Sessão Comemorativa aos 125 anos da Abolição da Escravidão no Brasil, realizada em 13 de maio de

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1 Sessão Comemorativa aos 125 anos da Abolição da Escravidão no Brasil, realizada em 13 de maio de Aos treze dias do mês de maio do ano dois mil e treze no Plenário ÁLVARO LOPES VIDAL, nesta cidade de Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro, em chamada única, às dezoito horas, assumiu a Presidência da Mesa dos Trabalhos o Vereador EDSON BATISTA, que convidou o Presidente da Academia Campista de Letras, Dr. HÉLIO DE FREITAS COELHO, a Sra. SYLVIA PAES - Professora, Historiadora e Pesquisadora, a Sra. CLÉA LEOPOLDINA ALMEIDA - Professora de História e Pesquisadora - SEMEC, a Sra. JEANE RANGEL - SEMEC - representando a Secretária JOILZA RANGEL, Sra. SUELI VASCONCELOS - Academia Pedralva de Letras e Sr. VILMAR RANGEL - Academia Campista de Letras, para comporem a Mesa dos Trabalhos. Em seguida foram executados os Hinos a Campos dos Goytacazes e Nacional Brasileiro. Retomando a palavra EDSON BATISTA após a saudação inicial disse que hoje estamos resgatando a nossa cultura, em busca de uma sociedade mais justa e fraterna. Prosseguindo disse que esta Colenda Câmara sente-se honrada em ter firmando parceria com a ACADEMIA CAMPISTA DE LETRAS, em todas nossas atividades culturais. Nesse momento reverenciamos as figuras de JOSÉ DO PATROCINIO e CARLOS DE LACERDA, ícones do processo de abolição no Brasil. Relatando disse que setenta anos antes da mesma a Inglaterra já preconizava esse comércio. Ou seja, a extinção do tráfico negreiro em 1850 foi um primeiro passo para a extinção da escravatura, embora o tráfico permanecesse em várias partes do litoral brasileiro, inclusive na Região dos Lagos. A partir de 1870, o Brasil começou a importar imigrantes estrangeiros, para substituir a mão-de-obra-escrava. Em 1871, a Lei do Ventre Livre libertava os filhos de escravos. E, em 1885, foi aprovada a Lei dos Sexagenários, que beneficiava os escravos com mais de 65 anos, uma das mais violentas leis da época. Hoje Campos dos Goytacazes tem mais de cem mil excluídos, temos que criar mecanismos para que tal exclusão se extinga nos dias de hoje... Clamamos

2 por uma sociedade voltada para as necessidades humanas, com a criação de um sistema que vise atender a necessidade do homem, ou seja, de cada grupo social. Para as considerações finais disse que mesmo assim a LEI ÁURÉA foi uma conquista popular, foi a primeira mobilização nacional da opinião pública, na qual participaram políticos, intelectuais, funcionários públicos, comerciantes, jornalistas, advogados, libertos, espíritas, liberais e conservadores - com larga vantagem : 83 parlamentares votaram a favor e apenas 9 foram contra. Porque a LEI ÁUREA não se exterminará hoje, eis a grande verdade, mas vamos lutar para que tal situação seja revertida, em nossa sociedade. Usando da Tribuna o Presidente da ACADEMIA CAMPISTA DE LETRAS, Dr. HÉLIO DE FEITAS COLEHO, após a saudação inicial disse que essa data se traduz em ATITUDES, ASSEMBLÉIAS POPULARES, ATITUDES DE SERVIDÃO e FINAL DA ABOLIÇÃO... Hoje todos aqui presentes estão participando dessa celebração que resgata o movimento de resgate de longo período de nossa história, porque a ESCRAVIDÃO é muito mais complexa do que se pode imaginar... Portanto todos nós fazemos parte desse contexto, e temos a COSNCIÊNCIA SOCIAL que está intimamente ligada a ARTICULAÇÃO, FIO CONDUTOR e COMPREENSÃO. Qual a visão dos colonizadores da época? Não existia mão-de-obra para a realização de trabalhos manuais. Diante disso, eles procuraram usar o trabalho dos índios nas lavouras; entretanto, esta escravidão não pôde ser levada adiante, pois os religiosos se colocaram em defesa dos índios condenando sua escravidão. Qual a solução para os portugueses que estavam iniciando a colonização do Brasil? Eles foram buscar na África para submetê-los ao trabalho escravo em sua COLÔNIA. E diante do exposto temos o advento dos escravos no Brasil Colônia. A partir de então passamos a vivenciar um processo para resgatar as complexidades da escravidão, hoje a visão é outra, temos um processo que está sendo mapeada, a produção da política que resgatou essa dívida, sem a vulgaridade de exploração... Relatando com tenacidade disse que o Brasil é um país que avança... O Quartel General da Abolição... Quantas vidas ceifadas... Para que hoje cada brasileiro tenha sua dignidade... Hoje temos

