PATOLOGIA E TERAPIA DAS ESTRUTURAS
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- Evelyn Neto Campos
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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS PATOLOGIA E TERAPIA DAS ESTRUTURAS INTERVENÇÕES DE REPARO ( RESTAURAÇÕES ) PROF. ÉLVIO MOSCI PIANCASTELLI ESCOLA DE ENGENHARIA
2 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO TRATAMENTO DAS SUPERFÍCIES DO CONCRETO E DO AÇO REPAROS Reparos Localizados Superficiais Reparos Localizados Profundos Reparos Superficiais de Grandes Áreas Reparos Devidos a Corrosão de Armaduras Corrosão por Despassivação da Armadura Corrosão pela Presença de Cloretos Proteção Catódica Reparos de Bordas de Consolos Curtos e Dentes Gerber Reparos em Estruturas Submersas Reparos em Fissuras Reparos em Fissuras Inativas Fissuras de Pequena Abertura (0,3 a 1,0mm) em Superfície Vertical ou Inclinada Fissuras de Pequena Abertura (0,3 a 1,0mm) em Superfície Horizontal Fissuras de Grande Abertura (acima de 1 mm) Fissuras Capilares (abertura inferior a 0,3 mm) Reparos em Fissuras Ativas (ou Inativas com Monoliticidade Não Exigida) Reparos Especiais Pinturas e RevestimentoS Estéticos ou Protetores Bibliografia
3 1. INTRODUÇÃO São chamadas de reparos as intervenções que visam corrigir pequenos danos ocorridos em elementos estruturais. Ao falar em pequenos danos, está-se referindo a danos que não comprometem o desempenho estrutural do elemento ou o fazem de forma bem pouco significativa. Na realidade, a linha que separa os reparos das recuperações (intervenções que visam devolver o desempenho original da estrutura) é tênue em função da definição dada para pequenos danos. É importante salientar que alguns casos, à primeira vista de reparos, transformamse em casos de recuperação, devido à intensa redução da seção de concreto exigida no preparo do substrato. Caso típico ocorre nas intervenções devidas a oxidação de armaduras em pilares. Mesmo que de forma não totalmente correta, tendo em vista as recuperações, as intervenções de reparo são chamadas de restaurações. 2. TRATAMENTO DAS SUPERFÍCIES DO CONCRETO E DO AÇO Para o bom desempenho de um reparo é de fundamental importância que o substrato (superfícies de concreto e aço) seja convenientemente tratado. São duas as finalidades básicas do tratamento: retirar todo material deteriorado ou contaminado; propiciar as melhores condições de aderência entre o substrato e o material de reparo. Na sua execução, podem ser adotados os seguintes procedimentos: Escarificação manual (talhadeira, ponteiro, marreta); Escarificação mecânica (martelete, rompedor, fresa); Escovamento manual (escova de aço); Lixamento manual ou elétrico (lixas para concreto e aço, lixadeira elétrica); Hidro-demolição (equipamento específico); Jateamento de areia (equipamento específico); 2
4 Jateamento de água e areia (equipamento específico); Queima controlada com chama (maçarico); Corte de concreto (disco de corte); Jateamento de ar comprimido (equipamento específico); Jateamento de água fria ou quente (equipamento específico); Jateamento de vapor (equipamento específico); Lavagem com soluções ácidas (solução de ácido clorídrico, Reebaklens da Fosroc); Lavagem com soluções alcalinas (solução de soda cáustica ); Aplicação de removedores de óleos e graxas (Reebexol Super, Fosroc); Aplicação de removedores de gordura e ácido úrico - suor (álcool isopropílico, acetona); Umedecimento ou saturação da superfície do concreto com água (aspersão, pano ou areia molhados). Na retirada do concreto deteriorado ou contaminado, deve-se cuidar para que o contorno das aberturas seja bem definido e suas faces laterais apresentem ângulos que favoreçam a aderência, facilitem a aplicação e garantam a espessura mínima do material de reparo. A Figura 1 ilustra o descrito. Figura 1 - Retirada do Concreto Deteriorado ou Contaminado Geometria do Contorno e das Faces das Aberturas 3
