I CONFERÊNCIA NACIONAL DE DIREITO DO TURISMO
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- Luiz Fernando Benevides Ferreira
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1 I CONFERÊNCIA NACIONAL DE DIREITO DO TURISMO Local: Auditório do Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz Organização: APDC Direito do Consumo Data: 09 de Fevereiro de 2006 pelas 16 horas Palestra: TURISMO NO ESPAÇO RURAL E TURISMO DE NATUREZA TURIHAB 20 ANOS AO SERVIÇO DO TURISMO O Turismo de Habitação nasceu em boa hora, nos anos 80, com o objectivo de recuperar o património privado e colocá-lo ao serviço do turismo, sobretudo em zonas interiores, dando origem ao que hoje se chama o Turismo no Espaço Rural. O desenvolvimento do Turismo de Habitação correspondeu a uma dupla necessidade: conservar o património arquitectónico e responder à procura de alojamento turístico de qualidade nas zonas rurais; mas também, foi o resultado duma atracção partilhada entre o proprietário e o seu hóspede, o gosto pela preservação do património histórico, por uma maneira familiar de receber e naturalmente por um certo modo de vida, muito próprio destas casas. Casas de família que ao longo da história tiveram um papel preponderante no desenvolvimento das comunidades e regiões em que se encontram, que constituíram pólos de ensinamento, cultura e apoio social, e que com a evolução dos tempos e da sociedade, passaram a ser residências secundárias, muitas vezes abandonadas. O Turismo de habitação veio reconstruir as paredes e sobretudo devolver o calor e a vida que em muitas delas se tinham perdido, granjeando o respeito e a admiração das populações locais, sendo exemplo para o exercício de novas actividades. 1
2 Este conceito de recuperação do património alongou-se às casas rústicas através do Turismo Rural e o envolvimento das populações rurais num projecto que representa uma atitude inovadora e que contribui para o desenvolvimento integrado do meio rural e do TER. O Turismo de Habitação gerou uma nova forma de fazer turismo em Portugal, aliado ao factor da obrigatoriedade da presença do dono da casa e de uma forma familiar de receber, conferindo-lhe características únicas que o distingue de outros tipos de alojamento turístico tornando-o num verdadeiro produto turístico. Valoriza-se o culto dos valores, da preservação das tradições, da história, da cultura, numa época em que cada vez mais há a necessidade da sua afirmação, quem melhor do que este turismo para reflectir este estado de alma? O TER constitui uma oferta turística que pode apoiar uma estratégia de promoção de imagem do turismo português. Com esta preocupação a TURIHAB lançou os Solares de Portugal e tem vindo a promovê-los no país e no estrangeiro. Não temos dúvidas que os Solares de Portugal representam um complemento decisivo para a oferta turística portuguesa, por isso, deverão fazer parte de forma sistemática nas acções de promoção. Não é somente o desenvolvimento do produto que o exige é o país que necessita do contributo de uma imagem positiva, realçando os costumes e a tradição de bem receber. A TURIHAB possui uma estrutura associativa, funciona como agente moderador e de controlo, que apoia as casas, os operadores, os agentes de viagem e naturalmente é interlocutor junto de todas as entidades. Por forma a alargar competências e tendo em vista a satisfação do Consumidor TER, a TURIHAB Solares de Portugal conjuntamente com a ATA- Aldeias de Portugal constituíram a CENTER Central Nacional de Turismo no Espaço Rural, que funciona como uma central de reservas e tem como principais objectivos: Organizar a rede nacional centralizando a oferta das várias modalidades do TER ; 2
