UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE
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- Bruno Dias Delgado
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1 9 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE MENSURAÇÃO PARAMÉTRICA DE CAPITAL DE GIRO POR PRODUTO Janilce de Oliveira Orientador Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves Rio de Janeiro 2006
2 10 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE MENSURAÇÃO PARAMÉTRICA DE CAPITAL DE GIRO POR PRODUTO Monografia apresentada no Curso de Pós Graduação, como requisito parcial para a obtenção de especialização em Auditoria e Controladoria, sob orientação do Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves pela autora Janilce de Oliveira. Rio de Janeiro 2006
3 11 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por me conceder a saúde e a força necessária para a realização deste trabalho. A vocês, que me deram a vida e ensinaram a vivê-la com dignidade, não bastaria um obrigado. A vocês, que iluminaram os caminhos obscuros com afeto e dedicação para que os trilhássemos sem medo e cheios de esperanças, não bastaria um muito obrigado. A vocês, que se doaram inteiros e renunciaram aos seus sonhos, para que, muitas vezes, pudéssemos realizar os nossos, não bastaria um muitíssimo obrigado. A vocês, pais por natureza, por opção e amor, não bastaria dizer, que não tenho palavras para agradecer tudo isso. Mas é o que acontece agora, quando procuro sofregamente uma forma verbal de exprimir uma emoção ímpar. Uma emoção que palavras dificilmente traduziriam. Às minhas irmãs e familiares, que sempre me apoiaram nas horas difíceis de minha vida, dando muita força e conselho para continuar nesta jornada. Aos colegas que estiveram presentes na minha caminhada. Um dia surgem amigos. E ficam àquelas pessoas que, quando deveriam ser simplesmente professores, foram mestres; que, quando foram mestres, foram amigos e em sua amizade me compreendeu e me incentivou a seguir meu caminho. A vocês, Professores, sobretudo porque souberam ouvir com o coração, o que representa o maior gesto de acolhimento. Pelos momentos de dedicação e apoio nessa jornada anual.
4 12 DEDICATÓRIA Aos meus pais, irmãs, familiares e amigos que contribuíram para o meu crescimento profissional.
5 13 RESUMO Capital de Giro é a forma da empresa manter-se nova dentro do mercado, já que ele determinará a capacidade da empresa em honrar os seus compromissos perante seus credores. As empresas podem ter capital de giro próprio ou mantido por recursos de terceiros. Este é um instrumento delicado, pois por determinar a saúde financeira imediata da empresa, merece uma atenção especial por parte dos administradores financeiros. Então, antes de decidir qual a estratégia a ser adotada em relação à evolução do capital de giro, as empresas devem, primeiramente, prever como a necessidade de capital de giro deverá evoluir nos próximos anos. Uma vez prevista esta evolução, a empresa, dependendo do nível de risco que deseja assumir, determinará a estratégia de sua evolução. O fluxo de caixa representa uma fonte de recursos para pagar os juros, impostos e dividendos, sendo o restante aplicado no crescimento do ativo, isto é, nos investimentos. E para que a empresa sustente o ritmo de crescimento dos seus investimentos será necessário que o fluxo de caixa disponível para investimentos aumente na mesma proporção que a taxa de inflação, aumentando a taxa de crescimento nominal das vendas, pois o efeito da inflação gerará numa redução do fluxo de caixa líquido produzido pela empresa, reduzindo sua capacidade de autofinanciar seu crescimento. Uma redução substancial das vendas em períodos de recessão econômica pode ameaçar seriamente a liquidez das empresas que apresentam uma estrutura financeira inadequada, forçando-as, até mesmo, a encerrar suas
6 14 atividades. E enquanto a necessidade de capital de giro aumenta, o capital de giro diminui, reduzindo conseqüentemente o saldo de tesouraria. Portanto, para garantir o equilíbrio financeiro, a empresa deve assegurar-se de que o aumento do capital de giro seja compatível com o aumento da necessidade de capital de giro, de tal forma que o saldo de tesouraria não se torne excessivamente negativo, o que poderá provocar a falência. A mensuração paramétrica de capital de giro por produto vem para facilitar a análise de como estão as finanças da empresa, tomando por base parâmetros mensuráveis, podendo rapidamente e com segurança verificar como está o capital de giro da empresa e achar uma forma de melhorá-lo. Esta análise individual baseada na margem de contribuição é muito utilizada pela contabilidade gerencial, pois permite determinar quais produtos estão gerando mais ou menos lucros para a empresa.