5 Em qualquer caso, a superfície do concreto velho, que entrará em contato com o material de reparo, deverá ser apicoada para a retirada da nata de cimento superficial. Essa superfície deverá apresentar-se seca ou úmida (saturada com superfície seca) em função do material a ser utilizado. 3. REPAROS A seguir, são descritos os reparos mais freqüentemente executados. Eles foram nomeados em função de sua extensão e profundidade, da enfermidade, causa ou sintoma, ou, ainda, do elemento estrutural e sua localização. Para alguns tipos de reparo, são apresentados os diversos materiais utilizados e as técnicas e procedimentos correspondentes REPAROS LOCALIZADOS SUPERFICIAIS São, normalmente, chamados de superficiais, os reparos que não ultrapassam a espessura da camada de cobrimento das armaduras. Tais reparos são exigidos em função de disgregações, desagregações, segregações, porosidades ou contaminações que atingem o concreto de cobrimento das armaduras. Podem ser executados com os seguintes materiais e técnicas: A) Reparo com Argamassa Modificada com Polímero - Pré-dosada (Sika Top - 122) ou Preparada na Obra (base acrílica ou SBR). O reparo, ilustrado pela Figura 2, deve ser executado obedecendo-se a seguinte seqüência de procedimentos: a) tratar o substrato e umedecê-lo sem saturação. Para argamassa preparada na obra, aplicar ponte de aderência compatível (cimento+água+polímero, relação água:polímero = 1:1); b) preparar a argamassa; c) aplicá-la pressionando-a contra o substrato, inicialmente com as mãos, e, a seguir, com espátula ou colher de pedreiro, obedecendo-se a espessura máxima 4
6 preconizada pelo fabricante para cada camada e dando-lhe acabamento final com desempenadeira metálica; d) executar cura úmida. A cura através da aplicação de produtos que formam películas (comumente chamada de cura química) pode ser utilizada, devendo-se lembrar, entretanto, que algumas dessas películas impedem ou prejudicam a aderência de pinturas e argamassas de assentamento ou revestimento. Figura 2 - Reparos Localizados Superficiais - Disgregações, Desagregações, Segregações, Porosidades e Contaminações. B) Reparo com Argamassa Grout Tixotrópica - base mineral (Sika Grout -Tix). O reparo, ilustrado, também pela Figura 2, deve ser executado obedecendo-se a seguinte seqüência de procedimentos: a) tratar o substrato; b) umedecê-lo sem saturação; c) preparar o grout, conforme especificações do fabricante; d) aplicar o material pressionando contra o substrato com espátula ou colher de pedreiro, obedecendo-se a espessura máxima por camada preconizada pelo fabricante, e dando-lhe acabamento final com desempenadeira metálica; e) executar cura úmida ou com película. Obs.: Caso o concreto do substrato não apresente boa aderência ao grout, deve-se 5
7 aplicar, sobre o substrato seco, adesivo de base epóxi (Sikadur 31) para servir de ponte de aderência. Para substrato úmido utilizar adesivo de base acrílica ou SBR (cimento + água + polímero, relação água:polímero = 1:1). C) Reparo com Outros Materiais: Neste tipo de reparo, podem ser usados, ainda, outros tipos de argamassas, como as de base epóxi ou poliester, que exigem procedimentos específicos REPAROS LOCALIZADOS PROFUNDOS Convencionou-se chamar de profundos os reparos cujas profundidades ultrapassam a camada de cobrimento das armaduras. Esse tipo de reparo, geralmente, surge devido à ocorrência de segregações, ninhos, ou presença de corpos estranhos ao concreto. Na sua execução, podem ser adotados os seguintes materiais e técnicas: A) Reparo com Concreto Grout ou Argamassa Grout (Sika Grout). O reparo, ilustrado pela Figura 3, deve ser executado obedecendo-se a seguinte seqüência de procedimentos: Figura 3 - Reparos Localizados Profundos 6
