Deydila Michele Bonfim dos SANTOS 1 Natalia FEDOROVA 2 Vladimir LEVIT 3 Antônio Marcos Delfino de ANDRADE 4
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- Manuella Macedo Molinari
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1 ESTUDO PRELIMINAR SOBRE OS PROCESSOS DA FORMAÇÃO DA VISIBILIDADE BAIXA NO AEROPORTO ZUMBI DOS PALMARES, MACEIÓ ALAGOAS. PARTE I: FREQÜÊNCIA DE VISIBILIDADE BAIXA NO ANO DE 2004 Deydila Michele Bonfim dos SANTOS 1 Natalia FEDOROVA 2 Vladimir LEVIT 3 Antônio Marcos Delfino de ANDRADE 4 RESUMO O objetivo desse trabalho é o estudo da distribuição da visibilidade baixa no Aeroporto Zumbi dos Palmares Maceió, usando os dados meteorológicos convencionais do mesmo, no ano de Foram analisadas as visibilidades em intervalos (<1km, 1km-2km, 2km-4km, 4km- 6km, 6km- 10km). Foram feitas as análises das médias mensais e a anual, associando sua freqüência ao período seco e chuvoso. Foram analisadas datas, horas e condições de tempo que ocasionaram visibilidade inferior a 2 km. Também foram analisadas as visibilidades inferiores a 6km associadas à névoa úmida. As menores médias mensais de visibilidades (11-16 km) foram observadas de abril a setembro. O mês de junho teve a menor visibilidade média mensal. A névoa, com visibilidade entre 1 e 2km, foi observada durante 33 horas por ano com maior freqüência em junho. Dos casos de visibilidade inferiores a 2 km, 50% foram ocasionados por chuva. A visibilidade entre 2 e 4 km foi observada durante 236 horas por ano. Esta visibilidade tinha maior freqüência nos meses de junho e julho (50 horas por mês aproximadamente). ABSTRACT The goal of the work is to study a low visibility distribution at the International Airport Zumbi dos Palmares in Maceio. The conventional Airport s meteorological data for 2004 were analyzed. Some visibility intervals (<1km, 1km-2km, 2km-4km, 4km- 6km, 6km-10km) were chosen for analyzes. Month and annual average visibility were studied and associated with rainy and dry seasons on the northeastern Brazil. Dates, hours and weather conditions caused a low visibility (< 2km) were analyzed. Also, a low visibility (< 6km), associated with the humid haze, were studied. Minimum month average visibilities (11-16km) were detected from April to September with the minimum value on June. The haze, with the visibility between 1 and 2km, was observed during 33 hours per year with the greatest frequency on June. 50% of all cases of low visibility (<2km) were coursed by rain. The low visibility of 2 4 km was observed during 236 hours per year with the highest frequency on June and July (approximately 50 hours per month). Palavra-Chave: visibilidade, névoa. 1 Aluna do curso de Graduação em Meteorologia do ICAT/UFAL Universidade Federal de Alagoas, Avenida Lourival de Melo Mota, S/N BR 104, km 14,Tabuleiro do Martins CEP: Maceió AL Tel. (082) deydila.mimy@hotmail.com Bolsista CNPq 2 Professora Doutora em Meteorologia ICAT/UFAL natalia@ccen.ufal.br 3 Professor Doutor em Física Nuclear ICAT/UFAL vlevit@dimin.net 4 Aluno do curso de Graduação em Meteorologia da ICAT/UFAL: jequia_ufal@yahoo.com.br
