5. NÍVEL DE ATIVIDADE ECONÔMICA. Álvaro Alves de Moura Jr.
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- Luana Caires Raminhos
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1 98 5. NÍVEL DE ATIVIDADE ECONÔMICA Álvaro Alves de Moura Jr. O principal destaque na análise do nível de atividade econômica se refere à mudança na metodologia do cálculo do PIB, que passou a incluir informações constantes de diversas pesquisas realizadas pelo IBGE, e se adequou às recomendações da ONU para as Contas Nacionais. Sinteticamente, verifica-se que entre as principais mudanças trazidas pela nova metodologia estão a incorporação da nova classificação de produtos e atividades integradas ao Cadastro Nacional de Atividades Econômicas (CNAE); a integração da Pesquisa Industrial Anual (PIA), da Pesquisa Anual da Indústria da Construção Civil (PAIC), da Pesquisa Anual do Comércio (PAC) e da Pesquisa Anual de Serviços (PAS); o consumo de capital fixo pelo setor público e pelo setor privado sem fins lucrativos, a inclusão dos dados da Pesquisa Orçamentária Familiar (POF) etc. A nova metodologia trouxe novos números para o crescimento econômico brasileiro, de tal modo que o mesmo passou a registrar taxas mais elevadas se comparadas à antiga metodologia. O IBGE retroagiu o cálculo do PIB até o ano de 2000, o que acarretou uma taxa de crescimento acumulada para o período 2000/2006 de 22,56%, enquanto que para a metodologia antiga a mesma medida fora de 19,60% Quanto às projeções para o ano de 2007, existe uma expectativa de que o crescimento econômico responda à dois importantes eventos, que são: o programa de aceleração do crescimento (PAC); e, a queda das taxas de juros. No entanto, com a nova metodologia para o cálculo do PIB, tais previsões estão sendo refeitas, tanto pelo IPEA quanto pelos principais órgãos governamentais e institutos de pesquisa.
2 Produto Interno Bruto Como já fora dito anteriormente, a nova metodologia para o cálculo do PIB apresentou uma taxa de crescimento da economia brasileira superior àquela registrada pela técnica anterior. Em valores correntes, estima-se que o PIB do ano de 2006 superará o valor de R$2,3 trilhões, conforme mostra a figura abaixo Série Antiga Série Nova Figura 24 Produto Interno Bruto (PIB) em valores correntes Fonte: IBGE A nova metodologia foi utilizada para retroagir o cálculo do PIB a partir do ano de 2000, o que fez com que o crescimento acumulado entre os anos de 2000 e 2006 apresentasse uma variação positiva da ordem de 15,1%, ou seja, a economia brasileira registrou um crescimento, para o período em questão, superior àquele que havia sido até então anunciado, o que vem obrigando o governo e os analistas a rever uma série de avaliações e projeções vigentes.
3 100 23,00% 22,50% 22,56% 22,00% 21,50% 21,00% 20,50% 20,00% 19,60% 19,50% 19,00% 18,50% 18,00% M etodologia Velha S1 M etodologia Nova Figura 25 Taxa de crescimento econômico acumulada entre os anos de 2000 e 2006 Fonte: IBGE Estima-se que a partir desses novos números o Brasil voltará a figurar como a décima economia mundial, fato que ainda deverá ser confirmado pelo FMI. Analisando-se ano a ano tais variações, é possível verificar que houve um aumento da taxa de crescimento econômico ao longo de todos os anos do Governo Lula, enquanto que durante os três anos que compreendem o Governo FHC, apenas no ano de 2002 a nova taxa apresentou acréscimo, uma vez que a mesma ficou constante no ano de 2001 e fora reduzida em 2000, conforme mostra a figura abaixo.
4 ,4 4,3 4,9 4,7 4 3, ,3 1,3 1,9 2,7 1,1 2,3 2,9 2,9 1 0, Metodologia Antiga Metodologia Nova Figura 26 Taxa de crescimento econômico acumulada Fonte: IBGE Cabe destacar, que pela ótica da oferta o cálculo do produto apresentou significativas alterações da composição setorial, quando comparadas as diferentes metodologias adotadas. Os dados em questão 39 indicam uma forte redução dos setores industrial e agropecuário, que foi compensada pelo crescimento da participação das atividades de serviço, conforme mostra a figura abaixo. 39 As participações setoriais descritas na presente análise foram calculadas a partir de uma média para o período de setembro de 2004 a setembro de 2006.