3 Implementar a central de reservas e de informações; Dar acesso à capacidade de oferta e a pacotes turísticos. Fomentar a experiência piloto promovida pela TURIHAB e pela ATA; A TURIHAB tem desenvolvido conjuntamente com a CENTER: Acções de marketing, de comunicação e distribuição dos produtos turísticos, e das marcas Solares de Portugal e Aldeias de Portugal ; Acções de promoção ligadas directamente à comercialização do TER; Participação em feiras, promovendo a qualidade e a internacionalização, quer no desenvolvimento dos mercados actuais, quer na conquista de novos mercados, quer ainda no reforço dos projectos de cooperação europeia das redes; Organização de educacionais nacionais e estrangeiras, intensificando a participação em revistas da especialidade e aumentando a contratação com operadores turísticos; Criou um Portal de Internet Intensificou e desenvolveu um trabalho de apoio às agências de viagens e aos operadores turísticos, servindo de elo de ligação com as casas e seus proprietários, representadas pelas suas associações TURIHAB e ATA; Desenvolveu novos canais de distribuição com recurso a novas tecnologias de informação e comunicação com os sites e Na área da cooperação e associativismo criou a rede europeia a Europa Traditionae Consortium - um consórcio que envolve cinco organizações europeias, Château Accueil, França; The Hidden Ireland, Irlanda, Wolsey Lodges, Reino Unido; Solares de Portugal, Portugal e Erfgoed Logies, Holanda que oferece uma hospitalidade personalizada em casas de estilo genuíno, dando possibilidade aos hóspedes de usufruírem as tradições e a cultura de cada país e respectivas regiões reflectidas na arquitectura, na gastronomia, nos vinhos e nas paisagens, apresentadas no portal A sua sede é na TURIHAB e foi o primeiro agrupamento europeu de interesse económico criando uma rede europeia para promover o Turismo dentro e fora da Europa. 3
4 Tendo sido motivo de exemplo para a Comissão Europeia que aprovou uma recomendação com o seguinte teor: Solicita à Comissão que, respeitando o princípio de subsidiariedade, lidere uma acção concertada entre os diversos Estados- Membros visando promover o intercâmbio de peritos na recuperação e restauração do património artístico para fins turísticos, oferecer bolsas de formação e promover a criação de redes transnacionais (como a Europa Traditionae Consortium) Para além do reconhecimento da União Europeia esta forma de fazer turismo foi exemplo piloto para implementar nos países de leste. Tendo a CCRN- Comissão de Coordenação da Região do Norte com a TURIHAB candidatado esta rede a um projecto, ECOS-OUVERTURE envolvendo a região da Baviera (Alemanha), Vas-County (Hungria) e cidade de Ljubljana (Eslovénia) cujo objectivo foi desenvolver nestes países, um projecto semelhante recuperando casas e castelos, por forma a integrarem a rede, apresentadas no portal A TURIHAB desenvolveu o projecto Europa das Tradições: uma visão transatlântica com a AMETUR Associação Mineira da Empresa de Turismo Rural no Estado de Minas Gerais, o PRESERVALE Instituto de Preservação e Desenvolvimento do Vale do Paraíba no Estado do Rio de Janeiro e a ACETER Associação Cearense do Turismo no Espaço Rural no Estado do Ceará, que deu origem à rede Fazendas do Brasil. O estabelecimento desta rede passou pelo levantamento da capacidade de oferta, na articulação com a tutela do turismo estadual e federal, preparação do enquadramento legislativo na área da recuperação de apoios financeiros, criação de uma central de informação e reservas e consequentemente a articulação com a CENTER Central Nacional de Turismo no Espaço Rural agilizada por uma eficaz apresentação através de um portal na Internet proporcionando, assim, um serviço de rápida resposta à solicitação do mercado. A cooperação entre parceiros, a nível local, nacional, transnacional e transcontinental é sem dúvida um grande contributo para a promoção da marca Solares de Portugal, que em articulação estreita com as Aldeias de Portugal são um complemento decisivo para a oferta turística portuguesa, e muito beneficiarão a imagem de Portugal. 4
