INFLAÇÃO. Análise do quarto trimestre/2014 RESUMO
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1 Boletim de Conjuntura Econômica Boletim n.60, Agosto, 2015 INFLAÇÃO Análise do quarto trimestre/2014 Neio Lucio Peres Gualda Professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e coordenador da equipe de Preços do projeto de extensão Conjuntura econômica brasileira divulgação de análises. ngualda@uem.br RESUMO Na análise do comportamento dos preços durante o quarto trimestree de 2014, podem ser destacados dois movimentos distintos. Em outu- puxada principal- bro, ocorre uma desaceleração, mente, pelos grupos Alimentação e Habitação, enquanto que nos dois últimos meses do ano há um movimento de aceleração, de forma mais in- marcado pela forte tensa no mês de dezembro, variação positiva dos preços do grupo Alimentanas análises a ção, como será detalhado seguir: Alessandro Alves da Silva alessandro.as_@hotmail.com Bruna de Oliveira Ricardo brunaparrish157@gmail.com Júlia Vicente da Guarda** juliavguarda@gmail.com Juliana Martines Furlan juliana.furlan96@gmail.com Rafael Justino Lopes da Silva rafajustinoo@gmail.com Acadêmicos do curso de ciências econômicas da Universidade Estadual de Maringá UEM e participantes da equipe de atividade econômica do projeto Conjuntura Econômi- ** Bolsista de Extensão pelo Programa de ca Brasileira: Divulgação de Análises. apoio a Inclusão Social da Fundação Araucária Universidade Estadual de Maringá (UEM) Correspondência/Contato Av. Colombo, Bloco: C-34 Sala 11 Jd. Universitário - Maringá - Paraná - Brasil CEP
2 36BOLETIM DE CONJUNTURA ECONÔMICA: PREÇOS Outubro Em outubro de 2014 o Índice de Preços ao Consumidor Amplo () registrou variação positiva de 0,42%, com desaceleração de -0,15 p.p., em relação ao mês anterior, que teve uma variação de 0,57%. No acumulado em 12 meses o extrapolou o teto da meta do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), chegando a 6,59%. Em relação ao mesmo período do ano passado, também acusou menor alta dos preços (0,57%). Tabela 4.1 Outubro/2014 Variação de Preços de Produtos Set/14 Out/14 Geral Mês 0,57 0,42 Alimentos e Bebidas 0,78 0,46 Habitação 0,77 0,68 Artigos de Residência 0,34 0,19 Vestuário 0,57 0,62 Transporte 0,63 0,39 Saúde e Cuidados pessoais 0,33 0,39 Despesas Pessoais 0,39 0,36 Educação, Leitura e Papel. 0,18 0,11 Comunicação 0,13-0,05 Acumulado 12 meses 4,61 6,59 Nesse mês, seis dos nove grupos que compõe o apresentaram desaceleração. O grupo de Alimentos e Bebidas, responsável por aproximadamente 25% do cálculo do, apresentou uma desaceleração de -0,32 p.p. (de 0,78% para 0,46%), em parte devido à desaceleração no preço da carne (de 3,17% para 1,46%) e a Cebola, que foi de 10,17% em setembro para - 12,60% em outubro, devido às condições de regularidade na safra do produto. Outro grupo que ajudou na desaceleração foi o de Transportes (de 0,63% para 0,39%). O item passagem aérea apresentou maior diferença, desacelerou para 1,94% após uma alta de 17,85% de setembro, explicada em parte pelas expectativas geradas pela Copa do Mundo. Além das passagens aéreas, conserto de automóvel (de 1,35% para 0,92%) e automóvel novo (de 0,76% para 0,61%) também variaram com menor intensidade. O grupo Habitação também desacelerou de 0,77% em setembro para 0,68% em outubro, porém foi o grupo que apresentou a maior alta. Os destaques foram a energia elétrica (de 1,37% para 1,20%), aluguel (de 0,57% para 0,61%) e mão de obra para pequenos reparos (de 1,04% para 0,82%). Sendo que esta última saiu