7 15 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 09 CAPÍTULO I 12 MÚLTIPLAS VISÕES DO CAPITAL DE GIRO Tipos de Capital de Giro Necessidades do Capital de Giro Necessidade de capital de giro em empresa industrial Necessidade de capital de giro na empresa industrial e comercial Necessidade de capital de giro na empresa prestadora de serviços Fontes de financiamento das necessidades de capital de giro Commercial paper Factoring Securitização de recebíveis Debêntures Cheque pré-datado Vendor Compror Sistema BNDES Sale lease-back Lei nº 4131 e Resolução nº Export note Forfaiting Pagaré AAC/ ACE Finamex 53
8 Mercado de opções Outros produtos bancários Hot money Desconto de duplicatas A Importância do Capital de Giro para a Gestão Empresarial A Importância do Capital de Giro para a Tesouraria 58 CAPÍTULO II 62 ELEMENTOS ESSENCIAIS DO CAPITAL DE GIRO 62 CAPÍTULO III 66 FLUXO DE CAIXA Fluxo de Caixa interagindo com o Capital de Giro 66 CAPÍTULO IV 69 MENSURAÇÃO PARAMÉTRICA DO CAPITAL DE GIRO POR PRODUTO 69 CONCLUSÃO 77 BIBLIOGRAFIA 79 ANEXO 81 ÍNDICE 84 ÍNDICE DE TABELAS 86 ÍNDICE DE GRÁFICOS 87
9 ÍNDICE DE FIGURAS 88 17
10 18 INTRODUÇÃO O termo capital de giro teve origem com os antigos mascates (vendedores ambulantes) ianques (EUA), que carregavam suas carroças com mercadorias e percorriam suas rotas vendendo seus artigos. A mercadoria era chamada de capital de giro porque era o que o mascate vendia ou girava, para produzir seus lucros. A carroça e o cavalo eram seus Ativos Fixos. Como o mascate em geral era proprietário da carroça e do cavalo, estes eram financiados com recursos próprios, mas os fundos para comprar as mercadorias costumavam, ser provenientes de empréstimos. Esses empréstimos eram chamados de empréstimos de capital de giro e tinham quer ser liquidados a cada viagem, para demonstrar ao banco que o crédito do mascate era bom. Se o comerciante itinerante conseguia pagar o empréstimo que tinha tomado, então o banco lhe fornecia outro empréstimo. O Capital de Giro é um conjunto de necessidades de recursos financeiros representado pelos elementos patrimoniais, absolutamente indispensáveis ao funcionamento de uma empresa, observadas suas condições técnicas, as políticas financeiras e de vendas prevalecentes no mercado onde está inserida. A administração do capital de giro constitui um processo de planejamento e controle dos recursos financeiros aplicados no ativo circulante das empresas, porém esses recursos provêm de diversas obrigações a vencer em curto prazo, representadas no passivo circulante, e do excedente das exigibilidades de longo prazo e do patrimônio liquido em relação aos ativos não circulantes. A gestão do capital de giro é extremamente dinâmica exigindo a atenção diária dos executivos financeiros. Qualquer falha nesta área de atuação poderá comprometer a capacidade de solvência da empresa e/ou prejudicar a sua rentabilidade.
11 19 O capital de giro representa, em média, 30 a 40% do total dos ativos de uma empresa, tendo o capital permanente um peso maior sobre o total dos ativos, atingindo entre 60 e 70%. Apesar de sua menor participação sobre o total dos ativos da empresa, o capital de giro exige um esforço do administrador financeiro maior do que aquele requerido pelo capital fixo. O capital de giro precisa de acompanhamento permanente, pois está continuamente sofrendo o impacto das diversas mudanças enfrentadas pela empresa. Já o capital fixo não exige atenção constante, uma vez que os fatos capazes de afetá-lo acontecem com uma freqüência bem menor. Boa parte dos esforços do administrador financeiro é canalizada para resolução de problemas de capital de giro - formação e financiamento de estoques, gerenciamento do contas a receber e administração de déficits de caixa. Nesta luta para sobreviver, a empresa acaba sendo arrastada pelos problemas de gestão do capital de giro e tende a sacrificar seus objetivos de longo prazo. Os empresários conhecem bem este fenômeno, boa parte de seu tempo é consumido "apagando incêndios" (solucionando problemas), onde o foco mais perigoso reside no capital de giro. Este assunto requer uma análise cuidadosa e contínua em diversas visões (sob vários aspectos) por parte dos profissionais das áreas: financeira e contábil. A pesquisa objetiva a apresentação de conceitos, as múltiplas visões que existem sobre capital de giro mostrando seus elementos e suas interações com o fluxo de caixa, a fim de apresentar o procedimento a ser utilizado para a mensuração do capital de giro por produto, diferentemente de como é mensurado tradicionalmente partindo de grupos ou contas contábeis.
