente comprovada. A criação, alteração ou extinção de quaisquer tributos ou encargos legais, após a assinatura deste Contrato, quando comprovado seu impacto, implicará revisão das tarifas, para mais ou para menos, conforme o caso, ressalvados os impostos sobre a renda, a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL ou suas sucedâneas e quaisquer outros existentes ou que venham a ser criados, tendo como base de cálculo o resultado da atividade econômica. 12. Nesse contexto, os reajustes e as revisões são mecanismos de alterações tarifárias que permitem a preservação do preceito legal de equilíbrio econômico-financeiro dos contratos, permissões e autorizações, além de incentivar as empresas a reduzirem custos e serem mais eficientes na prestação dos serviços de distribuição. 13. Contextualizando o PIS/PASEP e a COFINS, no arcabouço legal citado anteriormente, é fato que tais tributos vinham compondo a Parcela B, que tem como características: reajustes anuais e revisões periódicas em média, de 4 em 4 anos e, quando necessárias, revisões extraordinárias. 14. Assim sendo, concluímos que as variações dos encargos tributários (PIS/PASEP e COFINS) provocadas pela alteração das alíquotas e da forma de apuração, sujeita a ANEEL a repassar tais impactos para os preços, para recompor o equilíbrio econômico e financeiro do contrato de concessão depois de comprovado o impacto destas contribuições. 15. Convém destacar que os impactos são reais e já comprovados, além das variações mensais de custos e despesas (créditos), decorrentes das operações normais a que estão naturalmente sujeitas as empresas, o que fatalmente implica apurações dos tributos (PIS/PASEP e COFINS) diferentes mês a mês. 16. Em função do exposto e de ampla discussão no âmbito da ANEEL envolvendo a Procuradoria Federal e as Superintendências de Fiscalização Econômica e Financeira e de Regulação Econômica, a Diretoria da ANEEL, na 9ª Reunião Pública Ordinária, realizada em 14/03/2005 (Processo n /04-03), aprovou por unanimidade o modelo de aditivo ao contrato de concessão, que entre outros aspectos excluiu o PIS/PASEP e a COFINS do cálculo das tarifas dos agentes de distribuição. 17. Assim devem ser excluídas as alíquotas do PIS/PASEP (0,65%) e da COFINS (3%) do cálculo das tarifas dos agentes de distribuição, competindo à ANEEL regular a metodologia para inclusão pelo agente no preço final praticado, bem como estabelecer critérios e procedimentos para apuração dos impactos incorridos a partir de dezembro/2002, até o início da nova sistemática de cobrança desses tributos fora das tarifas e, conseqüentemente, o reconhecimento nas tarifas de energia elétrica das diferenças apuradas. 5
4 18. Para efeito da operacionalização do anteriormente exposto, a ANEEL excluirá o percentual efetivamente incluído nas tarifas, que como regra geral é de 3,65%, relativo a PIS/PASEP e a COFINS, na primeira ocorrência de reajuste ou revisão de tarifas de cada agente de distribuição, após a publicação da Resolução Normativa decorrente deste processo. IV. METODOLOGIA E CRITÉRIOS 19. As alíquotas efetivas do PIS/PASEP e da COFINS serão apuradas pelos agentes de distribuição, para serem adicionadas ao valor da tarifa homologada pela ANEEL, conforme a seguinte metodologia: - Para os agentes de distribuição que migraram do sistema cumulativo para o não cumulativo, apurar a base de cálculo e as alíquotas do PIS/PASEP e da COFINS com os dados a seguir discriminados 1. Base de cálculo das contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS Composição da base para cálculo do PIS/PASEP e da COFINS no mês de referência (1) Receita de Fornecimento (2) Receita de Suprimento (3) Receita de Uso do Sistema de Distribuição (4) Total da Receita ( ) (5) Total de Créditos (6) Base para cálculo do PIS/PASEP e da COFINS (4 5) Valor em R$ 2. Apuração das alíquotas do PIS/PASEP e da COFINS Apuração das Alíquotas no mês de referência Valor / Percentual (1) Total da Receita (apurada na linha 4 do quadro anterior) (2) Base para cálculo do PIS/PASEP (Receita Créditos) (3) Base para cálculo da COFINS (Receita Créditos) (4) Valor do PIS/PASEP apurado (1,65% x Base para cálculo do PIS/PASEP (2)) (5) Valor da COFINS apurada (7,6% x Base de cálculo da COFINS (3)) (6) Alíquota efetiva do PIS/PASEP (4 / 1) (7) Alíquota efetiva da COFINS (5 / 1) 6
