Processo n /001

Transcrição

1 ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gabinete do Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque ACÓRDÃO Conflito Negativo de Competência - No /001 Relator: Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque Suscitante: Juízo da Comarca de Queimadas - PB Suscitado: Juízo da Comarca de Boqueirão - PB Autor: Saul Valy Pereira - Adv.: Luaton Bezerra Adelino de Lima e outo EMENTA: CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA CÍVEL. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE ATO ADMINISTRATIVO. SUSCITANTE - JUÍZO DA COMARCA DE QUEIMADAS - PB. SUSCITADO - JUÍZO DA COMARCA DE BOQUEIRÃO. FUNDAMENTAÇÃO NA LEI COMPLEMENTAR No 96 DE 03/12/ "NOVA" LOJE. IMPOSSIBILIDADE. ART. 2 0 DO PROVIMENTO CGJ 001/2011. INTELIGÊNCIA DO ART. 87 DO CPC. COMPETÊNCIA RELATIVA. PROCEDÊNCIA DO CONFLITO. Art. 2 - Caberá ao juiz responsável pela unidade jurisdicional proceder a identificação dos feitos sujeitos ao processo de redistribuição imediata, atento, nesse primeiro momento, ao que dispõe a respeito a "nova" LOJE, especialmente, nos seus artigos 164 a 179; 188; 190; 198; 200; 201; 339 a 342 c/c artigos 1 a 4 de suas Disposições Transitórias e Quadros Anexos, e também ao disposto no art. 87 do Código de Prcess. ji, aplicável subsidiariamente ao, Desembargador A/ arcos Cav uerque 1

2 Código de Processo Penai. Art Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta. São irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia. - O Juízo Suscitado não poderia ter declinado da competência, por tratar-se de competência territorial, caracterizando dessa forma a competência relativa. E, assim sendo exige-se a expressa alegação réu, através da exceção de incompetência, em razão do território ou em razão do valor da causa. Conhecimento do Conflito para declarar a competência do Juízo de Direito da Comarca de Bananeiras. Vistos, relatados e discutidos estes autos acima identificados. Acorda a Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, por unanimidade, em CONHECER DO CONFLITO PARA DECLARAR COMPETENTE O JUÍZO SUSCITADO. RELATÓRIO Trata-se de Conflito Negativo de Competência Cível suscitado pelo Juízo da Comarca de Queimadas, o qual afirma não ter competência para processamento e julgamento da causa, indicando a Comarca de Boqueirão como competente para o processamento e julgamento. /77 Desem rgador Marcos Cavalcanti e Albçerque 2

3 Processo no /001 Saul Valy Pereira ajuizou Ação de Anulação de Ato Administrativo, perante o Juízo de Direito da Comarca de Boqueirão, em face do Município de Caturité, objetivando a anulação do Decreto Municipal n. 240/2008. Às fls. 14 dos presentes autos, o Juizo de Direito da Comarca de Boqueirão declarou a sua incompetência para julgar e processar o feito, determinando em consequência a remessa dos autos à Comarca de Queimadas, sob o fundamento de que com a entrada em vigor da nova LOJE, em seu art. 342, II, o Município de Caturité, passara a integrar a esta Comarca. Recebidos os autos, o Juízo da Comarca de Queimadas suscitou o Conflito Negativo de Competência Cível (fls. 15/17), argumentando que os efeitos da nova LOJE não iriam valer para as ações já em curso, tendo em vista o art. 1 0 do provimento 001/2011 da CGJ, que determina a redistribuição dos feitos, observando-se o disposto no art. 87 do CPC.. A Procuradoria de Justiça, emitiu parecer de fls. 29/33, opinando pela procedência do presente conflito, para que seja declarada a competência do juízo suscitado, da Comarca de Boqueirão - PB. VOTO Merece prosperar a irresignação do Juízo Suscitante. O cerne da questão que nos é apresentada gira em torno do Juízo competente para processar e julgar a Ação de Anulação de Ato Administrativo proposta por Saul Valy Pereira em face do Município de Caturité. O Juízo suscitado (fls. 14), declinou de sua competência, aduzindo que em face da entrada em vigor da nova LOJE - Lei de Organização Judiciária, em data de 26/02/2011, a competência para processar e julgar os presentes autos, é do Juízo de Direito da Comarca de Belém, fundamentando-se no art. 342, inciso II, o qual Desembar arcos C 3

4 determina a redistribuição dos processos devido a modificação da competência territorial. Em contrapartida, o Juízo Suscitante argumenta em seu despacho de fls. 15/17, que embora tenha entrado em vigor a LOJE, com as devidas alterações, no tocante a redistribuição das comarcas, existe o provimento da CGJ 001/2011, determinando em seu art. 2 0 a necessidade de observar o disposto no art. 87 do CPC. PROVIMENTO CGJ 001/ ADOTA CRITÉRIOS MÍNIMOS PARA O PROCEDIMENTO DE REDISTRIBUIÇÃO DE FEITOS NO PRIMEIRO GRAU DE JURISDIÇÃO EM CASO DE REALINHAMENTO DE COMPETÊNCIA INSERIDO NA LOJE. Art. 2 Caberá ao juiz responsável pela unidade jurisdicional proceder a identificação dos feitos sujeitos ao processo de redistribuição imediata, atento, nesse primeiro momento, ao que dispõe a respeito a "nova" LOJE, especialmente, nos seus artigos 164 a 179; 188; 190; 198; 200; 201; 339 a 342 c/c artigos 1 0 a 4 0 de suas Disposições Transitórias e Quadros Anexos, e também ao disposto no art. 87 do Código de Processo Civil, aplicável subsidiariamente ao Código de Processo Penal. Art Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta. São irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia. A Ação de Anulação de Ato Administrativo foi proposta Vt ' )esembargad 4

