PARECER CORAG/SEORI/AUDIN - MPU/N 070/2012

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1 MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO AUDITORIA INTERNA SECRETARIA DE ORIENTAÇÃO E AVALIAÇÃO PARECER CORAG/SEORI/AUDIN - MPU/N 070/2012 Referência: Correio eletrónico de 4/5/2012. Prot. AUDIN/GAB 295/2012. Assunto : Administrativo. Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas. Exigência. Interessado: Procuradoria Regional do Trabalho da 3 a Região. Trata-se de consulta formulada pela Exma. Sra. Procuradora-Chefe em exercício da Procuradoria Regional do Trabalho da 3 a Região, na qual indaga sobre a exigibilidade da Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas - CNDT nas contratações diretas, ou seja, nas hipóteses de dispensa e inexigibilidade de licitação, bem como a legalidade de se condicionar os pagamentos à apresentação de CNDT válida nos contratos de prestação continuada. 2. Em atenção, importa trazer à baila considerações proferidas durante a tramitação do Projeto de Lei n B/2002, no Congresso Nacional do qual resultou a Lei n /2011, que instituiu a Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas- CNDT: O Projeto de Lei n 7.077, de 2002, tem como escopo proteger os direitos trabalhistas, privilegiando os seus créditos ao exigir a certidão negativa de débitos trabalhistas para realizar vários atos da vida civil e comercial. Com efeito, ao se exigir que, para participar de licitações, as empresas apresentem a certidão negativa de débitos trabalhistas, há o estímulo para que a empresa cumpra as suas obrigações trabalhistas para não ser impedida de contratar com o Poder Público. A proposição tem o intuito de aproximar o tratamento dado aos créditos trabalhistas do modelo criado para reduzir o inadimplemento junto à Fazenda Pública e à Seguridade Social. Realmente não é razoável que os contratantes com o Poder Público cuidem, apenas, de regularizar sua situação com a Fazenda Pública e com a Previdência Social, relegando a último plano a preferência legal dos créditos trabalhistas, em detrimento dos trabalhadores. 3. Vê-se, portanto, que a intenção do legislador ao incluir a exigência da referida certidão nas contratações públicas foi tutelar os trabalhadores em seus direitos, obrigando os empregadores que queiram contratar com a administração pública a quitar os débitos porventura existentes na justiça trabalhista. 4. Corrobora com esse entendimento, o fato de o Tribunal Superior do Trabalho -TST ter solicitado ao Tribunal de Contas da União que recomendasse aos órgãos públicos e entidades da administração direta e indireta da União que fizessem constar nos respectivos editais a exigência da referida Certidão de Débitos Trabalhistas- CNDT. 5. Quanto ao segundo questionamento, importa notar que o Tribunal de Contas da União posicionou-se pela necessidade de exigência da CNDT, por ocasião de cada pagamento, conforme se verifica na manifestação do TCU no Acórdão n 1054/2012- Plenário, emitido em razão da solicitação do TST, acima referida: 9.2. a todas as unidades centrais e setoriais do Sistema de Controle Interno dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário da União que orientem os órgãos e entidades a eles vinculados no sentido de que exijam das empresas contratadas, por ocasião de cada ato de pagamento, a apresentação da devida certidão negativa de débitos trabalhistas, de modo a dar efetivo cumprimento às disposições constantes dos artieos 27. IV, 29, V, e 55, XIII, da Lei n 8.666, de 1993, c/c os artigos Io e 4 o da Lei n L atentando, em especial, para o salutar efeito do cumprimento desta nova regra sol DJL09a-2012-PRT3-certidao-ni enci^doc