3 uma nova Câmara, voltada para a cultura de Campos dos Goytacazes, porque a atividade plenária é muito significante... Hoje temos uma Câmara mais participativa, com a nova elaboração da LEI ORGÂNICA MUNICIPAL. Portanto estamos diante de interação e a democracia participativa é muito ampla. Continuando disse que a LEI ÁUREA tem um significado mais profundo, ela foi um avanço insuficiente... Porque não instituiu a libertação dos valores sociais, éticos, morais e nem tão pouco os culturais. Finalizando disse que no dia vinte de novembro comemoramos o Dia da Consciência Negra - ZUMBI DOS PALMARES... Que reflete a insensatez da classe dominante, a corrente da razão, da vivência, emoção e paixão dessa raça em nossa sociedade... Nossa instituição literária está comemorando setenta e quatro anos de fundação, sendo assim vamos pensar com entusiasmo, mas sem ufanismo... A beleza de sermos brasileiros, desejando um futuro bonito para todos, porque existem HOMENS e MULHERES fazendo a história da SOCIEDADE BRASILEIRA e temos o dever de criarmos uma hegemonia pautada para a LIBERDADE... Usando da palavra a Sra. CLÉA LEOPOLDINA ALMEIDA - Professora de História e Pesquisadora - SEMEC, disse que nossa terra, passa por uma aflição antiga... Apesar dos esforços a população negra ainda é estigmatizada no processo de estratificação social. Prosseguindo disse que na década de oitenta o Brasil assume a DEMOCRACIA RACIAL, mas se voltarmos a partir da década de 1930 o tema escravidão no Brasil passou a ser estudado de maneira mais enfática. Já na década de oitenta temos o advento de várias pesquisas e teses, abordando o ESCRAVO... Mas o Brasil é um país racista, temos uma variedade de raças e culturas, como por exemplo, a população negra, a mulata, parda, dentre outras. Prosseguindo disse que aqui não houve evolução no assunto em tela, vivemos num extremo estado de pobreza e tudo isso causa um grande impacto, como reverter, tal situação? Olha o retrato social da população negra em nossos dias: O número de desempregados é maior entre homens e mulheres negros; Entre homens e mulheres negros o número de desempregados maior é o das mulheres negras; Os negros são também maioria entre os trabalhadores que ocupam as posições mais

