Consumo de Substâncias Psicoativas e Aspectos da Violência por Adolescentes Sergipanos

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1 Seminário de Avaliação Final do Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Políticas Públicas para o estado de Sergipe Consumo de Substâncias Psicoativas e Aspectos da Violência por Adolescentes Sergipanos Cristiane Costa da Cunha Oliveira

2 Equipe da pesquisa Dra. Cristiane Costa da Cunha Oliveira Dra. Marlizete Maldonado Vargas Igor Soares Vieira (Mestrando) Andréia Poschi Barbosa (Mestre) Maria Eliane Andrade (Grupo de Pesquisa) Hortência de Oliveira (Secretaria de Educação) William Alves de Oliveira (Iniciação Científica) José Marcos Melo dos Santos (Iniciação Científica) Bruno Felipe de Santana Santos (Iniciação Científica)

3 As crianças e adolescentes na atualidade evidenciam no seu processo de desenvolvimento condutas marcadas: Intensa agressividade Intolerância Delinquência Sentimento de abandono Indisciplina Outras manifestações que estimulam o desajuste do sujeito

4 Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2000), droga é qualquer substância que não é produzida pelo organismo, mas que produz alterações em seu funcionamento. Convém ressaltar que há substâncias que trazem benefícios ao organismo, como é o caso dos medicamentos, enquanto outras têm ação tóxica.

5 O relatório global sobre álcool e saúde da Organização Mundial de Saúde (WHO, 2011), salientou que quase 4% das mortes no mundo são associadas ao álcool, e que o álcool está associado à violência, à negligência infantil e abusos, além de ausências no trabalho

6 O Relatório Mundial de Violência e Saúde revelou que a presença de gangues, armas e drogas em um lugar é uma mistura potente, que aumenta a probabilidade de ocorrer a violência. (KRUG et al., 2002)

7 Muitos jovens inevitavelmente vão experimentar estados alterados de consciência e buscarão sensações de plenitude. Percebe-se em alguns estudos brasileiros que se tem apontado o uso de drogas lícitas e ilícitas por jovens e adolescentes (SOUZA et al 1999, GALDURÓZ et al, 2004, PECHANSKY et al, 2006, KESSLER; PECHANSKY, 2008).

8 OMS informou ainda sobre os prejuízos que o álcool traz para a vida das pessoas que se relacionam com os consumidores dessa droga. O grau de risco para o consumo do álcool varia conforme a idade, o sexo e outras características biológicas do consumidor. (WHO, 2011)

9 O uso abusivo das substâncias psicoativas (SPA) maiores problemas de saúde pública mundial Levantamento realizado pelo CEBRID(2010) nas 27 Capitais brasileiras do Brasil, verificou 25,5% dos estudantes fizeram uso na vida de alguma droga, 10,6% referiu uso no último ano e 5,5% referiu uso no mês, com pequenas diferenças entre gêneros. Entre os que relataram algum consumo, embora a maioria tivesse idade maior de 16 anos, também foram observa dos relatos na faixa entre 10 e 12 anos.

10 relato de uso no ano de qualquer droga (exceto álcool e tabaco) foi de 9,9% para a rede pública e 13,6% na rede particular. As drogas mais citadas pelos estudantes foram bebidas alcoólicas e tabaco, respectivamente 42,4% e 9,6% para uso no ano. inalantes (5,2%), maconha (3,7%), ansiolíticos (2,6%), cocaína (1,8%) e anfetamínicos (1,7%). (CEBRID, 2010).

11 Contextualização Teórica Jovens possuem as mais altas taxas de morte por agressão, bem como são os maiores acusados de autoria de violência. A cada 100 mil ocorrências, cerca de 70% de todos os homicídios ocorrem com adolescentes (OLIVEIRA, 2006). 11

12 Contextualização Teórica Em Sergipe um diagnóstico sobre a situação do uso de drogas nas escolas estaduais concluiu que: os fatores de risco estão presentes no ambiente escolar; a presença da Droga ilícita é perceptível entre a comunidade; as Drogas lícitas fazem parte do cotidiano escolar sendo largamente consumida pela maioria. (SEED, 2010). 12

