Benefícios da Utilização do Session Initiation Protocol (SIP) em Aplicações de Comunicação Multimídia para a Saúde
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- Eugénio Farinha de Santarém
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1 Benefícios da Utilização do Session Initiation Protocol (SIP) em Aplicações de Comunicação Multimídia para a Saúde Dácio Miranda Ferreira 1, Paulo Roberto de Lima Lopes 2, Daniel Sigulem 3, Ivan Torres Pisa 4 1,2,3,4 Departamento de Informática em Saúde (DIS), Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Brasil Resumo - Com a evolução das tecnologias de comunicação e a melhoria do desempenho nas transmissões de dados através de uma rede IP, várias aplicações que permitem a comunicação e a interação entre pessoas geograficamente distantes estão sendo desenvolvidas. Para estabelecer sessões de comunicação capazes de transportar dados, vídeo, áudio, texto ou imagens, surgiram alguns protocolos que permitem realizar a troca de informações entre as pessoas. Este artigo apresenta uma visão geral do Session Initiation Protocol (SIP), um protocolo de sinalização capaz de iniciar, gerenciar e finalizar sessões multimídia entre pessoas geograficamente distantes. O artigo também mostra algumas aplicações da área de saúde que podem utilizar o SIP para estabelecer sessões capazes de prover comunicação e interação entre médicos, enfermeiros e pacientes em locais distintos. Palavras-chave: Telemedicina, Assistência Médica, SIP, Voz sobre IP. Abstract With the evolution of communication technologies and the improvement of the data transmission performance by IP network, several applications that allow communication and interaction between remote people have been developed. To establish communication sessions that can transport data, video, audio, text, and images, have been surged some protocols that allow make information exchange between people. This paper presents an overview of Session Initiation Protocol (SIP), a signalling protocol that can initiate, manage, and halt multimedia sessions between people geographically distant. The paper aims mainly in applications in health area that can use SIP to establish sessions that can provide communication and interaction between doctors, nurses, and patients in distinct places. Key-words: Telemedicine, Medical Assistance, SIP, Voice over IP. Introdução Atualmente, com o aumento da capilaridade das redes de dados e a disseminação dos mais variados tipos de dispositivos que permitem acesso a internet, é possível oferecer uma série de serviços capazes de trocar informações entre pessoas ou máquinas distantes independentemente do tipo de mídia utilizado, seja, dados, voz, vídeo, texto ou imagens em formato digital. Esta demanda fez surgir diversos padrões de comunicação capazes de estabelecer uma sessão multimídia e trocar informações entre seus participantes, mas devido à falta de interoperabilidade entre eles, muitos acabaram não sendo utilizados ou se tornaram soluções proprietárias, que tiveram sua utilização limitada [1]. Um dos protocolos destinados para este fim foi o Session Initiation Protocol (SIP) [2]. O SIP é um protocolo aberto originado em meados dos anos 90 a partir dos estudos de um grupo de pesquisa do Departamento de Ciência da Computação da Universidade de Columbia, Nova York, e foi publicado como especificação pelo Internet Engineering Task Force (IETF) primeiramente como a RFC 2543 de Em 2001 sofreu algumas atualizações que culminaram na publicação de uma nova versão, ainda atual, denominada RFC 3621 de 2002 [2]. Este artigo apresenta uma revisão sobre o protocolo SIP e analisa algumas situações na área da saúde no qual esse protocolo apresenta um grande potencial de utilização em benefício dos médicos e pacientes. Metodologia Foi realizado um estudo da RFC 3621 de 2002, que especifica o protocolo SIP e todos os componentes que envolvem sua arquitetura. A partir da visão sobre o funcionamento do protocolo, seus componentes e suas funcionalidades, foi elaborada uma revisão de artigos da área da saúde publicados em congressos no Brasil e na Espanha nos últimos três anos, que citavam o protocolo SIP. O critério de seleção dos artigos levou em consideração a descrição de experiências obtidas por grupos de pessoas ou instituições ligadas a saúde, que