5 3. As alíquotas apuradas no quadro anterior (mês de referência), deverão ser utilizadas conforme tabela estabelecido a seguir: Mês de Referência Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Mês de utilização das alíquotas Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro 20. Apurada a alíquota e definida a forma de aplicação, os agentes de distribuição deverão utilizar as seguintes fórmulas, conforme a opção tributária e ou a forma de constituição da empresa. - Agentes de distribuição sob o regime do sistema de apuração não cumulativo do PIS/PASEP e da COFINS: Valor com a inclusão das alíquotas do PIS/PASEP e da COFINS = Tarifa homologada pela ANEEL (1- (Alíquotas efetivas do PIS/PASEP + COFINS)) - Agentes de distribuição que permanecem com a alíquota cumulativa, ou seja fixa: Valor com a inclusão das alíquotas do PIS/PASEP e da COFINS = Tarifa homologada pela ANEEL (1- (Alíquotas nominais do PIS/PASEP + COFINS)) - Agentes de distribuição enquadrados como cooperativas que possuem consumidores não associados à cooperativa: Valor com a inclusão das alíquotas do PIS/PASEP e da COFINS = Tarifa homologada pela ANEEL (1- (Alíquotas nominais do PIS/PASEP + COFINS)) 24. Os agentes de distribuição enquadrados como cooperativas, que por ações judiciais em função de interpretação da legislação não vêem calculando e recolhendo o PIS/PASEP e a COFINS dos consumidores associados, não deverão adicionar às tarifas homologadas pela ANEEL os percentuais relativos aos citados tributos. 25. Fica estabelecido a inclusão do Relatório Padronizado RP, nº Tributos, conforme Anexo A, para compor o conjunto de dados que integram o Relatório de Informações Trimestrais RIT, 7
6 instituído pela Portaria DNAEE nº 5, de 08 de janeiro de 1997, objetivando o acompanhamento pela fiscalização da ANEEL, das bases de calculo e das alíquotas do PIS/PASEP e da COFINS, apuradas pelas concessionárias, permissionárias e autorizadas de energia elétrica. V. CRITÉRIOS E METODOLOGIA PARA COMPROVAÇÃO E VALIDAÇÃO DOS IMPACTOS FINANCEIROS PROVOCADOS DESDE DEZEMBRO/ Os impactos produzidos durante o período em que as tarifas de energia elétrica contemplavam as alíquotas de 0,65% para o PIS/PASEP e 3,00% para a COFINS em relação ao início da vigência do sistema não cumulativo de apuração, deverão ser comprovados pelos agentes de distribuição. 27. Para validação das informações pela Fiscalização Econômica e Financeira os agentes de distribuição deverão encaminhar a esta Agência o descrito no item 31, com antecedência de 90 dias em relação a data do reajuste ou revisão tarifário, que alterará a sistemática de cobrança dos tributos dos consumidores de energia elétrica, devendo ainda projetar o valor mensal do impacto financeiro para o período de antecedência (90 dias). 28. O agente de distribuição deverá justificar as flutuações acima de 10%, ocorridas ao longo do período da apuração do impacto (a partir de dezembro/2002), referente às receitas e aos créditos que compõem a base de cálculo do PIS/PASEP e da COFINS. 29. Apurado o impacto financeiro, os agentes de distribuição deverão atualizá-lo pelo IGPM, do qual serão deduzidos os valores já concedidos pela ANEEL, a título provisório por ocasião de reajustes ou revisão das tarifas, que também será corrigido pelo IGPM. 30. Os valores apurados pelos agentes de distribuição e validados pela fiscalização deverão ser reconhecidos e ajustados contabilmente como ativo ou passivo, conforme impacto causado (positivo ou negativo) obedecendo ao estabelecido no Ofício Circular SFF/ANEEL n 302/2005, de 25 de fevereiro de As informações solicitadas deverão ser estruturadas por mês, a partir de dezembro/2002, e encadernadas obedecendo à ordem a seguir descrita: a) Carta do agente de distribuição encaminhando a documentação, pleiteando o valor do impacto financeiro, a ser cobrado dos consumidores; b) Declaração versando sobre a opção tributária da empresa (Lucro Real, Lucro Presumido etc.) e as alíquotas nominais do PIS/PASEP e da COFINS, a partir de dez/2002; c) Declaração, informando as alíquotas nominais do Imposto de Renda - IR e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL, a partir de dez/2002; d) Relação dos contratos de compra de energia, conforme anexo I; e) Relação dos Encargos Setoriais incorridos, conforme anexo II; f) Relação, conforme anexo III, indicando a forma de apuração do PIS/PASEP e da COFINS, se pelo sistema cumulativo ou não cumulativo, a partir de dez/2002; g) Perfil do faturamento de fornecimento de energia, conforme anexo IV; 8
7 h) Preenchimento das planilhas base de cálculo do PIS/PASEP e COFINS e os créditos utilizados, conforme anexos de V.a e V.b; i) Preenchimento da planilha de apuração dos impactos econômicos e financeiros, conforme anexos de VI.a a VI.c; j) Preenchimento da planilha de apuração dos impactos econômicos e financeiros, com base no Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais DACON, conforme anexos de VII.a a VII.c; k) Preenchimento da planilha de atualização pelo IGPM do impacto financeiro, conforme anexo VIII; e l) Cópia dos Demonstrativos de Apuração de Contribuições Sociais DACON, a partir de dez/2002, devidamente autenticado pelo agente recebedor, com as retificações que houver. 32 Os itens a e b deverão ser assinados pelo representante legal da empresa, os demais itens deverão ser assinados pelo contador da empresa. CARLOS ROBERTO CAMURÇA MARTINS SFF/ANEEL De acordo: ROMEU DONIZETE RUFINO Superintendente de Fiscalização Econômica e Financeira CESAR ANTONIO GONÇALVES Superintendente de Regulação Econômica 9
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