Resposta da Cultura do Algodão a Adubação com Zinco, Cobre, Manganês e Boro em Solos com Textura Média e Solos com Textura Arenosa.
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- Agustina Figueira Madureira
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1 FUNDAÇÃO MATO GROSSO - PMA Relatório Parcial Resposta da Cultura do Algodão a Adubação com Zinco, Cobre, Manganês e Boro em Solos com Textura Média e Solos com Textura Arenosa. LEANDRO ZANCANARO JOEL HILLESHEIM LUIS CARLOS TESSARO LEONARDO COELHO SOARES VILELA RONDONÓPOLIS-MT DEZEMBRO // 2005
2 SUMÁRIO RESUMO...3 INTRODUÇÃO...4 REVISÃO DE LITERATURA...5 MATERIAL E MÉTODOS...8 RESULTADOS E DISCUSSÃO...12 CONCLUSÕES...29 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...30
3 Resposta da Cultura do Algodão a Adubação com Zinco, Cobre, Manganês e Boro em Solos com Textura Média e Solos com Textura Arenosa. Leandro Zancanaro, Joel Hillesheim, Luis Carlos Tessaro & Leonardo Coelho Soares Vilela. Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso - FUNDAÇÃO MT. RESUMO As recomendações de adubação em muitas lavouras são praticamente as mesmas independente da fertilidade do solo e do histórico de cultivo destes campos, com isso provavelmente os produtores estão utilizando quantidades maiores de fertilizantes do que o necessário. O objetivo deste trabalho é de confirmar os resultados obtidos em um experimento conduzido durante 3 safras no Campo Novo do Parecis (solo argiloso), onde avaliou-se adubações corretivas com micronutrientes combinado com diferentes condições de saturação de bases. Para isto foram implantados 3 experimentos em 3 fazendas diferentes com texturas de solos diferentes (argilosa, média e arenosa). E os resultados obtidos neste primeiro ano mostram que para o Manganês houve incremento dos teores no solo e nas folhas em função das adubações corretivas, porém não apresentaram correlação com a produtividade e qualidade de fibra, uma vez que não houveram diferenças significativas estatisticamente para estes dois parâmetros. Para o zinco observou-se correlação positiva entre adubação corretiva com o elemento e o aumento dos teores no solo e nas folhas, porém não apresentou correlação com produtividade e qualidade de fibra. Também para o cobre as adubações corretivas foram eficientes na elevação dos teores no solo e nas folhas, porém sem correlação em produtividade e características da fibra. Na Faz. Bahia, as adubações corretivas no solo com cobre, refletiu no aumento dos teores foliares, porém quanto maior o teor foliar menor foi a produtividade, ou seja, houve uma correlação negativa. Para os experimentos com boro, foi possível observar que os tratamentos propiciaram aumentos dos teores no solo e nas folhas, porém não apresentou resposta em produtividade; diferente do que aconteceu nos experimentos do Campo Novo dos Parecis. Um resultado que chama atenção foi o obtido na Faz. Bahia, onde a adubação em doses crescentes com boro, favoreceu o aumento dos teores nos solos e nas folhas, porém apresentou correlação negativa com a produtividade, num sintoma claro de fitotoxidez, ou seja, quanto maior a quantidade de boro usada nos tratamentos menor foi a produtividade. O rendimento de fibra e características da fibra produzida não foram influenciadas por nenhum dos nutrientes estudados. Os resultados demonstram que as análises de solos e de folhas devem sempre estar associados ao histórico de aplicação de zinco, manganês, cobre e boro.
4 INTRODUÇÃO As lavouras de algodão em sua maioria são conduzidas em áreas cultivadas a vários anos com correção parcial ou total da fertilidade do solo. No entanto, o manejo da adubação é praticamente o mesmo, independente do histórico de cultivo deste campo e das análises de solo. O técnico e o produtor têm receio de que reduzindo a adubação a produtividade diminua na mesma proporção, desconsiderando que a resposta a adubação não é linear, e que as respostas diminuem a medida que a fertilidade do solo aumenta. O mesmo acontece com a utilização de micronutrientes. Hoje já é possível dizer que existem resultados de pesquisa que permitem tomar decisões seguras sem correr risco em produtividade, no que diz respeito a calagem e a utilização de adubações com micronutrientes, na cultura do algodão em condições edafoclimáticas como as existentes no Mato Grosso. Portanto este trabalho servirá para confirmar os resultados de pesquisa com micronutrientes obtidos no experimento do Parecis, durante 3 anos em um solo argiloso. Porém agora este trabalho está sendo conduzido em três condições distintas de textura (arenosa, média e argilosa), que ao final de mais 3 ou 4 safras será possível determinar o nível crítico de Cobre, Zinco, Manganês e Boro, tanto no solo como nas folhas, para as condições do estado do Mato Grosso. Estes trabalhos poderão demonstrar que muitos produtores estão utilizando micronutrientes sem haver necessidade, e que poderiam continuar com o mesmo potencial produtivo com redução de custo. O objetivo deste trabalho é de confirmar os resultados obtidos no experimento conduzido em Campo Novo do Parecis durante 3 safras, porém agora conduzidos em 3 solos com diferentes texturas. Possibilitando determinar os níveis críticos destes nutrientes (Zn, Cu, Mn e B) tanto no solo como na planta, quantificando desta forma a influência destes insumos agrícolas no rendimento final do algodão.
