Ciclo Orgânico Sustentável

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1 SPDM - Associação Paulista Para Desenvolvimento da Medicina HRA Ciclo Orgânico Sustentável Autores: Danielle Machado Gomes Juliana Damiani Thiago Augusto Bratti Souza (48) gestaoambientalhra@spdm-pais.org.br

2 SPDM - Associação Paulista Para Desenvolvimento da Medicina HRA Ciclo Orgânico Sustentável Autores: Danielle Machado Gomes Juliana Damiani Thiago Augusto Bratti Souza Agradecimentos: Ana Maria Dantas de Almeida Rita de Cássia Prêmoli Ana Lúcia Soares Marcia Scarabelot Hübe Alírio Manoel Silvério Stalter Roberto Elias Farias (48) gestaoambientalhra@spdm-pais.org.br

3 1. Introdução SPDM - Associação Paulista Para o Desenvolvimento da Medicina Na busca pelas melhores práticas ambientais, em consonância com a necessidade de atendimento à legislação vigente, o (HRA) desenvolveu um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde (PGRSS) construído de acordo com a RDC ANVISA nº 306/04 e a Resolução CONAMA nº 358/05. O Gerenciamento dos Resíduos de Serviço de Saúde (GRSS) constitui-se em um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas, técnicas, normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando a proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde, dos recursos naturais e do meio ambiente. Todos os resíduos gerados em quaisquer atividades sejam elas industriais, comerciais, serviços de saúde ou residenciais, necessitam de uma área para a sua destinação após tratamento final adequado. De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (lei nº /2010), RDC 306/2004 e CONAMA 358/2005 todos os geradores de resíduos são responsáveis de forma direta e indireta pelo gerenciamento e destinação final adequada de seus resíduos, evitando desta forma problemas e agravos ao meio ambiente e à saúde pública. Os resíduos gerados pelo são classificados em duas subcategorias sendo Resíduos Perigosos: infectantes, perfurocortantes e químicos; e Resíduos Não Perigosos: comuns, orgânicos e recicláveis. Os resíduos orgânicos recebem uma atenção especial no HRA, pois são parte integrante de um ciclo onde são segregados e encaminhados a processo de compostagem, a fim de ser reaproveitado e reinserido no processo, por meio da produção de insumos para a horta orgânica do hospital. 2. Objetivo O programa visa proporcionar uma destinação alternativa adequada aos resíduos orgânicos provenientes preparo da alimentação ofertada aos pacientes, acompanhantes e funcionários por meio de compostagem e reinserção dos insumos desse processo na horta orgânica. 3. Desenvolvimento Os resíduos não perigosos gerados no (HRA) são subdivididos em Recicláveis e Não Recicláveis. Os resíduos recicláveis são segregados de acordo com sua tipologia em duas partes, Sólidos recicláveis e Orgânicos que são encaminhados para um processo denominado compostagem. A compostagem consiste em um processo biológico em que os microrganismos transformam a matéria orgânica em um material semelhante ao solo que pode ser utilizado como adubo orgânico. Nada diferente do que a natureza já realiza a bilhões de anos desde que surgiram os primeiros microorganismos decompositores.