prejudicada por mudanças na metodologia de cálculo, devido à ausência de dados para Porto Alegre e Salvador nos meses anteriores para a Pesquisa Mensal de Emprego PME, que interfere diretamente no item mão de obra para pequenos reparos. Novembro O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo () do mês de novembro apresentou variação de 0,51%, superior (0,09 p.p) à taxa de 0,42% de outubro. No acumulado em 12 meses a taxa foi de 6,56%, abaixo (0,03 p.p.) do acumulado no mês anterior, que foi de 6,59%, mas ainda acima do teto da meta de inflação, de 6,5%. Em novembro de 2013 a taxa havia sido 0,54%, muito próximo da taxa do período atual. Tabela 4.2 novembro/2014 Variação de Preços de Produtos Out/14 Nov/14 Geral Mês 0,42 0,51 Alimentos e Bebidas 0,46 0,77 Habitação 0,68 0,69 Artigos de Residência 0,19-0,04 Vestuário 0,62 0,39 Transporte 0,39 0,43 Saúde e Cuidados pessoais 0,39 0,42 Despesas Pessoais 0,36 0,48 Educação, Leitura e Papel. 0,11 0,21 Comunicação -0,05 0,08 Acumulado 12 meses 6,59 6,56 Alimentação e Bebidas foi o grupo de maior impacto no período, que foi responsável por 37% do no período, com aumento de 0,77% contra 0,46% em outubro. Dentre os produtos do grupo, as maiores altas foram das Carnes (de 1,46% para 3,46%) e a batata-inglesa (de -5,95% para 38,71%), sendo a alta desta última causada pela safra mais fraca no ano. O grupo Transportes apresentou alta de 0,04 p.p. (de 0,39% para 0,43%), puxado pelos combustíveis, com alta de 1,64%. O grupo Habitação, que registrou alta de 0,69%, a segunda maior variação por grupo. A energia elétrica teve aumento de 1,67%, devido a reajustes no PIS/CONFIS/PASEP em algumas capitais, como Fortaleza (10,18%) e Salvador (6,97%). Aluguel residencial (0,60%), mão de obra (0,98%) e gás de botijão (0,56%) também apresentaram alta. Bol.Conj.Econ./UEM, n.59, p.41-48, Abril, 2015
3 Gualda et al. 37 Dezembro O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo () de dezembro aumentou 0,27 p.p., passando de 0,51% no mês anterior para 0,78% em dezembro. O acumulado em 12 meses (que equivale ao ano de 2014) fechou em 6,41%, acima dos 5,91% do ano anterior, porém abaixo do limite superior da meta. Em dezembro de 2013 a taxa havia ficado em 0,92%, muito acima da registrada para o mesmo mês no ano de Tabela 4.3 dezembro/2014 Variação de Preços de Produtos Nov/14 Dez/14 Geral Mês 0,51 0,78 Alimentos e Bebidas 0,77 1,08 Habitação 0,69 0,51 Artigos de Residência -0,04 0,00 Vestuário 0,39 0,85 Transporte 0,43 1,38 Saúde e Cuidados pessoais 0,42 0,47 Despesas Pessoais 0,48 0,70 Educação, Leitura e Papel. 0,21 0,07 Comunicação 0,08 0,00 Acumulado 12 meses 6,56 6,41 Além do grupo Alimentos e Bebidas, outros cinco grupos apresentaram uma taxa acima da apresentada no mês anterior. No grupo Alimentos e Bebidas, sobressaíram-se as carnes, 3,73% mais caras, e a refeição fora de casa que teve variação de 1,41%. O feijão com arroz, base da alimentação brasileira, também sofreram variações relevantes. Os feijões chegaram a subir 9,26%, em média, enquanto o arroz ficou mais caro em 1,81%. A elevação das passagens aéreas foi de 42,53%, devido à época do ano; o Etanol, que sofreu variação positiva de 1,31%, reflexo inicial da entressafra; automóvel novo, 0,69%; ônibus intermunicipal, 0,64%; e a gasolina subiu 0,61%, o que levou o grupo Transportes a registrar 1,38% de variação, grupo com maior variação no mês. O grupo Vestuário teve alta de 0,85%, consequência tanto das roupas masculinas quanto femininas, que subiram 1,21% cada. No entanto a época do