5 em 29/07/2009 perante a Comarca de Boqueirão, quando a "nova",loje ainda não havia entrado em vigor, tendo em vista que esta, através da resolução no 93/2011, passou a vigorar no dia 26/02/2011. Ressalte-se que não há qualquer disposição expressa no sentido da aplicação retroativa da Lei Complementar No 096/2010, que dispõe sobre a Lei de Organização e Divisão Judiciárias do Estado da Paraíba, ou mesmo no sentido de disciplinar as ações já ajuizadas antes da modificação da competência territorial. Mas um provimento da Corregedoria Geral de Justiça, no 01/2011, determinando a observância do art. 87 do CPC, para efeito de redistribuição dos autos, em razão da competência territorial. Este é o entendimento do ST3, através do julgado: Processo Civil. Recurso Especial. Conflito de competência. Criação de nova vara por Lei de Organização Judiciária. Redistribuição de processos em razão do domicílio territorial. Impossibilidade. Exceções previstas no art. 87 do CPC. Rol taxativo. - A criação de nova vara, em virtude de modificação da Lei de Organização Judiciária, não autoriza a redistribuição dos processos, com fundamento no domicílio do réu. - As exceções ao princípio da perpetuatio jurisdictionis, elencadas no art. 87 do CPC, são taxativas, vedado qualquer acréscimo judicial. Recurso especial conhecido e provido. (REsp, /GO, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 10/11/2009, DJe 17/11/2009) mesmo sentido: O TJRS a esse respeito, também se pronunciou, no Desembarg or Marcos Ca v ue 5

6 Ementa: CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. INSTALAÇÃO DO JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA. RESOLUÇÃO N. 837/2010 DO CONSELHO DA MAGISTRATURA. SOMENTE A PARTIR DA INSTALAÇÃO DO JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA INICIA-SE A DISTRIBUIÇÃO DOS FEITOS, EM OBSERVÂNCIA DO ART. 87 DO CPC. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA 2a VARA DA FAZENDA PÚBLICA. CONFLITO NEGATIVO JULGADO PROCEDENTE. (Conflito de Competência No , Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Agathe Elsa Schmidt da Silva, Julgado em 16/06/2011). Oportuno lembrar ainda, que o Juízo Suscitado não poderia ter declinado da competência, por tratar-se de competência territorial, caracterizando dessa forma a competência relativa. E, assim sendo exige-se a expressa alegação do réu, através da exceção de incompetência, em razão do território ou em razão do valor da causa. O Superior Tribunal de Justiça já consolidou entendimento a esse respeito, através da Súmula no 33 A INCOMPETENCIA RELATIVA NÃO PODE SER DECLARADA DE OFICIO. (Súmula 33, CORTE ESPECIAL, julgado em 24/10/1991, D3 29/10/1991 p ) TJDF: E, seguindo este entendimento, assim se pronunciou o CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO DE CONVERSÃO EM DIVÓRCIO CONSENSUAL. COMPETÊNCIA RELATIVA. DECLINAÇÃO DE OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE.1. Em se tratando Desembspjgad arco querque 6

7 Processo no /001 de competência territorial, relativa, esta não poderia ser reconhecida de ofício pelo julgador, consoante entendimento consolidado na Súmula no 33/STJ.2. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito da Quinta Vara de Família da Circunscrição Especial Judiciária de Brasília, o suscitado. TJDFT. ( CCP, Relator FLAVIO ROSTIROLA, ia Câmara Cível, julgado em 10/03/2008, D3 27/03/2008 p. 11) COMPETÊNCIA RELATIVA. DECLINAÇÃO DE OFÍCIO. TRATANDO-SE DE COMPETÊNCIA RELATIVA, NÃO É DADO AO JUIZ DECLINÁ-LA DE OFÍCIO. AGRAVO PROVIDO. ( DF , Relator: VERA ANDRIGHI, Data de Julgamento: 04/05/2011, 6a Turma Cível, Data de Publicação: 19/05/2011, DJ-e Pág. 164, undefined) Portanto, conclui-se que assiste razão ao juízo suscitante, ao alegar a sua incompetência para processar e julgar os feitos distribuídos antes da entrada em vigor da "nova" LOJE. Por tais razões, deve ser mantida a competência do suscitado, Juízo de Direito da Comarca de Boqueirão, para processar e julgar o feito. Ex positis, conheço do presente Conflito Negativo de Competência, para julgá-lo PROCEDENTE e, por via de conseqüência, determinar o encaminhamento do feito para processamento e julgamento ao Juízo da Comarca de Boqueirão - PB, Juízo Suscitado. É como voto. Presidiu a sessão Excele íssimo Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuqu ram do julgamento este Desembargador Marcos crvalcanti d lbuqu ue 7

8 Processo no /001 Relator Marcos Cavalcanti de Albuquerque, Marcos William de Oliveira (Juiz convocado para substituir a Desembargadora Maria das Neves do Egito Araújo Duda Ferreira) e Maria das Graças Morais Guedes (Juíza convocada para substituir a Desembargadora Maria Fátima Moraes B. Cavalcanti). Presente à Sessão o 'Dr. Francisco Sagres Macedo Vieira, Procurador de Justiça. Sala de Sessões da Segunda Câmara Cível "Desembargador Luiz Sílvio Ramalho" do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba em João Pessoa, 17 de janeiro de esembargador Marcos Cavalca Relator querque 12 Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque 8

9 TRIBUNAL DE JUSTIÇA Coordenadoria Judiciária Regtstrado e 1