4 Até setembro de 2014 os resíduos orgânicos eram encaminhados em sua totalidade para a compostagem realizada no HRA, a partir dessa data passaram a receber dois encaminhamentos diferentes, Compostagem Interna e Compostagem Externa. Os resíduos orgânicos destinados à compostagem externa são constituídos por sobras de alimentos cozidos, processados, assados bem como resto de qualquer tipo de alimentação não contaminada que acabam interferindo negativamente no processo. Por esse motivo são encaminhados para uma empresa terceirizada onde a compostagem é realizada em ambiente mais apropriado para receber e processar esse resíduo sem impactar negativamente o meio ambiente. Os orgânicos destinados à compostagem interna são sobras de hortaliças, cascas de verduras, borra de café, cascas de ovos, cascas de vegetais e outros alimentos vegetais crus, denominados matéria verde. Esses resíduos são encaminhados para uma área específica afastada do prédio principal do hospital onde a compostagem é realizada em um ambiente apropriado. Além da matéria verde utiliza-se também aparas de gramas, folhas secas, serragem e outros materiais ricos em carbono denominados matéria marrom, onde intercalados com a matéria verde formam as leiras ou pilhas de compostagem. O produto final originado na compostagem é um adubo orgânico, rico em substancia húmicas e nutrientes minerais. A produção desse adubo orgânico é inteiramente natural sem adição de produtos químicos e depois de pronto é utilizado na adubação dos canteiros da Horta Orgânica do próprio hospital. A Horta Orgânica do HRA é outro programa beneficiado pelo ciclo orgânico sustentável, pois recebe o adubo orgânico produzido na compostagem e serve para enriquecer a terra dos canteiros de produção. Os produtos da horta orgânica são alimentos livres de agrotóxicos, sem adição de fertilizantes e/ou adubos químicos industrializados. A manutenção da horta é realizada diariamente por funcionário do setor Gestão Ambiental com plantio, rega, limpeza dos canteiros, colheita das hortaliças e higienização primária antes de entregar no setor de destino. A produção é destinada ao Serviço de Nutrição e Dietética (SND) onde compõe o cardápio e preparo da alimentação de todos os usuários do hospital, incluindo os funcionários, pacientes e acompanhantes. Em suma, a compostagem é um procedimento considerado de grande relevância ao meio ambiente, tendo em vista que da uma destinação alternativa aos resíduos gerados, o processo em si reduz a pressão dos resíduos sobre os aterros sanitários, reduz a emissão de poluentes no transporte, evita a geração de subprodutos tóxicos e gás metano, reduz os custos para aquisição de insumos, além dos benefícios sociais como a produção de fertilizantes naturais sem o uso de produtos químicos e tem potencial para promover e gerar renda local. 4. Resultados Obtidos Com o Ciclo Orgânico Sustentável conseguimos alcançar uma série de resultados benéficos às três esferas da sustentabilidade (Ambiental, Social e Econômico), por meio da destinação alternativa de resíduos compostáveis, diminuição da ocupação de espaço físico em aterros, diminuição de potencial

5 poluidor de ar, água e solo, diminuição do custo financeiro com compra de insumos para a organização, economia de compra de adubo orgânico para a horta. A geração de resíduos orgânicos compostáveis é variável em função de vários fatores como o número de refeições servidas aos usuários, que é diretamente proporcional ao número de atendimentos realizados na instituição. Levando em consideração também os seus acompanhantes (quando houver) e número de funcionários usuários do refeitório. Outros fatores também contribuem para a oscilação das quantidades, por exemplo o cardápio, a espessura das cascas, qualidade dos alimentos entre outros. As quantidades mensais desses resíduos são registradas em forma de indicadores onde é possível estabelecer um comparativo conforme figura 1, apresentando as quantidades mensais de resíduos destinados à compostagem nos anos 2014 e 1º semestre de , ,00 Resíduos Orgânicos Compostados (Kg) 1.500, , ,00 0,00 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Figura 1. Quantidade de resíduos orgânicos destinados a compostagem no HRA 2014/2015. Na figura acima é possível verificar diferença nas quantidades geradas entre meses do primeiro semestre de 2014 e o mesmo período em Essa diferença ocorreu pois até o mês de setembro de 2014 todos os resíduos orgânicos era enviados para compostagem, com exceção das carnes, peles e ossos, todo o restante das sobras de alimentação, inclusive cozidos e assados, eram destinadas ao mesmo processo. Contudo, em Agosto de 2015 a segregação de resíduos compostáveis foi reavaliada, pois era frequente a presença de animais no pátio de compostagem atraídos pelos restos de alimentos cozidos, o processo era lento, existia forte odor característico tornando um ambiente propício e atrativo à vetores. Frente à isso, passamos a selecionar os materiais destinados à compostagem, excluindo as comidas cozidas, cascas de laranja e melancia, arroz e outros, sendo destinado ao processo apenas a matéria verde. Consequentemente não mais detectou-se presença de animais, vetores ou odor. As quantidades totais de resíduos compostados no HRA, conforme mencionado anterioemente sofre variações durante o período analisado e estão representadas na figura a seguir, juntamente com a estimativa de geração até o final do ano.

