COMPARTIMENTAÇÃO GEOAMBIENTAL COMO SUBSÍDIO AO PLANEJAMENTO MUNICIPAL: ESTUDO DE CASO DE CAMOCIM, CEARÁ.
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1 Autora: Vanessa Barbosa de Alencar Graduada em Geografia modalidade Bacharelado e graduanda em Geografia modalidade Licenciatura, ambas pela Universidade Estadual do Ceará- UECE. vanessa.alencar@aluno.uece.br COMPARTIMENTAÇÃO GEOAMBIENTAL COMO SUBSÍDIO AO PLANEJAMENTO MUNICIPAL: ESTUDO DE CASO DE CAMOCIM, CEARÁ. INTRODUÇÃO O litoral nordestino concentra aproximadamente três mil quilômetros de extensão, o objeto de estudo desta pesquisa, Camocim faz parte de vinte por cento do litoral brasileiro destinados ao estado do Ceará. Nos últimos anos, a zona costeira cearense tem sofrido diversos conflitos, como por exemplo: os múltiplos usos do litoral, as pressões econômicas derivadas do crescente processo produtivo, do alavanque das atividades turísticas, da especulação imobiliária e do aumento da densidade demográfica entre outros conflitos. O município de Camocim nasceu de um aldeamento indígena de práticas estritamente artesanais, com grande enfoque na pesca. Hoje, esta cidade configura-se como um ambiente que se mantém prioritariamente do turismo e da pesca. As questões ambientais tem sido motivo de grandes debates e preocupação em escala mundial, a importância do uso adequado dos componentes ambientais se faz presente em qualquer corpo de planejamento e gestão territorial devido principalmente ao largo uso indiscriminado do meio ambiente e de suas potencialidades sem se preocupar com suas limitações, durante todo o contexto de exploração mercadológica em que se inserimos desde a época colonial.
2 Com base nisso a caracterização geoambiental de uma área determina as características de um ambiente nas escalas geológica, geomorfológica, climatológica, hidrológica, pedológica, vegetacional e de uso da terra e desses componentes de maneira integrada as ações humanas visando uma relação ambientalmente correta e financeiramente lucrativa para o homem. Nessa perspectiva o presente trabalho propõe, através de ferramentas de Sensoriamento Remoto caracterizar as condições geoambientais e hídricas do município de Camocim, a fim de propor a correta utilização de sues recursos ambientais, que paralelo à legislação pertinente, sejam utilizados como instrumento de planejamento e proteção ambiental do município. OBJETIVOS Geral Caracterizar as condições geoambientais e hídricas do município de Camocim, a fim de propor a correta utilização de sues recursos ambientais, Específicos Determinar as potencialidades e limitações de utilização de cada variável geoambiental; Elaborar mapas que identifiquem as características a ser representadas; Identificar possíveis impactos ambientais da incorreta utilização dos recursos naturais do município. METODOLOGIA Para a formulação desta pesquisa foi realizado um levantamento bibliográfico apoiado nos principais autores relativos ao assunto como Souza (2000), Bertrand (1972), Tricart (1977), e dos dados obtidos a partir do perfil básico municipal do IPECE (2014).
