PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE CONCÓRDIA DO PARÁ EXCELENTÍSSIMA SENHORA JUÍZA DE DIREITO DA COMARCA DE CONCÓRDIA DO PARÁ

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1 PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE CONCÓRDIA DO PARÁ EXCELENTÍSSIMA SENHORA JUÍZA DE DIREITO DA COMARCA DE CONCÓRDIA DO PARÁ Autos de Pedido de Progressão Penal Nº (apenso à Execução Criminal Nº ) Apenado: P. R. R. C. O Ministério Público Estadual, por intermédio da Promotora de Justiça ao final assinada, no uso de suas atribuições legais, com fundamento no art. 197, da Lei nº /84, c/c a Súmula nº. 700, do STF, não se conformando com a r. decisão de fls. 44/45, proferida nos autos do Pedido de Progressão de Regime Penal acima epigrafado, que houve por bem progredir o regime de cumprimento de pena do apenado do regime fechado para o regime semi-aberto, com serviço externo, mediante determinadas condições, vem, tempestivamente, perante Vossa Excelência, interpor o presente RECURSO DE AGRAVO EM EXECUÇÃO. Anexas seguem as razões do recurso, digitadas em folhas somente no anverso. Recebido o recurso e processado nos termos da lei, aguarda-se o juízo de retratação (art. 589, do CPP). Não ocorrendo este, requer-se a remessa dos autos à 2ª Instância para reexame. Na oportunidade, indica-se para a formação do instrumento o traslado as seguintes peças: a) obrigatória: decisão recorrida com a correspondente certidão de sua intimação e a petição de interposição; b) facultativas: fls (autos de execução criminal nº ); 47 (frente e verso) e certidão do Diretor de Secretaria.. Termos em que Pede deferimento. Concórdia do Pará, 25 de abril de Fábia Mussi de Oliveira Lima Promotora de Justiça

2 PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE CONCÓRDIA DO PARÁ Excelentíssimos Senhores Desembargadores do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Pará. RAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO Autos de Pedido de Progressão Penal Nº (apenso à Execução Criminal Nº ) Agravante: Ministério Público Estadual Agravado: P. R. R. C. O Ministério Público Estadual, por intermédio da Promotora de Justiça ao final assinada, no uso de suas atribuições legais, vem, perante Vossas Excelências, com fundamento no art. 197, da Lei nº /84, c/c a Súmula nº. 700, do STF, apresentar, tempestivamente, RAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO, interposto contra a r. decisão de fls. 44/45, proferida nos autos do Pedido de Progressão de Regime Penal acima epigrafado, que houve por bem progredir o regime de cumprimento de pena aplicada ao agravado do regime fechado para o regime semi-aberto, com serviço externo, mediante determinadas condições, fazendo-o mediante os termos e fundamentos a seguir expostos: O agravado foi condenado no feito nº. 087/04 à pena de cinco anos de reclusão, com imposição de regime fechado. Nos autos de nº (apensos à execução criminal nº ), a MM. Juíza de Direito da Comarca de Concórdia do Pará, acolhendo o pedido da defesa, concedeu a progressão do regime de cumprimento de pena do regime fechado para o REGIME SEMI-ABERTO. A r. decisão recorrida estipulou certas condições para que o agravado cumprisse a pena em regime semi-aberto, invocando o art. 115, da LEP, possibilitando, ainda, ao mesmo, recolher-se diariamente à cadeia pública, no período das 20:00h às 05:00 em dias de trabalho, vedada a saída da unidade policial em seus dias de folga, feriados e finais de semana, excetuados a freqüência comprovada, uma vez por semana, a culto religioso do seu credo e, das 05h às 20h, as datas coincidentes com o Domingo de Páscoa, o Dia das Mães, o Dia dos Pais, o Dia das Crianças, o Natal (até às 20h de cada 25 de dezembro), véspera de Ano Novo (até as 20h de cada 01 de janeiro) e, se católico, com o Círio Nossa Senhora de Nazaré. Em que pesem os argumentos aduzidos, a r. decisão de 1ª Instância merece ser reformada. Não se houve a d. magistrada, desta feita, com o costumeiro acerto, posto que o regime semi-aberto de cumprimento de pena não se confunde com o regime aberto, onde o recolhimento se dá apenas no período noturno, pois regime semi-aberto é uma espécie de regime semifechado em colônia penal (art. 35 1º e 2º, do CP).

