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- Sebastião Coradelli Castro
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1 Re v i s t a CARGO Transpor ANO XXII * Nº 239/240 * NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012 * MENSAL * 4 EUR tes & Logística Po r t o s l u s ó f o n o s e st r e ita m rel ações Maersk quer criar mais serviços em Portugal Movimentação nos portos cresce 3,6% em outubro CE liberta mais de milhões para RTE-T 1
2 Re v i s t a NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012 Nº 239/240 ANO XXII CARGOTranspor tes & Logística Olhar para fora Edi t o r i a l Há 21 anos a informar o setor está a terminar, um ano complicado, que trouxe algumas reformas que o setor já necessitava para além de outras medidas justificadas com a necessidade do esforço para satisfazermos as imposições da troika, como as privatizações da TAP, ANA, CP Carga Foi o ano da revisão da legislação sobre o trabalho portuário, com todas as reações normais neste tipo de diplomas, da introdução da esperada TUP Carga, com o objetivo de promover a nossa competitividade. Mas, e 2013? As medidas reformistas terão de continuar precisamos de aumentar as nossas exportações, conseguir gerar riqueza quando as medidas que tivémos de implementar abrandam claramente a economia. Temos aumentado a nossa aposta no mercado dos países de língua portuguesa. A solução será a dinamização das nossas trocas comerciais com estes países? Terá o congresso da APLOP, que decorreu no início do mês em Lisboa, servido para as impulsionar e tentar levar o nosso País, em crise, no meio de uma crise europeia, a ver uma porta para a criação de alianças com os nossos parceiros de língua portuguesa que estão em ciclo inverso? Devemos criar um regime especial para as trocas comerciais no espaço da CPLP, fez questão de referir Sérgio Monteiro. É preciso criar soluções Marítimo 4 Congresso dos Portos de Língua Portuguesa decorreu em Lisboa 8 Movimentação nos portos cresceu 3,6% apesar da greve Susana Rebocho A Di r e t o r a 16 Congresso APLOG: Logística como fator diferenciador nas Exportações Índ i c e 20 Opinião de Vítor Caldeirinha: Organização Portuária nos EUA, UK e Taiwan 10 Alessandro Maldina, Maersk Portugal: Temos planos concretos para trazer novos serviços para Portugal 12 APSS promoveu reflexão sobre a Logística na região de Setúbal 14 Seminário Fernave: Transportes, que futuro? 22 Opinião de J. Augusto Felício: Portos no sistema logístico e papel dos operadores portuários 26 A CARGO há 15 anos CML e APL com visões diferentes para acesso a Alcântara 27 Breves Marítimo Produtos Online: Hom e p a g e CARGO Transportes & Logística NEWSONLINE Rodoferroviário & Logística 28 Sérgio Soares, STEF Portugal: "Soubemos acompanhar as exigências das transformações de mercado" 30 Gonçalo Vieira (Portucel) defende desenvolvimento da ferrovia a nível interno 31 Breves Rodoferroviário & Logística Aéreo 32 Opinião de J. Pereira Coutinho: A sobrevivência da aviação civil num mundo em crise 34 Carga aérea no aeroporto do Porto cresceu 11,3% em novembro 34 Breves Aéreo FROTA.NEWS 3
3 Congresso dos Portos de Língua Portuguesa: Na senda de uma economia APLOP ligada ao mar Vi d eo s d e entrevistas a intervenientes CARGO Ví d eo s O VI Congresso dos Portos de Língua Poryuguesa decorreu em Lisboa, numa organização da APLOP Lisboa voltou a ser palco de encontro dos responsáveis dos portos de língua portuguesa (e também dos diversos atores ligados, direta ou indiretamente, à atividade portuária no espaço lusófono), com a realização do VI Congresso dos Portos de Língua Portuguesa, numa organização da Associação dos Portos de Língua Portuguesa (APLOP) criada a 13 de maio de 2011, precisamente na capital portuguesa. Em entrevista à CARGO Vídeos (que pode ver através do código anexado), José Luís Cacho, presidente da APLOP, fez um balanço muito positivo deste projeto que considera muito ambicioso, recordando que o grande desafio é conseguir criar um conceito de rede entre os portos de língua portuguesa de forma a contribuir para dinamizar as economias dos países. Vincando a importância estratégica para os portos portugueses de uma ligação aos portos da CPLP, visto que o Atlântico Sul é um mar onde se fala português, com o Brasil de