2 utilizaram o protocolo SIP para estabelecer sessões de comunicação multimídia em tempo real destinadas à aplicações ou atividades médicas. Estas sessões deveriam possibilitar a troca de informações (texto, voz, vídeo ou dados) entre profissionais da área presentes em locais remotos. Do total de 22 artigos avaliados, apenas dois artigos [3, 4] satisfizeram essas condições. Resultados Apesar de grande parte das discussões que envolvem o SIP estarem ligadas a questões sobre o tráfego de voz em redes IP, é importante ressaltar que o protocolo pode ser utilizado para várias outras finalidades, como, suporte para presença contínua, notificação de eventos, troca de mensagens instantâneas etc. De acordo com Camarillo [5], o SIP é capaz de oferecer comunicação multimídia entre seus usuários, assim, ele consiste num protocolo de sinalização desenvolvido para gerenciar, modificar e finalizar sessões multimídia sobre redes IP. Entende-se como sessão a troca de informações entre os participantes. Dentre as várias funcionalidades do protocolo, podemos destacar: Localização dos pontos participantes; Contato com determinado ponto para negociar o estabelecimento da sessão; Estabelecimento da sessão; Notificação para modificação do tipo de mídia utilizado numa sessão em andamento; Finalização de sessões existentes; Publicação e atualização de informações de presença; Transporte de mensagens instantâneas. O SIP é baseado em dois protocolos largamente utilizados na Internet, o HiperText Transport Protocol (HTTP), utilizado para navegação na web e o Simple Mail Transport Protocol (SMTP) empregado durante o envio de s. Ele foi modelado a partir destes protocolos e assim como eles, é um protocolo textual, no qual, clientes efetuam requisições a servidores que retornam uma resposta [6]. Algumas características encontradas nestes protocolos foram herdadas pelo SIP, por exemplo, utilizar os campos de cabeçalho To, From, Date e Subject. Vários de seus códigos de resposta são baseados na versão 1.1 do protocolo HTTP, por exemplo, o código 404 Not Found de página não encontrada também é utilizado quando um usuário não é encontrado [7]. Sua similaridade com estes protocolos e o fato de ser um padrão aberto transformou SIP em um padrão popular, com grande aceitação perante a comunidade em geral, empresas de tecnologia e instituições acadêmicas. As seções a seguir descrevem uma visão geral do SIP, citando seus componentes, sua arquitetura, as mensagens de requisição e resposta e descrevem uma série de aplicações voltadas para a área da saúde, que podem usufruir dos benefícios oferecidos pelo SIP no momento de se estabelecer sessões multimídia que podem aumentar o poder de comunicação entre médicos, enfermeiros, pacientes etc. geograficamente distantes. O Protocolo SIP O protocolo SIP funciona como um componente que, ao ser utilizado em conjunto com outros protocolos do IETF, formam uma arquitetura de comunicação multimídia completa. Normalmente esta arquitetura inclui protocolos como o Real Time Protocol (RTP) (RFC 1889 [8]) para transporte de dados em tempo real, Session Description Protocol (SDP) (RFC 2627 [9]) que descreve as características da sessão multimídia, o Real-Time Streaming Protocol (RTSP) (RFC 2326 [10]) que controla a entrega de streaming de mídia áudio-visual na web, o Media Gateway Control Protocol (MEGACO) (RCF 3015 [11]) que controla os gateways que se comunicam com a rede pública de telefonia entre muitos outros [2]. Como o próprio nome já diz, o Session Initiation Protocol (SIP) é um protocolo de inicialização da sessão e baseia-se fundamentalmente em transações, que podem ser entendidas como uma requisição enviada de um cliente para um servidor e as posteriores respostas a essa requisição. A partir da troca inicial de mensagens, ou seja, o processo de sinalização, as partes podem estabelecer uma sessão. Estas de mensagens são baseadas em texto, o que facilita a sua implementação [12]. Iniciada a sessão, a responsabilidade de sincronização dos pacotes para que estes sejam entregues na ordem correta fica sob responsabilidade do protocolo RTP, a de definir o conteúdo e as características da sessão fica com o SDP e assim segue. O SIP é responsável unicamente pela inicialização, gerenciamento, modificação e término das sessões. Um sistema SIP é composto por duas entidades descritas a seguir: Terminais SIP - User Agents O user agent (UA) representa um terminal SIP ou o software da estação final. Ele funciona como um cliente no pedido de inicialização da sessão e também age como um servidor quando responde a um pedido. Ele é capaz de armazenar e gerenciar a situação da chamada durante sua realização [13]. Quando age como cliente, é chamado de user agent client (UAC); quando age como servidor, é denominado user agent server (UAS). O UAC é responsável por realizar