5 REVISÃO DE LITERATURA A recomendação de adubação para a cultura do algodão deve basear-se em critérios como os resultados das análises de solo e de folhas. No entanto, a correta interpretação dos resultados das análises de solo e de folhas, é dependente na íntegra da realização de duas etapas primeiras em um programa de pesquisa em fertilidade do solo. O primeiro é o estudo de correlação e seleção de métodos de determinação de nutrientes no solo e folha, e o segundo é o estudo de calibração dos resultados do método selecionado. Segundo BLACK (1992) calibração é o processo de encontrar experimentalmente a relação entre o resultado de uma análise química para um determinado nutriente e a resposta da cultura aos diferentes níveis de fertilidade para o nutriente em estudo, para uma mesma condição de solo. Com as relações observadas é possível estabelecer grupos de solo e inferir a capacidade do solo em suprir este nutriente às culturas e posteriormente a quantidade necessária de fertilizante. Portanto, somente após a realização do estudo de calibração de um nutriente no solo e/ou nas folhas é possível classificar o teor deste nutriente como muito baixo, baixo, médio, bom e alto. Porém, para cada método de análise selecionado deverá ser realizado um estudo de calibração específico. No Mato Grosso já existem resultados de pesquisa sobre condições de acidez do solo e dos teores de micronutrientes no solo e nas folhas, especificamente para a cultura do algodão. Porém ainda existe utilização indiscriminada de micronutrientes na cultura do algodão independentemente dos resultados das análises de solo. Quanto a critérios para interpretação e recomendação de micronutrientes, a falta de informações é ainda maior. O nutriente mais estudado é o boro. Segundo ROSOLEM 2001, o problema com micronutrientes que ocorre com maior freqüência é a deficiência de boro. Para este autor, em solos arenosos, pobres em matéria orgânica, que recebem calagem e são bem adubados com macronutrientes, existe a possibilidade de ocorrência de deficiência de zinco, e com menor probabilidade, de manganês e de cobre. A toxicidade de manganês pode prejudicar a produtividade do algodoeiro em solos com ph baixo. SILVA & CARVALHO (1994) apresentam uma tabela para a interpretação das análises de solo quanto ao boro extraídos por água quente, método utilizado no Mato Grosso. Teores de boro no solo extraídos com água quente de <0, 2, 0,2-0,4, 0,4-0,6 e >0,6 mg/dm 3 e teores de boro na folha de <20, 20-35, e >50 mg/kg foram classificadas como níveis muito baixos, baixos, médio e alto, respectivamente. Nesta tabela na classe de disponibilidade muito baixa, a quantidade de boro recomendada foi de 1,0 a 1,2 kg/ha. Na recomendação
6 6 oficial de Minas Gerais é de aplicar 1 kg/ha de boro no sulco de plantio, em solos corrigidos, com uso generalizado de adubos contendo NPK, arenosos e, ou, com baixos teores de matéria orgânica (PEDROSO NETO et. al. 1999). Estas quantidades recomendadas são para solos com alta probabilidade de resposta do algodão a boro, porém são muito inferiores as que estão sendo utilizadas no Mato Grosso. No estado em áreas cultivadas a vários anos, com fertilidade corrigida e em solos argilosos principalmente, segundo dados da FUNDAÇÃO MT, utiliza-se no geral 3 kg/ha de boro ou mais anualmente. Porém, apesar da quantidade aplicada anualmente de boro ser maior que recomendada em outras regiões do Brasil, as análises de solo, segundo o banco de dados da FUNDAÇÃO MT, de modo geral apresentam teores de boro no solo abaixo de 0,6 mg/dm 3, considerado como nível crítico por SILVA & CARVALHO (1994). Este fato associado ao receio que este boro seja lixiviado, ou seja adsorvido, diminuindo o residual das adubações anteriores, e também o medo de perder produtividade por deficiência de boro, faz com que anualmente produtores e técnicos utilizem quantidades elevadas de boro. Na literatura é comum encontrar citações referentes a toxicidade do boro, quando utilizado em quantidade maiores do que a literatura cita. ROSOLEM (2001) comenta que doses pouco acima das adequadas podem ser fitotóxicas ao algodoeiro. Segundo ele, o uso indiscriminado de fórmulas contendo boro pode prejudicar mais do que auxiliar na produtividade da cultura. Esta observação se for confrontada com o manejo do boro em muitas lavouras de algodão do Mato Grosso (com aplicações de quantidade de boro de 3 kg/ha ou mais, sob cultivos sucessivos de algodão) com produtividades elevadas, inclusive superiores a fazem questionar estes limites de toxicidade. Quanto aos micronutrientes zinco, cobre e manganês na cultura do algodão as informações de pesquisa são escassas. Segundo SILVA (1996) a aplicação de micronutrientes para a cultura do algodão tem a seguinte recomendação: Zinco, aplicar 3 kg/ha se o teor no solo for inferior a 0,6 mg/dm 3. É importante salientar que segundo o banco de dados da FUNDAÇÃO MT, mais de 65% das lavouras comerciais do estado apresentam teores de zinco superiores a 1,6 mg/dm 3 (Mehlich -1), considerado como nível BOM (suficiente) para várias culturas, segundo a 5ª aproximação das Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais (1999). No entanto, esta recomendação para o Estado de Minas Gerais não é específica para a cultura do algodão e sim generalizadas paras as culturas anuais, sendo mais um fator limitante.
7 7 SILVA (1999) comenta que o zinco foi estudado em diversas oportunidades, porém raramente mostrou resultados significativos. ROSOLEM (2001) comenta que na literatura são poucas as referência quanto a adubação de zinco na cultura do algodão. Todas as recomendações oficiais, quando existentes, recomendam adubações com micronutrientes em quantidades menores às utilizadas para a cultura no estado do Mato Grosso. Pode-se com isto levantar duas hipóteses: a primeira, de que o produtor está utilizando micronutrientes em quantidades acima da necessária; a segunda, de que os dados existentes não são adequados para a interpretação das análises de solo e de folhas nas condições edafoclimáticas e potencial produtivo da cultura do algodão existente no estado. Há portanto, necessidade de realizar estudos mais aprofundados e específicos para as condições edafoclimáticas do Mato Grosso. O objetivo deste projeto é a calibração dos teores dos micronutrientes no solo e nas folhas do algodão.