5 ,67 54, , , ,34 4,90 0 Agropecuária Indústria Serviços Antiga Nova Figura 27 Participação dos setores no PIB em % (média do PIB trimestral de set/04 a set/06) Feitas as comparações de cada setor entre o último trimestre de 2006 e o mesmo período de 2005, verifica-se um crescimento de 11,89% na atividade agropecuária, que manteve um comportamento cíclico com picos no meio do ano seguido de intensas quedas ao longo dos demais meses. Já a indústria manteve uma tendência de crescimento, principalmente a partir do terceiro trimestre de No entanto, o crescimento registrado foi considerado bastante moderado se comparado às projeções que estavam sendo feitas para o setor. Os dados indicam que o último trimestre de 2006 apresentou um índice 3,58% superior ao do mesmo período de Quanto ao setor de serviços, esse apresentou uma tendência muito parecida com a atividade industrial, com um crescimento moderado, mas constante ao longo de todos os trimestres de Para essa atividade, o índice do último trimestre do ano foi 3,78% ao calculado para o último trimestre do ano anterior.
6 dez/01 mar/02 jun/02 set/02 dez/02 mar/03 jun/03 set/03 dez/03 mar/04 jun/04 set/04 dez/04 mar/05 jun/05 set/05 dez/05 mar/06 jun/06 set/06 dez/06 PIB Agropecuária Indústria Serviços Figura 28 PIB por setor de atividade Série encadeada do índice trimestral (Média 1995=100) Pela ótica da demanda, uma das principais constatações foi a significativa queda da participação dos investimentos na composição do produto. A composição da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) no PIB, comparados o terceiro trimestre de 2006 e de 2005, registrou um decréscimo de 18,37% a parir da nova metodologia. Por outro lado, constatou-se um crescimento no consumo das famílias, que a partir da nova metodologia apresentou uma composição no PIB 9,09% superior à verificada anteriormente, para o mesmo período analisado. Por fim, a participação do Estado na composição do PIB teve a sua participação acrescida em 1,55%, considerando o consumo do governo. Tais indicadores podem ser melhor avaliados na figura abaixo.
7 ,34 60, ,35 19,69 20,20 16, Consumo das Famílias Consumo do Governo FBCF Antiga Nova Figura 29 Composição do PIB pela ótica da demanda (média do PIB trimestral de set/04 a set/06) 5.2. Indústria A produção industrial brasileira apresentou no primeiro trimestre de 2007 um crescimento de apenas 1,08%, enquanto que no acumulado dos últimos seis meses tal variação foi de 4%. Já na comparação entre o mês de março de 2007 com o mesmo mês do ano anterior a indústria registrou uma variação de 4,79%, ou seja, não muito superior aos últimos seis meses. Esse resultado foi motivado, principalmente, pela redução da atividade industrial nos meses junho, agosto e dezembro. De uma forma geral a indústria nacional fechou o ano de 2006 com um crescimento bastante reduzido, cuja taxa de variação foi de apenas 1,43%. Quando avaliada a indústria de transformação a variação foi ainda menor, de apenas 1%, enquanto que na indústria extrativa o crescimento foi 8,36%
8 ,11 133,05 133,59 133,94 134, , ,89 130,07 130, ,46 127,67 123, ,93 117,5 116,58 116,76 116,84 113,49 115,96 115,97 115,73 118,14 115,21 114,79 116,93 113,88 113,99 116,33 115,68 115,96 114,88 115,19 114,82 114,35 113,98 113,4 113,31 112,64 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 Indústria Geral Indústria extrativa Indústria de transformação Figura 30 Índice da Produção Industrial, com ajuste sazonal (2002=100) Analisando as categorias de uso verifica-se um crescimento de 1,45% na produção de bens de capital, quando analisados os últimos seis meses, o que inclui o final do ano, a mesma taxa apresentou um crescimento de 10,25%., e na comparação com o mesmo mês do ano anterior o crescimento dessa categoria foi de 15,98%. Quanto aos bens intermediários, o trimestre janeiro-março/2007 indica um crescimento da ordem de 2,25%, já para os últimos seis meses a variação foi de 4,3%, e com relação ao mês de março de 2005 o crescimento foi de 5,33%. No seguimento de bens de consumo o crescimento da produção no trimestre foi de 4,84%, enquanto que no semestre de 4,77%, o que indica uma taxa inferior à registrada no primeiro semestre, fato que se explica pela redução da produção no mês de janeiro de 2007 e pelo crescimento nulo em novembro de Consequentemente, na comparação entre o mês de março de 2007 e março de 2006 a produção de bens de consumo cresceu apenas 3,1%.
9 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 Bens de capital Bens intermediários Bens de consumo duráveis Bens de consumo semi e não-duráveis Figura 31 Índice da produção industrial por categoria de uso, com ajuste sazonal (2002=100) As condições conjunturais do setor industrial também podem ser avaliadas pelas vendas reais, que na atividade de transformação cresceu 4%, quando comparados os meses de março de 2007 e março de Mas, deve-se destacar o contexto de grande variabilidade em cada setor, com destaque para o setor de máquinas, equipamentos e materiais elétricos e eletrônicos, que registraram uma retração de 0,49 e 16,9% respectivamente. Quanto aos destaques positivos, a indústria de alimentos e bebidas cresceu 6,36%, e a de papel e celulose registrou uma variação de 8,96%, conforme mostra a figura abaixo.