2 INTRODUÇÃO O conhecimento dos processos sinóticos para a formação da visibilidade baixa é primordial para a previsão e detecção desse fenômeno adverso que está intimamente ligado a segurança nos transportes, principalmente o aéreo, no tocante aos pousos e decolagens. A previsão da visibilidade está baseada na previsão da possibilidade da formação e existência dos fenômenos, os quais podem diminuir a visibilidade. As seguintes condições podem diminuir a visibilidade na camada superficial (DJURIC, 1994; VASQUEZ, 2000): 1) condensação de vapor d água próximo da superfície, o que está associada com tais fenômenos meteorológicos adversos como nevoeiro e névoa úmida; 2) precipitações, tanto intensas quanto fracas; 3) aumento das parcelas de poeira ou de fumaça no ar devido à levantamento da superfície terrestre e devido da advecção das outras regiões, 4) combinação destes fatores. A diminuição de visibilidade pode ter caráter local ou cobrir grandes regiões. A carência dos trabalhos sobre os processos físicos e sinóticos da formação da visibilidade baixa no Brasil e especificamente no Estado de Alagoas é muito grande. Para o estado de Alagoas foi encontrado somente um estudo das condições meteorológicas de fechamento do aeroporto Zumbi dos Palmares. O maior percentual do fechamento do aeroporto foi devido a visibilidade menor que 1km foi em maio (4,4% dos casos).o mês de fevereiro teve o maior número de casos de fechamento(11%) com a visibilidade no intervalo entre 1 e 1,5km.O fechamento do aeroporto em maio atingiu 18,9% nos casos com visibilidade entre 1,5 e 3 km. O nevoeiro, como o fenômeno que diminuiu a visibilidade menor do que 1km, foi analisado em (Silveira, 2003). Neste estudo foram encontrados dois casos de nevoeiro por ano no mesmo aeroporto. O horário típico para o aparecimento de nevoeiro é por volta das 5h. O objetivo geral deste trabalho é a análise dos processos sinóticos na formação da visibilidade baixa no aeroporto Zumbi dos Palmares. Nesta primeira parte do trabalho foram estudadas as freqüências do fenômeno, usando os dados meteorológicos convencionais do Aeroporto Zumbi dos Palmares. Além disso, o objetivo é estudo as condições do tempo que provocou a queda da visibilidade e especialmente as condições da formação a visibilidade inferior a 2 km e inferiores a 6km associadas à névoa úmida. METODOLOGIA E DADOS Foram utilizados os dados meteorológicos convencionais do Aeroporto Zumbi dos Palmares (09 31 S, W e Alt. 117m), na cidade de Maceió, Alagoas. Primeiramente foi feita uma análise da visibilidade observada, durante o ano de 2004, a seleção da freqüência das visibilidades
3 em diferentes intervalos, para cada mês. Os intervalos utilizados foram os seguintes: menor que 1km, entre 1 e 2km, entre 2 e 4km, entre 4 e 6km e entre 6 e 10km. Ou seja, foram analisados todos os casos com a visibilidade reduzida, menor do que 10km. A análise da freqüência foi feita utilizando dados horários (hora local), ou seja, para cada mês foram analisados, em média, 720 horas. Posteriormente será chamado como caso com névoa se o fenômeno foi identificado no mínimo durante 1hora. Foi feita a média mensal das visibilidades para verificar quais os meses com maior e menor visibilidade. Após essa fase, foram escolhidos os casos com as visibilidades mais baixas, isto é aquelas menores que 2km. Os processos sinóticos da formação da visibilidade baixa nestes casos serão estudados posteriormente. Também foi verificado qual o fenômeno causador da baixa visibilidade, selecionando os que a visibilidade baixa não foi provocada por chuva. Os fenômenos meteorológicos foram observados na estação meteorológica do mesmo aeroporto, os dados foram recolhidos a cada hora. Os seguintes