3 Vale dizer, portanto, que o regime semi-aberto é uma transição para o regime aberto, no processo de reinserção social do condenado. Da mesma forma, deve o condenado ser transferido do regime fechado para o regime semi-aberto, quando tiver alcançado determinados requisitos de natureza subjetiva e objetiva, conforme previstos em lei, tais como boa conduta carcerária e cumprimento de certo tempo da pena no regime anterior. Por outro lado, será transferido para o regime semi-aberto ou fechado o condenado que cumpre a pena em regime aberto quando ocorrer causa da regressão (art. 118 e 1º e 2º, da LEP). Segundo consta na lei, a colônia agrícola, industrial ou similar destina-se ao cumprimento da pena em regime semi-aberto, conforme determina o art. 91, da Lei de Execução Penal. Nela, os presos devem movimentar-se com relativa liberdade, a guarda do presídio não deve estar armada, a vigilância deve ser discreta e o sentido de responsabilidade do preso enfatizado. Diante de tal constatação, há de se admitir que a delegacia de polícia não é local adequado para o cumprimento da pena no regime semi-aberto, primeiro porque a lei assim prevê, segundo porque importa, segundo entendimento jurisprudencial, em constrangimento ilegal e desvio de finalidade da pretensão executória 1 ; terceiro porque importa 1 Processo RHC 10143/DF; RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS 2000/ Relator Ministro Gilson Dipp. Órgão Julgador T5 Quinta Turma. Data do Julgamento 03/08/2000. Data da Publicação/Fonte DJ p Ementa: CRIMINAL. RHC. EXECUÇÃO. DESVIO. CONDENAÇÃO EM REGIME SEMI-ABERTO. CUSTÓDIA EM REGIME FECHADO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. OCORRÊNCIA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. I. Reconhece-se a ocorrência de constrangimento ilegal, se demonstrado que o paciente, condenado a regime prisional semi-aberto, encontra-se recolhido nas dependências de uma delegacia de polícia, em regime fechado, uma vez que não se pode exceder aos limites impostos ao cumprimento da condenação, sob pena de desvio da finalidade da pretensão executória. Precedentes. II. Recurso parcialmente provido para determinar que o paciente cumpra, imediatamente, a pena no regime certo, ou, não sendo isto possível, para permitir que aguarde a abertura de vaga no regime semi-aberto em regime aberto, a ser cumprido em Casa de Albergado. Acórdão. Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, em conformidade com os votos e notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso para que o paciente cumpra, imediatamente, a pena no regime certo, ou não sendo isto possível, para permitir que aguarde a abertura de vaga no regime semi-aberto em regime aberto, a ser cumprido em Casa de Albergado. Votaram com o Relator os Srs. Ministros Felix Fischer e José Arnaldo, Ausentes, ocasionalmente, o Sr. Ministro Edson Vidigal e, justificadamente, o Sr. Ministro Jorge Scartezzini. Processo RHC 10227/DF; RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS 2000/ Relator Ministro José Arnaldo da Fonseca. Órgão Julgador T5 Quinta Turma. Data do Julgamento 15/08/2000. Data da Publicação/Fonte DJ p Ementa: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PENA A SER CUMPRIDA EM REGIME SEMI- ABERTO. CONDENADO RECOLHIDO EM CADEIA PÚBLICA. INEXISTÊNCIA DE VAGAS NO ESTABELECIMENTO ADEQUADO. Assentada a jurisprudência desta Corte no sentido de que a falta de vagas em estabelecimento adequado para cumprimento de pena imposta em regime semi-aberto não justifica a permanência do condenado em condições prisionais mais severas, nas dependências de delegacia policial. Em casos que tais, lícita é a concessão, em caráter excepcional, do regime aberto, ou mesmo a prisão domiciliar no caso de inexistir no local casa de albergado, enquanto se espera vaga em estabelecimento prisional adequado. Recurso Provido. Acórdão. Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da QUINTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, dar provimento ao recurso para assegurar ao recorrente, em caráter excepcional, o cumprimento da pena em regime aberto ou, na falta de casa de albergado, em regime domiciliar, sob as cautelas do Juízo das Execuções, até que surja uma vaga no