2 Súmula de Jurisprudência do TST, sem prejuízo de que a Segecex oriente as unidades técnicas do TCU nesse mesmo sentido. 6. Ante o exposto, em consonância com as considerações supra, somos de parecer que, independente da modalidade utilizada, a Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas -CNDT deverá ser exigida em todas as contratações realizadas pela Administração, inclusive nas hipóteses de dispensa e inexigibilidade de licitação. Ademais, seguindo posição da Corte de Contas, a Administração deverá exigir, a cada pagamento, a apresentação da referida certidão, atualizada. À consideração superior. Brasília, 22 de junho de Djarçjia Aires Carvalho Júnior Técnico Administrativo JOSÉ DO E. SANTO SILVA Coordenador oe Orienta ção de Atos de Gestão De acordo. À consideração do Sr. Auditor-Chefe. De acordo. Transmita-se à PRT3 a Região e à SEAUD. Em, /6/2012. * / Publique-se na Internet, f f/ / MARA SANDRA DE OLIVEIRA Secretária de Orientação e Avaliação SEBASTIÃO O VES DE AMORIM Auditor-Chefe DJL09a-2012-PRT3-certidao-negativa-trabalhista-exigencia.doc

3 Página 1 de 1 ^ 5 AUDIN - Auditoria Interna do MPU - CONSULTA PRT3 - CNDT De: Sonia Toledo Gonçalves <sonia.goncalves@mpt.gov.br> = Para: <audin@mpu.gov.br>, <corag@mpu.gov.br> AUUN ^ / GMD. ^ Data: 04/05/ :53 ggts: Assunto: CONSULTA PRT3 - CNDT Anexos: CONSULTA AUDIN SOBRE CNDT.doc ' ) 0\Sl?0 4Q- / 5 Prezado Senhor Sebastião Gomes de Amorim, Auditor Chefe da AUDIN, cumprimentando V.Exa. cordialmente, envio-lhe a consulta em anexo. ^Se a resposta for enviada por meio eletrónico, solicito-lhe a gentileza de direcioná-la ao endereço eletrónico yaj do Procurador Chefe da PRT 3a Região, Helder Santos Amorim (helder.amorim@mpt.gov.br), e da Chefe de ' Gabinete, Maria Ester de Souza * (ester.souza@mpt.gov.b $. Atenciosamente, Sônia Toledo Gonçalves Procuradora Chefe em exercício da Procuradoria Regional do Trabalho da 3 a Região/MG file:///c:/users/amenezes/appdata/local/temp/xpgrpwise/4fa3ed58pgradm /05/2012

4 I» PROCURADORIA MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO REGIONAL DO TRABALHO DA 3 a REGIÃO/MG Rua Bernardo Guimarães, n Bairro Funcionários Belo Horizonte- MG- CEP Telefone: (031) À AUDITORIA INTERNA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO Assunto: Obrigatoriedade de apresentação de Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas - CNDT nas contratações diretas por dispensa ou inexigibilidade de licitação e legalidade de se condicionar o pagamento mensal à apresentação de CNDT válida. Senhor Sebastião Gonçalves de Amorim, Auditor Chefe da AUDIN, Com cordial cumprimento, consulto essa Auditoria Interna quanto à necessidade de exigência da Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas (CNDT) nas contratacães_ dimtas _ (dispensas e inexigibilidades de licitação) e sobre a legalidade de se condicionar o pagamexitcumensaldos contratados à apresentação de CNDT válida, durantetoáâilylgêmáaia^^ vez que a Tei n regulamentada /2011 não é clara a respeito e que a matéria ainda não foi A lei em questão acrescentou o Título Vll-A à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), para instituir a Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas, e alterou também a Lei n 8.666/1993. Diz o texto: "Art. Io A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de lo de maio de 1943, passa a vigorar acrescida do seguinte Título VII-A: "TÍTULO VII-A DA PROVA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITOS TRABALHISTAS Art. 642-A. É instituída a Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas (CNDT), expedida gratuita e eletronicamente, para comprovar a inexistência de débitos inadimplidos perante a Justiça do Trabalho. constar: lo O interessado não obterá a certidão quando em seu nome I - o inadimplemento de obrigações estabelecidas em sentença condenatória transitada em julgado proferida peia Justiça do Trabalho ou em acordos judiciais trabalhistas, inclusive no concernente aos recolhimentos previdenciários, a honorários, a custas, a emolumentos ou a recolhimentos determinados em lei; ou