8 a) tratar o substrato e umedecê-lo, sem saturá-lo; b) instalar formas com cachimbo (se necessário, aplicar antes adesivo epóxi de elevado pot-life ); c) preparar a argamassa ou o concreto grout (argamassa grout + pedriscos); d) lançar o grout nas formas e adensá-lo; e) antes do completo endurecimento do grout, desformar e, cuidadosamente, retirar seu excesso. Tal excesso pode ser retirado, também, após o total endurecimento (24 horas) através de corte e lixamento. f) executar cura. B) Reparo com Concreto e Ponte de Aderência de Base Epóxi. O concreto deverá ter consistência fluida, baixo fator água/cimento e, preferencialmente, ser aditivado com agente expansor (pó de alumínio, Intraplast N da Sika). O reparo, ilustrado, também, pela Figura 3, deve ser executado conforme a seguinte seqüência de procedimentos: a) tratar o substrato, que deve apresentar-se seco antes da próxima etapa; b) preparar e aplicar o adesivo epóxi de elevado pot-life. Evitar a aplicação do adesivo epóxi sobre as armaduras. Caso isso seja difícil, antes do adesivo, aplicar produto inibidor de corrosão sobre as armaduras (Sika Top 108); c) instalar formas com cachimbo; d) lançar o concreto nas formas e adensá-lo; e) antes do completo endurecimento do concreto, desformar e, cuidadosamente, retirar seu excesso. Tal excesso pode ser retirado, também, após o total endurecimento através de corte e lixamento; f) executar cura. 7
9 C) Reparo com Argamassa Seca ( dry pack ) e Adesivo Epoxídico. A argamassa seca poderá ser de grout específico (Sika Grout - Tix), grout comum (Sika Grout) com pouca água, ou argamassa de cimento e areia, de preferência aditivada com agente expansor (pó de alumínio, Intraplast N da Sika). O reparo, ilustrado pela Figura 4, deve ser executado da seguinte maneira: Figura 4 - Reparos Localizados Profundos - Dry Pack a) tratar o substrato, que deve apresentar-se seco antes da próxima etapa; b) preparar a argamassa seca; c) preparar e aplicar o adesivo epóxi. Evitar a aplicação do adesivo epóxi sobre as armaduras. Caso isso seja difícil, antes do adesivo, aplicar produto inibidor de corrosão sobre as armaduras (Sika Top 108); d) aplicar a argamassa seca em camadas ( 2 cm) socadas contra o substrato; e) dar acabamento e executar cura. 8
10 3.3. REPAROS SUPERFICIAIS DE GRANDES ÁREAS Tais reparos são exigidos em função de disgregações, desagregações, segregações, erosões, desgastes, contaminações ou calcinações que atingem grandes áreas do concreto de cobrimento das armaduras. Podem ser executados com os seguintes materiais e técnicas: A) Reparo com Argamassa Modificada com Polímero, Pré-dosada (Sika Top - 122) ou Preparada na Obra (base acrílica). O reparo, ilustrado pela Figura 5, deve ser executado através da seguinte seqüência de procedimentos: Figura 5 - Reparo Superficial de Grandes Áreas. a) tratar o substrato e umedecê-lo sem saturá-lo; b) preparar a argamassa; c) aplicá-la, em camadas (conforme especificações do fabricante), pressionando-a contra o substrato com desempenadeira ou colher de pedreiro, e dando-lhe acabamento final com desempenadeira de aço; d) executar cura. 9
11 B) Reparo com Argamassa ou Concreto Projetado O reparo, ilustrado, também, pela Figura 5, deve ser executado da seguinte forma: a) tratar o substrato; b) promover, se necessário, o seu umedecimento (tipo saturado - superfície seca); c) executar a projeção; d) dar acabamento sarrafeado e desempenado; e) executar cura. OBS.: Nos casos de erosão ou desgaste, cujas causas não foram eliminadas, é conveniente, após o reparo com qualquer dos dois materiais, aplicar revestimento protetor de base epóxi. A utilização de material de reparo com formulação epoxídica é, também, bastante indicada nesses casos. Como os produtos de base epoxídica são caros, têm-se optado, com ótimos resultados, pela adoção de argamassas ou micro-concretos aditivados com microssílica. Tal material exige, entretanto, uma cuidadosa cura úmida, geralmente feita através de aspersão contínua REPAROS DEVIDOS A CORROSÃO DE ARMADURAS Para que seja possível executar, com eficiência, reparos que visem interromper o processo de corrosão das armaduras, é importante analisar como funciona o sistema de proteção do aço dentro da massa de concreto. Para tanto, é necessário verificar as relações existentes entre o ph do concreto e o potencial de corrosão (potencial eletroquímico) do aço. Essas relações foram estudadas por Pourbaix e são mostradas na Figura 6 através do diagrama que leva o seu nome. 10