8 MATERIAL E MÉTODOS Os experimentos foram conduzidos em três fazendas, em municípios distintos, desta forma foi possível montar os experimentos em solos com diferentes texturas. Na fazenda Bahia (Pedra Preta), o experimento foi montado em solo argiloso; na fazenda São Paulo (Rondonópolis) foi montado em solo de textura média e na fazenda Rancho Novo (Alto Garças) em solo arenoso. Estes experimentos foram implantados em delineamento de blocos ao acaso, com quatro repetições. As parcelas tem as dimensões de 9,0m x 7,5m (67,5m 2 ), com 10 linhas de cultivo por parcela com espaçamento de 0,9 metros. As ruas entre as parcelas têm a dimensão de 2,0 metros. As análises de solo inicial, antes da implantação dos experimentos encontram-se nas Tabelas 1, 2 e 3, sendo que o experimento conduzido na fazenda Bahia encontra-se sobre um campo com vários anos de cultivo com algodão, explica-se portanto a elevada fertilidade do solo; o experimento conduzido na fazenda São Paulo é sobre um campo que teve apenas um cultivo com soja e anterior a soja era pasto, o que fica justificado pelos baixos teores dos elementos mostrados na análise de solo e o experimento conduzido na fazenda Rancho Novo foi conduzido em um solo de textura arenosa onde houveram dois cultivos com soja antecedendo o experimento com algodão. Tabela 01: Análise de solo antes da instalação do experimento, Faz. Bahia Pedra Preta, safra 04/05. Prof. ph P 1 K Ca+ Mg Ca Mg Al H Mat. Org. Areia Silte Argila Água CaCl 2 mg dm -3 cmol c /dm 3 g dm -3 g/kg cmol c dm ,3 5,4 17,9 194,0 4,9 3,5 1,4 0,0 3,2 33, ,4 8,6 Prof. Sat. Bases (V) Relações Saturação (%) por: Zn Cu Fe Mn S B % Ca/Mg Ca/K Mg/K Ca Mg Al K H mg dm ,2 2,4 6,8 2,8 40,3 16,5 0,0 5,9 36,8 8,8 3,7 108,0 21,5 17,1 0,39 P e K - extraído em solução de HCl 0,05 N e H 2SO 4 0,025N (Mehlich); Ca, Mg e Al extraídos com solução de Cloreto de Potássio 1N; Zn, Cu, Fe e Mn - extraídos em solução de HCl 0,05 N e H 2SO 4 0,025N (Mehlich); S Fosfato de Cálcio; B Água quente. S. B. (S) CTC
9 9 Tabela 02 - Análise de solo antes da instalação do experimento em área de primeiro cultivo de algodão, Fazenda São Paulo Rondonópolis, safra 04/05. Prof. ph P 1 K Ca+ Mg Ca Mg Al H Mat. Org. Areia Silte Argila Água CaCl 2 mg dm -3 cmol c /dm 3 g dm -3 g/kg cmol c dm ,4 4,6 7,9 51 1,6 1,3 0,3 0,3 3,4 18, ,7 5,4 Prof. Sat. Bases (V) Relações Saturação (%) por: Zn Cu Fe Mn S B % Ca/Mg Ca/K Mg/K Ca Mg Al K H mg dm ,1 4,3 9,9 2,3 24,1 5,6 5,6 2,4 63,0 2,7 1, ,8 8,0 0,27 P e K - extraído em solução de HCl 0,05 N e H 2SO 4 0,025N (Mehlich); Ca, Mg e Al extraídos com solução de Cloreto de Potássio 1N; Zn, Cu, Fe e Mn - extraídos em solução de HCl 0,05 N e H 2SO 4 0,025N (Mehlich); S Fosfato de Cálcio; B Água quente. S. B. (S) CTC Tabela 03 - Análise de solo antes da instalação do experimento, Fazenda Rancho Novo Alto Garças, safra 04/05. Prof. ph P 1 K Ca+ Mg Ca Mg Al H Mat. Org. Areia Silte Argila Água CaCl 2 mg dm -3 cmol c /dm 3 g dm -3 g/kg cmol c dm ,3 5,6 11,8 36,0 2,3 1,4 0,9 0,0 1,7 13, ,4 4,1 S. B. (S) CTC Prof. Sat. Bases (V) Relações Saturação (%) por: Zn Cu Fe Mn S B % Ca/Mg Ca/K Mg/K Ca Mg Al K H mg dm ,1 1,5 14,4 9,8 32,8 22,2 0,0 2,3 41,9 1,3 0,6 132,0 22,8 10,4 0,44 P e K - extraído em solução de HCl 0,05 N e H 2SO 4 0,025N (Mehlich); Ca, Mg e Al extraídos com solução de Cloreto de Potássio 1N; Zn, Cu, Fe e Mn - extraídos em solução de HCl 0,05 N e H 2SO 4 0,025N (Mehlich); S Fosfato de Cálcio; B Água quente. Na instalação destes experimentos as doses dos nutrientes (Zn, Mn, Cu e B) foram distribuídas à lanço e posteriormente incorporadas em todas as parcelas. v Calibração do Zinco no solo: foi instalado um delineamento em blocos ao acaso com seis doses de Zn (0, 1, 3, 6, 9 e 15 kg/ha de Zn), aplicados a lanço e incorporado ao solo, antes do plantio do algodão, na forma de sulfato de zinco. O manganês, o cobre e o boro foram aplicados nas quantidades de 6,0, 4,0 e 1,5 kg/ha, respectivamente, na forma de sulfato de manganês, sulfato de cobre e ulexita.
10 10 v Calibração do Manganês no solo: Instalado em blocos ao acaso, com seis doses de Mn (0, 1, 5, 10, 15, 30 kg/ha de Mn), aplicados a lanço e incorporado ao solo antes do plantio do algodão, na forma de sulfato de manganês. O zinco, o cobre e o boro foram aplicados nas quantidades de 6,0, 4,0 e 1,5 kg/ha respectivamente, na forma de sulfato de zinco, sulfato de cobre e ulexita. v Calibração do Cobre no solo: Instalado em blocos ao acaso, com seis doses de Cu (0, 1,0, 2,5, 5, 10, 15 kg/ha de Cu), aplicados a lanço e incorporados ao solo antes do plantio do algodão, na forma de sulfato de cobre. O zinco, o manganês e o boro foram aplicados nas quantidades de 6,0, 6,0 e 1,5 kg/ha respectivamente, na forma de sulfato de zinco, sulfato de manganês e ulexita. v Calibração de Boro no solo: Instalado em blocos ao acaso, com seis doses de B (0, 1, 3, 5, 7 e 10 kg/ha de B), aplicados a lanço antes do plantio, na forma de ulexita com 15% de B e incorporadas com grade anterior ao primeiro cultivo. O zinco, o manganês e o cobre foram aplicados nas quantidade de 6,0, 6,0, e 4,0 kg/ha, respectivamente, na forma de sulfato de zinco, sulfato de manganês e sulfato de cobre. No plantio das três safras deste experimento foi utilizada 500 kg/ha da fórmula na adubação de plantio, aproximadamente, sem o micronutriente em avaliação em cada experimento. Foram realizadas duas adubações de cobertura. A primeira e a segunda adubação de cobertura foram realizadas entre 25 a 30 e 50 a 60 dias após a emergência, com 250 kg/ha de , respectivamente. Esta formulação apresentava 0,5% de boro apenas nos experimentos de zinco, manganês e cobre. No experimento de boro o fertilizante de cobertura ( ) não tinha boro. A amostragem de folha ocorreu quando o algodão estava entre 85 a 90 dias após a emergência, coletando-se a folha com pecíolo do quinto ramo produtivo da haste principal a partir do ápice. Foram coletadas no mínimo 40 folhas por parcela. Os parâmetros avaliados foram: análise de solo, análise de folhas, produtividade em caroço e características da fibra. Na colheita foi realizada a coleta de 20 capulhos por parcela útil para a análise da qualidade da fibra. Esta coleta foi realizada da seguinte maneira: um capulho por planta localizado no terço médio da planta.
11 11 As análises de solo e de folhas foram realizadas no laboratório Agroanálise de Cuiabá - MT. As metodologias são as utilizadas nas análises de rotina dos laboratórios de análises de solo e de folha do estado do Mato Grosso. Os teores de fósforo, potássio, zinco, cobre e manganês do solo foram extraídos com solução de HCl (0,05 mol/litro) e H 2 SO 4 (0,025 mol/litro), método conhecido pelo nome de Mehlich 1. A extração do cálcio, magnésio e alumínio foi realizada com solução de cloreto de potássio 1 mol/litro. A acidez potencial foi extraído com acetato de cálcio a ph 7,0. As determinações do cálcio, magnésio, potássio, alumínio e da acidez potencial foram necessárias para o cálculo da saturação de bases do solo. O enxofre do solo foi extraído pelo fosfato de cálcio. Estas metodologias utilizadas são descritas pela EMBRAPA (1997). O boro foi determinado pelo método de extração da água quente, descrita pelo IAC (2001). As análises de folha foram realizadas seguindo a metodologia descrita por MALAVOLTA (1997). As características da fibra produzida em cada tratamento foram avaliadas com a utilização do aparelho HVI, possibilitando avaliar o micronaire, o conteúdo de açúcar, a resistência, a uniformidade, o comprimento, o grau de amarelecimento, a cor, o índice de fiabilidade, o conteúdo de fibras curtas, alongamento, grau de reflexão. Estas análises foram realizadas no laboratório da Fundação Mato Grosso/ Wakefield em Rondonópolis. A análise estatística quanto a produtividade e demais parâmetros avaliados foi realizada com o Programa SAS. Os resultados foram submetidos a análise de variância e teste de Duncan ao nível de 5% de significância.
