RECURSO ORDINÁRIO TRT/RO RTOrd A C Ó R D Ã O 4ª Turma

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Alexandre Avelar Viveiros
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1 NUCLEP. PCCR Provado que o Plano de Cargos, Salários e Remuneração (PCCR) de 2002 foi efetivamente implantado, com sua aplicação à diretoria da empresa e à parte dos empregados, devido é enquadramento aos empregados em geral, nenhuma prova havendo de que no referido Plano se previa a implantação parcial, muito menos apenas em favor de pessoas arbitrariamente escolhidas pela diretoria. Vistos, relatados e discutidos estes autos de recurso ordinário em que são partes, como recorrente, NUCLEBRAS EQUIPAMENTOS PESADOS S.A. NUCLEP e, como recorrido, JACIR DE OLIVEIRA. Irresignada com a decisão da 1ª Vara do Trabalho de Itaguaí, a fls. 163/168, da lavra do juiz Edson Dias de Souza, que julgou procedente em parte o pedido, recorre ordinariamente a reclamada a fls. 169/179. Alega que há prescrição total; reitera a impugnação ao documento considerado pelo recorrido como comprobatório de dotação orçamentária para a implantação do PCCR, e refuta a alegação de que já vem concedendo valores salariais com base neste a alguns de seus empregados, pois não há prova nos autos nesse sentido; alega que o PCCS, embora materialmente delineado, não dispõe ainda de plena eficácia porque depende de dotação orçamentária para sua integral implementação; que seus administradores não têm autonomia para o aumento de valores salariais, sob pena de responsabilização, à luz da legislação de responsabilidade fiscal, das disposições do art. 37 da CF e da LC nº 101/00, cujo art. 2º inclui as empresas de economia mista de qualquer esfera

2 governamental; que por ser sociedade de economia mista, vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, está presa aos princípios da legalidade e moralidade, nos termos do art. 37 da CF; que não podem ser criadas vantagens para qualquer servidor sem que a lei assim determine; que não possui recursos próprios para custeio de pessoal, sendo dependente do Erário Federal, aplicando-se lhe o art. 169 da CF e, por isso, dependente de dotação orçamentária para fazer frente a qualquer despesa; que sendo sociedade de economia mista não se submete às regras estabelecidas nos instrumentos coletivos ou mesmo os gerados apenas no âmbito da empresa, porque condicionadas à melhoria do desempenho da empresa e à autorização expressa do Comitê de Coordenação de Empresas Estatais CCE; que para efetuar qualquer pagamento depende de autorização do seu órgão de cúpula, consequentemente de orçamento, ou seja, subordinação a uma condição suspensiva, de acordo com o art. 125 do CC; que quanto à negociação coletiva, rege-se pelo Decreto nº 908/93, que fixa as diretrizes para as negociações de trabalho de que participam as entidades estatais, mais especificamente o art. 3º, II; que não obstante o plano já existir formalmente ainda não cria direito adquirido, eis que ainda pendem condições para sua implantação. Pede a reforma do julgado, nos termos do recurso. Depósito recursal a fls. 181 e custas a fls Procuração a fls. 60 e substabelecimento a fls. 61. Contrarrazões da reclamante a fls. 185/219, sem preliminares e no mérito prestigiando o julgado. Manifestação do Ministério Público do Trabalho, a fls. 228/231, em parecer da lavra do ilustre Procurador Luiz Eduardo Aguiar do Valle, pelo provimento do recurso a fim de julgar improcedente o pedido, com a consequente inversão do ônus da sucumbência. É o relatório

3 VOTO I Conhecimento Conheço do recurso, por tempestivo e aviado no feitio legal. II Mérito PRESCRIÇÃO TOTAL Podia a reclamada se eximir de reiterar tal arguição, muito bem rechaçada na sentença, da qual fez questão de não tomar conhecimento. O reclamante na realidade não pede enquadramento formal no chamado PCCR, até por que não estando ele implantado formalmente pela empresa sua pretensão com tal forma encontraria obstáculo de vulto. O que pede são diferenças salariais e reflexos decorrentes de tal Plano, dado que implantado de facto, servindo a não implantação formal apenas para justificar que a empresa escolha a quem agraciar com suas vantagens. O pedido é, pois, apenas de diferenças salariais e reflexos, não referido a nenhuma data de implantação do PCCR, e como tal sujeito apenas à prescrição parcial já reconhecida na sentença. Nego provimento. ENQUADRAMENTO É deslocada a invocação da reclamada a regras legais para validação de obrigações assumidas em negociação coletiva. O caso sob exame não envolve negociação coletiva, e sim a eficácia de um Plano de Cargos, Salários e Remuneração, aprovado pela reclamada em 2002, e que incontroversamente não foi aplicado ao reclamante. Tampouco pode ser admitida a alegação de que tal Plano tem sua