12 Figura 6 - Diagrama de Pourbaix - Potencial x ph Pelo diagrama de Pourbaix, observa-se que para manter a proteção do aço dentro do concreto deve-se: manter o ph entre 10,5 e 13 (esta é a proteção naturalmente dada pelo concreto homogêneo e compacto); abaixar o potencial de corrosão (< -0,8 V) a fim de se atingir a faixa da imunidade (o que se obtém com a chamada proteção catódica ); elevar o potencial de corrosão (> +0,8) a fim de que seja atingida a faixa de passivação (princípio da utilização dos inibidores anódicos, como o nitrito de sódio) Corrosão por Despassivação da Armadura A despassivação da armadura ocorre em função da diminuição do ph do concreto, devido à reação entre o hidróxido de cálcio a ele inerente e o CO 2 que nele penetra, no fenômeno denominado carbonatação, facilmente detectado pelo teste de fenolftaleina. Ca(OH) 2 + CO 2 = CaCO 3 + H 2 O (carbonatação) concreto com ph 10 11
13 O reparo, ilustrado pela Figura 7, deve ser executado através dos seguintes procedimentos: a) retirar todo o concreto disgregado; b) limpar a armadura retirando todos os produtos da corrosão (tratamento ao branco, ou seja, com o aço apresentando brilho metálico); c) completar o tratamento do substrato (ver item 2); d) aplicar, sobre as barras, polímeros inibidores de corrosão (Sika Top 108); Alguns fabricantes produzem inibidores de corrosão que são compostos por resinas aditivadas com pó de metais cujos óxidos não são expansivos (NitoPrimer Zn, Fosroc). Esses metais funcionam como anôdos de sacrifício. e) executar o reparo conforme profundidade e extensão da área afetada (itens 3.1 a 3.3); f) em função da carbonatação do concreto ainda não disgregado, é conveniente que a armadura subjacente seja tratada, para que seja evitado o início ou a continuidade do processo de corrosão. Isso pode ser feito através do uso de inibidores de corrosão, aplicados por impregnação do concreto (Sika FerroGuard 330), que repassivam as armaduras. Quando o objetivo for simplesmente impedir o avanço da carbonatação, a aplicação de película impermeabilizante (tinta ou verniz) pode ser adotada, tomando-se os cuidados necessários (ver item 4). Figura 7 - Reparo de Corrosão por Despassivação da Armadura. Obs.1: Em qualquer caso, a necessidade de escoramento da estrutura deve ser verificada. Tal necessidade pode ser reduzida com a execução do reparo por trechos. 12
14 Obs.2: A influência dos procedimentos de reparo, no comportamento estrutural do elemento reparado, deve ser, criteriosamente, avaliada. Em muitos casos fica-se diante de uma recuperação e não de um reparo. Por isso, torna-se perigoso, principalmente no caso de pilares, a atitude de algumas empresas, até mesmo especializadas em recuperação, de considerar dispensável a análise estrutural nos casos de oxidação de armaduras Corrosão pela Presença de Cloretos As intervenções à seguir descritas são bastante eficazes. Entretanto, por serem bastante invasivas, devem ter suas influências sobre o comportamento estrutural do elemento tratado, cuidadosamente, avaliadas. O escoramento da estrutura é, praticamente, inevitável. A filosofia do tratamento consiste no isolamento das barras da armadura, impedindo seu contato com o concreto contaminado. A) Reparo com Aplicação de Polímeros Inibidores de Corrosão (Sika Top 108 ou NitoPrimer Zn - Fosroc). O reparo, ilustrado pela Figura 8, deve ser executado da seguinte forma: Figura 8 - Reparo de Corrosão por Presença de Cloretos - Aplicação de Polímeros Inibidores de Corrosão. a) retirar todo o concreto que envolve as barras da armadura, deixando um espaço maior ou igual a 2 cm entre o concreto e as barras; b) seguir os passos b a d do item 3.4.1; c) restaurar a peça com argamassa modificada com resina acrílica (ver item 3.1-A). 13