12 RESULTADOS E DISCUSSÃO Experimento 01: Calibração dos teores de manganês no solo e nas folhas. Quando comparam-se os teores de Mn iniciais (Tabelas 1, 2 e 3) antes da implantação do experimento, com os resultados após o primeiro ano de condução (Tabela 4), observa-se que houve incremento nos teores em função dos tratamentos. Os teores de Mn da análise inicial, antes da implantação do experimento podem ser classificados como alto (ALVAREZ et al., 1999), para todas as áreas. Porém com a adição de Mn em função dos tratamentos, houve um incremento nos teores do solo por mais que já fossem considerados altos; mostrando efeito corretivo da adubação com este elemento, principalmente nas fazendas São Paulo e Bahia; no caso da fazenda Rancho Novo apenas a maior dose ultrapassou o teor original, antes da implantação do experimento. Tabela 04: Teores no solo em função da quantidade de manganês aplicado em pré-plantio incorporado, média de 4 repetições, safra 2004/2005. Mn kg/ha Faz. São Paulo Faz. Rancho Novo Faz. Bahia mg/dm3 FMT-701 Cedro Delta Opal 0 12,3 f 12,8 d 25,63 c 1 15,8 e 14,0 cd 27,88 c 5 17,8 d 17,5 bcd 25,65 c 10 20,9 c 18,1 bc 29,68 c 15 24,4 b 19,7 b 33,70 b 30 26,7 a 30,0 a 38,63 a C.V. = 14,8 % C.V. = 17,2 % C.V. = 8,5 % * médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste Duncan, ao nível de 5% de significância. Tabela 05: Teores de manganês nas folhas do algodão em função da quantidade de manganês aplicado em pré-plantio incorporado, média de 4 repetições, safra 2004/2005. Faz. São Paulo Faz. Bahia Mn kg/ha FMT-701 Delta Opal mg/kg ,3 e 32 c 1 138,0 d 36 b 5 145,3 cd 38 b ,8 c 38 b ,5 b 45 a ,8 a 48 a C.V. = 3,69 % C.V. = 6,5 % * médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste Duncan, ao nível de 5% de significância.
13 13 Com relação às análises foliares observa-se que os teores foram bem distintos entre as duas fazendas (Tabela 5), este fato pode ser justificado por efeito de concentração, ou seja, o algodão (FMT-701) do experimento instalado na fazenda São Paulo apresentou um desenvolvimento de parte área muito menor do que o algodão (Delta Opal) da fazenda Bahia, com isto como cresceu menos tende a diluir menos o nutriente dentro da planta, conseqüentemente haverá um maior teor do elemento nas folhas. Poderia-se até pensar em uma contaminação, por uma aplicação de micronutrientes feita pela fazenda, porém observase que os teores foliares de manganês na fazenda são bem proporcionais ao aumento das doses pelos tratamentos, sendo descartada totalmente esta possibilidade de contaminação. Porém para ambas as fazendas, os teores foliares encontram-se adequados, segundo Embrapa 2001, o teor adequado de Mn nas folhas encontra-se no intervalo de mg/kg (Tabela 5). Os resultados obtidos neste primeiro ano de condução mostram que a adubação corretiva com Mn é eficiente, uma vez que os teores do elemento no solo aumentaram, confirmando os resultados obtidos no experimento conduzido durante 3 safra em Campo Novo dos Parecis. Concordando com (LOPES, 1999) que comenta que é possível construir a fertilidade do solo com micronutrientes na cultura da soja, com aplicação de 2,5 a 6,0 kg/ha de Mn, aplicados a lanço e com efeito residual para pelo menos cinco anos. Da mesma forma (GALRÃO, 2004), comenta que em solos que serão cultivados com algodão e apresentem baixos teores de micronutrientes é possível utilizar 6,0 kg/ha de Mn em adubação corretiva à lanço. Os teores de Mn (média) no solo obtidos após a condução do experimento nos tratamentos que não receberam aplicação do elemento (Mn) foi de 16,91 mg/dm 3. Porém com este teor de manganês no solo a produtividade de algodão em caroço (Tabela 06) e as características da fibra produzida (Tabela 07) não diferiram dos demais tratamentos que apresentaram maiores teores de manganês no solo e nas folhas, independente do local de condução e da textura do solo. Os menores valores de manganês no solo obtidos no experimento, são teores muito próximos ao valor considerado como nível crítico (8 mg/dm 3 ) para manganês no solo, segundo a Comissão de Fertilidade de Minas Gerais (1999) quanto as classes de interpretação da disponibilidade para os micronutrientes. A ausência de correlação entre os teores de Mn nas folhas e produtividade deve-se ao fato de que o menor teor médio obtido de manganês nas folhas foi de 32 mg kg -1, no tratamento sem adubação com Mn. Este teor é superior aos valores citados na literatura. Existem indicações na literatura de que a produtividade do algodoeiro somente seria afetada
14 14 pela deficiência de manganês quando os teores nas folhas recém-maduras estivessem abaixo de 30 mg/kg -1, segundo (ROSOLEM & BOARETTO, (1989), ou 20 mg/kg -1, segundo (Ohki, 1974), citado por Rosolem (2001). Portanto, os níveis de manganês nas folhas obtidos no experimento são superiores aos níveis críticos para manganês na folha encontrados nas literaturas. Os resultados obtidos demonstram que os resultados das análises de solo quanto a manganês devem ser vistos apenas como referência e concordam com Mascagni & Cox (1984) citados por BORKERT, et al. (2001), que comentam que as correlações entre resposta ao manganês e as análise de solo não têm sido muito boas e melhoram quando são utilizados também os valores de ph. O aumento dos teores de Mn no solo e nas folhas não refletiu em ganhos de produtividade (Tabela 06), independente de local e condição de solo, nas condições em que os experimentos foram conduzidos. Mostrando que os teores iniciais existentes no solo foram suficientes para suprir as plantas, uma vez que as testemunhas produziram iguais estatisticamente às maiores quantidades utilizadas do elemento na adubação. As produtividades obtidas no experimento da fazenda São Paulo ficaram prejudicadas pelo período de estiagem ocorrido nos meses de fevereiro e março, baixando o potencial de produção. Tabela 06: Produtividade do algodão em caroço em função da quantidade de manganês aplicado em pré-plantio incorporado, média de 4 repetições, safra 2004/2005. Mn kg/ha Faz. São Paulo FMT-701 Faz. Rancho Novo Cedro Faz. Bahia Delta Opal ,97 a 254,41 a 270,42 a 1 150,79 a 244,42 a 274,50 a 5 147,34 a 232,07 a 272,37 a ,01 a 235,26 a 271,43 a ,49 a 256,24 a 275,80 a ,06 a 246,55 a 282,89 a C.V = 17,6 % C.V = 6,8% C.V = 5,8 % * médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste Duncan, ao nível de 5% de significância. Com relação às características das fibras analisadas pelo HVI (Tabela 07), conclui-se que os tratamentos não influenciaram nos parâmetros avaliados.