um lado e do outro lado os portos africanos, sendo que Portugal, neste triângulo, é a porta de entrada na Europa para esses países, José Luís Cacho terminou o seu depoimento à CARGO com elogios à Janela Única Portuária, que considera estar no topo do que melhor se faz nos portos a nível mundial, referindo que esta é uma das ferramentas que Portugal pode exportar para os países lusófonos: É uma mais valia e um contributo forte que podemos dar ao desenvolvimento desses países. Na intervenção da cerimónia de abertura deste VI Congresso dos Portos de Língua Portuguesa, o presidente da APLOP vincou o imenso espaço de cooperação entre os países lusófonos, mostrando-se agradado com a densificação das linhas de navegação regulares que escalam portos do espaço lusófono. Queremos aumentar o fluxo comercial entre os nossos portos, criar uma economia APLOP ligada ao mar, reiterou o presidente da APLOP, convidando os demais intervenientes no âmbito portuário a juntarem-se a esta Associação: As administrações portuárias não existem isoladas, funcionando antes como um elo cooperativo com uma multiplicidade de stakeholders ( ). Queremos contar com o valor acrescentando dessas empresas, para mais facilmente atingirmos as metas preconizadas. Ligação dos portos à economia do espaço CPLP O primeiro painel trouxe a debate a ligação dos portos à economia do espaço CPLP, tendo Lídia Sequeira, presidente da Administração do Porto de Sines (APS) como moderadora. Sandra Augusto, diretora de Logística da VW Autoeuropa, foi a primeira a intervir, transmitindo a expectativa que a fabricante tem ao nível do desenvolvimento dos portos e do desenvolvimento das suas próprias atividades marítimas. A estratégia da Autoeuropa ao nível dos transportes passa por tornar a nossa localização geográfica numa vantagem competitiva, começou por defender Sandra Augusto, lembrando, porém, que os clientes são, em grande percentagem, da Europa, o que faz com que o transporte seja um custo importante. Então, como é que a VW Autoeuropa pode fazer da localização geográfica uma vantagem competitiva? A resposta é clara: Com uma aposta forte nas vertentes ferroviária e marítima. Temos trabalhado no projeto da ferrovia, referiu a responsável da Autoeuropa, traçando duas rotas essenciais: A rota norte, com o projeto da DB Schenker já em operação; Em projeto existe ainda a rota sul, para arrancar em 2013, entre o sul da Alemanha e Barcelona, sendo que temos que trabalhar na ligação Barcelona-Lisboa. 4
4 Também temos apostado nas vias marítimas e nos portos, para um desenvolvimento mais sustentável, acrescentou, lembrando que o grupo tem construído fábricas na China e que grande parte da cadeia de fornecedores também está aí instalada. É necessário trazer esses produtos para as fábricas da Europa. O que acontece atualmente é que o que vem da China vai para Hamburgo e depois para as fábricas. Estamos a trabalhar para colocar Portugal e os seus portos num papel de hub para a Península Ibérica e até mesmo para o resto da Europa, anunciou Sandra Augusto, vincando ainda ser aqui importante que os portos estejam ligados a outras infra-estruturas, para uma aposta na intermodalidade. O projeto de reabilitação, expansão e modernização do porto do Lobito está praticamente acabado. Quem o garantiu foi Lisender Borges, diretor deste porto angolano, destacando, entre as obras, a reabilitação do porto do Lobito, a construção de um terminal de contentores e a extensão do terminal sul, a construção de um porto seco, a construção de uma ponte sobre o Mangul (que facilita o escoamento das mercadorias) ou a construção de um terminal de minério. Os objetivos deste desenvolvimento passam, segundo o responsável, pela criação de um interface de transportes marítimos e rodo-ferroviários para o centro e sul de Angola mas também para os países vizinhos, mas não só: Criar capacidade para importar e exportar carga geral e contentorizada, criar condições para exportar minério e também para o transporte de petróleo bruto e óleo para a futura refinaria. Enaltecendo as vantagens do porto do Lobito, com destaque para a excelente ligação ferroviária, através do caminho-deferro de Benguela, e as condições naturais excelentes, estando bem protegido e tendo boa profundidade, Lisender Borges