3 requisições e tratar respostas dos UAS, enquanto um UAS responde a requisições recebidas de UAC. A presença de ambos no user agent possibilita a realização de sessões multimídia ponto a ponto utilizando a arquitetura clienteservidor [6]. Servidores SIP - SIP Network Servers As principais funções dos servidores SIP são determinar a localização do usuário e efetuar a resolução de nomes. Quando um user agent deseja iniciar uma sessão, seu UAC envia uma mensagem de convite ao UAS de outro user agent. Geralmente o solicitante não conhece o número IP nem o nome do host do destinatário, ele possui somente o nome ou um endereço SIP que o representa, cuja sintaxe é similar a um endereço de convencional. Este endereço é conhecido como um uniform resource identifier (URI) e segue a forma user@host, onde user é o nome do usuário e host consiste no seu domínio. Utilizando o SIP URI, o UAC pode determinar qual servidor SIP será capaz de resolver o SIP URI para um endereço IP. Eventualmente, este servidor pode redirecionar a requisição para outros servidores até chegar a algum que conheça o IP do destinatário. Os servidores SIP são subdivididos em três categorias: SIP Registrar Servers: São bases de dados que contém as informações para localização dos user agents. No momento em que um user agent envia uma requisição de registro, estes servidores armazenam seu endereço IP e outras informações adicionais que permitem determinar sua localização. Estas informações são então encaminhadas para o servidor solicitante; SIP Proxy Servers: Atuam como um proxy HTTP ou como um agente de transferências de mensagem SMTP (MTA). Ele recebe uma requisição e determina para qual servidor ela será encaminhada. Pode encaminhar a requisição para qualquer outro tipo de servidor, inclusive para um UAS. Desta forma uma mensagem SIP pode trafegar por diversos servidores no seu caminho entre um UAC e um UAS. SIP Redirect Server: Recebe requisições, mas ao invés de encaminhá-las para o próximo servidor ele informa ao requisitante o endereço do destinatário. Ele responde à requisição, utilizando uma mensagem contendo o endereço do próximo servidor, desta forma o cliente pode contatar o endereço diretamente. A distinção entre os três tipos de servidores SIP é exclusivamente lógica, portanto, todos eles podem estar fisicamente instalados no mesmo hardware. A seguir serão apresentadas algumas arquiteturas que podem ser implementadas para ofertar serviços baseados no protocolo SIP. Arquitetura do SIP Existem basicamente três representações diferentes da arquitetura do protocolo SIP. Devido à complexidade das terminologias, estruturas e formato do protocolo, um exemplo prático que represente este ambiente contribui para facilitar a compreensão sobre seu funcionamento, seus componentes e sobre os protocolos que trabalham em conjunto com ele. Exemplo 1 - Sessão SIP Ponto a Ponto Nesta arquitetura, o solicitante inicia a troca de mensagens enviando um convite ao receptor. A mensagem que representa o convite leva em seu conteúdo os detalhes do tipo da sessão que se deseja iniciar. Deve-se lembrar que o conteúdo transmitido numa sessão multimídia pode ser áudio, vídeo, texto, dados ou ainda uma combinação destes tipos. Ao receber o convite o receptor envia uma mensagem de retorno informando que a solicitação está sendo processada. Se o receptor decide aceitar o convite, ele envia uma mensagem de retorno confirmando o estabelecimento da sessão. Esta resposta também indica que o tipo de mídia proposto pelo solicitante foi aceito. Lembre-se que esta tarefa é responsabilidade do protocolo SDP. Esta troca de mensagens mostra que o SIP é um protocolo de comunicação fim-a-fim. Uma rede SIP ou servidores SIP não são necessários para