13 Justificativa É essencial o levantamento de dados a respeito do uso de drogas nas escolas. A triagem do uso de substancias pode alavancar uma considerável melhora da qualidade de vida da população que possibilitam medidas preventivas Entender o contexto de violência e uso de substancias psicoativas nas escolas torna-se importante a abordagem salutogênica (Senso de coerência)

14 Contextualização Teórica Ações voltadas diretamente para essa faixa etária considerando as particularidades de cada população, como diferenças culturais, drogas mais disponíveis, custos, entre outros. A efetividade de programas de prevenção contra drogas depende do conhecimento prévio das condições do ambiente, das características sociodemográficas da população-alvo e do padrão de consumo de drogas, porque são essas informações que vão definir o tipo de intervenção que deverá ser realizada 14

15 Contextualização Teórica Potencial de produzir uma análise contextualizada da problemática do uso de drogas, identificando aspectos que se encontram associados possibilitando o levantamento de diagnóstico da situação com suas peculiaridades do estado de Sergipe, podendo favorecer a implementação de políticas públicas adequadas para a solução do problema. 15

16 Objetivo Geral Analisar as concepções e experiências de violência, senso de coerência e uso de substâncias psicoativas entre os adolescentes escolares da Grande Aracaju. Objetivos Específicos Identificar o consumo de substâncias psicoativas entre adolescentes escolares. Caracterizar o perfil sócio demográfico dos adolescentes pesquisados. Levantar escores do senso de coerência desses adolescentes. Determinar as concepções de violência no âmbito das escolas públicas estaduais. Verificar o relacionamento entre variáveis sociodemográficas, concepções e experiências de violência, senso de coerência e uso de drogas lícitas e ilícitas.

17 METODOLOGIA Delineamento Estudo epidemiológico seccional Amostra Formula de Barbetta (2010) Alunos de ensino fundamental (8º e 9º ano) e médio (2º e 3º ano) Aracaju-. 447(52,3%) municípios de São Cristovão 15 ( 1,8% ) ; N. S. do Socorro 306(35,8%) e Barra dos Coqueiros 86 (10,1%) TOTAL DA AMOSTRA PESQUISADA :854 Financiamento da FAPITEC-SE

18 METODOLOGIA Instrumentos Alcohol, Smoking and Substance Involvement Screenig Test (ASSIST) Adaptado e validado para o Brasil por Henrique e cols. (2004). Escala de SOC Formulado por Antonovsky (1987) e validadas para a língua portuguesa por Freire et al. (2001) Questionário validado (FREIRE, SIMÃO. FERREIRA, 2006) sobre violência na escola. Permite identificar alunos agressores, vítimas e observadores frequentes de situações de maus-tratos.

19 PROCEDIMENTOS Coleta de dados Afastamento dos professores das salas, no momento da coleta; supervisão atenciosa e sigilosa da equipe; Explicação dos objetivos da pesquisa e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE); Aplicação dos instrumentos: Questionário para levantamento sociodemográficos e de condições de violência, escala de níveis do Senso de Coerência (SOC) e o ASSIST

20 PROCEDIMENTOS Análise de dados Análise de distribuição de frequência do uso de drogas por idade e por municípios Análises bivariadas com aplicação de teste de correlação de Pearson e teste quiquadrado Comparação de médias do SOC em relação aos fatores sociodemográficos, ao uso de substâncias psicoativas e às experiências de violência.

21 40 37, ,1 3,7 1,2 1,5 1,1 0,6 0,5 0,4 0 Fig. 1. Distribuição de percentagem do consumo de substâncias psicoativas entre os adolescentes pesquisados- Grande Aracaju

22 Tabela 1- Distribuição do consumo de substâncias psicoativas pelos adolescentes por região - Grande Aracaju Região Sim Não Total Aracaju n % 19,9% 32,5% 52,4% Socorro n % 14,9% 20,1% 35,0% Barra n % 5,9% 4,8% 10,7% São Cristovão n % 0,9% 0,9% 1,8% Total n % 41,7% 58,3% 100,0% X 2 =29,653; p=0,001