4 em situação de perigo tanto para os presos provisórios, recolhidos nas celas da delegacia de polícia, quanto para o próprio apenado, devido às precárias condições de segurança, característico destes estabelecimentos prisionais, que dificultam a fiscalização do cumprimento das condições impostas pelo Juízo a quo, ao apenado, na decisão recorrida. Nem se argumente que não existia vaga para o apenado cumprir pena no local adequado para o regime semi-aberto, porque sequer tal consulta foi realizada ao Sistema Penal, o que pode ser observado pelo próprio teor da decisão agravada. Outra situação que se debate é quanto às tais condições fixadas para o condenado, na decisão agravada, fazendo inclusive referência ao art. 115, da LEP, que trata de condições gerais e obrigatórias para a concessão do regime aberto. Importa salientar, como foi dito anteriormente, que tais condições são previstas para a hipótese de cumprimento de pena no regime aberto, o que, também, deve ser cumprida em estabelecimento próprio, ou seja, casa de albergado (art. 93, da LEP), e não em delegacia de polícia. Ademais, os autos não atestam o cumprimento de nenhuma das condições impostas pelo Juízo, especialmente no que tange ao item IV, conforme certidão anexa, e quanto à exigência de apresentar proposta de emprego adequada às condições impostas, o douto juízo a quo se contentou com mera manifestação do advogado do apenado, à fl. 47 (cópia - de frente e verso - anexa), dando como comprovado o exercício de atividade lícita, o que demonstra claramente a falta de fiscalização, pelo juízo de execução, quanto às condições impostas, mesmo porque não possui estrutura para tanto. Diante do exposto, aguarda a Justiça Pública o provimento do recurso, estabelecendo-se o cumprimento da pena imposta ao apenado P. R. R. C., cuja progressão do regime fechado para o semi-aberto foi deferido, conforme decisão recorrida, em estabelecimento prisional apropriado, ou seja, em Colônia Agrícola, Industrial ou similar, e não em Distrito Policial 2, até que alcance os requisitos para o ingresso em regime aberto, nos termos do art. 35, 1º, do CPB, e art. 91, da Lei nº /84. estabelecimento prisional adequado ao regime semi-aberto. Votaram com o Relator os Srs. Ministros GILSON DIPP, FELIX FISCHER e EDSON VIDIGAL. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro JORGE SCARTEZZINI. 2 Processo HC 3315/SP; Hábeas Corpus 1995/ Relator Ministro Jesus Costa Lima. Órgão Julgador T5 Quinta Turma. Data do Julgamento 26/04/1995. Data da Publicação/Fonte DJ p RT vol. 722 p Ementa: PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. COMPETÊNCIA DO STF E STJ. LIMINAR. INDEFERIMENTO. PENA. REGIME. QUESITOS. PROTESTO. 1. A JURISPRUDÊNCIA DO COLENDO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL RESPEITANTE A COMPETENCIA PARA CONHECER DE HABEAS CORPUS ALTEROU-SE NO SENTIDO DE QUE, SE O PEDIDO NÃO FIXA LIMITES CONTRA A DECISÃO, O CONHECIMENTO É PLENO DA MATÉRIA JULGADA; SE É LIMITADO NA ORIGEM, CABE- LHE DECIDIR RESPEITADA A LIMITAÇÃO FEITA PELA PARTE; SE QUESTIONA MATÉRIA SOBRE A QUAL O TRIBUNAL A QUO NÃO FOI PROVOCADO, A COMPETÊNCIA É DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (HC Nº , RELATOR MIN. SEPULVEDA PERTENCE). 2. FIRME A JURISPRUDÊNCIA DA QUINTA TURMA DE QUE, APENAS EM CASOS EXCEPCIONALÍSSIMOS, SE RECONHECE E SE APRECIA HABEAS CORPUS IMPETRADO CONTRA INDEFERIMENTO DE LIMINAR POR TRIBUNAL DE SEGUNDO GRAU. 3. ERRO NA FORMULAÇÃO DOS QUESITOS DEVE SER OBJETO DE OPORTUNO PROTESTO E

5 A Deferimento, Concórdia do Pará, 02 de maio de FÁBIA MUSSI DE OLIVEIRA LIMA Promotora de Justiça IMPUGNAÇÃO COM O EXPRESSO REGISTRO NA ATA DOS TRABALHOS DO JURÍ. NO CASO, VERIFICA-SE QUE NADA FOI ARGÜIDO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO OU PELA DEFESA. 4. A SENTENÇA FIXOU O CUMPRIMENTO DA PENA, DE INÍCIO, NO REGIME SEMI-ABERTO. ASSIM, TRANSITADA EM JULGADO, EXPEDIDA A GUIA DE RECOLHIMENTO, O CONDENADO TEM DIREITO DE CUMPRÍ-LA EM COLÔNIA AGRÍCOLA, INDUSTRIAL OU SIMILAR E NÃO EM DISTRITO POLICIAL, EXCETUADA A RESSALVA EXPRESSA NO ARTIGO 201 DA LEP. Acórdão. POR UNANIMIDADE CONCEDERA A ORDEM, APENAS PARA QUE O PACIENTE SEJA TRANSFERIDO DA DELEGACIA DE POLÍCIA PARA O REGIME SEMI- ABERTO. Resumo estruturado: AUSENCIA, INTERPOSIÇAO, RECURSO JUDICIAL, ARGUIÇÃO, ERRO, QUESITO, CONCESSÃO, ORDEM, HABEAS CORPUS, OBJETIVO, PACIENTE, CUMPRIMENTO, PENA, REGIME SEMI ABERTO, DETERMINAÇÃO, TRANSFERENCIA, DELEGACIA DE POLÍCIA. (MARIA AMÉLIA). Referência Legislativa: LEG FED LEI 7210 ANO ART. 201.