Profa. Dra. Karina Pavão Patrício Depto de Saúde Pública FMB- UNESP
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1 Profa. Dra. Karina Pavão Patrício Depto de Saúde Pública FMB- UNESP
2 Da Medicina Liberal a Medicina Tecnológica FILME
3 MEDICINA LIBERAL Relação produtor-consumidor Livre e direta MEDICINA TECNOLÓGICA Aumento do custo da assistência médica Intermediação de terceiros Instrumentos materiais Limitados Incorporação progressiva de instrumentos materiais Abundantes Local de trabalho Institucionalização da prática Hospital filantrópico Hospital, consultório, P.S., UBS / consultório convênios, USF, consultórios Relação médico-paciente (saber) Intensa relação interpessoal (trabalho baseado no saber experiência) Múltiplos intermediários Prática ultra-técnica e impessoal Crise de confiança
4 REDUCIONISMO ORGANICISTA + FRAGMENTAÇÃO DO CONHECIMENTO EM ESPECIALIDADES = medicina ocidental altamente tecnológica, muitas vezes incapaz de abordar com sucesso a complexidade do adoecimento humano = MEDICINA DA DOENÇA Canguilhem (2005) - dissociação progressiva entre doença e doente, doentes como objetos e não como sujeitos de sua doença, desinteresse pela compreensão do papel e do sentido da doença na experiência humana. Movimentos de contracultura (final anos 60) = preservação da natureza, promoção da saúde (ao invés do combater doenças) e a um conjunto de sistemas terapêuticos e práticas de medicação e cuidados tendentes ao naturismo.
5 PARADIGMAS EM SAÚDE: BIOMÉDICO (ou da normalidade-patologia) = enfatiza concepções materialistas, mecanicistas, centradas na doença e no controle do corpo biológico e social. Tem raízes no período Renascentista e na ascensão do discurso da ciência, quando o real foi associado ao racional. A tecnologia é a ferramenta para a execução deste projeto. VITALISTA (ou da vitalidade- energia) = centrado na saúde e na busca de harmonia da pessoa com seu meio ambiente natural e social, valoriza a subjetividade individual, a prevenção e a promoção da saúde e a integralidade do cuidado. Mostra-se compatível a anseios de preservação e sustentabilidade em seu sentido amplo, nos níveis biológico, social e natural. É essencialmente uma perspectiva integradora
6 Conferência de Alma-Ata = OMS critica o modelo médico hegemônico em hospital e indústria farmacêutica. Recomenda práticas tradicionais, alternativas ou complementares, defende cuidados primários. Diretor da OMS: declarou insuficiência da medicina tecnológica e especialista, resolução 2/3 de problemas de saúde da pop I Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, Ottawa, afirma que não apenas os fatores biológicos, mas também os políticos, econômicos, sociais, culturais, de meio ambiente e de conduta podem intervir a favor ou contra a saúde. Defendeu: serviços de saúde adotem uma postura abrangente, que perceba e respeite as peculiaridades culturais, e incentivem a participação e a colaboração de outros setores, outras disciplinas e, mais importante, da própria comunidade VIII Conferência de Saúde = inspira a criação do SUS, propôs a introdução de práticas alternativas de assistência à saúde no âmbito dos serviços de saúde, possibilitando ao usuário o direito democrático de escolher a terapêutica preferida.
7 Políticas Nacionais MT/MCA Brasil Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS Portarias Ministeriais nº 971; 1600 & 853/2006 Homeopatia MTC/Acupuntura Termalismo Medicina Antroposófica Plantas Medicinais e Fitoterapia Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos Decreto Presidencial nº 5813/2006 Política Nacional de Atenção à Saúde os Povos Indígenas Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Povos e Comunidades Tradicionais Terapia Comunitária
8 POLÍTICA NACIONAL DE PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE Portaria GM/MS nº 971, de 3 de maio de 2006: aprovou-se a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS, que contempla: Homeopatia, Fitorepia, Medicina Antroposófica, Termalismo e Acupuntura
9 PNPIC - OBJETIVOS Incorporar e implementar a PNPIC no SUS, na perspectiva da prevenção de agravos e da promoção e recuperação da saúde, com ênfase na atenção básica, voltada para o cuidado continuado, humanizado e integral em saúde. Contribuir para o aumento da resolubilidade do Sistema e para a ampliação do acesso às PIC, garantindo qualidade, eficácia, eficiência e segurança no uso. Promover a racionalização das ações de saúde, estimulando alternativas inovadoras e socialmente contributivas para o desenvolvimento sustentável de comunidades. Estimular as ações referentes ao controle/participação social, promovendo o envolvimento responsável e continuado dos usuários, gestores e trabalhadores, nas diferentes instâncias de efetivação das políticas de saúde.