12 20 Entretanto, além de mostrar uma nova fórmula de cálculo do Capital de Giro para ampliar metodologias para tomada de decisões na área financeira, tem também por objetivo incorporar o modelo à Contabilidade Gerencial.
13 21 CAPÍTULO I MÚLTIPLAS VISÕES DO CAPITAL DE GIRO O capital de giro é visto de diversas formas, indo desde exemplos simplistas, passando por algumas tecnicamente mais bem elaboradas, até desaguar em conclusões mais exóticas. Mas, não há discordância abusiva entre as opiniões dos autores, porém colocações de forma diferenciada. Como definições simplistas pode-se citar aquelas que consideram o capital de giro simplesmente como a soma dos itens do Ativo Circulante. Os autores que sustentam esta definição dão ênfase ao aspecto de curto prazo dos recursos disponíveis para a sustentação das atividades operacionais das empresas. As definições mais bem elaboradas são aquelas que evidenciam uma dinâmica operacional da empresa face às entradas e saídas de recursos. Já os autores desse grupo entendem capital de giro como sendo a dinâmica dada pela subtração dos recursos de curto prazo do Ativo Circulante pelo Passivo Circulante. De certa forma todos os autores reconhecem esta dinâmica identificando-a como Capital de Giro Líquido ou pelo nome de Capital Circulante Líquido (CCL). Estudos revelaram que o caso mais famoso de conceito exótico de capital de giro foi feito por um dirigente do mercado financeiro, onde o mesmo julgou que capital de giro era igual à diferença entre o total do Patrimônio Líquido e o Ativo Permanente.
14 22 A seguir, observa-se alguns conceitos de capital de giro, visto por diferentes definições segundo alguns autores: Sanvicente relata que... capital de Giro pode ser chamado de ativos correntes, ativos circulantes, ou capital de giro. Em geral esses ativos compreendem os saldos mantidos por uma empresa nas contas Disponibilidades, Investimentos Temporários, Contas a Receber e Estoques de matérias-primas, mercadorias para venda, produção em andamento e produtos acabados... (1997, p.120) Assaf Neto & Silva define que o termo giro refere-se aos recursos correntes (curto prazo) da empresa, geralmente identificados como aqueles capazes de serem convertidos em caixa no prazo máximo de um ano... O capital de giro ou capital circulante é representado pelo ativo circulante, isto é, pelas aplicações correntes, identificadas geralmente pelas disponibilidades, valores a receber e estoques. Num sentido mais amplo, o capital de giro representa os recursos demandados por uma empresa para financiar suas necessidades operacionais identificadas desde a aquisição de matérias-primas (ou mercadorias) até o reconhecimento pela venda do produto acabado. (2002, p ) Já com uma nova visão, Solomon (1997) relata que o termo capital de giro é freqüentemente usado em referência aos Ativos Correntes da empresa e por capital de giro líquido entende-se a diferença entre Ativos e Passivos Correntes. (1997, p. 28)
15 23 Segundo Gitman, capital de giro refere-se aos ativos circulantes que sustentam as operações do dia-a-dia das empresas, por sua vez, os ativos circulantes denominados capital de giro ou capital circulante, representam a parcela do investimento que circula de uma forma a outra, durante a condução normal dos negócios. Essa idéia compreende a transição periódica de caixa para estoques, destes para duplicatas a receber e de volta para caixa, que compõe o ciclo operacional da empresa. (1997, p.619) Entretanto, o conceito de capital de giro deve traduzir tecnicamente e contabilmente a capacidade da empresa em determinado momento de saldar suas obrigações. Neste sentido o capital de giro é um conceito estático, enquanto que a capacidade de pagamento é dinâmica. Dessa forma as relações do capital de giro são inúmeras e pode-se até dizer que muitas ainda não são conhecidas. 1.1 Tipos de Capital de Giro Quando relaciona-se os itens circulantes do balanço patrimonial (ativo e passivo), identifica-se três situações possíveis de capital de giro: Capital de giro nulo que é a relação em que o ativo circulante é igual ao passivo circulante, ou seja, os acontecimentos, bens e direitos conversíveis no prazo de até um ano são iguais às dívidas ou obrigações exigíveis no mesmo prazo.