15 Tabela 07: Características da fibra de algodão, determinada pelo aparelho HVI, produzida em função da quantidade de manganês aplicado em pré-plantio incorporado, média de 4 repetições, safra 2004/2005. Dose Mn Área COM UNF SFC RES ELG MIC RD +b % UHM - mm % % gf/tex % mg/pol % Fazenda Bahia 0 0,3 30,4 85,5 4,5 31,2 7,0 4,9 74,9 7,5 1 0,3 30,2 85,7 4,6 30,0 6,5 4,9 75,3 7,5 5 0,1 30,5 86,2 4,6 31,5 6,6 4,8 74,8 7,9 10 0,3 31,3 86,2 3,7 31,0 7,5 4,8 74,7 7,8 15 0,3 30,7 85,6 5,1 30,4 7,0 4,9 75,1 7,5 30 0,2 30,7 85,0 5,0 31,5 6,7 4,8 75,3 7,7 Fazenda Rancho Novo 0 1,3 30,0 85,1 4,3 34,8 5,8 5,4 69,4 8,0 1 1,2 30,0 84,4 5,4 32,8 5,7 5,4 69,4 7,9 5 1,2 30,1 83,0 6,7 33,3 5,7 5,1 69,6 8,1 10 0,6 29,7 84,2 5,5 34,3 5,8 5,4 69,9 8,1 15 1,0 30,6 83,7 5,6 33,7 5,5 5,3 70,4 8,0 30 0,9 30,9 84,2 5,6 36,0 5,4 4,9 69,9 8,5 Fazenda São Paulo 0 0,5 28,8 84,2 5,2 33,2 6,8 5,0 78,0 8,0 1 0,4 28,3 82,6 6,6 32,7 7,1 4,9 78,3 8,0 5 0,3 28,6 83,8 4,0 32,0 7,4 4,7 78,3 8,0 10 0,4 28,2 83,4 7,4 32,5 6,8 4,9 78,1 8,2 15 0,2 28,6 83,9 4,8 32,3 6,8 5,1 78,9 7,7 30 0,3 28,7 83,2 5,6 32,1 6,7 4,9 78,6 8,0 Área - Porcentagem de área ocupada pelas impurezas em relação a área total da amostras; COM - Comprimento (UHM); UNF - Índice de uniformidade: mede a variação do comprimento; SFC - Índice de fibras curtas; RES - Resistência da fibra: É a determinação da tenacidade das fibras do algodão; ELG - Alongamento da fibra; MIC - Micronaire : Determina a Finura/Maturidade da fibra; RD - Grau de reflexão das fibras; +b - Grau de amarelamento
16 16 Experimento 02: Calibração dos teores de zinco no solo e nas folhas. Os teores de zinco no solo aumentaram proporcionalmente com as quantidades aplicadas (Tabela 08). Observa-se alta correlação existente entre as quantidades de zinco aplicadas de forma corretiva quando da instalação do experimento e os teores de zinco das amostragens de solo após a condução da safra de algodão. Comparando-se os teores iniciais, antes da implantação, com os resultados após o primeiro ano, verifica-se incremento em função dos tratamentos, com doses crescentes. A elevação dos teores de zinco no solo obtido com a aplicação na forma corretiva, mostra que a adubação corretiva de zinco, para a cultura do algodão, representa uma forma eficiente em corrigir solos com deficiência de zinco, apresentando residual de vários anos. Segundo SILVA (1999), em experimento de longa duração, mantido sobre Latossolo Roxo de baixa fertilidade, constatou-se, após alguns anos de sucessivas calagens e adubações fosfatadas, uma clorose de folhas novas, em parcelas sem zinco. Nestas condições, a aplicação de 3 kg/ha de zinco como sulfato de zinco, no sulco de semeadura, não só evitou o sintomas de carência, como também proporcionou, eventualmente, aumentos significativos no rendimento de algodão. Ou seja, confrontando os dados do experimento conduzido no Mato Grosso com o conduzido por SILVA (1999) pode-se inferir que a aplicação de zinco para solos com deficiência de zinco pode ser realizado tanto a lanço, com incorporação ao solo, como na linha de plantio. Estes resultados são semelhantes aos resultados obtidos por Hinkle & Brown (1968) citados por ROSOLEM (2001) que comentam que a despeito da pouca experimentação, admite-se que quantidades entre 10 e 20 kg/ha de sulfato de zinco, aplicados ao solo, podem satisfazer a necessidade das plantas. THOMPSON (1999) também relata a utilização de quantidades de zinco ainda maiores na Califórnia. Em solos com deficiência de zinco, dependendo do grau de deficiência o zinco é aplicado em pré-plantio na quantidade de 5 a 20 kg/ha de zinco, quantidades muito superiores aos necessários, segundo os resultados deste experimento. Os resultados obtidos quando confrontados com as análises de solo do banco de dados da FUNDAÇÃO MT, mostram que mais de 65% das áreas cultivadas no Estado do Mato Grosso possuem teores de zinco superiores a 1,6 mg/dm 3 (dados não publicados). No Mato Grosso, pode-se considerar que a cultura do algodão é cultivada em áreas com vários anos de cultivos (soja ou algodão), sempre adubadas com zinco e com teores do elemento no solo a 1,6 mg/dm 3.
17 17 Porém, a campo é comum ocorrer variações nos resultados de micronutrientes no solo entre as análises de solo de um ano para outro, por diversos fatores, dificultando a interpretação das análises de solo e a recomendação de adubação. Neste caso, deve-se associar os resultados das análises de solo com o histórico de adubação da área quanto a zinco, já que os teores de zinco no solo apresentam relação direta com a quantidade de zinco aplicada e este zinco aplicado apresenta efeito residual por vários anos. Deste modo, considerando os resultados das análises de solo das áreas que são atualmente cultivadas com algodão, pode-se afirmar que a adubação de zinco via solo e via foliar podem ser eliminadas, sem risco de redução de produtividade. Tabela 08: Teores no solo em função da quantidade de zinco aplicado em pré-plantio incorporado, média de 4 repetições, safra 2004/2005. Zn kg/ha Faz. São Paulo FMT-701 Faz. Rancho Novo Cedro Faz. Bahia Delta Opal mg/dm ,0 d 1,40 d 9,6 e 1 1,5 cd 1,80 d 10,8 c 3 2,2 c 3,33 c 11,4 d 6 3,9 b 4,13 bc 12,2 c 9 4,4 b 5,00 b 13,8 b 15 6,6 a 6,68 a 15,4 a C.V. = 17,1 % C.V. = 16,3 % C.V. = 4,3 % * médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste Duncan, ao nível de 5% de significância. Os teores de zinco nas folhas do algodão aumentaram com a quantidade de zinco aplicada e com a conseqüente elevação dos teores de zinco no solo (Tabela 09). Mostrando que houve uma boa correlação. O aumento dos teores foliares de zinco foi significativo, saindo de um valor médio de 29,4 mg/kg na dose 0 kg/ha até 41,3 mg/kg para a dose de 15 kg/ha. Porém os valores encontram-se dentro do intervalo considerado adequado mg/kg (Embrapa 2001), justificando desta forma as produtividades obtidas (Tabela 10).