10 1. Estruturação e Fortalecimento da Atenção em Práticas Integrativas e Complementares no SUS 2. Desenvolvimento de estratégias de qualificação em Práticas Integrativas e Complementares para profissionais no SUS em concordância com os princípios da Política Nacional de Educação Permanente. 3. Fortalecimento da participação social; 4. Divulgação e informação dos conhecimentos básicos das PIC para profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS, considerando as metodologias participativas e o saber popular e tradicional.
11 5. Estímulo às ações intersetoriais, buscando parcerias que propiciem o desenvolvimento integral das ações. 6. Garantia de acesso a medicamentos homeopáticos e fitoterápicos na perspectiva da ampliação da produção pública, assegurando as especificidades da assistência farmacêutica nestes âmbitos na regulamentação sanitária. 7. Garantia do acesso aos demais insumos estratégicos com qualidade e segurança das ações;
12 8. Incentivo a pesquisa em Práticas Integrativas e Complementares com vistas ao aprimoramento da Atenção a Saúde, avaliando eficiência, eficácia e efetividade dos cuidados prestados; 9. Desenvolvimento de ações de acompanhamento e avaliação das Práticas Integrativas e Complementares, para instrumentalização de processos de gestão; 10. Promoção de Cooperação Nacional e Internacional com o objetivo de intercâmbio de experiências nos campos da Atenção, Educação Permanente e Pesquisa.
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14 Premissa: Caráter multiprofissional 1. Incorporação diferentes níveis de complexidade do Sistema, + APS, prevenção, promoção e recuperação da saúde. 2. Garantia de financiamento - essenciais à boa prática em homeopatia, peculiaridades técnicas. 3. Acesso a medicamento homeopático, ampliação da produção pública. 4. formação e educação permanente, 5. Acompanhamento e avaliação 6. Socializar informações homeopatia e prática, diversos grupos populacionais 7. Estudos e pesquisas que avaliem a qualidade e aprimorem a atenção homeopática no SUS.
15 Premissa: desenvolvimento da MTC em caráter multiprofissional 1. Inserção da MTC-acupuntura em todos os níveis do sistema com ênfase na atenção básica. Inserção de profissionais no SUS = necessário o título de especialista. 2. Qualificação em MTC/acupuntura para profissionais no SUS, 3. Divulgação e informação dos conhecimentos - usuários, profissionais de saúde e gestores do SUS 4. Acesso aos insumos estratégicos para garantia da qualidade e segurança. 5. Acompanhamento e avaliação. 6. Integração das ações da MTC/acupuntura com políticas de saúde afins 7. Incentivo à pesquisa no SUS 8. Garantia de financiamento para as ações da MTC/acupuntura.
