COMENTÁRIO DA PROVA DE FILOSOFIA
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- Marco Antônio Mangueira Mota
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1 COMENTÁRIO DA PROVA DE FILOSOFIA Prova dentro do que se esperava, explorando os textos, os conceitos, as relações. Destaca-se a cautela que os elaboradores tiveram com o texto do Hume, certamente muito difícil para os alunos do Ensino Médio. Porém, os alunos estavam preparados para isso e, com certeza, não tiveram surpresas. Parabéns para a comissão elaboradora. 1 FILOSOFIA
2 Tratamos desse assunto na questão 6 das aulas 1 e 2 da nossa revisão. a) Um retorno do político sob outra forma não a forma hobbesiana original de um Estado de segurança globalizado, ou seja, com dimensões de polícia, serviço secreto e forças militares, mas a de um poder mundial de configuração civilizadora. b) Refletir sobre o choque desastrosamente silencioso de dois mundos que precisariam desenvolver uma linguagem comum, para além da violência muda dos terroristas e dos mísseis. 2 FILOSOFIA
3 Tanto a solução de quebra-cabeças como a solução de problemas científicos exigem uma rígida obediência às regras. Os jogos com seus esquemas, e a ciência com sua metodologia científica apoiada no paradigma. Revoluções científicas. As revoluções científicas se caracterizam, num primeiro momento, pelo esgotamento do paradigma, isto é, quando o paradigma deixa de dar conta dos dados obtidos pela experimentação. Em um segundo momento, as revoluções científicas se caracterizam pelo desenvolvimento de novos paradigmas que passam a contar com a adesão da comunidade científica. A descrição sugere o desenvolvimento da ciência normal/madura. Características: desenvolvimento a partir do paradigma estabelecido; confirmações experimentais dos pressupostos do paradigma (no caso, a previsão teórica das crateras e posterior confirmação da existência delas); acúmulo de conhecimentos em função da previsibilidade proposta pelo paradigma. 3 FILOSOFIA
4 Tratamos desse assunto nas questões 7, 8 e 9 das aulas 1 a 3 da nossa revisão. A palavra secularização teve, a princípio, o significado jurídico de uma transferência compulsória dos bens da Igreja para o poder público secular. No entanto, embora a expressão tenha esse significado restrito, acabou assumindo um significado amplo, ao se referir ao surgimento da modernidade cultural e social como um todo. Essa transmutação gerou uma dupla versão sobre a ideia de secularização, uma em favor da modernidade, que teria realizado uma bem sucedida domesticação da autoridade eclesiástica pelo poder mundano, outra como crítica dessa modernidade, relevando o caráter de apropriação ilícita dos bens e prerrogativas da igreja. E como evitar que essa dificuldade de compreensão em torno da secularização se agrave? Primeiro é preciso reconhecer que as duas explicações cometem o mesmo erro. Elas consideram a secularização um jogo de soma zero entre, de um lado, as forças produtivas da ciência e da técnica, liberadas pelo capitalismo e, de outro, os poderes conservadores da religião e da Igreja. Segundo, não é levado em conta o papel civilizador de um senso comum democraticamente esclarecido que, em meio aos ânimos exacerbados da luta cultural, funciona como um terceiro partido, pavimentando seu próprio caminho entre a ciência e a religião. Um dos pontos centrais do argumento de Habermas é o impulso reflexivo. O impulso reflexivo é um trabalho incessante de posicionamento dos fiéis e suas crenças em uma sociedade democrática, pluralista e pós-secular. Essa reflexão [constante] deve abranger três aspectos muito importantes. Primeiramente, a consciência religiosa tem de assimilar o encontro cognitivamente dissonante com outras confissões e religiões. Em segundo lugar, ela tem de adaptar-se à autoridade das ciências que detêm o monopólio social do saber mundano. Por fim, ela tem de adequar-se às premissas do Estado constitucional, que se fundam em uma moral profana [não religiosa]. 4 FILOSOFIA