4 implantação obstada pela necessidade de aprovação pelo órgão próprio do governo, à vista do que consta da ata de 59ª Reunião Ordinária do Conselho de Administração da NUCLEP (fls. 29/30), em que textualmente se fez registrar que, após análise do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), ao qual está vinculada a reclamada, o referido Plano obteve aprovação formal do Ministério do Planejamento (MP), formalizada pelo Ofício nº 130/MP/SE, de O que poderia ser considerado é o alegado pela reclamada no sentido de que a efetiva implantação desse novo PCCR não ocorreu, porque apenas seria decidida mediante aprovação de recursos. Ora, trata-se de alegação de gritante falsidade, uma vez que a fls. 31/33 consta ata da 60ª Assembléia Geral Ordinária na qual foi fixada remuneração dos diretores da empresa conforme PCCR aprovado pelo Ofício nº 130 MP/SE, de Chega a ser ofensivo o comportamento da reclamada, que se vale desse PCCR para justificar a remuneração de seus diretores, mas alega que carece de autorização para aplicá-lo quando se trata de remunerar seus empregados. A malícia no comportamento da reclamada fica mais evidente, ainda, quando se vê em documentos nos autos, prova emprestada que admito, que além de remunerar seus diretores com base em PCCR que afirma não estar autorizada a implantar, e que depende da aprovação de recursos para tanto, a reclamada também remunera alguns de seus empregados de acordo com o referido PCCR (fls. 37 e 40/45). O que a reclamada fez foi implantar o PCCR apenas com eficácia para as pessoas por ela escolhidas, quando sequer há alegação de que o Plano podia ser implantado dessa forma, ou por partes. A prova de que o PCCR foi colocado em vigor, ainda que de forma irregular para beneficiar apenas algumas pessoas, torna sem valia as alegações com que se pretendeu justificar que o PCCR não estava implantado. Tampouco há prova alguma da alegação de que a empresa apenas se comprometeu a estudar a implantação do Plano. O que fez ela foi propor um plano de cargos e salários, e tendo sido tal plano aprovado pelo órgão estatal

5 competente, de maneira formal registrou que estava ele aprovado e, depois, admitiu que estava sendo aplicado. Isso provado, cabia-lhe provar que pelo próprio plano, ou por algum outro motivo, estava autorizada a cumprir o plano de cargos e salários da empresa, devidamente aprovado, apenas para quem lhe conviesse. Prova que, evidentemente, não fez. Apenas como remate, do ponto de vista doutrinário, pode ser dito que a disposição do art. 37, X, da Constituição não se aplica senão aos servidores públicos em sentido estrito, e não aos empregados da administração indireta (a despeito de inciso do art. 37, como muitos outros não se inclui na previsão geral da cabeça do artigo, pelo texto do inciso). Tanto assim que a própria reclamada admite que a implantação do PCCR dependia apenas da aprovação governamental, que obteve, e não consta que essa aprovação de órgãos do Poder Executivo seja lei, a que se refere o citado inciso X. Aliás, é sabido que o Banco do Brasil, e a Caixa Econômica Federal têm obrigações trabalhistas estabelecidas por acordos coletivos, e mesmo por dissídios coletivos, e não tenho notícia de que jamais se tenha cogitado de nulidade porque tais obrigações não foram estabelecidas por lei. Finalmente, a afirmação de que os gastos teriam que ter aprovação orçamentária, porque a reclamada apenas tem recursos decorrentes de aportes do Tesouro, se baseia nessa afirmação falsa; e feita, naturalmente, sem prova. A reclamada é sociedade de economia mista, que pelo exercício de sua atividade institucional apenas pode realizar operações mediante paga, de modo que necessariamente tem receitas próprias. Ademais, a invocação do art. 169 da Constituição foi feita de forma imprópria, ignorando que no inciso II desse artigo são expressamente excepcionadas as empresas públicas e sociedades de economia mista. Não bastasse, ao pedir a aprovação do PCCR a reclamada o fez com expressa declaração de que sua implantação não acarretaria despesa extra, nem suplementação orçamentária (fls. 26). Nego provimento

6 ISTO POSTO NEGO PROVIMENTO ao recurso. Vistos e bem examinados, A C O R D A M os Desembargadores que compõem a Quarta Turma do Tribunal Regional do Trabalho da Primeira Região, por maioria, negar provimento ao recurso. Rio de Janeiro, 8 de Novembro de Desembargador Federal do Trabalho Damir Vrcibradic Relator

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