ano é favorável a esses aumentos. As Despesas Pessoais, que apresentaram variação positiva de 0,70%, foram impulsionadas por serviços sazonais como excursão (2,05%) e manicure (2,03%), que são mais demandados em dezembro devido ao período de férias e festas, como o Natal e o Ano Novo. Todo o exercício de 2014 No ano de 2014, o iniciou em janeiro com um acumulado em doze meses de 5,59% e fechou em dezembro com 6,41%, próximo ao teto da meta que é de 6,5%. O acumulado em 12 meses nos primeiros meses do ano ficou acima do centro da meta, porém abaixo do teto, registrando 5,59% em janeiro, 5,68% em fevereiro, 6,15% em março, 6,28% em abril e 6,37% em maio. No decorrer do ano, o a- cumulado em 12 meses foi aumentando, até que em junho ultrapassou o teto, registrando 6,52%. Nos meses seguintes o índice acumulado atingiu ou ultrapassou o teto, registrando 6,50% em julho, 6,51% em agosto, 6,75% em setembro, 6,59% em outubro e 6,56% em novembro. Os itens que mais contribuíram do grupo Alimentos e Bebidas para a inflação durante o ano foram: Açaí (29,73%), Cebola (23,61%) e Carnes (22,21%). Cabe destacar também, além dos itens do grupo alimentício, o item Energia Elétrica que variou 17,06% no ano. PREÇOS MONITORADOS Outubro Ao analisarmos o comportamento dos preços administrados no mês de outubro de 2014 em relação ao o mês anterior, percebemos que o índice apresentou variação positiva, contudo, sofreu uma leve desaceleração. Os preços que mais se aceleraram em relação ao mês anterior foram os da Gasolina, dos Produtos Farmacêuticos e do Telefone Fixo. O índice geral de preços administrados de outubro de 2014 foi de 0,38% e seu aumento foi influenciado diretamente pelos aumentos nos preços da Energia Elétrica Residencial, do Gás de Botijão, do Gás Veicular e do Plano de Saúde, no entanto, sua aceleração foi contida pela queda acelerada nas tarifas de ônibus interestadual. Novembro Ao compararmos o comportamento dos preços administrados em novembro de 2014 com o mês anterior, observa-se forte aceleração. O índice passou de 0,38% para 0,72%, isto representa uma aceleração de 0,34 p. p. No mês de novembro de 2014, os itens que mais contribuíram para a aceleração do índice de preços administrados foram o Óleo Diesel, a Gasolina, a Energia Elétrica Residencial e os Planos de Saúde. É importante ressaltar que, ao compararmos os preços desses itens com os do mês anterior, os preços de Óleo Diesel e Gasolina se aceleraram muito devido aos ajustes das tarifas de combustíveis feito pelo governo federal neste pe- Bol.Conj.Econ./UEM, n.59, p.16-19, Junho, 2015
4 38BOLETIM DE CONJUNTURA ECONÔMICA: PREÇOS ríodo e a Energia Elétrica Residencial também sofreu forte aceleração, devido à implantação do sistema de bandeiras para consumo e produção além do reajuste feito pelo governo. Dezembro Ao compararmos o comportamento dos preços administrados de dezembro de 2014 com o mês anterior, é possível notar que o aumento no índice dos preços administrados persistiu, porém com desaceleração. O índice que foi de 0,72% em novembro, passou para 0,43%, ou seja, desacelerou em 0,29 p. p. Os preços administrados que mais contribuíram para a elevação do índice foram o Óleo Diesel, o Telefone Público, os Planos de Saúde e o Pedágio. Destaca-se que Telefone Público e Pedágio tiveram grandes acelerações, 0,77 p. p. e 0,58 p. p., respectivamente. A subida do preço do Óleo Diesel ainda está relacionada ao reajuste de tributos dos combustíveis, enquanto as altas nos preços dos Planos de Saúde e Pedágio estão diretamente relacionadas aos reajustes anuais para corrigir os valores de referência. Em contrapartida, o preço que conteve o índice de preços administrados em dezembro de 2014 foi o de Ônibus Interestadual. 