4 vulneráveis do mercado de trabalho; Os negros entram mais cedo do que os brancos no mercado de trabalho e são os últimos a sair e a jornada de trabalho dos negros é de uma a duas horas mais longa do que a dos brancos em todo o país. Relatando disse que boa parte de tal raça se faz presente no magistério, como também nas atividades que carecem de força física e após 125 anos como vive a população negra na sociedade brasileira? Hoje estamos diante de questionamentos impostos, assistencialismo, temos o Estatuto 12.88/2010, a Lei das Cotas e qual foi o grande avanço do negro, na sociedade brasileira? Para as considerações finais disse que 13 de Maio não é apenas um marco para a conscientização legal, é a legislação certa para a classe certa e ser livre é sentir-se livre e capaz de alçar desejos e sonhos... Em seguida houve a exibição de alunas de várias da rede municipal de ensino, que retrataram com altivez e tenacidade a herança da cultura negra e em especial o QUILOMBO DE CADA DIA elaborado pela ESCOLA SANTA TEREZINHA, de BAIXA GRANDE. Em seguida o Sr. VILMAR RANGEL, responsável pelo Cerimonial dessa sessão comemorativa e representando a Academia Campista de Letras usou da palavra com brilhantismo e seriedade, a respeito de JOSÉ DO PATROCINIO, nascido em Campos dos Goytacazes, um dos pólos escravagistas da sociedade brasileira, mudou-se para o Rio de Janeiro onde formou em Farmácia. Em 1875, porém, descobriu a verdadeira vocação, a de jornalista. Dono de um texto requintado e viril assinava o pseudônimo de PROUDHON, que se tornou um articulista famoso em todo o país. Relatando disse que o mesmo conheceu a PRINCESA ISABEL, fundou seu diário, a GAZETA DA TARDE virou o TIGRE DO ABOLICIONISMO. Em maio de 1883, criou junto com André Rebouças, uma confederação unindo todos os clubes abolicionistas do país. A revolução se iniciara. E a revolução se chama PATROCINIO, diria Joaquim Nabuco. A campanha existiu por dez anos... Após assinatura da Lei Áurea, veria sua carreira ir ladeira abaixo. Seu novo jornal A Cidade do Rio (fundado em 1887), virou porta - voz da monarquia - em tempos republicanos. José do Patrocínio foi acusado de estimular a formação da GUARDA NEGRA, um bando de escravos libertos que agiam com

5 violência nos comícios republicanos. Continuando disse que em 1889, aderiu ao movimento republicano: tarde demais para agradar aos adeptos do novo regime, mas ainda em tempo para ser abandonado pelos ex-aliados. José do Patrocínio foi exilado na Amazônia. RUI BARBOSA O DEFENDEU, num texto vigoroso: QUE SOCIEDADE É ESSA, CUJA CONSCIÊNCIA MORAL MERGULHA EM LAMA, AO MENOR CAPRICHO DA FORÇA DE SUA ADMIRAÇÃO? Em 1893 voltou ao Rio de Janeiro, mas seu jornal foi fechado... Para as considerações finais disse que no dia 29 de janeiro de 1905, ele partiu e deixou seu legado na história da sociedade brasileira, em especial nos períodos do Império e da República do Brasil. Foi o Tigre da Abolição, um campista que lutou com afinco pela liberdade de sua raça, preto, pequeno e plebeu, ele carregava a estigma da letra p em sua vida. Mas rompeu tais estigmas, um predestinado das causas sociais, sofreu calúnias e ofensas, mas lutou pelos seus ideais e hoje é nome que faz parte da história de Campos dos Goytacazes, em especial do processo da abolição e republicano, da cidade do Rio de Janeiro. Usando da palavra o Dr. FERNANDO DA SILVEIRA - Vice - Presidente da Academia Campista de Letras usou da palavra e exaltou a beleza dessa sessão comemorativa aos 125 de da Abolição da Escravidão no Brasil, nesta Casa de Leis de tantas tradições. Retomando a palavra o Presidente EDSON BATISTA disse que agradecemos a presença de todos e a Câmara de Vereadores escreve com tenacidade, mais uma página dos seus 360 anos de existência. A reunião foi encerrada, às dezenove horas e trinta minutos, e para constar, eu ÁLVARO DE CARVALHO BARROS, Redator de Atas deste Poder Legislativo, redigi e lavrei a presente Ata que vai assinada por mim e pelos demais membros da Mesa Diretora dos Trabalhos.-