recordou que o caminho-de-ferro de Benguela também está a ser alvo, por parte do Governo, de obras de desenvolvimento, o que trará benefícios ao porto do Lobito: Um dos principais objetivos passa pela ligação ao ramal ferroviário da África Austral que, pelo que estamos a ver, conseguiremos muito em breve. Por fim, entre os aspetos a melhorar, o responsável do porto do Lobito destacou as necessárias melhorias ao nível da infraestrutura, tecnologia ao nível dos equipamentos, eficiência e eficácia, prestação de serviços e a importância de criar postos de trabalho. É importante também criar condições para a receção de mercadorias com destino aos países SADC, através da construção de portos secos e centros logísticos e através de uma ferrovia desenvolvida, concluiu. Em representação da Libra Terminais Rio, do grupo brasileiro Libra (com atividades no setor portuário, aeroportuário e logístico), esteve Robledo Gioia. Realçando que, segundo as projeções, o Brasil terá um aumento da procura muito grande ao nível da navegação de longo curso, o orador acrescentou que Portugal pode ter aí um papel importante devido à proximidade não só linguística mas também geográfica. Sobre o terminal do Rio de Janeiro, destacou o projeto de expansão de 120 metros de cais, que entretanto já passou a um aumento de 170 metros, u Sé r g io Mo n t e ir o q u e r r e g i m e especial para as trocas comerciais no espaço da CPLP O secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, encerrou o primeiro dia de trabalhos do VI Congresso dos Portos de Língua Portuguesa, vincando a importância de um espaço comercial entre os países lusófonos, no qual os portos terão um papel essencial. Hoje temos a União Europeia em forte retração. Os nossos principais mercados de destino estão em recessão há algum tempo e agora também toda a Zona Euro. É por isso que plataformas como esta [ndr. APLOP] são tão importantes, salientou Sérgio Monteiro, antes de lançar um repto à plateia e em particular à APLOP: Deixo o desafio de pensar como é que nós conseguimos criar condições no espaço lusófono de, sem violar as regras comunitárias, desenvolver um regime especial para as trocas comerciais que façamos entre nós. Os portos têm lugar central na capacidade dos países dependerem menos das condições internas e na capacidade de exportar produtos, ajudando na balança comercial, referiu Sérgio Monteiro, vincando que pontos como a simplificação administrativa e a intermodalidade nos portos são essenciais, o que ficou espelhado na importância que o PET concedeu a estas matérias. Começámos, no imediato, a estruturar as linhas de caminho-de-ferro com Espanha e França, vincou. O governante recordou também a aposta do Governo na criação de um novo regulador que juntasse o modo ferroviário, rodoviário e marítimo, com o IMT, entidade que pode fazer um trabalho de planeamento para dar uma racionalidade maior aos nossos instrumentos. O secretário de Estado aproveitou a ocasião para abordar o tema quente da atualidade portuária: as sucessivas greves em alguns dos principais portos nacionais. Urge resolver a situação atual apontou o governante, mostrando-se preocupado com a situação particularmente difícil nos portos de Lisboa e Setúbal. Na sua opinião, a nova lei do trabalho portuário permitirá uma maior empregabilidade, o que não significa mais complexidade ou custos. Não queremos precarizar o trabalho ou promover o desemprego, concluiu. 5
5 u anunciando que se prevê a duplicação da sua capacidade operacional já no próximo ano. Os projetos e a logística nos portos O painel da tarde do primeiro dia abordou os projetos em desenvolvimento e a logística nos portos da CPLP. O primeiro a usar da palavra foi Jorge Luiz de Mello, presidente da Companhia Docas do Rio de Janeiro, o qual também falou à CARGO Vídeos (ver entrevista no código anexo). Na sua intervenção, centrada no Projeto de Revitalização do Porto do Rio de Janeiro, Jorge de Mello começou por referir que o setor portuário representa um grande desafio para o Brasil, porque, em quatro anos, a carteira comercial do país cresceu cinco vezes e 90% dos fluxos comerciais do Brasil fazem-se pelo transporte marítimo. Se num primeiro momento aumentámos os volumes, agora estamos a pautar os regulamentos para