fenômenos foram registrados: trovoada (T), chuva (C), névoa úmida (NU), precipitação (P) estimada ser a mais de 5km e chuvisco (CH). RESULTADOS A média anual apresentou o valor elevado da visibilidade (16,7 km, tabela 1). O mês de junho registrou a pior visibilidade média mensal (12,50 km). As menores médias de visibilidades registradas (14-16 km) foram observadas de abril a setembro e foram relacionadas com o período chuvoso do Estado de Alagoas. Para o ano de 2004, os meses de junho a setembro apresentaram os maiores desvios em torno da média mensal (6,5km, em média) e o mês de dezembro mostrou o menor desvio médio mensal (1,00 km). Tabela 1-Valores médios mensais da visibilidade (em km, média e desvio padrão) no ano de MESES MÉDIA DESVIO PADRÃO MESES MÉDIA DESVIO PADRÃO Janeiro 18,00 4,69 Julho 14,16 6,72 Fevereiro 17,94 4,66 Agosto 15,05 6,62 Março 17,97 4,36 Setembro 15,31 6,26 Abril 16,45 5,56 Outubro 18,84 3,35 Maio 16,37 5,50 Novembro 19,29 2,70 Junho 12,50 6,51 Dezembro 19,87 1,00 Média anual 16,68
4 A visibilidade menor do que 1km foi registrado somente em junho durante dois dias e durou cada fenômeno uma hora (Tabela 2). Nestas horas foi observada chuva muita intensa, a qual provocou a queda da visibilidade. Os casos com névoa, fenômeno que limita a visibilidade em torno (1-2 km), foram observados durante todo o ano de 2004 e no total registrou-se 33 casos de névoa (Tabela 2). Os casos com névoa apareceram com maior freqüência em junho, sendo registrado a ocorrência de 9 casos. Nos meses de agosto e setembro foram observados 7 casos em ambos de visibilidade inferior a 2 km, coincidindo com a época chuvosa. Em janeiro (período seco) ocorreram 5 casos com visibilidade de 1 até 2km. Nos outros meses a névoa foi mais rara e não passou 2 casos. Pelos dados da mesma tabela pode ser visto que a visibilidade entre 2 e 4 km foi observada durante 236 horas por ano. Esta visibilidade tinha maior freqüência nos meses de junho e julho (52 e 49 horas por mês respectivamente), meses chuvosos. Todavia, nos outros meses da época chuvosa (abril e maio) a freqüência da visibilidade nestes limites não ultrapassou 10horas por mês. As causas destes serão discutidas na segunda parte do estudo. Tabela 2 - Freqüência (em horas) da visibilidade por intervalos (<1km, 1km-2km, 2km-4km, 4km- 6km, 6km-10km) durante o ano de VISIBILIDADE Meses <1km 1km-2km 2km-4km 4km- 6km 6km-10km JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Total por ano No ano analisado foram encontrados dois casos com visibilidade inferior a 1 km (Tabela 3), ambas provocadas por chuva contínua. O fenômeno ocorreu entre 8 e 11hs. Com as ações da chuva e névoa úmida a visibilidade ficou inferior a 2km em 7 casos (C e NU junto na tabela 3). O chuvisco e a névoa úmida juntos (CH e NU na mesma tabela) foram responsáveis por 2 casos de visibilidade entre 1km e 2km. A névoa úmida provocou 3 casos de visibilidade inferior a 2km. A chuva foi agente causador de 16 casos, ou seja, 50% dos todos os casos com visibilidade entre 1km