6 Quantidade total de anual de resíduos compostáveis (Kg) Estimativa Geração Real Ano 2014 Ano 2015 Figura 2: Quantidade total anual de resíduos compostáveis gerados no HRA e estimativa de geração para segundo semestre de De Janeiro de 2014 até junho de 2015 foi possível destinar adequadamente mais de 21 toneladas de resíduos orgânicos, conforme verificado na Figura 2. Estima-se que sejam produzidos Kg de resíduos orgânicos até final do ano de 2015, levando em consideração o andamento atual dos processos e sem que haja intercorrências significativas no decorrer desse período. Vale ressaltar que apesar de o processo de compostagem necessitar de resíduos orgânicos como insumo principal, gerar resíduos orgânicos não é um dos objetivos do Programa de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde (PGRSS) no. Os processos geradores de resíduos sejam eles perigosos ou não perigosos, todos são gerenciados com foco voltado para diminuição de geração. A compostagem é apenas uma destinação alternativa ambientalmente adequada para parte dos resíduos orgânicos gerados em um equipamento de saúde. A partir da compostagem o adubo orgânico resultante do processo é destinado à horta orgânica, onde são produzidos as hortaliças que abastecem a cozinha do hospital. De acordo com os indicadores de produção da horta, podemos verificar a sua produção mensal na tabela a seguir, sendo dividida de acordo a unidade de medida mais convencional para cada hortaliça, unidade (un), peso (Kg) ou molhos. As quantidades registradas seguem conforme quadro abaixo: Quadro 1: Produção anual da horta orgânica do HRA Hortaliças Abóbora 0 2 Kg Abobrinha Italiana 38 Kg 8 Kg Agrião 28 molhos 0 Alface un un Berinjela 6,4 Kg 0 Beterraba 44 Kg 0 Cenoura 64,6 Kg 0 Chicória 971 un 0 Chuchu 77,5 Kg 70,2 Kg Couve Manteiga 786 molhos 870 molhos Couve Chinesa 437 un 10 un Espinafre 364 molhos 0

7 Hortelã 0 68 molhos Melancia 38,4 Kg 0 Milho Verde 0 25 Kg Pepino 0 8,3 Kg Rabanete 179,9 Kg 19,2 Kg Rúcula 821 molhos 825 molhos Tempero Verde molhos molhos De acordo com a tabela acima verificamos que a produção da horta em todo o período analisado supriu uma grande quantidade de produtos evitando que os mesmos fossem comprados de um fornecedor, o que reflete em economia para a organização. Foi realizado uma pesquisa com 3 fornecedores diferentes para esse produto a fim estimar aproximadamente, em valores monetários, a economia obtida evitando a compra desses produtos listados no quadro 1. Desconsiderando gastos adicionais como compra de sementes e mudas de hortaliças além de água e mão de obra. Quadro 2: Relação estimada de custos de produtos. Hortaliças Total Valor médio dos 3 fornecedores Economia Geral Abóbora 0 2 Kg 2 Kg R$ 3,30 R$ 6,60 Abobrinha Italiana 38 Kg 8 Kg 46 Kg R$ 3,40 R$ 156,4 Agrião 28 mo 0 28 mo R$ 1,89 R$ 52,92 Alface un un un R$ 1,40 R$ 9.627,00 Berinjela 6,4 Kg 0 6,4Kg R$ 3,72 R$ 23,81 Beterraba 44 Kg 0 44 Kg R$ 1,67 R$ 73,48 Cenoura 64,6 Kg 0 64,6 Kg R$ 1,92 R$ 124,03 Chicória 971 un un R$ 2,80 R$ 2.718,80 Chuchu 77,5 Kg 70,2 Kg 147,7 Kg R$ 1,83 R$ 270,29 Couve Manteiga 786 mo 870 mo mo R$ 1,68 R$ 2.782,08 Couve Chinesa 437 un 10 un 447 un R$ 1,85 R$ 826,95 Espinafre 364 mo 0 36,4 mo R$ 2,50 R$ 91,00 Hortelã 0 68 mo 68 mo R$ 1,30 R$ 88,4 Melancia 38,4 Kg 0 38,4 Kg R$ 1.65 R$ 63,36 Milho Verde 0 25 Kg 25 Kg R$ 3,50 R$ 87,5 Pepino 0 8,3 Kg 8,3 Kg R$ 2,80 R$ 23,24 Rabanete 179,9 Kg 19,2 Kg 199,1 Kg R$ 2,97 R$ 591,32 Rúcula 821 mo 825 mo mo R$ 1,42 R$ 2.337,32 Tempero Verde mo mo mo R$ 1,42 R$ 5.701,3 Total ,65 Dessa forma pode-se concluir que todo o ciclo resulta em benefício, desde uma destinação alternativa de resíduos, que preserva o meio ambiente evitando poluição e desequilíbrio ambiental, até economia financeira pela produção própria.

8 5. Itens opcionais SPDM - Associação Paulista Para o Desenvolvimento da Medicina Figura 3: Pilhas de compostagem realizada no Figura 4: Funcionário da Gestão Ambiental com hortaliça produzida na Horta Orgânica do

9 Figura 5: Produtos da Horta Orgânica no expostos no almoço oferecido aos funcionários do Figura 6: Vista parcial da Horta Orgânica do