4º trimestre A análise do acumulado no último trimestre de 2014 mostra que os preços administrados apresentaram variações superiores aos dos preços livres. No acumulado do trimestre, os preços administrados variaram 2,05%, enquanto os livres 1,77%. Tabela 4.4 Preços Livres x Preços Administrados - 4º tri/2014 Meses Livres Administrados Outubro 0,43 0,38 Novembro 0,45 0,72 Dezembro 0,88 0,43 Acumulado 1,77 2,05 Fonte: IBGE Apenas em novembro a variação dos preços livres ficou abaixo da variação dos preços administrados. Nos mês de outubro o índice de preços livres superou em 0,05 p. p. o índice de preços administrados, já em dezembro de 2014 os preços livres ficaram com índice superior aos preços administrados em 0,45 p. p. A variação acumulada nos preços administrados superou em 0,28 p. p. a variação acumulada nos preços livres. REGIME DE METAS DE INFLAÇÃO (RMI) No quarto trimestre de 2014 o Comitê de Política Monetária (COPOM) se reuniu duas vezes. A inflação medida pelo foi de 0,42% em outubro de Comparado com setembro de 2014, percebe-se uma redução de 0,15 p.p. Assim, a inflação acumulada em 12 meses recuou para 6,59%. Na 186ª reunião do COPOM, realizada em outubro, especifica-se que uma previsão de expansão moderada e superior do consumo em relação ao crescimento da oferta e aumentos salariais incompatíveis com ampliação da produtividade gera impactos negativos na inflação. O mesmo se aplica em relação a outras fontes de pressão inflacionária, como depreciação e volatilidade cambial, mecanismos formais e informais de indexação e as expectativas dos agentes econômicos. Além disso, o comitê destaca que o fato de a inflação se encontrar em patamares elevados reflete a ocorrência do realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais e realinhamento dos preços administrados em relação aos livres, e esses ajustes de preços relativos tem impactos diretos sobre a inflação. Portando, considerando as projeções da inflação e a evolução macroeconômica, o COPOM decidiu elevar a taxa Selic para 11,25% a.a, sem viés. Nesse contexto, as expectativas dos agentes em relação ao de outubro, apresentaram valor maior que o efetivamente observado no índice mensal e valor inferior ao observado no índice acumulado. O de outubro era 0,50% e o acumulado 6,37%. A Selic esperada era de 11,00% a.a. Na 187ª reunião do COPOM, realizada em dezembro, o comitê aponta os mesmos fatores anteriormente mencionados como origem da pressão e resistência inflacionária. Por conseguinte, o COPOM decidiu intensificar o ajuste da taxa Selic e elevá-la para 11,75% a.a sem viés. Em novembro, o teve resultado de 0,51%. Cresceu 0,09 p.p. frente ao valor observado em outubro de Por consequência, a inflação acumulada em 12 meses reduziu para 6,56%. A Selic nesse mês era a mesma que a de outubro. Nesse contexto, as expectativas dos agentes em relação ao de novembro apresentaram valores maiores que os efetivamente observados. O de novembro era 0,59% e o acumulado 6,57%. A inflação, em dezembro, ampliou-se para 0,78%, 0,27 p.p. maior que a de novembro. O observado em 12 meses reduziu para 6,41%. Bol.Conj.Econ./UEM, n.59, p.41-48, Abril, 2015
5 Gualda et al. 39 Fontes: R pdf R pdf R pdf R pdf Bol.Conj.Econ./UEM, n.59, p.16-19, Junho, 2015
Análise do segundo trimestre/2015
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