23 Substâncias psicoativas N Média SOC Desvio Padrão Valor de p Bebidas alcoólicas NAO ,517 13,26845 SIM , ,35008 p=0,136 Maconha NAO ,275 14,31957 SIM 25 53,52 13,8928 p=0,425 Cocaína/crack NAO , ,32871 SIM ,21224 p=0,624 Anfetaminas NAO , ,22346 SIM 8 50,75 17,06919 p=0,558 Inalantes NAO , ,23591 SIM 9 58, ,49324 p=0,247 Hipnóticos/sedativos NAO , ,35009 SIM ,73205 Alucinógenos NAO , ,25725 SIM 3 39, ,09776 Opióides NAO ,118 14,34023 SIM 2 49,5 2,12132 p=0,05 p=0,713 p=0,117 Tabela 2 - Distribuição dos adolescentes pesquisados segundo o fato de já ter praticado agressão de acordo com o consumo de substâncias psicoativas - Grande Aracaju

24 X 2 = 56,713 p= 0,001 Fig. 2 Distribuição de frequência das vítimas de maus-tratos por idade- Grande Aracaju

25 19,40% 10,30% 2,60% 0,30% Aracaju Socorro Barra São Cristovão X2=29,653; p=0,001 Fig. 3 Distribuição de porcentagem das vítimas de maus-tratos por região - Grande Aracaju

26 Fig. 4 Comparação de médias do SOC dos adolescentes com a ocorrência de maus tratos - Grande Aracaju

27 20,00% 18,00% 16,00% 14,00% 12,00% 10,00% 8,00% 6,00% 4,00% 2,00% 0,00% Fig. 5 Respostas das vítimas para modos de manifestação de maus-tratos - Grande Aracaju

28 Bebidas Alcoólicas Sim Não Total Não n % 13,40% 37,60% 51,00% Sim n % 17,90% 25,50% 43,40% Em branco n % 1,50% 4,10% 5,60% Total n % 32,80% 67,20% 100,00% Derivados do Tabaco Não n % 26,10% 59,40% 85,60% Sim n % 4,40% 3,70% 8,10% Em branco n % 2,40% 3,90% 6,30% Total n % 32,90% 67,10% 100,00% Maconha Não n % 27,90% 61,20% 89,10% Sim n % 2,40% 1,50% 3,90% Em branco n % 2,40% 4,60% 7,00% Total n % 32,60% 67,40% 100,00% Tabela 3 - Distribuição dos adolescentes pesquisados segundo o fato de já ter praticado agressão de acordo com o consumo de substâncias psicoativas - Grande Aracaju X 2 =14,261 p=0,001 X 2 =11,490 p=0,003 X 2 =8,812 p=0,012

29 CONSIDERAÇÕES FINAIS O consumo de substâncias psicoativas pelos adolescentes foi significamente maior nas regiões de Aracaju e Socorro, comparado às regiões de Barra e São Cristóvão, sendo a bebida alcoólica a de maior prevalência (37, 2%), seguidas de tabaco e maconha em proporções menores. Na população estudada, o álcool e tabaco se confirmaram como as principais substâncias legalizadas utilizadas entre os adolescentes, com prevalências expressivas, sem diferenças entre os sexos, consumo de maconha que teve o sexo masculino como maior prevalência do consumo dessa substância. Houve menor prevalência de uso dessas substâncias entre os estudantes que vivem com os pais ou responsáveis na mesma casa.

30 CONSIDERAÇÕES FINAIS O consumo de bebidas alcoólicas pelo menos uma vez na vida foi maior na faixa etária de anos, seguida da faixa de anos. O consumo de inalantes teve prevalência maior foi na faixa de anos. Não houve diferença no consumo das demais substâncias psicoativas em relação às faixas etárias. adolescentes pesquisados 49,3% relataram ter consumido bebida alcoólica uma a duas vezes na vida, mas ainda há os que afirmaram ter consumido mensalmente (6,7%) e semanalmente (5,7%) e diariamente. A maioria nunca havia consumido tabaco (83,9%%), tabaco uma a duas vezes na vida (11,0%), mas ainda há os que afirmaram ter consumido mensalmente (2,4%) e semanalmente (2,7%) sem diferença significativa entre as faixas etárias na frequência do consumo tanto de bebidas alcoólicas quanto o tabaco.

