A norma diz ser proibida a venda de bebidas alcoólicas durante a eleição, um chamado período de lei seca.
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- Alexandre Leal Mangueira
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1 Carnaval Político Democracia. Mas que festa? Costuma-se dizer que a eleição é a festa da 1. A prevalência do social e dos costumes A norma diz ser proibida a venda de bebidas alcoólicas durante a eleição, um chamado período de lei seca. Mas em todas as ruas pelas quais passei hoje, quando ia justificar meu voto em São Paulo, vi lindas garrafas de cerveja, geladas neste calor infernal do domingo de 07 de outubro de Então, a norma diz para não beber, mas o povo bebe. Bebe por quê? Há uma certa euforia em dia de se decidir os futuros governantes de parte de nosso futuro? Claro que há, sendo isto motivo de festa; e os políticos nos querem eufóricos, pois que facilita a troca do voto pelo futuro que se espera que um outro, que a maioria sequer 1 / 5
2 pessoalmente conhece, ajude a realizar, em nome do bem comum - incluindo o seu bem e o meu. O povo bebe, portanto, para comemorar, apesar do Estado, pelos olhos da lei (que não vi ser aplicada), querer o cidadão em suas plenas capacidades racionais, de modo que possa ele escolher um voto assim como um cientista analisa variáveis, límpido de fortes emoções. Isto que vi hoje é expressão do que em Política chama-se desobediência civil, que é uma consequência da decisão de não seguir a lei do Direito atual, pela Ética de cidadãos os quais, livremente (pois sem punição) não concordam e não seguem as leis. Em poucas palavras, é a lei que não pega, em razão de vários motivos. 2. A lei como instrumento do poder soberano Da cultura de desrespeito à norma para realização de interesse próprio de se satisfazer com uma geladíssima cerveja em dia de calor infernal, vamos, então, para aplicacão de norma que proíbe prisão de deliquentes, fato amplamente noticiado nos meios de comunicação de massa um dia antes da Eleição. Também um alívio ao povo para que fique feliz, especificamente, para a parte do povo formada pelo criminosos e corruptos? Isto é o Direito modelando a Política, com o aliviamento de tensões do Estado sobre o povo, ocasionadas pelo peso da aplicação da lei. Em poucas palavras, é a suspensão de uma esfera de legalidade prevista pelo próprio sistema legal. 2 / 5
3 3. A conquista do voto pelo político Todos mais felizes, bebemorando e bandidando, para a conquista, pelo Político, do seu voto, caríssimo eleitor. 4. Em busca do caminho mais prudente Aqui, alguns pontos da Política penso que devemos começar a considerar em nossa vida em coletividade Preço do Voto e Autointeresse humano primeiro, quanto custa seu voto? o meu, se eu estiver passando fome, custa alimento; e, genericamente, todos os particulares possuem interesse privado na escolha daquele que governará o público Quantidade X Qualidade segundo, se nas Eleições vence quem tem mais número, sendo a escolha estatística, nada importa a qualidade, a qual timidamente se tenta dar importância atualmente pela lei da ficha limpa. Sem contar que a mesma tomada de decisão é dada por pessoas em situações completamente diferente na realidade, pessoas que vivem de modo muito desigual, possuindo de igual, entre si, apenas o status de cidadão que pode votar, e de sua humanidade. Esta política de escala estatística, que viabiliza a conquista de voto pela fome, em termos práticos, acaba por impossibilitar até discutirmos a questão de voto esclarecido e consciente A atividade do Político e o impacto da corrupção O Político é o representante com o qual você 3 / 5
4 raramente conversa, apesar de o mesmo possuir como atividade ditar as regras que governarão o futuro da coletividade de onde você, eleitor, vive. Além, é claro, de ser o Político pago pelo dinheiro arrecadado do seu bolso, por um Estado que não apenas precisa honrar com um orçamento enorme, mas, como se não bastasse, ainda é tal Estado brutal e sistemicamente roubado (com violência direta contra toda a sociedade, incluindo desde o empresário até o mendigo, porque, no mínimo, este também paga tributo na bolacha que come, tributo este que vai para os cofres públicos enquanto receita a ser posteriormente gasta com as despesas pelos serviços prestados pelo Estado) Democracia Direta e Democracia Indireta E se antes citamos a Ficha Limpa, como mecanismo tímido de se exaltar a necessidade de um mínimo moral na arena política, agora, em terceiro lugar, pensemos sobre o modo como esta lei foi feita. Ela foi feita por iniciativa popular, uma espécie de mecanismo de Democracia Direta (aquela que o papel do político representante do povo perde importância). Imaginemos que, já existentes as tecnologias necessárias, a lei fosse feita diretamente por estatística de voto direto do cidadão, em quiosques de votação espalhados pela cidade? A lei sairia melhor? A sua mudança seria mais rápida? Isto é perigoso? No limite, a massa pode escolher matar, por exemplo, entendendo que para o todo sobreviver ele precisará cortar um pedaço de si? 4.5. Democracia como meio A Democracia é um instrumento, e não um fim. A 4 / 5
5 Democracia, costuma-se dizer, é o governo do povo. E ainda hoje é tida como um meio para tentar se alcançar o máximo de felicidade para o máximo de pessoas da forma mais sustentável possível. Em poucas palavras, Democracia significa participação na construção do futuro. 5. A prevalência da Ética e a real desigualdade A discussão entre Democracia Indireta (Representativa) e Democracia Direta (possível pela nossa infraestrutura tecnológica) é secundária; vem primeiro, em quesito de importância, à questão da natureza e condição do ser humanocidadão que vota e que controla, seja diretamente, seja indiretamente, escolhendo, dentro do possível, destinos. E tal como expressei, muitos vivem desigualmente, e muito desiguais são a realidade, os ânimos e os interesses dos que votam e que controlam. No final, independentemente de ser um decidindo monocraticamente, ou alguns, ou todos decidindo colegiadamente, na atividade legiferante, são, todos, pessoas. E pessoas utilizam uma técnica (inclusive a Política) de modo Ético, ou Não Ético, o que faz a esfera da Ética prevalecer como um dever moral na atividade dos políticos, e como em toda e qualquer atividade humana. 07 de outubro de 2012 por Rafael De Conti 5 / 5
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