aumentar a atividade portuária, referiu o responsável da Companhia Docas do Rio de Janeiro, que administra quatro portos: Rio de Janeiro, Angra, Itaguaí e Niterói. Sobre o porto do Rio, recordou que tem vantagens e prejuízos por estar dentro da cidade, tal como o porto de Lisboa, salientando que é o porto brasileiro com produtos de maior valor. Com o projeto de revitalização, ficará dotado, por exemplo, de praticamente dois quilómetros de cais contínuo de terminal de contentores e pronto a responder à crescente procura. A apresentar os projetos de desenvolvimento e de construção de novos portos e linhas-férreas em Moçambique esteve Marta Mapilele, administradora executiva da Caminhos-de-Ferro de Moçambique (CFM). Vincando que as recentes descobertas de recursos no país criaram a necessidade de se encontrar resposta aos vários desafios, Marta Mapilele referiu que a CFM tem trabalhado para garantir escoamento desses recursos. Tendo a província de Tete, no centro do País, como coração das novas indústrias mineiras, a responsável da CFM salientou que os portos e a ferrovia devem responder à procura de logística, centrando-se então nos projetos em desenvolvimento. Um dos projetos em curso passa pela linha de Sena, que já está a escoar carvão através de 575 quilómetros entre Moatize e o porto da Beira. Estamos a proceder a obras para aumentar a capacidade da linha, com um projeto para chegar aos 20 milhões de toneladas por ano em 2014, referiu. Desta forma, As recentes descobertas de recursos em Moçambique criaram necessidade de se encontrar resposta aos vários desafios (...) A CFM tem trabalhado para garantir o escoamento desses recursos" no setor ferroviário, destacam-se novos corredores com ligação entre as indústrias mineiras e os portos: Moatize-Nacala, via Malawi; Moatize- Macuse; Mutarara- Mutuali-Nacala; Moatize-Nacala, numa linha interna de Moçambique. Ao nível portuário, o empenho tem sido colocado nos projetos de desenvolvimento dos portos de Palma, Pemba, no porto comercial de Nacala e no novo terminal de carvão da Beira. O diretor comercial da Iceport Terminal Frigorífico de Navegantes (subsidiária da Portonave), Juliano Perin, foi o último a intervir neste primeiro dia do Congresso, numa apresentação centrada na cadeia logística do frio. Relembrando a presença no estado de Santa Catarina, onde 80% da carga se centra em Itaguaí devido à infra-estrutura logística aí existente, o orador vincou o crescente cariz importador do terminal: Temos crescido muito na importação ao ponto desta ter ultrapassado a exportação no ano de Sobre a carga movimentada, salientou que 43% é carne congelada, o que mostra a força da carga reefer no complexo de Itajaí. Apesar do estado de Santa Catarina produzir metade do que produz o estado do Paraná, este tem exportado muito mais, concluiu o responsável da Iceport, realçando que estes números estão ligados à capacidade portuária e logística da região. As TIC e a formação As tecnologias de informação e de comunicação (TIC) e a formação foram também motivo de debate no VI Congresso dos Portos de Língua Portuguesa. Neste âmbito, o primeiro a intervir foi Abel Amorim, diretor da ENIDH, que começou por abordar, de forma sucinta, as atividades da escola, concedendo destaque ao desafio de apostar no desenvolvimento de projetos internacionais, com especial vocação para os países da CPLP. Temos a vinda de alunos desses países de uma forma intensa, estando connosco vários anos. O peso dos alunos da CPLP no total dos inscritos tem crescido de forma simpática, referiu o diretor da ENIDH, destacando também as diversas parcerias com instituições nos PALOP. Para o futuro, vincou que uma das apostas essenciais passará por aprofundar os laços com a CPLP: Queremos continuar a apostar no aprofundamento destes laços de cooperação e estender a formação de Gestão Portuária a todos os países da CPLP, aproveitando esta plataforma que é a APLOP. O tema da segurança marítima, em voga nos dias de hoje sobretudo pela questão da pirataria que tem tido incidência importante em alguns países da CPLP (Moçambique, Angola ou São Tomé e Príncipe são disso exemplo), ficou a cargo de Henrique Gouveia e Melo, presidente do Observatório de Segurança Marítima (OSM). O orador destacou que é muito importante