5 A Qualificação da Oferta foi um projecto prioritário nos últimos dois anos. A TURIHAB e a CENTER passaram por um processo de certificação tendo sido certificadas com a ISO 9001:2000 em Agosto de 2005, seguindo-se a certificação de toda a rede Solares de Portugal. Foi elaborado um Manual de Boas Práticas para aplicação a toda a rede e uma Especificação de Requisitos de Serviços ERS 3001 que será um instrumento de certificação do Turismo no Espaço Rural. Numa abordagem simplificada da legislação vigente TER, decreto-lei n.º 54/2002 e decreto regulamentar n.º 13/2002 e o decreto-lei n.º 47 /1999 que regula o Turismo de Natureza, constatasse que o TER apresenta tipologias diversas de alojamento que confundem o consumidor. As designações Turismo no Espaço Rural e Turismo Rural são percepcionadas pelos consumidores como sendo a mesma oferta de alojamento. Também o Turismo Rural, Casas de Campo e Turismo de Aldeia são designações que não se diferenciam, uma vez que as definições são iguais. No que respeita ao Turismo de Habitação e Agroturismo, não existe uma definição clara da oferta, dado que na prática, as explorações agrícolas não são dinamizadas como tal acabando por funcionar como Turismo de Habitação; o Agroturismo deveria ser vocacionado para o incentivo da comercialização dos produtos das explorações agrícolas e as suas actividades, sendo o alojamento um complemento e não a actividade principal. Também os Hotéis Rurais e os Parques de campismo rurais, deveriam ter enquadramento legal na Hotelaria clássica e nos Parques de campismo e não no TER. De uma forma geral os pressupostos (filosofia e princípios da lei) mantém-se actuais assim como os requisitos mas no nosso entender deveriam ser clarificadas as tipologias da oferta TER como se sugere a seguir: O Turismo no Espaço Rural consistiria no conjunto de actividades e serviços de alojamento e animação turística realizadas e prestadas em empreendimentos em zonas rurais. O TER deveria enquadrar as seguintes modalidades de alojamento: Turismo de Habitação e Turismo de Aldeia; e de animação: Agroturismo e Turismo de Natureza. Turismo de Habitação definir-se-ia pelo serviço de hospedagem de natureza familiar prestado a turistas em Casas Antigas ou Casas Rústicas; o Turismo de Aldeia pelo serviço de hospedagem prestado a turistas em Casas de Aldeia, Casas de Campo ou Casas de Natureza. 5
6 Teria enquadramento na animação turística TER, o Agroturismo como serviço de animação turística prestado em exploração agrícola que obrigatoriamente permita aos hospedes e visitantes o acompanhamento e conhecimento das actividades agrícolas ou a participação nos trabalhos aí desenvolvidos, a visita a jardins, degustações gastronómicas, provas de vinhos, reuniões e pequenos eventos de acordo com as regras estabelecidas pelo seu responsável. O Turismo de Natureza no nosso entender deverá inserir-se à semelhança do Agroturismo no âmbito da Legislação a rever numa forma de animação turística em espaços de excelência como os Parques Naturais, áreas protegidas e naturalmente o Parque Nacional da Peneda Gerês. O TER tem ainda um longo caminho a percorrer, no controlo de qualidade, na organização da animação turística, na potenciação da oferta turística, no aproveitamento e articulação das parcerias, na criação de infra-estruturas de transporte, acessibilidades e sinalização, no entanto, nestes duas décadas o TER representou para o País uma excelente oportunidade para o desenvolvimento sustentável nas regiões rurais devendo todos nós estar conscientes da responsabilidade de o conhecer, de o interpretar e de o saber usufruir, consumindo produtos autóctones e valorizando as actividades e itinerários locais. O TER organizado e qualificado é sem duvida um motor de desenvolvimento e deverá ser o suporte de uma estratégia de recuperação do património edificado e natural das zonas rurais. É também o garante do desenvolvimento sustentável, do apoio ao artesanato, da gastronomia, da percepção e interpretação dos recursos, do incremento da animação turística, das actividades rurais e do seu marketing. Ponte de Lima, 09 de Fevereiro de
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