15 B) Reparo com Inibidores de Corrosão Adicionados ao Concreto ou Argamassa. O reparo, ilustrado pela Figura 9, deve ser executado da seguinte forma: a) retirar todo o concreto que envolve as armadura, deixando um espaço maior ou igual a 2 cm entre o concreto e as barras; b) limpar as armaduras retirando os produtos da corrosão (tratamento ao branco ); c) completar o tratamento do substrato (ver item 2); Figura 9 - Reparo de Corrosão por Presença de Cloretos - Inibidores de Corrosão Adicionados ao Concreto ou Argamassa. d) preparar e aplicar o material de reparo aditivado com inibidor de corrosão (Sika FerroGuard 901), observando a necessidade de ponte de aderência; e) dar acabamento e promover a cura. Obs.: no Brasil, não se tem, ainda, dados que confirmem a eficiência da técnica Proteção Catódica. A maneira, teoricamente, mais eficiente que se tem para previnir ou interromper um processo corrosivo é a chamada proteção catódica. O processo consiste em abaixar o potencial de corrosão das armaduras (zona de imunidade do Diagrama de Pourbaix), introduzindo-se corrente elétrica no circuito formado por todas as barras da armadura e metal instalado na superfície do concreto. Dessa forma, as armaduras passam a fazer parte da região de cátodo (região não sujeita à corrosão). A proteção catódica pode ser feita por anôdos de sacrifício ou por corrente impressa. Qualquer uma dessas duas técnicas exige manutenção constante por profissionais especializados. 14
16 3.5. REPAROS DE BORDAS DE CONSOLOS CURTOS E DENTES GERBER Os reparos de bordas de consolos ou dentes Gerber são bastante comuns. A quebra de bordas ocorre em função de erros de detalhamento da armadura, por mau posicionamento do aparelhos de apoio ou por sua falta. No reparo podem ser adotados diversos materiais e, na sua execução, comumente, lança-se mão do macaqueamento da estrutura, conforme descrito à seguir. A) Reparo com Concreto Grout ou Argamassa Grout (Sika Grout) Os reparos, mostrados nas Figuras 10-A e 10-B, são, normalmente, executados segundo a seguinte seqüência de procedimentos: Figura 10-A - Reparo de Consolo Curto Figura 10-B - Reparo de Dente Gerber a) içar a viga que se apoia no consolo, ou na viga de base, através de macaqueamento; b) escorá-la e aliviar o macaco; 15
17 c) tratar a superfície do concreto; d) corrigir, se necessário, o detalhamento da armadura: d-1) corte, retificação, soldagem de barra de ancoragem; Figura 11-A - Retificação e Soldagem de Barra de Ancoragem d-2) corte, retificação, instalação de dispositivos de ancoragem (CCL - Fosroc), Figura 11-B - Retificação e Instalação de Dispositivos de Ancoragem d-3) instalação de armadura suplementar. Figura 11-C - Armadura Suplementar 16
18 e) instalar formas estanques e impermeáveis; f) preparar, lançar e adensar o grout; g) iniciar cura úmida do grout aparente (panos molhados) logo após o adensamento; h) após 24 horas, instalar o aparelho de apoio, macaquear, retirar as escoras e, lentamente (escoras cada vez mais curtas), baixar a viga içada; OBS.: O tempo de entrada em carga pode ser menor do que o indicado acima, em função da necessidade e da resistência exigida do grout. B) Reparo com Outros Materiais: Na execução desse tipo de reparo, podem ser utilizados ainda grouts de base epóxi e concreto de alto desempenho inicial (CADI) REPAROS EM ESTRUTURAS SUBMERSAS Esses reparos são exigidos, geralmente, em função de segregações, disgregações ou erosões em estruturas, principalmente, de barragens. Eles podem ser executados com os seguintes materiais e técnicas: A) Reparo com Argamassa Epoxídica (adesivo epóxi especial + agregado miúdo) O reparo é executado por mergulhador, através dos seguintes procedimentos: a) promover o tratamento do substrato; b) preparar a argamassa de epóxi, que deve ter consistência tal que permita a confecção manual de bolas; c) aplicar a argamassa com as mãos, pressionando de baixo para cima a fim de evitar aprisionamento de água, e dar acabamento. 17