que a tripulação esteja bem preparada, dando o exemplo de uma tripulação mal preparada, no caso do cruzeiro Costa Concórdia, antes de se centrar em dois temas críticos da segurança marítima: O terrorismo e a pirataria. Sobre a questão da pirataria, considerou que está para ficar e vai tornar-se mais sofisticada nos meios e táticas usadas. Uma das ferramentas que fará a ponte entre Portugal e outros países da CPLP é a Janela Única Portuária. Marinho Dias (Associação dos Portos de Portugal) apresentou este instrumento à plateia, considerando que o desafio atual passa por olhar para o cliente do porto. Os clientes não valorizam a Janela Única Portuária, o e-maritime, o short Sea shipping ou as auto-estradas do mar a menos como instrumentos para a obtenção de benefícios reais e vantagens do mercado, lembrou. Um porto pode ser muito eficiente e é importante que o seja mas terá que ter uma oferta exógena de qualidade, ao nível dos serviços porta-a-porta, acrescentou 6
6 Marinho Dias, terminando com uma série de desafios para a APLOP: Formalizar uma rede pública de serviços logísticos no espaço CPLP; fomentar a cooperação nas infra-estruturas; promover uma oferta harmonizada; concretizar estas ideias. O potencial da cabotagem e o exemplo do Brasil O último painel do Congresso teve como tema a cooperação e o investimento como vetores de desenvolvimento económico do espaço CPLP, com especial incidência no setor da cabotagem. Aqui, o primeiro a tomar a palavra foi Miguel Marques (PwC), numa intervenção sobre a importância da cabotagem no comércio internacional. Considerando que o sucesso dos diversos sistemas de cabotagem pode ser uma peça vital no desenvolvimento do Atlântico Sul e do Índico, Miguel Marques referiu que este tipo de transporte tem a sua importância para o desenvolvimento regional, em particular nos países em desenvolvimento, sendo de importância ainda maior em países sem marinha mercante desenvolvida porque permite a criação de marinha mercante adequada às necessidades. Além disso, lembrou o orador, permite também que cenários de ausência de ferrovia e de estradas tenha alternativa para o movimento de carga e dar continuidade à vertente marítima após o transporte transoceânico, através do feedering. A União Europeia está apostada em desenvolver a cabotagem, tendo como objetivo a sustentabilidade económica e o respeito ambiental assim como a coesão territorial, vincou ainda Miguel Marques. A pergunta que se colocava era a razão pela qual ainda não há muitos casos de cabotagem bem desenvolvidos. O responsável da PwC esclareceu: Há vários obstáculos relacionados com a burocracia, falta de confiança do cliente ou a relação entre os portos. Nesse sentido, considerou essencial a resolução de uma série de problemas : Promover uma maior regularidade, melhorar a relação entre os portos, simplificar os processos administrativos e reduzir a complexidade da cadeia logística. A analisar o estado da cabotagem no Brasil (de uma dimensão ao alcance de poucos paíes, diga-se), esteve Vágner Costa, representante da Secretaria de Portos do Brasil. O Brasil tem uma natureza que favorece a cabotagem, com concentração junto à costa dos sistemas produtivo e consumidor, com 20 mil quilómetros de vias navegáveis para embarcações marítimas e 80% da população a viver no limite de 200 quilómetros da costa, começou por referir Vágner Costa, recordando que no país há reservas da cabotagem para as empresas brasileiras. A infra-estrutura usada para a cabotagem é constituída por 34 portos e 129 terminais de uso privativo. A frota brasileira de cabotagem é composta por 156 embarcações operadas por 31 empresas, acrescentou, salientando que os granéis líquidos são a carga mais importante, num cenário que pode alterar-se no futuro: Os granéis líquidos têm grande importância no total de carga movimentada através da cabotagem mas os contentores apresentam a maior taxa de crescimento. A movimentação na cabotagem nos portos do Brasil pode atingir os 417 milhões de toneladas até 2025 previu o responsável da Secretaria de Portos do Brasil, salientando que, para cumprir estas metas, é importante garantir a redução do custo e um tratamento semelhante ao transporte rodoviário. 7
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