que o protocolo seja utilizado. Dois dispositivos que rodam o protocolo e que conhecem mutuamente seus números IP podem utilizar o SIP para estabelecer uma sessão multimídia entre eles [7]. Exemplo 2 - Sessão SIP no Mesmo Domínio Neste exemplo um dispositivo não conhece o número IP do outro, portanto, é necessária a presença de servidores SIP que auxiliarão no estabelecimento da sessão. Ambos os dispositivos devem se registrar no SIP Registrar Server pertencente a seu domínio. Este passo deve ser efetuado antes do estabelecimento da sessão. Como os usuários podem utilizar dispositivos SIP a partir de qualquer ponto com conexão à internet, seu número IP pode variar, mas seu nome é mantido. Desta forma, o IP é associado ao nome e ambos são armazenados no SIP Registrar Server. O dispositivo solicitante envia uma mensagem ao SIP Proxy Server informando que ele pretende estabelecer uma sessão com o
4 dispositivo receptor. Este solicita ao SIP Registrar Server o endereço IP e outras informações pertinentes ao receptor. O SIP Proxy Server transmite o convite efetuado pelo solicitante ao receptor já informando o tipo de mídia que deve ser utilizado entre eles. O receptor então informa ao SIP Proxy Server que o convite efetuado pelo solicitante foi aceito e que ele está pronto para estabelecer a sessão. O SIP Proxy Server transmite esta informação ao solicitante. Neste instante, os dispositivos passam a se conhecer e estabelecem a sessão diretamente. O SIP Proxy Server finaliza seu trabalho e a sessão continua sem a sua intermediação [2], conforme o esquema da Figura 1. Como no exemplo anterior, a partir do momento que os dois dispositivos se conhecem, eles estabelecem a sessão diretamente e não necessitam mais dos servidores SIP, a menos que o conteúdo da sessão seja alterado ou que um dos dispositivos demonstre interesse em finalizar [2], conforme esquema da Figura 2. Consulta não SIP Sinalização SIP RTP 11 User Agents SIP Software SIP User Agent A Solicitante Telefone SIP DOMÍNIO: dominio2.com.br 1 10 Serviço de Registro e Localização Proxy Server 1. Chamar User Agent B 2. Consulta: Onde se encontra B? 3. Resposta informando o endereço SIP de B 4. Encaminha solicitação ao receptor 5, 6. Resposta de B 7. Estabelece a sessão multimídia Serviço de Registro e Localização dominio1.com.br 3 Consulta não SIP Sinalização SIP RTP DOMÍNIO: dominio1.com.br 2 Proxy Server dominio1.com.br Software SIP 7 Telefone SIP User Agent B Receptor User Agent A Solicitante Palmtop User Agent B Receptor Telefone SIP User Agents SIP 8 7 Proxy Server Serviço de Registro e Localização DOMÍNIO: dominio1.com.br Serviço de Redirecionamento 1. Chamar User Agent B 2. Consulta: Como alcançar o usuário B? 3. Retorna o endereço do controlador de domínio de B 4. A chamada é encaminhada o SIP Proxy de B 5. Consulta: "Onde está B?" 6. Retorna o endereço de B 7. A chamada é encaminhada 8, 9, 10. Resposta de B 11. Estabelece a sessão multimídia Figura 2 Desenho representativo de uma sessão SIP em domínios diferentes. Mensagens Figura 1 Desenho representativo de uma sessão SIP dentro de um mesmo domínio. Exemplo 3 - Sessão SIP em Domínios Diferentes Neste exemplo, os dispositivos participantes não se conhecem e também necessitam do auxílio dos servidores SIP. Aqui, temos a presença de um servidor adicional, o SIP Redirect Server, que é o responsável pelo encaminhamento das mensagens ao servidor de um segundo domínio. Quando o SIP Proxy Server do solicitante recebe uma requisição, ele percebe que o receptor não pertence ao seu domínio e então pergunta ao SIP Redirect Server pelo endereço do receptor. Para determinar a localização do receptor, o SIP Redirect Server pode utilizar várias alternativas disponíveis, tais como, busca DNS, acesso a bases de dados, entre outras. O SIP Redirect Server entrega ao SIP Proxy Server do solicitante as informações referentes ao receptor, que então encaminha o convite do solicitante ao SIP Proxy Server pertencente ao domínio do receptor. Este último entrega o convite do solicitante ao dispositivo receptor que encaminha sua aceitação de volta ao solicitante. Mensagens SIP podem ser requisições efetuadas pelo cliente ao servidor ou respostas do servidor para o cliente [12]. Existem seis tipos de mensagens de requisição definidas pela RFC 