16 24 Ativo Circulante Passivo Circulante ou seja, AC = PC Capital de giro próprio que é a relação em que o ativo circulante é maior do que o passivo circulante, ou seja, os acontecimentos, bens e direitos conversíveis no prazo de até um ano são maiores do que as dívidas ou obrigações exigíveis no mesmo prazo. Ativo Circulante Passivo Circulante ou seja, AC > PC Capital de giro de terceiros que é a relação em que o ativo circulante é menor do que o passivo circulante, ou seja, os acontecimentos, bens e direitos conversíveis no prazo de até um ano são menores do que as dívidas ou obrigações exigíveis no mesmo prazo. Ativo Circulante Passivo Circulante ou seja, AC < PC Segundo a rentabilidade real das aplicações como observa-se na tabela e no gráfico abaixo, quando examinada sob o aspecto de custo de
17 25 oportunidade do capital, provocará nas empresas os seguintes impactos em relação às posições de capital de giro: Tabela 1: Ganho médio real dos CDB versus Overnight médio deflacionado (% Mensal Médio) Ano Overnight 1 Ganho Real CDB Deflacionado ,10-2, ,40 2, ,60 2, ,60 1, ,40 2, ,80 2, ,13 1, ,00 0,74 Média 15,71 1,19 Fonte: (Di Agustini, 1999, p.30) 1 Aplicação de dinheiro para resgate no dia útil seguinte, isto é, juro primário da economia formado pela troca de reservas bancárias lastreadas em títulos públicos federais Taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) -, servindo de referência para as demais taxas de juros existentes no mercado.
18 26 Gráfico 1: Ganho médio real dos CDB versus Overnight médio deflacionado ( % ) 15 5 CDB Overnight Fonte: (Di Agustini, 1999, p.30) Nas empresas em que se utilizam de capital de giro próprio, as mesmas compararão o retorno real oferecido pelo mercado financeiro (rmf) versus o retorno obtido pelo lucro gerado pela sua operação (rop). Se o rmf for superior ao rop, a empresa tenderá a diminuir o seu nível de atividade para concentrar a maior quantidade possível de recursos nas aplicações financeiras, caso contrário, os investimentos em capital de giro estarão sendo direcionados à atividade operacional. Nas empresas em que se utilizam de capital de giro de terceiros serão observados gastos excessivos com a obtenção de capital de giro, provocado principalmente pelas taxas de juros, que precisarão ser repassadas para o preço do produto. No Brasil, não é raro encontrar empresas nas quais o custo do capital de giro se iguala ou ultrapassa os custos diretos (matéria-prima, embalagem, mão-de-obra, etc.) Pode-se ainda afirmar que o capital de giro negativo tem sido a causa de grande número de falências e concordatas face ao excesso de captação de recursos junto à terceiros. Além da questão dos juros, é de extrema
19 27 complexidade administrar os riscos do processo de indexação das receitas, do passivo e dos custos de uma empresa. 1.2 Necessidades do Capital de Giro O Ciclo Financeiro é que determina o volume de recursos necessários ao Capital de Giro tendo duas variáveis: uma positiva e outra negativa. A parte positiva do Ciclo Financeiro é composta pelas contas: Disponível, Estoques e Duplicatas a Receber. Elas mostram como são aplicados os recursos necessários ao Ciclo Financeiro da Empresa em questão. O somatório destas contas constitui aquilo que denomina-se necessidades de capital de giro ou simplesmente capital de giro. Para este volume de recursos aplicados no Ativo Circulante do Balanço, deverá necessariamente haver uma contrapartida do outro lado (Passivo), que mostrará claramente a origem destes recursos. Também esta contrapartida poderá ter duas origens: ou são Recursos Próprios ou são Recursos de Terceiros. Os Recursos de Terceiros aplicados como Cobertura do capital de giro, podem ser facilmente destacados pela verificação da Escrituração Contábil. Estes recursos aparecem geralmente sob as seguintes rubricas: Fornecedores Financiamento para Capital de Giro Desconto de Duplicatas Impostos a Pagar Obrigações Sociais a Recolher Títulos a Pagar Salários e Encargos a Pagar Outras Obrigações