19 B) Reparo com Grout para Uso Subaquático (Sikagrout AC, ou Conbextra UW- Fosroc) O reparo, mostrado na Figura 12, é executado, em grande parte por mergulhador, da seguinte forma: Figura 12 - Grouteamento subaquático. a) tratar o substrato; b) instalar forma estanque, suspiro (mangueira transparente) e mangueira para injeção do grout; c) preparar e bombear o grout até este sair pelo suspiro. OBS.: em preenchimento de grandes vazios, estes podem ser preenchidos com agregados graúdos antes do lançamento do grout (Figura 12-A). Figura 12-A 18
20 3.7. REPAROS EM FISSURAS Nos reparos de fissuras, deve ser, inicialmente, determinado se elas são ativas ou inativas. As fissuras causadas por retração hidráulica, recalques estabilizados e juntas de concretagem mal executadas podem ser tratadas como inativas. As devidas a esforços excessivos o podem em muitos casos, principalmente se forem efetuadas intervenções de reforço. As fissuras ativas funcionam como juntas naturais da estrutura, devendo, portanto, ser tratadas como tal. As causadas por variação de temperatura são o exemplo típico. A regra geral é : se o agente causador da fissura não mais atua, ela pode ser tratada como inativa, caso contrário, como ativa. Por outro lado, considerado apenas o aspecto de comportamento do reparo, qualquer fissura pode ser tratada como ativa REPAROS EM FISSURAS INATIVAS O reparo de fissuras inativas geralmente implica na restauração da monoliticidade do concreto. Consiste, portanto, na aplicação de produtos (adesivos) capazes de promover a aderência entre os concretos de suas duas faces. A aplicação dos adesivos pode ser feita por gravidade ou por injeção sob pressão (ar comprimido), conforme o caso Fissuras de Pequena Abertura (0,3 a 1,0mm) em Superfície Vertical ou Inclinada. Essas fissuras são, geralmente, reparadas através da injeção de resinas epoxídicas de grande fluidez (Sikadur 52). O reparo, mostrado na Figura 13, deve ser executado através da seguinte seqüência: 19
21 Figura 13 - Injeção de Adesivo Epóxi a) abrir externamente a fissura, dando-lhe a forma de V; b) executar, com broca de vídea, furos com diâmetro de 12,5 mm espaçados de 5 a 30cm (função da abertura da fissura) e com 3 cm de profundidade; c) retirar o pó através de ar comprimido e escova de pêlo; d) se indispensável, executar lavagem com jato d água; e) com o substrato completamente seco, colar mangueiras plásticas transparentes com resina epóxi tixotrópica (Sikadur 31), bem como calafetar toda a fissura com o mesmo produto; f) verificar a intercomunicação entre os furos com ar comprimido; g) após, no mínimo, 8 horas da calafetagem da fissura, preparar a resina de injeção (Sikadur-52), de maneira a não ocorrer incorporação de ar e nem aquecimento da mistura por agitação excessiva. Aplicá-la, imediatamente, iniciando pela mangueira inferior (primeira mangueira). Quando a resina começar a verter pela segunda mangueira, obstruir a primeira e continuar a injeção pela segunda. Continuar assim até o preechimento total da fissura; h) após 24 horas, retirar as mangueiras plásticas por corte e broqueamento, obturar os orifícios com o adesivo epóxi (Sikadur 31), e dar acabamento por lixamento. Caso seja exigido melhor acabamento, pode-se retirar todo o adesivo epoxídico de calafetamento da fissura e aplicar material de reparo de melhor efeito estético. OBS.: Se a fissura ocorrer dos dois lados do elemento estrutural (fissura passante), adotar os procedimentos acima nas duas faces. Os furos das duas faces deverão ficar defasados, e a injeção ser alternada entre elas. 20