18 18 Tabela 09: Teores de zinco nas folhas do algodão em função da quantidade de zinco aplicado em pré-plantio incorporado, média de 4 repetições, safra 2004/2005. Zn kg/ha Faz. São Paulo FMT-701 Faz. Rancho Novo Cedro Faz. Bahia Delta Opal Média mg/kg ,3 d 25,78 b 35,1 d 29,4 1 30,1 cd 25,53 b 35,4 d 30,3 3 33,5 c 25,38 b 39,9 bc 32,9 6 41,4 b 29,05 a 37,7 cd 36,1 9 42,8 b 28,20 a 43,0 ab 38, ,7 a 29,13 a 45,0 a 41,3 C.V. = 6,5 C.V. = 16,3 % C.V. = 5,8 % * médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste Duncan, ao nível de 5% de significância. Tabela 10: Produtividade do algodão em caroço em função da quantidade de zinco aplicada em pré-plantio incorporado, média de 4 repetições, safra 2004/2005. Zn kg/ha Faz. São Paulo FMT-701 Faz. Rancho Novo Cedro Faz. Bahia Delta Opal @/ha ,6 a 245,7 a 268,8 a 1 149,3 a 254,2 a 270,0 a 3 132,5 a 254,3 a 284,7 a 6 162,2 a 251,4 a 269,9 a 9 154,2 a 258,1 a 265,2 a ,8 a 262,4 a 259,4 a C.V. = 12,7 % C.V. = 7,9 % C.V. = 8,4 % * médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste Duncan, ao nível de significância de 5%. Os resultados de produtividade (Tabela 10) mostram que não houve resposta em função do aumento nas doses de zinco, independente do local ou textura de solo. Mostra também que o incremento nos teores de zinco no solo e nas folhas, não mostrou correlação com a produtividade. Estes resultados são semelhantes aos encontrados durante a condução do experimento em Campo Novo dos Parecis, durante 3 safras. Assim como ocorreu para o manganês, o cultivo de algodão em solos com diferentes teores de zinco no solo não apresentou diferenças quanto às características da fibra produzida (Tabela 11). Os resultados permitem concluir nas condições em que o experimento foi realizado que teores de zinco no solo iguais ou superiores a 1,0 mg/dm 3 apresentam baixa probabilidade de resposta a adubação com zinco. Com relação as características das fibras analisadas pelo HVI, conclui-se que os tratamentos não influenciaram nos parâmetros avaliados.
19 Tabela 11: Características da fibra de algodão, determinado pelo aparelho HVI, produzida em função da quantidade aplicada de zinco em pré-plantio incorporado, média de 4 repetições, safra 2004/2005. Dose Mn Área COM UNF SFC RES ELG MIC RD +b % UHM - mm % % gf/tex % mg/pol % Fazenda Bahia 0 0,1 30,6 86,1 4,2 32,1 6,9 4,8 74,8 7,5 1 0,1 30,1 84,6 5,1 30,8 7,1 4,9 75,0 7,7 3 0,0 30,5 85,9 3,9 31,1 7,1 4,9 74,7 8,3 6 0,1 31,0 85,6 4,7 30,6 6,5 4,8 74,8 7,9 9 0,1 31,2 85,8 4,6 31,3 7,3 4,8 74,4 7,9 15 0,2 30,4 85,4 4,5 31,3 7,0 4,9 75,3 7,8 Fazenda Rancho Novo 0 0,9 30,2 84,4 5,8 34,1 5,5 5,2 70,4 8,1 1 1,2 30,0 84,8 5,7 33,7 5,6 5,6 70,0 8,2 3 0,8 31,0 84,5 5,6 34,1 5,6 5,6 70,2 8,0 6 1,8 29,8 84,7 6,2 32,9 5,7 5,6 69,0 8,1 9 0,8 30,3 83,2 6,5 34,6 5,2 5,2 70,2 8,0 15 1,0 30,7 84,5 5,3 33,4 5,5 5,4 70,6 8,1 Fazenda São Paulo 0 0,4 28,6 83,3 6,4 32,9 6,8 4,8 78,4 7,9 1 0,5 28,9 82,3 6,4 32,4 6,5 4,9 77,8 7,9 3 0,3 28,7 83,3 5,8 32,5 6,6 4,9 78,7 7,9 6 0,7 27,5 83,5 6,5 30,8 7,1 4,8 77,7 8,0 9 0,1 28,6 80,9 8,5 33,0 5,7 4,9 78,9 7,8 15 0,6 29,2 82,7 5,9 32,3 6,6 4,7 77,9 8,1 Área - Porcentagem de área ocupada pelas impurezas em relação a área total da amostras; COM - Comprimento (UHM); UNF - Índice de uniformidade: mede a variação do comprimento; SFC - Índice de fibras curtas; RES - Resistência da fibra: É a determinação da tenacidade das fibras do algodão; ELG - Alongamento da fibra; MIC - Micronaire : Determina a Finura/Maturidade da fibra; RD - Grau de reflexão das fibras; +b - Grau de amarelamento
20 20 Experimento 03: Calibração dos teores de Cobre no solo e nas folhas. Assim como aconteceu nos experimentos de manganês e zinco, no experimento com cobre houve um incremento bastante significativo dos teores do elemento no solo em função das doses aplicadas na forma corretiva (Tabela 12). Observa-se alta correlação existente entre as quantidades de cobre aplicado de forma corretiva quando da instalação do experimento e os teores de cobre das amostragens de solo após a condução da safra de algodão. Comparando-se os teores iniciais, antes da implantação, com os resultados após o primeiro ano, verifica-se incremento em função dos tratamentos, com doses crescentes. Na 5 a Aproximação das Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais solos com teores de zinco no solo de 0,8 a 1,2 mg/dm 3 são classificados como solos com teores médios de cobre no solo. Sendo que o nível crítico de cobre no solo é 1,2 mg/dm 3, teor acima dos qual haveria baixa probabilidade de resposta a aplicação de cobre. ROSOLEM et. al. (2001), relata que no Brasil não se tem notícia de resposta do algodoeiro à aplicação de cobre. O que existe segundo estes autores, são informações de outros países. Os resultados obtidos quando confrontados com as análises de solo do banco de dados da FUNDAÇÃO MT, mostram que quase a totalidade da área cultivada com a cultura do algodão no Estado do Mato Grosso refere-se a áreas cultivadas a vários anos, com sucessivas adubações com cobre, e teores de cobre estão iguais ou superiores a 0,8 mg/dm 3. No entanto, os produtores e técnicos continuam aplicando cobre no fertilizante de plantio e em aplicações foliares. Assim como foi discutido para o zinco, também para o cobre os resultados das análises de solo podem apresentar algumas variações de um ano para outro, por diversos fatores, dificultando a interpretação das análises de solo e na recomendação de adubação. Neste caso, deve-se associar os resultados das análises de solo com o histórico de adubação da área quanto a cobre, já que os teores de cobre no solo apresentam relação direta com a quantidade de cobre aplicada e este cobre aplicado apresenta efeito residual por vários anos. Deste modo, considerando os resultados dos experimentos e confrontando com os resultados das análises de solo e o histórico de adubação das áreas que são atualmente cultivadas com algodão, podese afirmar que a adubação de cobre via solo e via foliar podem não estar trazendo ganhos ao produtor, podendo ser eliminadas, sem risco de redução de produtividade.