3261; outros tipos são definidos em RFC diferentes. As mensagens de resposta são classificadas em seis classes, sendo que as cinco primeiras foram herdadas do protocolo HTTP. Mensagens de requisição definem uma ação específica que deve ser realizada pelo UAS. As mensagens INVITE, REGISTER, BYE, ACK, CANCEL e OPTIONS são os seis tipos de mensagens originais do protocolo SIP. As mensagens REFER, SUBSCRIBE, NOTIFY, MESSAGE, UPDATE, INFO e PRACK são definidas por outras RFC. As mensagens de resposta são geradas por um UAS ou por um servidor SIP em resposta a uma requisição enviada por um UAC. A Tabela 1 mostra alguns tipos destas mensagens. Classe Descrição Ação Exemplos 1XX Informação 100 Trying Indica o progresso de uma chamada antes 180 Ringin que ela seja completada. 183 Session Progress 2XX Sucesso Indica que a requisição obteve êxito ou foi 200 OK aceita. 202 Accepted Enviada para servidores SIP que atuam 300 Multiple Choices 3XX Redirecionamento como Sip Redirect Server em resposta a 301 Move Permanently um INVITE. 305 Use Proxy 4XX Erro no cliente Utilizada por um servidor ou por um UAS 400 Bad Request para indicar que a requisição não pode ser 403 Forbidden executada da forma que foi submetida. 404 Not Found 5XX Falha do servidor Indica que a requisição não pode ser processada devido a erro com o servidor. 500 Server Internal Error 502 Bad Gateway 504 Gateway Timeout
5 Classe Descrição Ação Exemplos 600 Busy Everywhere Indica que o servidor sabe que a 6XX Falha Global 603 Decline requisição irá falhar de qualquer forma. 606 Not Acceptable Tabela 1 Exemplos de mensagens de resposta. Potencial do SIP na Saúde A informática em saúde é uma área que possui um enorme potencial no que diz respeito ao desenvolvimento de aplicações médicas que demandam recursos de comunicação multimídia. Atividades como realização de exames, consultas, obtenção de segunda opinião, pesquisas e ensino à distância, podem ser bem aplicadas quando utilizadas corretamente e em conjunto com este tipo de recurso, pois possibilitam o acompanhamento em tempo real por meio de voz, vídeo ou texto utilizando a internet [3]. Nestes casos vale ressaltar que, além do conhecimento relacionado à medicina, os profissionais de saúde envolvidos devem ser capacitados e treinados para realizar as atividades necessárias em conjunto com a tecnologia. A implantação de recursos tecnológicos computacionais por si só em ambientes médicos não oferece benefícios diretos aos pacientes, a menos que os profissionais estejam preparados para executar as devidas ações. Portanto, a adaptação do profissional com relação à tecnologia é um ponto importante dentro do processo de inserção da mesma. Uma das possibilidades de utilização de recursos de comunicação multimídia dentro da área médica, utilizando o protocolo SIP, seria em situações que envolvam o processo de aprendizado. Como exemplo, podemos citar o Centro Alfa de Humanização do Ensino, UNIFESP, cujo objetivo é melhorar as condições de ensino da prática médica e proporcionar um avanço qualitativo e quantitativo na educação com o apoio de recursos de informática [14]. Neste ambiente poderia ser desenvolvido um modelo de comunicação baseado em texto e/ou voz, pelo qual os alunos, presentes em consultórios distintos, poderiam estabelecer sessões para tirar dúvidas com os professores, compartilhar informações de pacientes ou ainda trocar experiências. Atualmente está sendo desenvolvido no Departamento de Informática em Saúde (DIS) da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) um projeto de colaboração médica baseada em voz sobre IP para ser aplicado no Parque Indígena do Xingu [15]. Este projeto utiliza o protocolo SIP para estabelecer comunicação de voz entre os médicos e enfermeiros dos postos de saúde, presentes em aldeias do parque, com um centro especialista de referência. Um dos maiores problemas encontrados em regiões remotas se refere justamente à comunicação. O projeto visa eliminar esta barreira e desta forma, permitir que os profissionais de saúde do parque tenham como se comunicar com um centro de referência em ocasiões que necessitem de uma segunda opinião, discussão de caso ou tomada de decisão. Existe um piloto do projeto dentro do DIS, UNIFESP e logo ele será implantado nas dependências do parque para que