22 Fissuras de Pequena Abertura (0,3 a 1,0mm) em Superfície Horizontal. Essas fissuras são, também, normalmente, reparadas com resinas epoxídicas de grande fluidez (Sikadur 52), aplicadas por injeção ou, em algumas situações, por gravidade. O método de aplicação depende da posição da fissura em relação ao elemento estrutural, de sua abertura mínima e do fato dela ser, ou não, passante. Caso 1: Fissuras Passantes No caso de fissuras passantes em superfície horizontal, é interessante a verificação preliminar da possibilidade de aplicação da resina por gravidade. Esse processo é bem mais simples e barato do que o de injeção por ar comprimido. Tal verificação pode ser feita da seguinte maneira: a) limpar toda a extensão da fissura, através de jato de ar comprimido e jato d água. Em função do tipo de material ou produto que tenha nela, porventura, penetrado, pode ser necessária a utilização de desengordurantes ou solventes específicos, que, posteriormente, deverão ser completamente eliminados através de lavagem; b) após a completa secagem do substrato, lançar a resina (preparada em pequena quantidade) num pequeno trecho da fissura, pela face superior do elemento estrutural, e verificar seu surgimento, ou não, na face inferior. Um bom fluxo de resina pela fissura, na face inferior do elemento estrutural, será sinal de possibilidade de aplicação da resina por gravidade. Caso contrário, a injeção por ar comprimido deverá ser utilizada. Caso 1-A: Fissuras Passantes - Aplicação de Resina por Gravidade. Confirmada a eficiência da aplicação da resina por gravidade, o reparo deve ser continuado (lembrar que a limpeza do substrato já foi executada), dentro da seguinte seqüência de procedimentos: 21
23 a) obturar a fissura na face inferior do elemento, fixando-se, entretanto, mangueiras plásticas, espaçadas em torno de 30cm, que servirão como suspiros (ver sub-ítens de a até e do item ); b) preparar a resina, sem que haja incorporação de ar ou aquecimento por agitação excessiva, e vertê-la de uma extremidade a outra da fissura. No intuito de facilitar a penetração da resina e evitar perdas excessivas, pode-se confeccionar uma pequena canaleta provisória (com gesso ou massa de vidraceiro) envolvendo toda a fissura, conforme ilustra a Figura 13-A. A infiltração da resina pode ser ainda mais favorecida pela execução prévia de furos ao longo da fissura, pela face superior do elemento tratado (ver Figura 13- A). Figura 13-A - Aplicação de Resina Epoxídica por Gravidade. c) à medida que a resina fluir por um suspiro, ele deverá ser vedado; d) após o endurecimento da resina, demolir a canaleta e dar acabamento superficial com lixadeira; Caso 1-B: Fissuras Passantes - Aplicação de Resina por Injeção. Confirmada a ineficiência ou impossibilidade de aplicação da resina por gravidade, a intervenção deverá seguir os passos seguintes: a) abrir externamente a fissura, nas duas faces do elemento estrutural, dando-lhe a forma de V; b) executar, com broca de vídea, furos com diâmetro de 12,5 mm e profundidade igual a 3 cm; espaçados, na face superior (furos de injeção), de 10 a 30cm (função da abertura da fissura), e, na face inferior (furos extravasores), de 50cm c) retirar o pó através de ar comprimido e escova de pêlo; 22
