SECRETARIA DA FAZENDA CONSELHO DE CONTRIBUINTES PRIMEIRA CÂMARA RECURSAL

Transcrição

1 1 RECURSO VOLUNTÁRIO 012/2014 AUTO DE INFRAÇÃO RECORRENTE: ESPAÇO TERRA CASA E CAMPO LTDA RECORRIDA: FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL RELATOR: OLÍVIO JOAQUIM FONSECA FILHO Sessão realizada em 07 de julho de ACÓRDÃO Nº 117/2015 EMENTA: OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. ICMS. MERCADORIA DESTINADA ORIGINARIAMENTE A UMA EMPRESA, MAS DESCARREGADA EM ESTABELECIMENTO DIVERSO - NA FILIAL DA EMPRESA, MEDIANTE APRESENTAÇÃO DA NOTA FISCAL DE TRANSFERÊNCIA. NOTA FISCAL CONSIDERADA IDÔNEA. MULTA INDEVIDA. I. Recurso voluntário conhecido e provido para reformar a decisão recorrida e considerar o auto de infração improcedente. II. Decisão por maioria dos votos RELATÓRIO Trata-se de recurso voluntário contra decisão de primeira que julgou procedente o Auto de Infração nº , lavrado contra a empresa acima qualificada, em 24/04/2012, relativo ao exercício de 2012, em face de que com o contribuinte acima identificado foi encontrado em 29/03/2012 pela fiscalização em trânsito com mercadorias acompanhadas do Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica nº , de 23/03/2012, 1

2 2 considerada inidônea por ter sido emitida com destinação à empresa ESPAÇO TERRA CASA E CAMPO LTDA, CAGEP nº , localizada na Avenida João XXIII, 2220, bairro São João, no entanto foram descarregadas na empresa ESPAÇO TERRA CASA E CAMPO LTDA, CAGEP nº , situada na Avenida Henry Wall de Carvalho, 8728, bairro Angelim, ambas em Teresina. Foi lavrado o TRDCD nº , de 10/04/2012, resultando na exigência fiscal abaixo. Em decorrência desse fato foi cobrado imposto nominal correspondente a R$ ,26 (doze mil, cento e vinte e nove reais e vinte e seis centavos), com os acréscimos legais cabíveis. Foram citados como fundamentação legal os seguintes dispositivos: Arts. 1º caput, 3º, I, b ; 13, I; 14, VII; 23, I, b ; 24, XIV; 29, IV; 33, VI e VIII; 38; 42; 43; 64, caput e 1º I; 81, I, b e d e 4º e 84, 2º da Lei 4.257/89; arts. 108, XIV, XVIII, XXVI; 169, VII; 347, IV e VIII e 5], II, 1.147, V; e 1.588, 4º, III, XVII, XVIII e XXII, do Decreto /08; Ato Cotepe PMPF 07/10 CONFAZ; art. 7º, 1º, 4º e 1º-A, II do Convênio SINIEF S/Nº70; e cláusula décima oitava do Ajuste SINIEF 07/05. A penalidade aplicada foi a prevista no artigo 78, III, "b" da lei 4.257/8. Intimado regularmente da ação fiscal, o contribuinte ingressou com suas razões de defesa, alegando, resumidamente, que é cediço que jamais ocorreu nenhuma utilização de documento fiscal inidôneo pela empresa ESPAÇO TERRA CASA E CAMPO LTDA, conforme se denota da extensa explanação avidada na DEFESA, não havendo razão que justifique a imposição de multa por suposto descumprimento de obrigação tributária acessória. Finaliza a defesa pedindo a improcedência da ação fiscal. A Procuradoria Tributária, através do Parecer 048/2015, opinou pelo conhecimento e não provimento do recurso, no sentido de confirmar a decisão recorrida. VOTO DO RELATOR O processo em análise diz respeito à cobrança de imposto, consectária de desconsideração da idoneidade do documento fiscal pela fiscalização em trânsito. O documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica nº foi emitido para acobertar 2