20 28 Para obtermos o valor exato dos Recursos de Terceiros aplicados como Coberturas do capital de giro, devemos levar em conta dois aspectos importantes: a) todos os valores contabilizados no Passivo Circulante (PC) que digam respeito a compra de Ativos Permanentes (AP), como por exemplo: financiamento para compra de máquinas, veículos, etc., devem ser excluídos do volume de Recursos de Terceiros destinados a suprir as necessidades de capital de giro. Estes Recursos destinam-se especificamente à compra de Ativos Permanentes, obviamente, não podem ser considerados como Cobertura do capital de giro. b) todos os valores contabilizados na rubrica Empréstimo e/ou Financiamento para capital de giro, quer no Passivo Circulante quanto no Exigível a Longo Prazo, devem ser considerados como parte integrante das Coberturas do capital de giro. O valor é incorporado imediatamente ao Ciclo Financeiro da Empresa. A sua devolução é que se dará a Curto ou Longo Prazo, conforme o compromisso assinado. É importante destacar que todos os valores contabilizados que não fazem parte do Ciclo Financeiro normal de uma atividade, devem ser excluídos do cômputo do que denominamos capital de giro. De outra parte, se houverem valores contabilizados a Longo Prazo, que façam parte do Ciclo Financeiro de uma determinada atividade, deve incluí-los como parte integrante do conceito. As necessidades de capital de giro e as estratégias de gerenciamento variam entre diferentes tipos de empresas e indústrias. A composição dos ativos e passivos circulantes, assim como a relação entre os ativos circulantes e ativos totais também dependem da característica da empresa. Portanto, as necessidades de uma empresa de serviços de informática são diferentes
21 29 daquelas de uma empresa fabricante de computadores e, da mesma forma, uma empresa multidivisional por exemplo (com intensas operações de produção e também de distribuição) deve gerenciar as necessidades de capital de giro de cada unidade, separadamente. A necessidade de recursos de capital de giro de uma empresa é determinada em função de seus principais ativos e passivos circulantes operacionais ou de funcionamento, a saber: Tabela 2: Necessidade de recursos de capital de giro Ativo operacional (Aplicações ou usos) Contas a Receber Estoques Outros Passivo operacional (Fontes) Fornecedores Salários e encargos Impostos Fonte: (Di Agustini,1999, p. 52) Segundo Di Agustini, a necessidade líquida de capital de giro (NLGC) é a diferença entre o ativo operacional e o passivo operacional, ou seja, a diferença entre as aplicações ou investimento em capital de giro, estoques e financiamento de vendas (contas a receber) e os passivos ou financiamentos obtidos. (1999, p.52) A NLGC, própria ou de terceiros, de um determinado período, pode ser obtida através da exemplificação gráfica a seguir:
22 30 Gráfico 2: Necessidade líquida de capital de giro própria ou de terceiros $ NLCG SC Lucro* DF Vendas Fonte: (Di Agustini, 1999, p.52) SC = superávit de caixa disponível para aplicação operacional ou no mercado financeiro. DF = deficiência de caixa ou recursos que deverão ser financiados. * Lucro que permanece no caixa da empresa. Adequar o capital de giro às necessidades quantitativas e qualitativas poderá representar a diferença entre a liquidez e a insolvência, crucial na gestão do dia-a-dia da empresa, ou ainda, entre o lucro e o prejuízo, essencial para a manutenção dos negócios. Portanto a fonte de recurso mais saudável de capital de giro para a empresa deve ser oriunda de suas atividades operacionais, principalmente quando o fluxo operacional e financeiro permite formação de capital de giro próprio. Então, a necessidade líquida de capital de giro (NLGC) de uma empresa pode ser financiada através de dois grupos de fontes principais que são as internas e externas.