24 d) se indispensável, executar lavagem com jato d água; e) com o substrato completamente seco, colar, com resina epóxi tixotrópica (Sikadur 31), mangueiras plásticas transparentes nos furos, assim como calafetar toda a fissura, nas duas faces, com o mesmo produto; f) verificar, através de ar comprimido, a intercomunicação entre furos contíguos da face superior e dos da face inferior com pelo menos um da outra face. Caso necessário, furos intermediários deverão ser executados; g) após, no mínimo, 8 horas da calafetagem da fissura, preparar a resina de injeção (Sikadur-52), de maneira a não ocorrer incorporação de ar e nem aquecimento da mistura por agitação excessiva. Imediatamente, injetá-la, através das mangueiras, sequencialmente, de uma extremidade a outra da fissura. A mudança de injeção de uma mangueira (que deverá ser tamponada) para a seguinte deverá ser feita quando, nesta última, posicionada na vertical, a resina atingir uma altura de 10cm. A mudança deverá ser feita, também, no caso da resina fluir, simultaneamente, pelas duas mangueiras seguintes. As mangueiras da face inferior deverão ser, permanentemente, observadas e tamponadas tão logo seja observado o extravazamento de resina. A finalidade principal dessas mangueiras é confirmar a penetração da resina em toda a espessura do elemento estrutural. Caso se queira, elas poderão ser utilizadas, também, para injeção de resina. Caso não seja observado o extravasamento de resina por alguma mangueira da face inferior, após 24 horas da primeira injeção, executar dois novos furos em cada lado dela, afastados de 10cm. Nesses furos, deverão ser instaladas mangueiras, e, através delas executada seqüência de injeções; h) após 24 horas, retirar as mangueiras plásticas por corte e broqueamento, obturar os orifícios com o adesivo epóxi (Sikadur 31), e dar acabamento por lixamento. Caso seja exigido melhor acabamento, pode-se retirar todo o adesivo epoxídico de calafetamento da fissura e aplicar material de reparo de melhor efeito estético. Caso 2: Fissuras Apenas na Face Superior. Como no caso de fissuras passantes, nas fissuras que ocorrem apenas na face superior do elemento estrutural, é interessante a verificação inicial da possibilidade de aplicação da resina por gravidade. 23
25 A verificação de tal possibilidade, neste caso, é um pouco mais complexa, mas pode ser desenvolvida da seguinte maneira: a) limpar toda a extensão da fissura, através de jato de ar comprimido e jato d água. Em função do tipo de material ou produto que tenha nela, porventura, penetrado, pode ser necessária a utilização de desengordurantes ou solventes específicos, que, posteriormente, deverão ser completamente eliminados através de lavagem; b) em ponto situado em um dos terços extremos da extensão da fissura, executar furo com broca de vídea (diâmentro de 6 a 10mm) que atravesse toda a espessura do elemento estrutural, e proceder à sua limpeza com ar comprimido e escovação; c) a uma distância do furo igual a duas vezes a espessura do elemento, confeccionar canaleta provisória (ver item Caso 1-A) com 10cm de extensão; d) após a completa secagem do substrato, lançar a resina (preparada em pequena quantidade) dentro da canaleta, e verificar se há, na face inferior do elemento estrutural, extravasamento de resina pelo furo. Um bom fluxo de resina extravasando será sinal de possibilidade de aplicação da resina por gravidade. Caso contrário, a injeção por ar comprimido deverá ser utilizada. Caso 2-A: Fissuras Apenas na Face Superior - Aplicação de Resina por Gravidade. Confirmada a eficiência da aplicação da resina por gravidade, o reparo deve ser continuado (lembrar que a limpeza do substrato já foi executada), adotando-se os procedimentos descritos para o Caso 1-A (Fissuras Passantes - Aplicação de Resina por Gravidade), desprezando-se, obviamente, aqueles que fazem menção à fissura na face inferior do elemento estrutural reparado. Caso 2-B: Fissuras Apenas na Face Superior - Aplicação de Resina por Injeção. Confirmada a ineficiência ou impossibilidade de aplicação da resina por gravidade, a intervenção deverá seguir os procedimentos descritos para o Caso 1-B (Fissuras Passantes - Aplicação de Resina por Injeção), desprezando-se, obviamente, aqueles que fazem menção à fissura na face inferior do elemento estrutural reparado. 24
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