21 21 Tabela 12: Teores de cobre no solo em função da quantidade de cobre aplicado em pré-plantio incorporado, Faz. Rancho Novo Alto Garças, média de 4 repetições, safra 2004/2005. Cu kg/ha Faz. São Paulo FMT-701 Faz. Rancho Novo Cedro Faz. Bahia Delta Opal mg/dm ,0 0,6 f 1,2 d 2,7 f 1,0 1,0 e 1,4 d 3,6 e 2,5 1,4 d 1,9 cd 4,7 d 5,0 1,8 c 3,0 bc 5,6 c 10 3,7 b 4,2 b 6,9 b 15 5,1 a 6,4 a 8,6 a C.V. = 8,6 % C.V. = 32,9 % C.V. = 9,2 % * médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste Duncan, ao nível de 5% de significância. Os teores de cobre nas folhas do algodão aumentaram (Tabela 13) com a quantidade de cobre aplicada e com a conseqüente elevação dos teores do elemento no solo (Tabela 12), mostrando que houve uma boa correlação, porém os aumentos obtidos no solo são bem mais expressivos do que o incremento nas folhas. Estes resultados estão parecidos aos obtidos durante as 3 safras de condução do experimento em Campo Novo dos Parecis. O aumento dos teores foliares de cobre, foi de um valor médio de 6,6 mg/kg na dose 0 kg/ha até 10,1 mg/kg para a dose de 15 kg/ha, desta forma os valores encontram-se dentro do intervalo considerado adequado 5 25 mg/kg (Embrapa 2001), justificando assim as produtividades obtidas (Tabela 14) mesmo pelo tratamento testemunha que não recebeu adubação com cobre. A elevação dos teores de cobre na folha não possibilitou aumento de produtividade, embora que segundo ROSOLEM & BOARETTO (1989) teores de cobre acima de 8 mg kg -1 na matéria seca de folhas recém-maduras podem ser considerados suficientes. Esta comparação não implica dizer que o teor de 8 mg kg -1 está errado, mas que a interpretação dos resultados das análises foliares tem que ser interpretados com muito critérios e não simplesmente comparar com um teor de referência. Se os teores estão abaixo do nível crítico para um nutriente nas folhas, é importante saber quais são as razões para isto.
22 22 Tabela 13: Teores de cobre nas folhas do algodão em função da quantidade de cobre aplicado em pré-plantio incorporado, média de 4 repetições, safra 2004/2005. Cu kg/ha Faz. São Paulo FMT-701 Faz. Rancho Novo Cedro Faz. Bahia Delta Opal Média mg/kg ,0 5,5 c 6,9 d 7,5 d 6,6 1,0 7,4 b 8,5 c 7,8 d 7,9 2,5 8,3 ab 8,5 c 7,9 cd 8,2 5,0 8,1 b 8,8 c 8,6 bc 8,5 10 8,8 ab 12,8 a 8,9 ab 10,2 15 9,6 a 11,2 b 9,4 a 10,1 C.V. = 11,6 % C.V. = 10,0 % C.V. = 5,3 % * médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste Duncan, ao nível de 5% de significância. Tabela 14: Produtividade do algodão em caroço em função da quantidade de cobre aplicado em pré-plantio incorporado, média de 4 repetições, safra 2004/2005. Cu kg/ha Faz. São Paulo FMT-701 Faz. Rancho Novo Cedro Faz. Bahia Delta Opal @/ha ,0 169,3 a 276,7 a 301,6 a 1,0 162,3 a 244,6 a 291,4 ab 2,5 164,1 a 245,4 a 278,9 ab 5,0 161,6 a 258,0 a 283,5 ab ,9 a 258,8 a 268,7 b ,1 a 272,3 a 275,0 ab C.V. = 14,6 % C.V. = 8,0 % C.V. = 5,7 % * médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste Duncan, ao nível de 5% de significância. Com relação aos resultados de produtividade observa-se que na fazenda São Paulo e na fazenda Rancho Novo não houve diferença com a adição das doses crescentes de cobre, porém os resultados da fazenda Bahia mostram uma correlação inversa, ou seja, conforme aumentaram-se os teores de cobre no solo e nas folhas, houve diminuição da produtividade. É difícil afirmar que possa ser fitotoxidez pelo nutriente, mas mostra claramente que houve interferência dos tratamentos na produtividade. Assim como ocorreu para o manganês e o zinco, o cultivo de algodão em solos com diferentes teores de cobre no solo não apresentou diferenças quanto às características da fibra produzida (Tabela 15).
23 23 Tabela 15: Características da fibra de algodão, determinada pelo aparelho HVI, produzida em função da quantidade aplicado de cobre em pré-plantio incorporado, média de 4 repetições, safra 2004/2005. Dose Mn Área COM UNF SFC RES ELG MIC RD +b % UHM - mm % % gf/tex % mg/pol % Fazenda Bahia 0,0 0,5 30,0 84,8 5,1 30,3 6,2 4,8 74,3 7,2 1,0 0,5 29,8 83,4 6,1 30,1 6,6 4,8 74,4 7,2 2,5 0,4 30,4 84,9 5,5 30,3 6,3 4,8 74,6 7,3 5,0 0,5 30,0 85,1 5,1 31,0 6,9 4,8 74,5 7,3 10 0,3 29,8 84,3 5,5 32,3 6,1 4,7 74,4 7,4 15 0,3 30,3 84,6 5,4 31,2 6,6 4,7 74,5 7,5 Fazenda Rancho Novo 0,0 0,6 30,5 83,4 5,5 34,7 5,3 5,3 70,3 8,2 1,0 1,3 29,2 83,1 7,9 32,5 5,5 5,2 68,8 8,1 2,5 1,4 30,1 83,6 5,9 34,5 5,7 5,1 68,1 8,1 5,0 0,8 29,8 83,4 6,4 32,5 6,2 5,3 71,1 8,2 10 2,0 30,3 85,2 4,6 34,4 5,4 5,2 69,6 8,2 15 1,4 30,5 85,0 5,1 35,9 4,8 5,1 69,7 8,2 Fazenda São Paulo 0,0 0,2 28,9 83,4 4,9 32,6 6,9 5,1 78,9 8,0 1,0 0,4 28,8 83,5 5,4 32,5 7,4 5,1 78,4 8,1 2,5 0,2 28,7 83,8 5,3 32,6 7,0 5,1 79,0 8,1 5,0 0,2 28,8 83,8 6,2 33,0 6,6 5,1 78,9 8,0 10 0,2 28,8 84,1 5,8 32,5 6,8 5,1 78,8 8,1 15 0,2 28,8 83,4 6,2 32,9 7,1 5,2 78,8 8,1 Área - Porcentagem de área ocupada pelas impurezas em relação a área total da amostras; COM - Comprimento (UHM); UNF - Índice de uniformidade: mede a variação do comprimento; SFC - Índice de fibras curtas; RES - Resistência da fibra: É a determinação da tenacidade das fibras do algodão; ELG - Alongamento da fibra; MIC - Micronaire : Determina a Finura/Maturidade da fibra; RD - Grau de reflexão das fibras; +b - Grau de amarelamento