23 31 Figura 1: Fontes da NLGC: internas e externas Internas - lucros - rotatividade dos itens circulantes PMP > PMR - Sale lease-back Fontes Recursos Próprios Externas Recursos de Terceiros Fonte: (Berti, 1999, p.12) A seguir observa-se detalhadamente a necessidade líquida de capital de giro (NLCG) e suas fontes de financiamento, explicadas individualmente por suas alíneas. Tabela 3: Necessidade líquida de Capital de Giro e suas fontes de financiamento Ativo operacional (Aplicações ou usos) Contas a Receber (a) Estoques (a) Outros (a) Passivo operacional (Fontes) Fornecedores (b) (c) Fonte: (Di Agustini, 1999, p. 60)
24 32 (a) Investimento total em capital de giro realizado pela empresa, deduzidos os ativos circulantes não operacionais: contratos de mútuo entre coligadas ou controladas, direitos decorrentes da venda de ativo permanente e recebimento de seguros. (b) Financiamento de capital de giro proveniente dos fornecedores. (c) Necessidade de financiamentos que a empresa precisa obter para fazer frente ao investimento realizado em capital de giro. Segundo Anélio Berti, é necessário para efetuar o cálculo das necessidades líquidas de Capital de Giro, reclassificar o balanço distribuindo o Ativo Circulante (AC) e o Passivo Circulante (PC) em dois grupos separadamente, sendo AC considerado uma parte como Aplicações de Capital de Giro e uma parte PC como Fontes de Capital de Giro. (1999, p. 22). Portanto, como exemplo, tem: Tabela 4: Reclassificação do Balanço Patrimonial Giro Ativo Aplicações de Capital de Passivo Fontes de Capital de Giro - Duplicatas a receber - Fornecedores - Estoques - Obrigações Fiscais - Despesas Antecipadas - Obrigações Trabalhistas - Outras - Outras Circulante Outras Contas do Ativo Circulante Outras Contas do Passivo
25 33 - Disponibilidades - Duplicatas descontadas - Aplicações Financeiras - Empréstimos e financiamentos - Outras - Outras Realizável a Longo Prazo Ativo Permanente Exigível a Longo Prazo Patrimônio Líquido Fonte: (Berti, 1999, p. 26) Feita a reclassificação do balanço, o cálculo das necessidades líquidas de capital de giro (NLCG) torna-se ágil para a elaboração, pois, é só subtrair do grupo de aplicações as fontes (aplicações fontes). Quando o resultado for positivo (aplicações maiores que as fontes), significa que a empresa necessita de recursos para financiar o giro dos negócios. Mas se o resultado for negativo (aplicações menores que as fontes), significará que a empresa não necessita de mais recursos para financiar o giro, pois a mesma já estará sendo financiada com recursos de terceiros. A seguir, observa-se na figura 2: Figura 2: Necessidades Líquidas de Capital de Giro Aplicações de Capital de Giro menos Fontes de Capital de Giro NLDCG Outras contas do ativo circulante Outras contas do passivo circulante Fonte: (Berti, 1999, p. 27)
26 34 Verifica-se ainda que uma das razões para se calcular o capital de giro é a necessidade de recursos para saldar as obrigações e os indicadores de liquidez mostram exatamente a capacidade de pagamento. Que por sua vez, são instrumentos muito utilizado pelos profissionais das áreas de crédito, principalmente nas decisões de vendas a prazo e empréstimos em geral, que são: Liquidez Imediata (LI) relação existente entre o disponível e as obrigações a curto prazo, isto é, quanto a empresa possui de recursos (liquidez - $) imediatos para pagamento de suas obrigações a curto prazo; positiva quando o disponível for maior que os passivos circulantes. LI Disponível Passivo Circulante Liquidez Seca (LS) é uma medida menos sensível que a imediata, pois, além do disponível, inclui outros direitos a curto prazo e exclui os estoques; positiva quando Ativos Circulantes, exceto estoques, forem maiores que os Passivos Circulantes. LS Ativo Circulante-Estoques Passivo Circulante Liquidez Corrente (LC) mostra quanto a empresa possui de recursos a curto prazo para pagar as obrigações a curto prazo, isto é, para cada real de obrigação a curto prazo quanto ela possui de recursos; positiva quando Ativos Circulantes forem maiores que Passivos Circulantes. LC Ativo Circulante Passivo Circulante