3 A metodologia aplicada a esta pesquisa é a teoria geossistêmica de Bertrand (1972) onde para o autor o Geossistema é um modelo resultante da combinação de fatores geomorfológicas, hidrológicos, climáticos que juntos constituem o potencial ecológicos aliados a exploração biológica derivada da ação humana formariam o Geossistema. Para o autor o Geossistema atingiria seu ápice quando o potencial ecológico e a exploração biológica estiverem em equilíbrio, segundo Bertrand: o Geossistema é um complexo essencialmente dinâmico mesmo em um espaço tempo muito breve, por exemplo, de tipo histórico. O clímax esta longe de ser realizado. O potencial ecológico e a ocupação biológica são dados instáveis que variam tanto no tempo como no espaço. (BERTRAND, 1972, p. 147). Com base no que foi dito teremos por Trincart (1977) uma classificação e análise da ecodinâmica dos ambientes classificando-os de acordo com sua tendência a estabilidade ou não, desta forma caracterizando meios estáveis, meios intergrades e meios fortemente instáveis que de acordo com suas potencialidades e limitações irão servir de base para caracterização do nosso objeto de estudo. RESULTADOS PRELIMINARES Camocim ganhou destaque com a pesca artesanal e o seu conteúdo passado de pai pra filho, gerando assim renda as famílias ribeirinhas. Atualmente é praticada, em sua maioria, por duas empresas de grande apanhado tecnológico, com sedes em Fortaleza. Este fator limitou a pesca artesanal, devido à competitividade, onde pescador, sem investimento e tecnologia se restringia a uma produção mínima, que não lhe permitia concorrer com a produção em larga escala das grandes empresas. Outro fator importante para o crescimento da cidade foi a urbanização do litoral de Camocim se deu em dois momentos primeiramente com as casas de veraneios aumenta a demanda pelo lazer, depois com a intensificação do turismo pelas regiões litorâneas. Após a valorização dos ambientes litorâneos, o litoral passou a ser um atrativo tanto comercial, com de ordem econômica, moradia e lazer, para Moraes (1999) tem sua importância, pois:
4 A zona costeira conhece atividades e usos que lhe são próprios. A localização litorânea possui uma série de atributos singulares que vão qualificá-la como uma situação geográfica ímpar. Em primeiro lugar, no que toca à economia, os terrenos próximos ao mar são relativamente raros em relação ao conjunto das terras emersas, o que lhes atribui de imediato um caráter diferencial que se exponencializa conforme a perspectiva de uso considerada. Do ponto de vista da biodiversidade, a zona costeira acolhe quadros naturais particulares de alta riqueza e relevância ecológica, o que os qualifica como importantes fontes de recursos. No tocante à circulação, o litoral aparece como área estratégica em função da importância dos fluxos oceânicos no mundo contemporâneo. Os exemplos poderiam multiplicar-se mostrando as potencialidades locacionais da zona considerada. (MORAES, 1999, p. 30) A cidade de Camocim em sua orla possui um espaço turístico, onde existe a rede hoteleira, principalmente na Av. Beira Mar, entende-se que é um lugar determinado, onde se encontra a oferta, ou seja, onde estão os atrativos naturais e culturais, os serviços turísticos, a infraestrutura de apoio e para onde flui a demanda (CORIOLANO, 2005, p ). O município de Camocim localiza-se a aproximadamente 300km de distancia da cidade de Fortaleza, capital do Ceará, criado em 1879 é dividido em três distritos: Camocim, Amarelas e Guriú, e detém uma população em torno de pessoas segundo dados do IPECE (2014). Camocim tem como municípios limítrofes: Jijoca de Jericoacoara, Bela Cruz, Granja e Barroquinha, como demostrado no mapa de localização do município abaixo. Figura 1- Mapa de Localização do Município de Camocim, CE.
5 Fonte: Elaborado pela autora, Conforme o IPECE (2014) o município de Camocim possui clima tropical quente semi-árido brando e de período chuvoso de janeiro a abril com uma pluviosidade de 1.032,3 mm anuais, de temperatura média entre 26 a 28 ºC. Conforme Souza (2000) o município encontra-se inserido dentro de três unidades geoambientais: a planície fluvial e fluvio-marinha, os tabuleiros pré-litorâneos, e a depressão sertaneja, onde cada ambiente foi classificado pelo autor com suas características geoambientais, além de enumerar suas potencialidades e fragilidades ambientais. Nesta classificação o autor, propôs duas características quanto a ecodinâmica da paisagem, estas são o potencial de vulnerabilidade e sustentabilidade do ambiente, a vulnerabilidade do ambiente denota as suas fragilidades ambientais que são propostas a partir da limitação de seus condicionantes ambientais. Já a sustentabilidade demostra a relação entre reprodução dos espaços sem comprometer o meio ambiente,
6 associando-se as necessidades dos residentes em questão e mostrando de que maneira este pode ser corretamente utilizado. PLANÍCIE LITORÂNEA E FLUVIO-MARINHA Para Souza (2000) a planície litorânea compõe a paisagem do município contém depósitos sedimentares arenosos que acrescidos dos processos eólicos formam os campos de dunas móveis e fixas, além das extensas faixas de praia que recobrem todo o município tendo em vista que este encontra-se na desembocadura do rio Coreaú com o mar. A planície litorânea configura um ambiente instável com alta vulnerabilidade a ocupação, tal fator muito preocupa devido a grande ocupação do litoral e as atividades turísticas. A partir do que foi relatado acima esse meio dinâmico também é constituído pela planície fluvio-marinha, Souza (2000) discorre a cerca das potencialidades bem como as limitações desse ambiente fator de suma importância para que possamos nesta pesquisa compreender efetivamente os impactos os quais tal atividade propaga nos mangues bem como quis as chances deste ambiente recuperar-se. Conforme Souza (2000) tem-se que esse ambiente coberto de húmus, com vegetação halófita, habituada à ambientes lodoso e são resistentes a salinidade, porém este ambiente é considerado um berçário natural para as espécies marinhas, o que nos remete a um ambiente extremamente frágil a questões ocupacionais e fortemente instável, conforme o autor. TABULEIROS PRÉ-LITORÂNEOS No estado cearense os tabuleiros pré litorâneos tem sua formação a partir de sedimentos da Formação Barreiras, oriundos de rochas que constituíam o embasamento cristalino próximo à linha de costa conforme Rezende apud Bezerra (2009). O autor ainda relata que tais sedimentos foram submetidos a processos erosivos (sedimentação ou fragmentação) em virtude de processos tectônicos do pós-gondwana.