seja medido seu impacto neste tipo de situação [15]. Em breve será produzido um artigo que se refere às experiências encontradas no desenvolvimento do projeto piloto. O Laboratório de Bioinformática da UNIOESTE (LABI), em conjunto com o Serviço de Coloproctologia da UNICAMP, desenvolveu um sistema denominado Sistema de Aquisição e Análise de Dados Biomecânicos (SABI) [3]. O SABI foi desenvolvido para auxiliar a realização de experimentos médicos e também permitir a participação de pesquisadores de outras instituições nos experimentos realizados com ele. Os pesquisadores, além de acompanhar o processo pela internet, podem interagir durante a realização dos experimentos médicos por meio de comunicação por voz e mensagens de texto em tempo real [3]. O protocolo SIP foi adotado como a tecnologia que tornou possível a construção deste sistema de comunicação. Um outro exemplo, de telemonitorização de pacientes de emergências, permite conectar os médicos em uma ambulância com especialistas em um hospital remoto, baseado em protocolos de sinalização que estabelecem sessões multimídia. O sistema conta com a transmissão de sinais biomédicos (incluindo ECG, pressão sanguínea etc.), videoconferência, transmissão de imagens de alta resolução, além de outras funcionalidades como colaboração de dados, bate-papo e acesso à internet [4]. Discussão e Conclusões São diversas as possibilidades que o protocolo SIP oferece para o desenvolvimento de aplicações de comunicação multimídia, tanto para a área médica, quanto para qualquer outra área. No caso específico da saúde, a utilização destas aplicações requer cuidados porque, geralmente, implicam em uma mudança cultural da atividade médica, e em muitos casos geram alguma recusa por parte dos profissionais de saúde que serão envolvidos. Se devidamente aplicadas, estas novas tecnologias de comunicação têm muito a acrescentar, no sentido de oferecer acesso mais rápido a informação, compartilhamento de experiências e troca de informações entre pessoas distantes Referências [1] Fernandes NLL (2006). Voz sobre IP: Uma Visão Geral. 11 Junho.
6 [ on_voip.pdf]. 10 Setembro [2] Misson K (2006). Understanding SIP Today s Hottest Communication Protocol Comes of Age. Ubiquity Software. April 19. [ hitepapers/understanding-sip.pdf/view]. 10 Setembro [3] Bueno MAF, Machado RB, Lee HD, Wu FC, Fagundes JJ, Goés JRN (2004), Conferência Multimídia em Experimentos Médicos. In: I WorkComp Sul, Florianópolis. [4] Viruete E, Hernández C, Ruiz J, Fernández J, Alesanco A, Lleida E, Ortega A, Hernández A, Valdovinos A, García J (2004), Sistema de telemonitorización em vehículos de emergencias médicas sobre UMTS. In: XXII Congreso Anual de la Sociedad Española de Ingeniería Biomédica, Santiago de Compostela. [14] Universidade Federal de São Paulo. Departamento de Informática em Saúde. Relatório de Atividades. São Paulo, Brasil. [ m]. Julho [15] Universidade Federal de São Paulo. Setor de Telemedicina. São Paulo, Brasil. [ Julho Contato O mestrando Dácio Miranda Ferreira e o Prof. Dr. Ivan Torres Pisa, podem ser contactados no endereço. Universidade Federal de São Paulo, Departamento de Informática em Saúde, Rua Botucatu, 862, , São Paulo, SP. Telefones: (11) / s: dacio-pg@dis.epm.br e ivanpisa@dis.epm.br. [5] Camarillo, G. (2002), SIP Demystified, New York: McGraw-Hill. [6] Schulzrinne HG, Rosenberg JD (1988). The Session Initiation Protocol: Providing Advanced Telephony Services Across the Internet. Bell Labs Technical Journal, October-December. [7] Johnston AB (2004). SIP Understanding The Session Initiation Protocol, Artech House, Second Edition. [8] Schulzrinne H, Casner S, Frederick R, Jacobson V (1996). RTP: A Transport Protocol for Real-Time Applications. RFC [9] Handley M, Jacobson V (1988). SDP: Session Description Protocol. RFC [10] Schulzrinne H, Rao R, Lanphier R (1997). Real Time Streaming Protocol (RTSP). RFC [11] Cuervo F, Greene N, Rayhan A, Huitema C, Rosen B, Segers J (2000). Megaco Protocol Version 1.0. RFC [12] Rosenberg J, Schulzrinne H, Camarillo G, Johnston A, Peterson J, Sparks R, Handley M, Schooler E (2002), SIP: Session Initiation Protocol. RFC [13] ViDe Video Development Initiative. Tecnologias Colaborativas Populares [ p.htm]. Julho 2006.
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