5 Segundo Hume, a evidência natural e a evidência moral são ligadas e formam única cadeia de argumentos, sendo da mesma natureza e derivadas dos mesmos princípios. Uma cadeia entrelaça as causas naturais e as ações voluntárias, mas a mente não sente diferença entre as causas ao passar de uma para a outra. A experiência da conjunção tem um mesmo efeito sobre a mente, quer os objetos conjugados sejam motivos, volições e ações, ou forma e movimentos. A evidência natural e a evidência moral atuam de modo uniforme sobre o entendimento, não importando, para isso, quais nomes sejam atribuídos por nós a tais evidências. Segundo Hume, no parágrafo 05, seção 08, da liberdade e necessidade, raciocínio é a conjunção constante de objetos semelhantes e é a inferência do entendimento que passa de um objeto para o outro. amabas as definições de necessidade têm o mesmo sentido. A ideia de necessidade e de causação surge da uniformidade observada das operações da natureza, a partir da conjunção constante de objetos similares e pelo hábito da mente de inferir um a partir do aparecimento do outro. Os humanos dão teriam a ideia de necessidade ou conexão entre objetos, se todas as cenas da natureza mudassem continuamente e se todos os acontecimentos não tivessem qualquer semelhança um com o outro. Portanto, Hume demonstra que as relações causais obtidas pela experiência representam um conhecimento guiado por hábitos e costumes e, sobretudo, pela crença que tais relações serão igualmente mantidas no futuro. 5 FILOSOFIA
6 Hume, nos exemplos "bolsa recheada de ouro na calçada de charing cross" ou "um amigo honesto e opulento" ou "um prisioneiro, deixa explícito, que, para ele, as inferências produzidas pelos raciocínios humanos têm, em sua maior parte, graus incompletos de certeza. Isso equivale a dizer que a maior parte do raciocínio humano carrega grau elevado de imprecisão, restrito em sua qualidade, à experiência que temos da conduta usual dos homens nas situações particulares, por contingências relacionadas à diversidade de motivos, volições e ações que se constata entre eles. Embora nosso pensamento pareça possuir esta liberdade ilimitada, verificaremos, através de um exame mais minucioso, que ele está relamente que ele está realmente confinado dentro de limites muito reduzidos e que todo poder criador do espiríto não ultrapassa a faculdade de combinar, de transpor, aumentar, ou de diminuir os sentidos e pela experiência. Daí o ceticismo de Hume com relação a certos filósofos aos afirmares que o homem é dotado de uma vontade livre. Questão trabalhada na questão 4 das nossas aulas 3 e 4. Referia-se ao que Habermas denominou de tradução cooperativa de conteúdos religiosos. O senso comum não tem a pretensão de ser exato como as ciências naturais, mas guarda relações fortes com ela, sem se desprender de sua fonte religiosa. O ponto forte do senso comum mais apurado é a exigência de justificativas racionais e é o que o aproxima do Estado constitucional democrático. Isto é, não se trata de um ou outro, de uma exclusão, mas de um combinado no qual o direito racional e as fontes da tradição tem vez e voz. 6 FILOSOFIA
7 Tratamos desse assunto na questão 8 das aulas 3 e 4 da nossa revisão. Partindo da afirmação bíblica: Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus ele o criou, Habermas reflete sobre o significado de criar algo, por amor e livremente, para que o ser criado [igualmente livre e capaz de amar] entenda a importância dessa criação. Depois levanta a questão, vinculada aos resultados da engenharia genética: Se estabelecermos padrões diferentes de criação, como assegurar a liberdade resultante da ideia religiosa na sua origem de que todos são iguais por sua humanidade comum? Por fim, conclui: Se alguém pudesse, ao seu bel-prazer, definir como será a vida de outrem, impondo o que lhe parece melhor, a diferença que lhe parece mais adequada, as vantagens que julga melhores, as características que deseja ver disseminadas, quebrando assim a relação de imagem e semelhança, fazendo sumir dessa forma a dependência causal que me faz livre para retribuir a doação do Criador que é viver livremente, como um igual entre iguais pois todos somos criados da mesma forma e com a mesma intenção essa atitude (como citado no enunciado) não destruiria aquelas mesmas liberdades que existem entre iguais, para, assim, assegurar a sua diferença? 7 FILOSOFIA
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