5 e 2km. Os casos ocorridos na época chuvosa (abril-setembro) correspondem a 68,2% dos casos que limitam a visibilidade entre 1 e 2km. Tabela 3 Condições do tempo para os casos da visibilidade entre 1km e 2km. (T é trovoada, C é chuva, NU é névoa úmida, P é precipitação estimada ser a mais de 5km, CH é chuvisco). DATA HORA VISIBILIDADE (km) CONDIÇÕES DE TEMPO DATA HORA VISIBILIDADE (km) CONDIÇÕES DE TEMPO 18/1/ :00 1,5 T 29/6/2004 6:00 1,60 C 22/1/ :00 1,50 C 29/6/2004 7:00 1,00 C 31/1/2004 1:00 1,50 C 1/8/2004 9:43 1,00 C 31/1/2004 2:00 1,50 C 1/8/ :00 1,50 C 31/1/2004 6:00 1,20 C NU 8/8/2004 0:00 1,20 NU 2/2/ :00 1,00 P 8/8/2004 1:00 1,00 NU 3/2/ :25 1,50 C 16/8/2004 6:00 1,00 C 4/4/ :00 1,00 C NU 16/8/2004 9:00 1,50 C 23/5/2004 6:00 1,80 CH NU 16/8/ :00 1,50 C 1/6/2004 6:00 1,50 C 8/9/2004 0:00 1,00 P 1/6/ :00 1,20 C 21/9/2004 0:00 1,80 C NU 2/6/2004 5:00 1,40 CH NU 21/9/2004 0:00 1,50 C NU 12/6/2004 7:00 1,90 C NU 21/9/2004 0:00 1,50 C 12/6/2004 8:00 1,30 C NU 21/9/2004 0:00 1,20 C 14/6/2004 9:00 1,80 C NU 22/9/2004 0:00 1,00 NU 15/6/ :00 1,50 C 22/9/2004 0:00 1,00 P Em geral 57 casos com visibilidade de 2 a 6km, foram provocados pela nevoa úmida (Tabela 4). Houve predominância da visibilidade baixa nas horas noturnas (18:00 às 6:00 ). No período chuvoso (abril-setembro) foram registrados os 25 casos com visibilidade de 2 a 6 km. Dentro estes casos 11 ocorreram durante o dia. Entretanto os 7 casos registrados em janeiro 5 deles foram durante o dia. Os menores valores de visibilidade foram entre 2 e 3,5 km, todos registrados no mês de agosto. Tabela 4 Característicos dos casos com visibilidade de 2 a 6km, provocados pela nevoa úmida fraca: data, hora do evento (H) e visibilidade mínima (VM, em km). DATA H VM DATA H VM DATA H VM 07/01/04 09: /06/04 02:00 3,7 21/08/04 04:00 2,5 07/01/04 11: /06/04 08: /08/04 05:00 3,5 19/01/04 19: /06/04 03: /08/04 07: /01/04 11: /06/04 04: /08/04 03: /01/04 04: /06/04 12:00 4,5 08/08/04 04: /01/04 14: /06/04 20: /08/04 07: /01/04 17: /06/04 22:00 4,6 16/08/04 11: /02/04 02: /06/04 23: /08/04 06: /03/04 02: /06/04 01: /08/04 01: /03/04 06: /06/04 02: /08/04 02: /03/04 02: /06/04 01: /08/04 03: /03/04 05: /06/04 04: /08/04 06:00 5
6 01/04/04 02: /06/04 07: /08/04 08: /04/04 03: /06/04 23: /08/04 06: /05/04 21: /06/04 00: /09/04 01: /05/04 09: /07/04 01: /09/04 02: /05/04 03: /07/04 02: /09/04 00: /05/04 04: /08/04 02: /09/04 05: /05/04 06: /08/04 07: /10/04 05:00 5 CONCLUSÃO A análise mostrou que as menores médias de visibilidades registradas (14-16 km) foram observadas de abril a setembro. O mês de junho teve a menor visibilidade média mensal (11km), conseqüentemente o maior número de casos de visibilidade baixa. A névoa (com visibilidade entre 1 e 2 km) foi observada em 33 horas por ano. Os casos com névoa apareceram com maior freqüência em junho. Dos casos de visibilidade inferiores a 2 km, 50% foram ocasionados exclusivamente por chuva. A visibilidade entre 2 e 4 km foi observada durante 236 horas por ano. Esta visibilidade tinha maior freqüência nos meses de junho e julho (50 horas por mês aproximadamente). AGRADECIMENTOS O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq Brasil, pela bolsa concedida. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZEVEDO, A. F. Análise climatológica - probabilística dos casos de fechamento operacional para pouso e decolagem no aeroporto Zumbi dos Palmares (Maceió-AL) no período de 1959 a 2002; Dissertação (Mestrado em meteorologia) 126 p, UFAL, SILVEIRA, V.P.Analise dos casos de nevoeiro e nuvens stratus na cidade de em Maceió, Alagoas no ano de 1996, DJURIC, D. Weather Analysis. New Jersey: Prentice Hall, 1994, 304p. VASQUEZ, T. Weather Forecasting Handbook. Garland, Texas, Weather Graphics Technologies, p.
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