10 107 Veículos 3,91 Eletrônicos -16,90 Elétricos -0,49 Maq. Equimentos 12,55 Metalurgia Básica 8,43 Químicos 0,33 Papel e Celulose 8,96 Têxteis 0,46 Alimentos e Bebidas] 6,36 Ind.Transf. 3, Figura 32 Var % das Vendas Reais (mar07/mar/08) A avaliação do nível de atividade, a partir das vendas no varejo, aponta para um crescimento no primeiro trimestre de 2007 de 3,54%, enquanto que para os últimos seis meses (out/06-mar/07), o crescimento não foi muito maior, pois registrou uma taxa de variação de 4,52%, fato que foi motivado pelos baixos índices nos últimos três meses do ano. Na comparação entre os meses de março de 2007 e março de 2005 o índice aponta para um crescimento nas vendas de 10,55%, conforme mostra a figura abaixo. Cabe destacar que os valores analisados correspondem ao índice base fixa (2003=100) com ajuste sazonal do volume de vendas no comércio varejista.
11 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 Figura 33 - Índice de volume de vendas no comércio varejista - base fixa com ajuste sazonal (2003=100) Fonte: IBGE 5.3.Emprego e renda O índice de desemprego aberto, calculado pelo IBGE para as principais regiões metropolitanas do Brasil, apresentou, ao longo do segundo semestre de 2006 uma tendência de queda, chegando ao patamar mínimo em dezembro de 2006, quando a taxa registrada foi historicamente a menor já calculada pelo IBGE. Nesse mês o desemprego aberto foi de 8,4%. Mas, a partir do mês de janeiro de 2007 o mesmo passou a apresentar, novamente, uma trajetória de crescimento, que tem levado a taxa para os mesmos níveis do primeiro semestre de 2006.
12 ,5 10,7 10,6 10,4 10,4 10, ,2 10 9,8 9,9 10,1 9,5 9,5 9,3 9 8,5 8,4 8 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 Figura 34 Taxa de Desemprego Aberto (30 Dias) - Média (%) Fonte: IBGE Quando analisado regionalmente, a taxa apresenta um comportamento similar à média nacional, para o final do ano de 2006, com queda em todas as regiões analisadas. No entanto, a partir do início de 2007 enquanto algumas regiões apontam para uma tendência de queda no desemprego, outras, seguindo a média, indicam um crescimento na taxa de desemprego. Entre as regiões que apresentaram crescimento no primeiro trimestre do ano destaca-se São Paulo, cuja taxa subiu de 9% em dezembro para 11,5% em março de As regiões de Salvador e Recife apresentaram um comportamento similar, exceto pela pequena retração da mesma taxa na região do Recife em março de As demais regiões indicam um crescimento do desemprego, a partir do final do ano passado, mas com uma leve tendência de queda no mês de março deste ano. Outro importante destaque a ser feito se refere ao elevado desemprego da região Nordeste, aqui representada pelo Recife e por Salvador, cuja taxa se encontra num patamar bem acima da média nacional.
13 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 Recife Salvador Belo Horizonte Rio de Janeiro São Paulo Porto Alegre Figura 35 Taxa de Desemprego Aberto (30 Dias) Regiões Metropolitanas - Média (%) Fonte: IBGE Com relação ao rendimento real médio, verificou-se que o mesmo apresentou um crescimento constante ao longo do ano de Porém, no início do ano de 2007 houve uma reversão nesse quadro, uma vez que tais rendimentos decresceram nos dois primeiros meses de 2007 para a categoria de pessoas ocupadas.
14 fev/02 ago/02 fev/03 ago/03 fev/04 ago/04 fev/05 ago/05 fev/06 ago/06 fev/07 Pessoas Ocupadas Com Carteira de Trabalho Sem Carteira de Trabalho Conta Própria Figura 36 - Rendimento Real Médio série encadeada em R$ Ao analisar as categorias que compõem essa medida separadamente, é possível identificar um aumento de 9,47% no rendimento real médio das pessoas ocupadas, quando comparados os meses de fevereiro de 2007 e fevereiro de Contribuíram para esse resultado o significativo crescimento dos rendimentos dos trabalhadores por conta própria, que para o mesmo período foi de 12,92%. Por outro lado, os trabalhadores com carteira assinada tiveram um aumento real dos seus rendimentos de apenas 3,11%, enquanto que na categoria sem carteira assinada o crescimento foi de 6,53%.
15 , ,47 8 6, , Pessoas Ocupadas Com Carteira de Trabalho Sem Carteira de Trabalho Conta Própria Figura 37 Var do rendimento real médio série encadeada em R$ - (Fev/2007/Fev/2006)
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