31 CONSIDERAÇÕES FINAIS A prevalência de vítimas de maus-tratos entre os adolescentes na grande Aracaju foi de 32, 6%. O relato dos adolescentes pesquisados de ter sido vítima de bullying na escola foi de 32,6%, sem diferença significativa entre os sexos alunos agressores atingiu um percentual de 33,1%. Houve associação significativa da experiência de violência em forma de agressão com o uso de álcool Os adolescentes que alegaram não ter sido vítima de agressão possuíam maiores médias de SOC em relação aos que alegaram terem sido agredidos.

32 RECOMENDAÇÕES DOESTUDO PARA O ESTADO DE SERGIPE Políticas educacionais que possam:] resgatar a auto-estima para aumentar os níveis de senso de coerência dos adolescentes, através de metodologias participativas Atender as famílias nas suas necessidades de informação e socialização Trabalhar com temas transversais sobre substâncias psicoativas e violência escolar desde a idade 13 anos, com ênfase nas bebidas alccólicas.

33 DIFICULDADES ENCONTRADAS Greve geral das escolas estaduais Dificuldade na coleta dos TCLE s Agendamento das escolas Disposição de alguns diretores em receber os pesquisadores Necessidade de criação de grupos focais PONTOS POSITIVOS Receptividade da maioria dos diretores Parceria da SEED-SE/NAPSEC Auxílio financeiro FAPITEC-SE

34 Fotos das visitas

35 REFERÊNCIAS ANTONOVSKY, A. Unraveling mystery of health. How people manage stress and stay well. San Francisco: Jossey-Bass; ARSENEAULT L, CANNON M, POULTON R, MURRAY R, CASPI A, MOFFITT TE. Cannabis use in adolescence and risk for adult psychosis: longitudinal prospective study. BMJ 2002;325: BANDEIRA, Cláudia de Moraes; HUTZ, Claudio Simon. Bullying: prevalência, implicações e diferenças entre os gêneros. Psicol. Esc. Educ., Maringá, v. 16, n. 1, June 2012 BANDEIRA, C. M.. Bullying: autoestima e diferenças de gênero. Dissertação de Mestrado, Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, BERGER, K. S. Update on bullying at school: Science forgoten? Developmental Review, 27, , BARBETTA, P. A. Estatística aplicada às ciências sociais. 7 ed. Florianópolis: Editora da UFSC, BLUMSTEIN, A. Youth violence, guns and the illicitdrug industry. Journal of Criminal Law and Criminology, v. 86, p.10-36, 1995, CALBO, A. S. et al. Bullying na escola: comportamento agressivo, vitimização e conduta pró-social entre pares. Contextos Clínic, v. 2, n. 2, dez CARLINI, E.A.; GALDURÓZ, J.C.; NOTO, A.R.; CARLINI, C.M.; OLIVEIRA, L.G.; NAPPO, S.A.;. II Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil: estudo envolvendo as 108 maiores cidades do país, São Paulo: CEBRID/UNIFESP; CARLYLE, K.E.; STEINMAN, K.J. Demographic diff erences in the prevalence, co-occurrence, and correlates of adolescent bullying at school. The Journal of School Health, v. 77, p , CEBRID. Centro Brasileiro de Informações sobre DrogasPsicotrópicas. V levantamento nacional sobre oconsumo de drogas entre estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública de ensinonas 27 capitais brasileiras (acessado em Jun/2013). CHAPELL, M.S.; HASSELMAN, S. L.; KITCHIN, T.; LOMON, S.N.; MACLVER, K.W.; SARULLO, P.L. Bullying in elementary school, high school, and college. Adolescence, v. 41, p , MINAYO, MCS, et. al. Fala, galera: juventude, violência e cidadania. Rio de Janeiro, Garamond, FARRINGTON, D.P, LOEBER R. Major aims of this book. In: Loeber R, Farrington DP, eds. Serious and violent juvenile offenders: risk factors and successful interventions. Thousand Oaks, CA, Sage, 1998:1-9. FARRINGTON, D.P Understanding and preventing bullying. In: M. TONRY (ed.), Crime and justice. Chicago, The University of Chicago Press, p

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