5 jééfc MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO PROCURADORIA REGIONAL DO TRABALHO DA 3 a REGIÃO/MG Rua Bernardo Guimarães, n Bairro Funcionários Belo Horizonte- MG- CEP Telefone: (031) II - o inadimplemento de obrigações decorrentes de execução de acordos firmados perante o Ministério Público do Trabalho ou Comissão de Conciliação Prévia. 2o Verificada a existência de débitos garantidos por penhora suficiente ou com exigibilidade suspensa, será expedida Certidão Positiva de Débitos Trabalhistas em nome do interessado com os mesmos efeitos da CNDT. 3o A CNDT certificará a empresa em relação a todos os seus estabelecimentos, agências e filiais. 4o O prazo de validade da CNDT é de 180 (cento e oitenta) dias, contado da data de sua emissão." Art. 2o O inciso IV do art. 27 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 27. IV - regularidade fiscal e trabalhista;" (NR) Art. 3o O art. 29 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal e trabalhista, conforme o caso, consistirá em: V - prova de inexistência de débitos inadimplidos perante a Justiça do Trabalho, mediante a apresentação de certidão negativa, nos termos do Título VII-A da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada peio Decreto-Lei no 5.452, de lo de maio de 1943." (NR) A Lei n /2011 entrou em vigor em 8/ 1/2012, após uma vacatio legis de 180 (cento e oitenta) dias. A alteração é, portanto, bastante recente, o que resulta numa natural incerteza do administrador público quanto à sua correta interpretação. Quanto às alterações implementadas pela lei em comento na Lei de Licitações e Contratos da Administração Pública- Lei n 8.666/1993, observase que todas elas foram inseridas na seção que disciplina a fase de habilitação na licitação pública, o que nos leva a supor, prima facie, que a exigência da CNDT estaria restrita às hipóteses de contratação precedidas de licitação. Por outro lado, existe orientação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão- MPOG sobre o assunto, apesar de a matéria ainda não estar regulamentada.

6 m REGIÃO/MG MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO PROCURADORIA REGIONAL DO TRABALHO DA 3 a Rua Bernardo Guimarães, n Bairro Funcionários Belo Horizonte- MG- CEP Telefone: (031) Conforme informações obtidas no sítio oficial do MPOG 1, orientam-se os pregoeiros, presidentes de comissão e gestores públicos a exigirem a Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas (CNDT). A certidão deverá ser conferida durante toda a vigência do contrato da União com as empresas, em todas as etapas que envolvem o processo. Caso a empresa apresente débitos trabalhistas, os pagamentos deverão ser retidos até a regularização. Isso posto, diante da falta de regulamentação da matéria e como as orientações do MPOG não são, a rigor, vinculantes para órgãos não pertencentes ao Poder Executivo Federal, consulto essa Auditoria Interna sobre: 1) a exigibilidade da CNDT nas contratações diretas, ou seja, nas hipóteses de dispensa e inexigibilidade de licitação; e 2) a legalidade de se condicionar os pagamentos à apresentação de CNDT válida nos contratos de prestação continuada. Se a resposta for enviada por meio eletrónico, solicito-lhe a gentileza de direcioná-la ao endereço eletrónico do Procurador Chefe da PRT 3 a Região, Helder Santos Amorim (helder.amorim@mpt.gov.br), e da Chefe de Gabinete, Maria Ester de Souza (ester.souza@mpt.gov.br). Contando com a costumeira presteza e atenção dessa Auditoria Interna, aguardo os esclarecimentos pertinentes. Belo Horizonte/MG, 04 de maio de SÔNIA TOLEDO GONÇALVES Procuradora-Chefe em Exercício Procuradoria Regional do Trabalho da 3 a Região 1 - Disponível em: Acesso em 3/5/2012.