7 De acordo com Souza (2000) os tabuleiros pré-litorâneos configuram um ambiente de transição entre o litoral e a depressão sertaneja. Assim, as feições morfológicas do município são expressas pelos tabuleiros areno-argilosos associados a solos com características de textura argilosa que variam quanto a sua drenagem e fertilidade. Para Souza (2000 apud Sobrinho e Ross, 2010) os tabuleiros recebem esse nome devido de modo geral representarem um típico glacis de deposição, que, sulcado pela drenagem que demanda o litoral, isola interflúvios de feições tabuliformes. DEPRESSÃO SERTANEJA As depressões são ambientes de topografia que oscila de levemente ondulada a plana e tendo em seu modelo geral o caimento topográfico feito no sentido que vai ao fundo dos vales e litoral, abarcando o sertão como detentor de níveis elevados de depressão sertaneja, classificação essa proposta por Souza (2000). Durante a maior parte do ano as deficiências hídricas são responsáveis pela dispersão das caatingas. A caatinga assume um padrão mais arbóreo onde as condições semiáridas são mais moderadas, e um padrão mais denso para condições mais acentuadas, tem-se uma superfície aplainada de baixo nível altimétrico. Com baixo potencial de recursos hídricos subterrâneos essas áreas encaixam-se em ambientes de transição, onde em suas regiões mais degradadas tendenciam-se a instabilidade, conforme Souza (2000). A caracterização pode ser visualizada nas diferentes áreas do município conforme demostra o mapa de compartimentação Geoambiental do município de Camocim a seguir. Figura 2- Mapa de Compartimentação Geoabiental do Município de Camocim, CE.
8 Fonte: Elaborado pela autora, Apesar de toda a diversidade ambiental existente Camocim ainda sofre com problemas básicos como a falta de coleta de lixo e entulhos na faixa de praia devido a esses fatores destaca-se a importância de compreender os modelos corretos de utilização destes ambientes possibilitando assim um desenvolvimento sustentável dessa área. BIBLIOGRAFIA BERTRAND, G; CRUZ, O. Paisagem e Geografia física global: Esboço Metodológico. RA EGA: O espaço metodológico em analise. Curitiba- PR, n. 8, p , BEZERRA, J.L.C. Caracterização dos tabuleiros pré- litorâneos do Estado do Ceará Dissertação (Mestrado em Geografia)- Laboratório de ciências do Mar, LABOMAR, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza CORIOLANO, L. N. M; SILVA, S. C. B. M.. Turismo e Geografia: abordagens críticas. Fortaleza: UECE, 2005.
9 IPECE. Perfil Básico do município de Camocim. Fortaleza MORAES, Antonio Carlos Robert. Contribuições para gestão da zona costeira do Brasil. São Paulo: Edusp, SOBRINHO, J. F; ROSS, J.L.S. Erosão em ambiente de tabuleiro litorâneo. GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 28, p , SOUZA, M. J. N. Bases naturais e esboço do zoneamento geoambiental do estado do Ceará. In: LIMA, L. C. (org.). Compartimentação territorial e gestão regional do Ceará. Fortaleza-CE: FUNCEME, p , TRINCART, J. Ecodinâmica. Rio de Janeiro- RJ, Supren,1977.
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