16 1. Política de financiamento para o desenvolvimento de ações voltadas à sua implantação no SUS 2. Incentivo à pesquisa e desenvolvimento de plantas medicinais e fitoterápicos, priorizando a biodiversidade do país. 3. Promoção do uso racional de plantas medicinais e dos fitoterápicos no SUS. 4. Elaboração da Relação Nacional de Plantas Medicinais e da Relação Nacional de Fitoterápicos
17 5. Garantia do acesso a plantas medicinais e fitoterápicos aos usuários do SUS. 6. Formação e educação permanente dos profissionais de saúde. 7. Acompanhamento e avaliação no SUS. 8. Fortalecimento e ampliação da participação popular e do controle social
18 TERMALISMO = maneiras de utilização da água mineral e sua aplicação em tratamentos de saúde. A crenoterapia = indicação e uso de águas minerais com finalidade terapêutica, atuando de maneira complementar aos demais tratamentos de saúde. Potencial brasileiro como recurso terapêutico e os benefícios para a promoção e recuperação da saúde nas diversas racionalidades = observatórios de saúde com o objetivo de aprofundar os conhecimentos sobre sua prática e seu impacto na saúde. VIDEO
19 Abordagem médico-terapêutica complementar, de base vitalista, transdisciplinar, buscando a integralidade do cuidado em saúde. Entre os recursos que acompanham a abordagem médica, destaca-se o uso de medicamentos baseados na homeopatia, na fitoterapia e outros específicos da medicina antroposófica (Euritmia, Terapia Artísticas, etc). Atuação de outros profissionais da área da saúde, de acordo com as especificidades de cada categoria. Ainda pouco no SUS, mas ricos resultados = observatórios de saúde com o objetivo de aprofundar os conhecimentos sobre suas práticas e seu impacto na saúde. VIDEO
20 Fundamentação Teórica Racionalidade Médica Sistema Médico Complexo Pressupõe a existência de cinco dimensões fundamentais Madel T. Luz Morfologia (anatomia) estrutura, organização Doutrina médica processo saúde doença COSMOLOGIA COSMOVISÃO Sistema Diagnóstico evolução, fase, origem, causa Dinâmica vital (fisiologia) Sist. Terapêutica - intervenção
21 1) Morfologia humana (na biomedicina, anatomia), estrutura e forma de organização do corpo; 2) Dinâmica vital humana (na biomedicina,fisiologia), movimento da vitalidade, seu equilíbrio ou desequilíbrio no corpo, suas origens ou causas; 3) Doutrina médica - o processo saúde-doença, o que é a doença ou adoecimento, origens ou causas, o que é passível de tratar ou curar (na biomedicina, o que pertence ou não à clínica); 4) Sistema de diagnose - se há ou não um processo mórbido, sua natureza, fase e evolução provável, origem ou causa, 5) Sistema terapêutico - formas de intervenção adequadas a cada processo mórbido (ou doença) identificado pela diagnose. Cosmologia - embasa teórica e simbolicamente as outras Cinco; forma de cada cultura apreender, através da atribuição de sentido e significado, aquilo que existe e as formas de representar a sua realidade
22 O TEMOS NO SUS? PICs nos sistemas - CNES Fonte: SCNES, competência janeiro 2013.
23 PICs nos sistemas - CNES
24 PICs nos sistemas CNES Toda a rede
25 PICs nos sistemas CNES / SIA Fonte: CGAT/MS
26 PICs = preenchem lacunas do sistema biomédico, sustentam sentidos, significados e valores sociais diante do sofrimento, do adoecimento, como também do tratamento e da cura de doenças, distintos dos dominantes. Estes valores tendem a favorecer a autonomia das pessoas na busca de uma vida mais harmoniosa, isto é, equilibrada mental e fisicamente, menos competitiva ou agressiva, e mais solidária no plano familiar e social. Nascimento et al, Nenhuma racionalidade médica detém monopólio da integralidade Necessidade de uma pluralidade na assistência, de um trabalho interdisciplinar em saúde e da complementaridade entre os diversos saberes. NÃO É PRECISO FAZER ESCOLHAS EXCLUDENTES ENTRE UMA FORMA DE OLHAR E OUTRA, JÁ QUE AMBAS SÃO NECESSÁRIAS, DEPENDENDO DA ESPECIFICIDADE DA SITUAÇÃO DE ADOECIMENTO CADA CASO É UM CASO.
27 Quebra de preconceitos - Eu desmistifiquei alguns preconceitos que tinha. (Aluna 2) - Mesmo que eu nunca trabalhe com acupuntura ou homeopatia, se um paciente no futuro disser que deseja procurar uma dessas racionalidades, eu entenderei e não olharei com preconceito. (Aluno 3) - Você disse na pesquisa ano passado que a homeopatia não deveria ser introduzida na graduação, por quê? -Porque eu acho que não tem embasamento científico muito grande. - Você se baseia em alguma evidência para identificar esse ponto? -Experiência pessoal só, nenhuma evidência científica, nada disso. Experiência pessoal, dos meus pacientes.
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