24 24 Experimento 04: Calibração dos teores de Boro no solo e nas folhas. O boro, de todos os micronutrientes é o mais responsivo para a cultura do algodão, sendo que em um trabalho finalizado na região dos Parecis (dados não publicados), durante três anos, ficou claro que o algodão responde a adubação com boro, porém não nas doses que atualmente está sendo utilizado nas lavouras comerciais do Mato Grosso. Na conclusão do experimento do Parecis, verificou-se que 1 kg/ha a cada safra já é suficiente para suprir as necessidades da cultura, sem comprometer a produtividade. Em função destes resultados do Parecis, numa única fazenda, conseqüentemente uma única condição de solo, é que originou a montagem deste experimento em três locais com solos distintos para obter conclusões a respeito das adubações com micronutrientes, entre eles o boro. O trabalho realizado no Parecis serviu também para avaliar a metodologia de análise de boro no solo, uma vez que com a utilização de doses elevadas de boro, o elemento não aparecia nos resultados de análise de solo. Portanto favoreceu a avaliação da metodologia e adequação do laboratório, porém ficou claro que a metodologia de análise por água quente é eficiente, uma vez que os resultados de análise de boro no solo atualmente mostram correlação entre o investimento em adubação com este elemento e os teores no solo, que muitas vezes estão elevados. Os resultados de análise de solo após a colheita dos experimentos (Tabela 16) mostram que os teores de boro no solo apresentam correlação direta com as doses utilizadas nos tratamentos, ou seja, quanto maior a dose utilizada maior é o teor do elemento no solo. Porém o teor de boro no solo da fazenda Rancho Novo é menor que o da fazenda Bahia, provavelmente pela perda por lixiviação, uma vez que o solo da fazenda Rancho Novo possui 9,0 % de argila enquanto que o solo da fazenda Bahia tem 71,0 % de argila. Na fazenda Bahia a área está sendo cultivada a muitos anos com algodão portanto terá um valor maior, enquanto que a fazenda Rancho Novo só teve dois cultivos com soja e este com algodão, portanto o seu uso é mais recente. E os teores da fazenda São Paulo são menores do que os da fazenda Rancho Novo, primeiro que apresentou somente um cultivo com soja e o algodão é o segundo cultivo na área e também porque apresenta uma textura com 30% de argila e um teor de matéria orgânica um pouco mais alta do que a fazenda Rancho Novo, favorecendo desta forma a adsorção.
25 25 Tabela 16: Teores de boro no solo após a condução do experimento em função da quantidade de Boro aplicado em pré-plantio incorporado, média de 4 repetições, safra 2004/2005. B kg/ha Faz. São Paulo Faz. Rancho Novo Faz. Bahia FMT-701 Cedro Delta Opal mg/dm ,22 f 0,49 c 0,57 f 1 0,29 e 0,56 c 0,75 e 3 0,44 d 0,54 c 0,87 d 5 0,56 c 0,68 b 1,02 c 7 0,61 b 0,69 b 1,14 b 10 0,69 a 0,83 a 1,25 a C.V. = 6,8 % C.V. = 11,6 % C.V. = 3,3 % *médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste Duncan, ao nível de 5% de significância. Os teores foliares (Tabela 17) mostram uma correlação direta com o aumento das doses de boro no solo, ou seja, quanto maior a quantidade do nutriente usado na adubação, maior é o teor no solo, por sua vez maior o teor foliar. Observa-se que os teores foliares da fazenda Rancho Novo, foram bem superiores aos das outras duas fazendas. Como comentado anteriormente o solo arenoso deixa o boro mais disponível, pela menor adsorção na matéria orgânica, porém ficará mais sujeito a lixiviação, talvez a maior disponibilidade justifique o alto teor foliar, até em teores tóxicos, uma vez que de mg/kg (Embrapa, 2001) é considerado adequado, porém este alto teor nas folhas não teve qualquer influência no rendimento dos tratamentos, ou seja, as produtividades foram iguais estatisticamente, independente das doses de boro utilizadas e dos teores foliares atingidos. Tabela 17: Teores de boro nas folhas do algodão em função da quantidade de boro aplicado em pré-plantio incorporado, média de 4 repetições, safra 2004/2005. B kg/ha Faz. São Paulo Faz. Rancho Novo Faz. Bahia FMT-701 Cedro Delta Opal Médias mg/kg ,2 e 44,1 c 30,8 d 33,0 1 30,5 d 53,0 c 32,3 cd 38,6 3 45,1 c 76,0 b 39,4 bc 53,5 5 50,1 b 81,9 b 42,0 ab 58,0 7 53,0 a 90,6 b 43,5 ab 62, ,2 a 155,3 a 48,3 a 86,3 C.V. = 4,4 % C.V. = 9,4 % C.V. = 12,2 % * médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste Duncan, ao nível de 5% de significância.
26 26 Tabela 18: Produtividade do algodão em caroço em função da quantidade de Boro aplicado em pré-plantio incorporado, média de 4 repetições, safra 2004/2005. B kg/ha Faz. São Paulo Faz. Rancho Novo Faz. Bahia FMT-701 Cedro Delta Opal @/ha ,3 a 264,9 a 287,6 a 1 154,0 a 248,6 a 285,5 a 3 151,0 a 253,2 a 278,6 a 5 162,6 a 253,4 a 294,3 a 7 141,6 a 268,5 a 262,2 a ,1 a 256,8 a 259,0 a C.V. = 14,2 % C.V. = 5,7 % C.V. = 7,7 % * médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste Duncan, ao nível de 5% de significância. Como comentado anteriormente os resultados obtidos na fazenda São Paulo foram prejudicados pelo período de seca ocorrido durante os meses de fevereiro e março, diminuindo significativamente o potencial produtivo. Os resultados das fazendas Rancho Novo e Bahia não confirmaram os resultados encontrados no experimento de Campo Nodo dos Parecis, ou seja, neste primeiro ano de condução, independente da dose de boro utilizado na adubação corretiva, as produtividades foram iguais estatisticamente. Os resultados de produtividade da fazenda Bahia mostram que com o aumento das doses de boro nas adubações corretivas e o conseqüente aumento do teor de boro no solo, houve um decréscimo na produtividade, mostrando uma correlação linear quase direta. Sendo que os teores foliares também aumentaram conforme o aumento das doses no solo, porém não chegaram aos níveis tóxicos encontrados no experimento da fazenda Rancho Novo. Portanto este resultado serve de alerta, uma vez que sempre se ouviu que o boro apresenta um intervalo muito estreito entre a deficiência e a toxidez, e neste caso está mostrando claramente a interferência do aumento dos teores de boro no solo e nas folhas sobre a produtividade. As adubações elevadas de boro praticadas nas lavouras de algodão do Mato Grosso podem estar associado a vários motivos: ao potencial produtivo elevado das lavouras do Mato Grosso; devido ao boro ser o micronutriente em que a cultura do algodão mais responde; medo por parte dos técnicos e produtores da redução de produtividade pela deficiência de boro em função da falta de informações para as condições do Mato Grosso; resposta a boro, em valores absolutos; risco de toxidez de boro na cultura do algodão menor que a citada na literatura; e dificuldade em estimar a disponibilidade de boro à cultura do algodão através das análises de solo.
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