27 35 Liquidez Geral (LG) mostra quanto a empresa possui de recursos a curto e longo prazo para o pagamento das obrigações também a curto e longo prazo; positiva quando Ativos Circulantes mais Realizável a Longo Prazo forem maiores que Passivos Circulantes mais Exigível a Longo Prazo. Ativo Circulante Realizávela Longo Prazo LG Passivo Circulante Exigível a Longo Prazo Para melhor compreensão verifique os cálculos abaixo, extraídos do anexo 1 referente ao balanço patrimonial da Marcopolo, sendo utilizados os valores referente ao balanço consolidado do ano 2001 LI ,08 através, deste índice verifica-se que esta empresa não tem recursos disponíveis de imediato para liquidar LS ,28 através, deste índice verifica-se que esta empresa tem condições de liquidar seus compromissos de curto prazo. LC ,53 através, deste índice verifica-se que esta empresa dentro dos próximos 360 dias, poderá contar com $1,53 de valores circulantes para quitar cada centavo correspondente de compromisso junto à terceiros vencíveis no mesmo período. LG ,14 através, deste índice verifica-se que esta empresa está muito bem posicionada sob o aspecto financeiro.
28 36 Ao projetar as atividades da empresa em níveis de ocupação da sua capacidade instalada, pode-se verificar o nível mais adequado para se trabalhar, isto em função do capital disponível, já que, com a capacidade máxima (100%), a lucratividade é maior. Após a identificação do capital de giro, para os diversos níveis de ocupação, por exemplo, 100%, 90%, 80%, etc. é importante que o técnico faça uma análise vertical e horizontal das necessidades de giro para verificar o comportamento das contas e com isso expressar conclusões, a fim de realizar uma melhor administração. Concluído o cálculo das necessidades de giro nos diversos níveis de atividades da empresa, a análise vertical irá comparar o quadro de capital de giro, conta por conta em relação ao todo. Já na análise horizontal, verifica-se a relação de uma conta em um nível de atividade, com a mesma conta em outro nível de atividade, tendo sempre por base a capacidade máxima que é 100%. Quociente de rentabilidade significa o retorno sobre as necessidades de capital de giro. Deve-se relacionar o lucro de um empreendimento com algum valor que demonstre a dimensão relativa da mesma, para analisar como se saiu a empresa em determinado período. O melhor conceito de dimensão poderá ser ora o volume de receitas ora o volume de ativo total, ora o valor do patrimônio líquido, ora as necessidades de capital de giro, etc. Todos têm suas vantagens e desvantagens. QRNCG lucrolíquido Necessidades de capitalde giro Para diminuir as necessidades de capital de giro algumas decisões devem ser tomadas, tais como: - Redução do período de estocagem de: a) matéria-prima; b) material secundário;
29 37 c) embalagens; d) produtos acabados. - Redução do período do ciclo produtivo, para que essa redução seja possível, é importante verificar o processo produtivo: se algum setor pode ser melhorado para agilizar a produção, ou através de novos equipamentos; e para isso tem-se que analisar o custo dos investimentos se não onera muito inviabilizando-se etc. - Redução dos prazos nas vendas, isto se essa redução não tem como conseqüência a dificuldade de a empresa atingir o mercado, inviabilizando. A necessidade de capital de giro está diretamente relacionada com o lucro operacional. As contas cíclicas representam a contrapartida das contas de receitas e despesas que determinam o Lucro Operacional, antes do resultado financeiro e da depreciação. Outra característica da NCG é a sua relação direta com o Ciclo de Caixa permitindo determinar e projetar seu montante a partir da combinação do volume de vendas e dos prazos de estocagem, recebimento e pagamento Necessidade de capital de giro em empresa industrial O capital de giro em empresa industrial está ligado diretamente com os custos desta, que por sua vez é o consumo de bens e serviços na produção de outros bens e serviços, exercendo um papel importante no cálculo do capital de giro da indústria e auxiliando o administrador na tomada de decisão. Os sistemas de custeamento podem ser: por ordem de produção, onde os custos são calculados em função da ordem e são acumulativos; por processo onde são calculados por departamentos ou processos e rateados de acordo com um dos critérios:
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