3 3 mercadorias destinadas à empresa Espaço Terra Casa e Campo Ltda, CAGEP , cujo endereço é Av. João XXIII, 2220, B. São João. No entanto, tais mercadorias foram descarregadas no estabelecimento filial, situado na Av. Henry Wall de Carvalho, 8728, Bairro Angelim. A princípio, em tal circunstância descrita, considera-se situação irregular, uma vez que as mercadorias foram encontradas em local diverso daquele designado no documento fiscal que as acoberta, submetendo-se, inclusive à retenção, por força do art , 1º, inciso I, "c" do Decreto nº de Constatado, pela fiscalização em trânsito o evento anteriormente mencionado, coube a seus agentes a elaboração do Relatório de Ocorrência da Fiscalização Itinerante, em , bem como emissão do Termo de Responsabilidade, Depósito e Confissão de Dívida Nº (fl.05), em , no qual consta a empresa autuada como fiel depositária das mercadorias. Após, em , deu-se a lavratura do Auto de Infração nº O desvio de mercadorias para local e destinatário diversos daquele indicado na documentação fiscal é conduta que evidencia nitidamente transgressão à legislação que rege o ICMS deste estado. Ante o que prescreve o 4º do art do Decreto nº , de , sujeita o infrator às penalidades legais, sem prejuízo da exigência do imposto, quando devido. A inidoneidade do documento fiscal se consubstancia na medida em que destinatário e local em que as mercadorias se encontram fisicamente não coincidem com aqueles exarados no DANFE, apresentando, assim, declarações inexatas. O procedimento correto da autuada seria a emissão de nota fiscal eletrônica destinada à filial, correspondente às mercadorias que entraram por meio do DANFE nº 05922, que estavam sendo descarregadas na Av. Henry Wall de Carvalho, Em seu recurso, o contribuinte manifesta-se contrário à postura do Fisco, alegando que as mercadorias ao chegarem ao destino - matriz - foram encaminhadas para serem descarregadas na filial da empresa, mediante a prévia observância da obrigatória emissão de notas fiscais eletrônicas de transferências de mercadorias, de nº(s) 918 e 921, e que os respectivos DANFE(s) foram exibidas em momento seguinte à abordagem da fiscalização, no mesmo dia, por volta das 11:00. 3

4 4 Analisando os autos do processo, vê-se que realmente o contribuinte apresentou a referida Nota Fiscal de Transferência, assegurando a legalidade do procedimento adotado. No caso, cumpre informar que os produtos que estavam sendo transportados podem ser alcançados pelo benefício da isenção, consoante se depreende da inteligência do parágrafo 3º do art do Decreto nº de , contudo, desde que as operações sejam internas e satisfaçam às exigências estabelecidas no inciso XVIII do artigo em referência: a) os produtos estejam registrados no órgão competente desse Ministério e o número do registro seja indicado no documento fiscal; b) haja o respectivo rótulo ou etiqueta identificando os produtos; e c) os produtos se destinem, exclusivamente, ao uso na pecuária; Convém ressaltar que, diante da apresentação da nota fiscal de transferência, há comprovação de operação interna, não podendo ser afastada a isenção. Portanto, não é cabível a cobrança do imposto, visto que a Nota Fiscal de Transferência dos produtos acobertados pela NF-e original nº estavam sendo descarregados em endereço constante no DANFE - Transferência, não configurando transgressão à legislação de regência do ICMS deste estado. Assim, voto pelo conhecimento e provimento do recurso, para reformar a decisão recorrida e considerar o auto de infração improcedente. É como voto DECISÃO A Primeira Câmara Recursal do Conselho de Contribuintes, em sessão realizada no dia 07 de julho de 2015, decidiu, por maioria dos votos, pelo conhecimento e provimento do recurso voluntário para considerar o auto de infração improcedente, vencida a Conselheira Savina Amália Marinho Magalhães. Participaram do julgamento os Conselheiros Raimundo Neto de Carvalho, presidente, Savina Amália Marinho Magalhães, representantes do Fisco, Celso Antônio Pires Ferreira, Olívio Joaquim Fonseca Filho, representantes dos contribuintes, e a Procuradora do Estado Christianne Arruda. Publique-se. Registre-se e Comunique-se. 4

5 5 Sala de Sessões do Conselho de Contribuintes do Estado do Piauí, em Teresina (PI), 07 de julho de Raimundo Neto de Carvalho -Presidente Savina Amália Marinho Magalhães Conselheira Celso Antônio Pires Ferreira Conselheiro Olívio Joaquim Fonseca Filho -Conselheiro-Relator Christianne Arruda Procuradora do Estado 5